Cândido Grzybowski: O petróleo é nosso. Mas, para quê?

Tempo de leitura: 3 min

Petróleo: uma questão a aprofundar

Cândido Grzybowski

sociólogo, diretor do Ibase, sugestão da Paula

Precisava acontecer um acidente, como este da Chevron na Bacia de Campos, para que ao menos um alerta surgisse no atual debate brasileiro sobre petróleo. Estamos totalmente voltados a discutir volume de produção desta atividade extrativista e possíveis rendas futuras, especialmente royalties, quando a questão que realmente importa é outra: as enormes ameaças que também estão associadas ao petróleo. Este é um debate público, até aqui, praticamente inexistente. Só no interior de movimentos ambientalistas e de círculos restritos a especialistas o petróleo é avaliado em sua dimensão de risco e limite para a humanidade e o planeta, especialmente por sua contribuição, na forma de energia fóssil, para a emissão de carbono e o aquecimento global.

Desde a descoberta das reservas do pré-sal, ao invés de discutirmos o que fazer com o petróleo e a melhor forma de usá-lo, fomos direto para um debate de benefícios monetários e sua distribuição. Estamos nos comportando como ganhadores de uma providencial loteria, antes do jogo jogado. Em função dos cifrões imaginados, até uma espécie de “guerra federativa” está no cenário político. Também, de um Congresso corporativo como o que temos, uma federação de interesses pequenos que está longe de fazer jus à representação cidadã, não dá para esperar nada melhor do que uma disputa por repartir um bolo que ainda precisa ser assado.

Para avançar neste debate, precisamos primeiro reconhecer que, na história, o petróleo entrou no nosso ideário político de uma forma extremamente positiva, como símbolo de um bem comum a controlar para que fosse possível a construção de uma nação industrial independente. Foi nos anos que se seguiram a II Guerra Mundial, no começo dos 50, no século passado. Com a campanha “O Petróleo é Nosso”, o país foi levado a nacionalizar o petróleo, tanto as possíveis reservas como a exploração. Foi criada, então, a emblemática Petrobras, ainda hoje presente no imaginário político e popular como um patrimônio coletivo. Talvez, esta origem mais política do que produtiva, explique a preservação da Petrobras, apesar das muitas ameaças que sofreu e da flexibilizações que foram feitas no monopólio.

Dito isto e reconhecendo o papel central conquistado pela Petrobras no sistema energético e na economia brasileira, precisamos reconhecer que o mundo, no começo da segunda década do século XXI, está vivendo uma profunda crise. O lado financeiro e de vergonhoso cassino global em que estamos empantanados é o que fica mais visível, até escandaloso, na crise. Há, também, uma crise climática e ambiental, que ao menos dá a sensação de estar rondando a nossa porta como terrível ameaça, mas não sabemos bem como. Já a crise alimentar dá para sentir na feira e no supermercado, com devastadores efeitos na renda mensal. Há uma crise de valores e da política, de ilegitimidade das instituições e representantes diante da crise, caldo cultural para os diferentes protestos de indignados pelo mundo. Basta pensar um pouco que o enigma aparece sintetizado: este modelo de desenvolvimento e de organização social e política não dá mais, está ruindo. Estamos diante de uma crise da civilização industrial produtivista e consumista, que gera exclusões e desigualdades profundas, ao mesmo tempo que ameaça a integridade do planeta.

É aí que o petróleo entra em cheio. A industrialização, como a conhecemos e que tardiamente chegou ao Brasil, tem por base técnica energia fóssil e uso ilimitado da natureza. Seu objetivo primeiro é a acumulação de riquezas, na forma de valores monetários, não a satisfação de necessidades humanas e o bem viver. Sua fantástica capacidade de produção não respeita limites naturais e nem tem como motor a garantia de padrões dignos de vida para todos os seres humanos do planeta. Uma pequena parcela ganha e ganha muito, enquanto a grande maioria vê ameaçadas as suas formas de sobrevivência e vive em condições de exclusão e pobreza, discriminação e desigualdade social.

