por Maria Izabel Azevedo Noronha
As declarações do secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, de que o Governo de SP teria vencido a disputa judicial que trava com a APEOESP para não aplicar a jornada prevista na lei do piso salarial profissional nacional (lei federal 11738/08), demonstram que ele não está bem informado sobre o processo e não conhece os ritos judiciais.
A APEOESP conquistou em 31 de janeiro sentença favorável no mandado de segurança coletivo que impetrou contra o secretário pela não aplicação da lei e esta sentença é válida. Ao dar uma decisão provisória, o Tribunal de Justiça do Estado apenas concedeu à Secretaria da Educação que não tenha que aplicar a sentença imediatamente, enquanto sua apelação é julgada. Em seu mérito, a causa continua favorável à APEOESP e aos professores. A SEE, portanto, não venceu nada.
Seria interessante que a Procuradoria Geral do Estado pudesse explicar os fatos jurídicos ao secretário da Educação, para que ele pudesse dar declarações mais sensatas. Poderia dizer-lhe, por exemplo, que a APEOESP ainda pode levar esta causa aos tribunais federais (Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal) e é, sem dúvida, o que faremos caso venhamos a ter um percalço no âmbito da justiça estadual.
O secretário fala de uma suposta campanha de desinformação na rede estadual, mas não somos nós, da APEOESP, que divulgamos apressadas conclusões, sem citar as fontes dessas afirmações. Nossos textos, publicados em nosso portal, boletins e demais informativos contêm a reprodução das decisões judiciais e outros itens do processo, assim os distribuímos à imprensa sempre que solicitados.
A lei 11.738/08 é uma conquista dos professores brasileiros como resultado de uma luta de dois séculos. Nós, professores paulistas, dela participamos. Agora, como podemos abrir mão deste direito? Além de tudo, somos conscientes de que a composição da jornada docente prevista na lei do piso (no Estado de São Paulo a jornada integral – 40 horas – deve ter 26 aulas e 14 horas dedicadas ao Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo e ao Horário de Trabalho Pedagógico em Local de Livre Escolha) é fundamental para a qualidade do ensino nas escolas estaduais.
A Resolução SE 8, editada pela Secretaria, é ilegal. Se criam uma nova jornada de 48 horas na qual trabalhamos todos os minutos que não eram antes contabilizados, que nos paguem a diferença, inclusive os atrasados. Mas não é esta a discussão que queremos fazer.
Ocorre que o secretário da Educação não conhece as questões específicas da educação básica e desconhece as necessidades da rede estadual de ensino. Por esta razão, se apega a manobras aritméticas, como muito bem qualificou o juiz Luiz Fernando Vidal, autor da sentença judicial, para fugir se sua responsabilidade de aplicar a lei corretamente.
Na verdade, ele não conhece devidamente a Resolução 18, de 2008. Ele utiliza artifício criado pela própria administração, em 2008, quando necessitou ampliar a matriz curricular sem fazer o necessário debate sobre os tempos e espaços escolares, contra os professores. Quando é que o secretário irá enfrentar a reflexão e o debate verdadeiros sobre a questão pedagógica e sobre a valorização dos profissionais da educação?
O secretário da Educação tem a formação de engenheiro mecânico e deve ser muito competente e capaz nesta área. Contudo, não consegue transferir sua capacidade e seu conhecimento para o campo da política e do relacionamento institucional. São poucos os que têm esta habilidade.
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Diante deste quadro, nós, professores, estamos voltando às ruas. A luta pela nossa dignidade profissional é agora. A luta pela qualidade do ensino nas escolas estaduais continua.
Maria Izabel Azevedo Noronha é professora da rede estadual de ensino, presidenta da APEOESP – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, membro do Conselho Nacional de Educação e membro do Fórum Nacional de Educação
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Comentários
@ecastrocouto
Ela já tem a jornada 3/3 fora da sala de aula mesmo… Vitóóóóóóóória da categoria!
Mateus_Beatle
Tem um governador aí que diz: ordem judicial não se discute, cumpre-se.
Assim sendo, imagino eu que, o governo do Estado de São Paulo deveria cumprir esta nova lei, a qual dá um pouco mais de condições aos professores da rede pública para o preparo de suas aulas, para a correção de atividades escolares, etc. uma vez que possibilta que parte da jornada de trabalho seja dedicada a isto.
É aquela estória, no discurso a educação é prioridade, mas na prática a educação PÚBLICA deve ser um lixo, né?!
marly
Os tucanos não gostam de professores!!! foi com SERRA e será com Geraldo Alckmin.!!!E será com c/ qualquer tucano que vier..Cuidado professores!!!
Clavier
por falar em piso salarial e congêneres eis aqui o que o orçamento federal para 2012
http://www.sindppd-rs.org.br/noticias/geral/2218-…
Rita
Não é a Maria Izabel que está em julgamento e sim a jornada dos professores da rede estadual de São Paulo. Jornada que deveria estar em vigor desde 2008.
Celso
O que está em jogo também, Rita, é a condução da Bebel como diretora do sindicato. Até a fotografia dela no site da APEOESP lembra atividade suspeita. Dê uma olhada e me desminta.
Rita
A condução do sindicato pode estar em jogo, mas não está em julgamento. Comentar a "atividade suspeita" é fugir da questão e não interessa aos professores a foto de Maria Izabel. O que interessa é uma jornda compatível com o trabalho do professor. O que interessa também é acabar com a economia porca que se faz na educação: sala com sessenta alunos, cursos de línguas nos Ceus onde se juntam duas salas de níveis diferentes para que não se abra uma sala com menos de vinte alunos. Assim será difícil para o secretário atingir o seu objetivo: transformar a educação de São Paulo na melhor do mundo.
Celso
Mais um blábláblá da sindicalista. O sindicato virou central de informações jurídicas e terceirizou as informações para os sindicalizados. Coisa de neoliberal. E como tem cargo de diretor!
Fabio SP
"O Dia da marmota é uma festa tradicional nos Estados Unidos da América e no Canadá, que se celebra no dia 2 de Fevereiro.
Segundo tradição, as pessoas devem observar uma toca de uma marmota, se o animal sair da toca por estar nublado, isso significa que o inverno terminará mais cedo, porém, se pelo contrário, o sol estiver a brilhar e o animal se assustar com a sua sombra e voltar para a toca, então o inverno durará mais seis semanas."
É mais ou menos com a Maria Izabel em ano de eleição.
Abolicionista
E aí, Fabio, continua dando duro pela causa PSDBista? Não larga a militância, hein cara? Que tal arrumar o que fazer?
marcosomag
Em SP existe o Dia do Panaca. É aquele dia onde um completo panaca tentar mostrar como benfeitor da população um governo que é o algoz desta população. Existem vários tipos de panacas. Alguns fanáticos por ideologias que excluem o povo dos benefícios da civilização que este mesmo povo constrói com seu trabalho. Outros, são lesados da cabeça mesmo. Existem também os panaca$, que recebem uns trocados para postar sandices na internet. Existe também a mistura do lesado da cabeça com o panaca profi$$ional. Um tal Reinaldinho Sem Noção de uma revista-lixo de circulação nacional é exemplo típico deste ser repugnante e exótico: o panaca.
Fabio SP
Essa Maria Izabel é aquela que queria "quebrar a espinha dorsal do governador"?
Esse ano tem eleição?
Vamos ouvir muito falar dela este ano…
Mariano
Não foi o sindicato dela que rasgou livros e apostilas didáticas em praça pública? Não dá para levar a sério, é só uma militante.
Abolicionista
Ora, um militante falando do outro?
Marcos
Não foi este governinho de m. que jogou a PM contra os professores, estudantes e moradores. Não dá para confiar e neste governo estadual. FORA TUCANALHA!
marcosomag
Apostilas "didáticas" no sentido de ensinar a cada estudante a resignação em ser um subalterno na sociedade neoliberal, sonho dos tucanos. O fato é: os governos tucanos enxergam escolas como depósitos de crianças. Aos inconformados que resolverem protestar e aos revoltados que resolverem entrar para o crime ao enxergar sua total falta de perspectiva na SP do PSDB, os neoliberais tucanos reservam vagas nas muitas penitenciárias que construiram no seu triste período de desgoverno em SP.
Romualdo
É, e o Amaury Ribeiro Jr. é aquele que, segundo um 'nobre' acadêmico que publicou incontáveis livros, "está sendo processado" (tsc, tsc).
Vá 'mervar' assim lá longe, hein?! Tem gente que não lê o que leu, credo!
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