Aí a pergunta: vamos explorar o petróleo para quê? Para alimentar um sistema industrial produtivista e consumista já inviável? Para exportá-lo como commodity, aprofundando a nossa dependência primário-exportadora num mercado globalizado? Ou vamos usá-lo como reserva estratégica para fazer nossa própria conversão energética e industrial para um modelo de biocivilização que garanta a sustentabilidade da vida e do planeta? Como vamos explorar o petróleo? A qualquer custo, visando a renda fácil e imediata, sem estritas regras para uma exploração de menor risco ambiental? Aqui cabe lembrar a famosa “maldição do petróleo”, que até pode gerar renda fácil, mas pode inviabilizar-nos como sociedade justa, democrática e sustentável.

Que o gigantesco desastre provocado pela Chevron – pequeno diante de todo o risco do pré-sal – nos faça pensar um pouco mais sério sobre nosso futuro, o futuro de nossos filhos e netos!

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Comentários

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Marcelo

Sempre é assim:tem gente que desqualifica tudo.Pois parabenizo o Cândido Grzybowski pelo texto.
Claro,é fácil falar mal da Globo pra ter ibope.Lembrei do José Roberto Burnier chamando os maconheiros
da USP de meninos.Mas aí,nenhum Roberto Locatelli chiou.

Augusto G. Sperandio

O sociólogo certamente está desinformado sobre como está se conduzindo a exploração das novas reservas de petróleo. "Estamos totalmente voltados a discutir volume de produção desta atividade extrativista e possíveis rendas futuras, especialmente royalties". Possivelmente sua visão sobre o assunto está sendo formada pelo que vê na grande midia, que NÃO TEM NENHUM COMPROMISSO COM O PETRÓLEO, COM A PETROBRAS, NEM COM O BRASIL. Aquela é a única informação que nossa midia parcial se permite divulgar sobre o assunto. Isso se deve a questões mais relevantes a discutir, como por exemplo: denúncias de desvios de verbas em ministérios, formuladas por bandidos, denúncias de caronas irregulares tomadas por ministro, atuação duvidosa (pra não dizer fraudulenta) de ONGs marotas enlameando entidades públicas, enfim……
O que o sociólogo precisa saber é que, apesar de não haver interesse da midia, O PLANO DE EXPLORAÇÃO DO PRÉ-SAL (mesmo combatido por expoentes como FHC – o que é visível em roda de debates mediada pelo Celso Ming – que se encontra gravado) prevê desde a criação de fundo soberano para ser aplicado em ciência e tecnologia, assim como educação, o BENEFICIAMENTO desse petróleo em território nacional, nos proporcionando assim maiores benefícios, na medida em que aumentamos nosso parque industrial, com indústria de refino, de transporte, consequentemente gerando empregos na indústria de base e na de transformação.
Pra encurtar estão sendo construidas as Refinarias Abreu e Lima (PE), em estágio adiantado, assim como a Petroquímica de PE já bem avançada. Isso significa terraplenagem, obras civis, encomenda de equipamentos à indústria nacional, montagem no local (muitas tubulações, equipamentos industriais e elétricos, enormes tanques, vasos de pressão…) Da mesma forma se constroi em Itaborai-RJ nova refinaria em estágio de terraplenagem e construção civil, sendo encomendados os equipamentos. Ao mesmo tempo se faz terraplenagem na Refinaria Premium I do Maranhão, e seus equipamentos sendo providenciados. Em seguida virá a Premium II no Ceará. Isso sem falar na quantidade de sondas de prospecção sendo encomendadas, plataformas de produção idem, dutos cortando esse Brasil de um lado a outro, navios sendo encomendados, etc…
Resumindo, indústrias de cimento, aço, transformadoras como produtoras de tubos, fabricantes de torres de fracionamento, vasos de pressão, trocadores de calor, fornos, caldeiras, estaleiros para produzir navios e plataformas, transformadores elétricos, assim como de motores, válvulas, equipamentos elétricos, painéis, enfim………………………………..
Tudo isto está se movimentando, sem falar no apoio à educação, através de estruturas físicas e cursos de formação de mão-de-obra.
Enfim, um mundo está se movendo, OMITIDO PELA MIDIA. É nesse contexto que estão sendo investidos em 2011 algo em torno de US$60 bilhões, e até 2015 aproximadamente US$220 bilhões.
A última questão do sociólogo: "Aí a pergunta: vamos explorar o petróleo para quê? Para alimentar um sistema industrial produtivista e consumista já inviável? Para exportá-lo como commodity, aprofundando a nossa dependência primário-exportadora num mercado globalizado? Ou vamos usá-lo como reserva estratégica para fazer nossa própria conversão energética e industrial para um modelo de biocivilização que garanta a sustentabilidade da vida e do planeta?"
Respondendo: Precisamos explorar esse petróleo e é AGORA, PORQUE SE NÃO O FIZERMOS, OS DESENVOLVIDOS O FARÃO POR NÓS (estão aí o Oriente Médio e a África como prova).
E ao sociólogo cabe melhor se informar. As informações estão disponíveis, evidentemente que fora da grande midia.

    Roberto Locatelli

    Exatamente, Augusto. O sociólogo precisa deixar de se basear na mídia demotucana.

    A estratégia de utilização desse petróleo, como você bem disse, é de BENEFICIAMENTO.

    A Petrobras está limitando, propositadamente, a quantidade de barris que estão sendo extraídos do pré-sal, esperando que a infraestrutura petroquímica fique pronta.

    A presidenta Dilma já avisou que quer vender produtos derivados do petróleo, e não o petróleo bruto. Ah, mas isso não foi muito divulgado pela Globo, é verdade. Acho melhor o sociólogo desligar a tv e ligar o computador, para se informar melhor.

SILOÉ-RJ

PRA QUÊ!!!
Para conquistármos a nossa independência financeira, o respeito e o reconhecimento que nos é devido de longa data, a erradicação da miséria, melhor distribuição de renda, ficarmos no topo do mundo, etc…etc…
Apesar das suas colocações serem altruísticas e relevantes, nenhuma das energias limpas existentes, será suficiente, para o nossa sustentabilidade, que dirá o nosso crescimento e desenvolvimento.
Não vejo nenhum demérito em exportar comodities, e é verdade também, que exportamos inúmeros derivados do petróleo e com grande lucratividade.
Agora que chegou a nossa vez, não vejo razão nenhuma para abrirmos mão dela. Podemos sim, fazer um futuro melhor para nós e as proximas gerações, com segurança e respeito ao meio ambiente
Não dá mais para colocar uma pedra no poço, sentar em cima, cruzar os braços e ficar vendo os gringos passar, Não dá mesmo!!!
O PETRÓLEO DO PRÉ-SAL TAMBÉM É NOSSO!!!
Não somos cansados e nem entregistas. E não aderimos a causa particular, do movimento Gota D'agua.

    FrancoAtirador

    .
    .
    APOIADO, SILOÉ-RJ !!!

    "nenhuma das energias limpas existentes
    será suficiente para o nossa sustentabilidade,
    que dirá o nosso crescimento e desenvolvimento."

    Bem dito!
    .
    .

    Morvan

    Boa noite.

    Isso mesmo, Siloé-RJ. Falei há pouco que o Brasil deve explorar o petróleo, mas tendo sempre em mente a descoberta de matrizes ecologicamente aceitáveis, sustentáveis, concomitantemente com a exploração dos combustíveis fósseis.

    Mas que nós precisamos também agregar conhecimento e não sermos meros exportadores de óleo bruto é uma questão de soberania, antes de tudo.

    :-)

    Morvan, Usuário Linux #433640.

SILOÉ-RJ

Fiquei a madrugada toda formulando meu "brilante"comentário, deixei de sonhar com os anjos e o gato comeu!!!!
Sacanagem!!!

Rafael

Tnha que dizer para esse sociólogo que já discutem essa questão de como explorar o pré-sal. Já foi sinalizado por Lula que não devemos ser um exportador de óleo bruto, Petrobras construirá 5 refinarias e começo, aliás já está construindo. Será investido no Brasil na indústria relacionada ao petróleo e que irá alavancar outras indústrias. Tem sido comentado desde a descoberta do pré-sal questão da "doença holandesa"
O que aconteceu com a Chevron foi basicamente por decisão de empresa, dimunição de custos, otimização de lucros. Petrobas visa lucro, mas investe em segurança muito mais que outras petroleiras, principalmente por questão de sobrevivência, após vazamento na baia de guanabara a Petrobas mudou sua política.
Agora a questão ambiental não é justificativa para não se explorar o pré-sal. Se ficarmos esperando que um dia tenhamos tecnologia suficiente para não poluir nunca tiraremos o petróleo do fundo do mar.

    Morvan

    Boa tarde.
    Muito boas as suas considerações, Rafael.
    Até mesmo porque, se não extrairmos, outros o farão (o caso da Chevron é emblemático).

    Claro que o país, como um todo, deverá perseguir novas matrizes energéticas não-poluentes.
    Mas aí é outra história.

    :-)

    Morvan, Usuário Linux #433640

Mardones

"Aí a pergunta: vamos explorar o petróleo para quê? Para alimentar um sistema industrial produtivista e consumista já inviável? Para exportá-lo como commodity, aprofundando a nossa dependência primário-exportadora num mercado globalizado? Ou vamos usá-lo como reserva estratégica para fazer nossa própria conversão energética e industrial para um modelo de biocivilização que garanta a sustentabilidade da vida e do planeta? "

Resposta:

"Também, de um Congresso corporativo como o que temos, uma federação de interesses pequenos que está longe de fazer jus à representação cidadã, não dá para esperar nada melhor do que uma disputa por repartir um bolo que ainda precisa ser assado."

Não vejo mudança nesse cenário nos próximos 25 anos.

Morvan

Boa tarde.
Como tudo de ruim na vida tem seu lado bom, esta tragédia (o simples fato de uma empresa petrolífera poder operar sem qualquer sanção, no Brasil, em detrimento da Petrobrás, é para mim, uma tragédia!) do vazamento no Poço do Frade evidenciou uma coisa que nós desconhecíamos, até então: a Petrobrás é quem detém a melhor, a mais refinada técnica de extração de petróleo em águas profundas, do mundo! Ou seja, precisou um acontecimento com esta dimensão, para sabermos do capital intelectual desta grande empresa brasileira.
Então, perguntar é mister: quem obriga o Brasil a contar com o "Know-How" das outras petrolíferas? Quem lucra com isso (perguntar quem perde nem se torna necessário)?
Interessante que este modelo que aí está já era tratado como insuficiente pelos dois maiores entregões do país: o PFL e o PSDB. Lembre-se de que eles lutaram até o fim pela manutenção do modelo de exploração anterior ao advento do Pré-Sal.

:-)

Morvan, Usuário Linux #433640.javascript:%20postComment(0);

leandro

"O derramamento de petróleo em curso na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, pôs em evidência a ausência de um plano nacional para conter vazamentos de grandes proporções.

Em 2010, após o derramamento de óleo no Golfo do México – o maior do tipo já ocorrido na costa dos Estados Unidos –, o governo brasileiro prometeu avançar na criação do Plano Nacional de Contingência para Derramamento de Óleo, que preparasse a resposta emergencial do país a casos de vazamentos.

À época, representantes do Ministério do Meio Ambiente disseram, segundo a Agência Câmara, que pretendiam entregar um projeto ao Congresso Nacional ainda em meados de 2010.

Mais de um ano depois, porém, não há nenhum plano nacional em vigor para guiar a resposta ao vazamento em curso desde a semana passada no Campo de Frade, explorado pela multinacional Chevron.

Segundo a assessoria do Ministério do Meio Ambiente, o projeto está "quase concluído" e dependendo apenas de ajustes técnicos, no momento analisados pelo Ministério de Minas e Energia. Até o final de novembro deverá ser encaminhado para a Casa Civil. Só depois começaria a tramitar no Congresso. O teor do projeto não foi informado.

"Quando houve o vazamento no Golfo do México, o governo brasileiro se preocupou bastante, por causa (da exploração) do pré-sal. O ministério disse que (o derramamento) era algo raro, mas vemos que não é", disse à BBC Brasil Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de clima e energia da ONG ambientalista Greenpeace.

"Sabemos que foi feito um grupo de trabalho entre cinco ministérios (para a elaboração do Plano de Contingência), mas nada mais foi tornado público. A ideia ficou só pairando no ar."

Para Alessandra Magrini, professora de planejamento energético da Coppe-UFRJ, "é claro que o vazamento é de responsabilidade da empresa, mas o Estado tem que estar preparado para intervir imediatamente em caso de emergências, do ponto de vista logístico e de gestão".

Daí a importância, segundo ela, do Plano de Contingência, que, em sua opinião, deveria levar em conta, por exemplo, o tipo de barreira a ser usado para conter o óleo, o uso ou não de produtos dispersantes e a logística para chegar ao local do vazamento.

O Plano Nacional de Contingência é previsto pela lei 9.966, de 2000, que também prevê a criação de planos individuais emergenciais a serem feitos por entidades exploradoras de portos e operadores de plataformas."

    a.barbosa filho

    Nenhuma "agencia nacional" foi criada prá fiscalizar nada. Veja-se a dos Transportes, que nem multas cobra das concessionárias das ferrovias privatizadas que se comprometeram a transportar também passageiros, a preservar as antigas estações históricas, ou a da Aviação, que jamais enfrentou as companhias aéreas por superlotação, atrasos, extravio de babagem, etc.
    Não isento o governo Dilma, mais ocupado em atender ao Dom Civita, mas isso vem do FHC. Privatizações malandras que transformaram seus ministros de professores em donos de bancos, em quatro ou oito anos!
    Existe um DNIT, não existe? E por que ônibus sem a menor condição mecânica continuam transportando milhões de brasileiros pelas estradas federais, estaduais e municipais?
    Esse pessoal das tais "Agências controladoras" vira diretor, membro de Conselho de qualquer empresa que "fiscalizou", passada a curta quarentena. Uma revista investigativa como a veja deveria trabalhar sobre isso, se fosse contra a Corrupção, concorda?
    Tá difícil viver num Brasil onde a direita secularmente corrupta toma a bandeira da moralidade, e a esquerda e o Governo (também dito de esquerda) fica assistindo e cedendo à máfia. Vou-me embora prá Nápoles, onde até os juízes são das Camorras, pelo menos sei com quem estou lidando…

Maria Libia

Não sei, está conversa está parecendo a mesma: deve haver vagas para preto nas escolas públicas? Aí vem alguém e diz: Não, deve haver para pretos e brancos pobres. Esse tipo de comentário, no momento é descabido, pois o que ele pretende e desconversar sobre quem fez a lei dos leilões, quem permitiu que as empresas estrangeiras pudessem extrair petróleo e agora descobre-se que o Brasil só pode multar uma empresa até 50milhões de reais.

Morvan

Bom dia.

Em um ponto, concordamos ou parecemos concordar todos: articulista e demais postantes consideram que o acidente da empresa Chevron, sem entrar no mérito das motivações ou das conspirações sobre o fato, teve o condão de reorientar a discussão sobre o Pré-Sal. Uma discussão que parecia esmaecida e precisa voltar à superfície é a que versa sobre a Segurança Nacional, ou seja, como protegeremos o Pré-Sal?
Outra discussão, levantada, com muita felicidade, pelo articulista é: qual a finalidade do Pré-Sal, seria um fim em si mesmo – ou deve atender ao ideal da comunidade brasileira?

:-)

Morvan, Usuário Linux #433640.

pedro

É a famosa maldição do petróleo que não traz prosperidade nenhuma.

Infelizmente colocando-se no lugar de quem tem um poço de petróleo no quintal de casa, eu seria totalmente contra o uso do petróleo DEPOIS DE EXPLORAR A ULTIMA GOTA DO MEU POÇO.

A unica esperança de se ter no mundo uma politica energética melhor é torcer para que o petróleo acabe, pois enquanto isso não acontecer cada nação irá perfurar mais poços até extrair a ultima gota.

FrancoAtirador

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"Após caso Chevron, é preciso rever lei que reparte o pré-sal através de leilões"

Fernando Siqueira, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), diz que tragédia ambiental na bacia de Campos é oportunidade para rever lei do pré-sal.
Para ele, Petrobras, escolhida como operadora da área, poderia administrar sozinha todo o processo exploratório sem depender de estrangeiras selecionadas através de leilões.

Por Marcel Gomes, na Carta Maior

São Paulo – O presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras, Fernando Siqueira, espera que o vazamento de petróleo em um poço explorado pela companhia Chevron, na bacia de Campos, sirva de impulso para a revisão da lei do pré-sal, com o objetivo de garantir exclusividade à Petrobras na exploração da área.

A lei, sancionada em 2010 pelo presidente Lula, determina a realização de leilões para definir qual empresa explorará cada poço, mas caberá à Petrobras o papel de operadora, com 30% da futura sociedade exploratória. Para Siqueira, o know-how da Petrobras em águas profundas diminui os riscos do processo e garante que o produto será utilizado em benefício dos brasileiros.

“Na época dos debates sobre a nova lei, eu perguntei a assessores do governo Lula por que manter os leilões, e me responderam que não havia respaldo político na sociedade para acabar com eles. Para isso, seriam necessários pressão popular e povo nas ruas. Eu tenho feito 80 palestras por ano justamente para defender essa causa”, disse ele à Carta Maior.

Nesta entrevista, Siqueira também analisa o acidente da Chevron, diz que o problema teve natureza técnica (“sucessão de erros e mentiras”) e que não acredita que a empresa estivesse tentando atingir o pré-sal (“a sonda que eles estavam usando tem mais de 35 anos e, portanto, é obsoleta para o pré-sal”).

Leia os principais trechos a seguir.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMos

    FrancoAtirador

    Parte 1
    Entrevista com Fernando Siqueira, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet)

    Carta Maior – O que causou o acidente?
    Fernando Siqueira – O presidente da Chevron disse na TV Globo no dia 18 que “nossos engenheiros subestimaram a pressão do reservatório”. É uma declaração evasiva para fugir da realidade. A Chevron já possui poços em produção no mesmo reservatório que vazou, portanto conhece a pressão. O que eles erraram foi o dimensionamento da lama de perfuração [mistura de argila, aditivos químicos, água, entre outros produtos, que é injetada no poço por meio de bombas]. A lama tem a função de refrigerar a broca, expelir o material retirado e equilibrar a pressão do poço, para impedir que as paredes desmoronem. Quando eles finalizaram a perfuração, o pico de pressão já era um indício de que o controle do poço estava perdido.

    CM – Não havia como retomar o controle?
    FS – Havia, mas eles cometeram um outro erro. Ao perceber o problema, aplicaram uma pressão forte demais para retomar o controle do poço e fraturaram o reservatório. Isso é muito preocupante, porque é difícil mapear a localização de fraturas. A Chevron já "matou" o poço com a aplicação de cimento, e agora precisa correr atrás das fraturas.

    CM – Foi uma sucessão de erros.
    FS – De erros e de mentiras. Primeiro a Chevron não percebeu o vazamento, que foi detectado pela Petrobras. Depois a empresa insinuou que o óleo era do campo de Roncador, da própria Petrobras, o que foi descartado pelo nosso centro de pesquisa [da estatal] após análise do DNA do petróleo. Confirmado a origem, a Chevron ainda subdimensionou o vazamento.

    CM – Então o senhor acredita em erro técnico? Descarta a hipótese que surgiu de que a Chevron tentava atingir a camada pré-sal?
    FS – Não acredito nessa hipótese. A sonda que eles estavam usando tem mais de 35 anos e, portanto, é obsoleta para o pré-sal. O aluguel dela custava à empresa 315 mil dólares por dia à empresa, enquanto uma plataforma adequada para aquela profundidade custaria 700 mil dólares.

    FrancoAtirador

    Parte 2
    Entrevista com Fernando Siqueira, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet)

    CM – Diante de tantos erros, faltou fiscalização dos órgãos de controle?
    FS – Constatados os erros sucessivos, teria de suspender a Chevron. Há a possibilidade de aplicação de multa, mas os valores que praticamos no Brasil são irrisórios perto do montante envolvido com um negócio desse tipo.

    CM – A maior ação judicial contra uma companhia norte-americana fora dos Estados Unidos tem como ré justamente a Chevron, no Equador, em um montante estimado em US$ 27 bilhões, por degradação ambiental e contaminação de comunidades inteiras. Houve o recente problema com a BP no Golfo do México. Como melhorar o controle sobre essas companhias?
    FS – Todas essas empresas têm histórico de poluição e depredação ambiental no mundo todo. A Shell destruiu a biodiversidade do delta do rio Níger de tal maneira que a Nigéria hoje importa peixe. Por isso eu defendo mudanças na política do país para o setor, com o fim dos leilões, simplesmente porque quem detém hoje a tecnologia de exploração em águas profundas é a Petrobras. Já que a lei do presidente Lula, corretamente, definiu que a Petrobras será a operadora de todos os campos, para que precisamos de um parceiro internacional que pode desrespeitar nossas leis e ainda levar metade do petróleo?

    CM – A Petrobras tem condições executar toda a exploração sozinha?
    FS – Na verdade ela é uma intermediária, mesmo papel que as empresas do exterior irão fazer. Nesse caso, deveríamos optar pela melhor intermediária, que é a Petrobras. Os três gargalos da exploração em água profundas são perfuração, operação no fundo do mar e linha flexível entre fundo do mar e navio. A perfuração é feita por um conjunto de empresas internacionais que oferecem o serviço, não são as petroleiras, e a Petrobras participou do desenvolvimento de todo esse know-how. O sistema de operação no fundo do mar, através de válvulas remotamente controladas, também foi 60% desenvolvido pelo Centro de Pesquisa da Petrobras. Por fim, a linha flexível é um serviço oferecido por uma série de empresas. Enfim, a Petrobras pode intermediar toda essa tecnologia melhor do que qualquer um.

    CM – O debate sobre a lei que rege a exploração do pré-sal se concentrou no debate entre concessão e partilha e no volume dos royalties para Estados produtores. O fim dos leilões e a elevação da Petrobras a um papel mais central foram questões secundárias. Por quê?
    FS – Na época dos debates sobre a nova lei, eu perguntei a assessores do governo Lula por que manter os leilões, e me responderam que não havia respaldo político na sociedade para acabar com eles. Para isso, seriam necessários pressão popular e povo nas ruas. Eu tenho feito 80 palestras por ano justamente para defender essa causa. Na década de cinqüenta, quando o petróleo era apenas um sonho, houve um grande movimento cívico por essa causa. Agora que o sonho se tornou realidade e o Brasil virou o Iraque da América do Sul, temos obrigação de manter esse bem para o povo brasileiro.

    http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMos

Fernando

Agora um tucano teve a brilhante ideia de explorar diamantes no parque onde nasce o rio São Francisco.

FrancoAtirador

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Chevron: “o nosso negócio é o risco”

Por Fernando Brito, no Projeto Nacional

Alguém quer entender por que uma companhia com a capacidade técnica – que ninguém nega – poderia ter assumido deliberada e irresponsavelmente riscos técnicos na perfuração do poço que vazou no Campo de Frade?

É só ler o artigo publicado em 2008 pelo Wall Street Journal, que citei no blog Tijolaço para explicar o reaproveitamento – com um baita desconto – de uma sonda descrita pelo jornal como obsoleta.

Nele, o repórter Russel Gold dá voz para o sr. Ali Moshiri, dirigente da empresa para a África e América Latina, dizer como pretende fazer a exploração do campo.

Russell conta que a Chevron, sob seu comando, trabalhou com a concepção de um plano de desenvolvimento de baixo custo para o campo.

“A equipe (técnica) de Frade queria perfurar mais poços para entender melhor o reservatório de óleo. Mr. Moshiri travou-a. O plano era muito caro e demorado. Ele apoiou um (outro) plano para perfurar menos, poços mais simples e mais baratos.” (The Frade team wanted to drill more wells to better understand the oil chamber. Mr. Moshiri put his foot down. The plan was too expensive and time-consuming. He backed a plan to drill fewer, simpler and less-expensive wells.)

E como Moshiri explica isso?

” O plano original da Chevron era perfurar cerca de metade dos 19 poços planejados, começar a produzir petróleo, então, estudar os dados de produção por 18 meses antes da perfuração dos poços restantes”. (Chevron’s original plan was to drill about half of the planned 19 wells, begin producing oil, then study production data for 18 months before drilling the remaining wells.)

“Mas, como os geólogos da Chevron o aconselhavam a ir devagar, Mr. Moshiri decidiu, em meados de 2005 fazer uma aposta grande no Frade. Eles iriam furar os poços, um após o outro sem interrupção. Era o equivalente na indústria do petróleo a ir “all-in” (sem fichas suficientes) em uma mão de pôquer”.

“Esse é o nosso trabalho, de correr riscos e ousar”, disse ele.” (But as Chevron geologists counseled moving slowly, Mr. Moshiri decided in the middle of 2005 to place a big bet on Frade. They would drill all the wells, one after another without a break. It was the oil industry equivalent of going all in with a poker hand. “That is our job, to take risks and push the envelope,” he says.)

Dá para entender, depois disso, em que contexto trabalhava a equipe da Chevron quando ocorreu o “erro de cálculo”. E o que significava o risco que Mr. Moshiri disse ser o seu trabalho.

http://blogprojetonacional.com.br/chevron-o-nosso

Elza

Ih ñ gostei desse texto, ñ entendo de política externa, de petróleo, de mercado, é evidente q a economia global está louca, mas daí "o petróleo é nosso mas, pra que?",,,,, espera aí, então a natureza, o universo, a evolução, sei lá mais o quê, presenteia o Brasil com essa riqueza q é o pré- sal e aí agente ñ vai ficar feliz? O pré-sal pode sim proporcionar muita coisa ao Brasil. Temos grandes pesquisadores no país q pode discutir a questão. O problema é saber usar p/ investimentos no país e acabar de vz com a pobreza, ter educação, saúde de qualidade…. até p/ desenvolver tecnologias p/ descobertas de energias limpas. Será q nós não temos direito de pensarmos em sermos grandes, sermos um país desenvolvido.

Eita texto pessimista, até entendo a preocupação do sr. Cândido Grzybowskiautor com o aquecimento global, mas o Brasil não é o primeiro país da lista de poluidores do planeta, está parecendo os "demotucanos" Temos q ter cuidado é com as chevrons da vida.

FrancoAtirador

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O desastre da Chevron prova: pré-sal, só com a Petrobras

Por: Fernando Brito, no Projeto Nacional

Com este escândalo que foi – e ainda está sendo – o vazamento de óleo em um dos poços da Chevron-Texaco no Campo de Frade, ao largo do Rio de Janeiro, trouxe, em toda a mídia brasileira, a discussão sobre a capacidade e o preparo do país para a exploração de petróleo no subsolo marinho.
Embora a discussão seja mais do que legítima, os objetivos com que ela é trazida, neste momento, não o são.
É como discutirmos a segurança nas estradas ao lado de um acidente onde o automóvel que o provocou tinha os pneus carecas e andava a 250 km por hora e ainda tinha tomado uns tragos.
A estrada poderia ser uma autobahn alemã e o desastre teria sido igual. Sobretudo porque a responsável pelo acidente ainda tem muitas explicações a dar sobre as razões de seu “erro de cálculo e, sobretudo, porque ocultou-o o quanto pôde.
Como é que não tem níveis pelo menos razoáveis de segurança um país que explora petróleo no mar há 35 anos, em milhares de poços perfurados no leito marinho e só agora tem o seu primeiro acidente de alguma expressão na plataforma continental?
É só olhar o mapa dos poços marítimos da ANP que está no post e você verá que o exagero com que se aborda a questão é apenas um encobrimento das verdadeiras intenções: bloquear a exploração da riquíssima fronteira econômica representada pelas jazidas do pré-sal e favorecer sua entrega aos poderosos interesses das grandes petroleiras estrangeiras.
É necessário eclipsar que este acidente – e já é confesso por parte da Chevron-Texaco, embora a mídia o minimize – decorreu exclusivamente da negligência de uma destas grandes petroleiras, interessada em gastar o mínimo possível nas perfurações q que – suprema ironia – nem mesmo tinha os sistemas de vigilância e inspeção submarino adequados, ao ponto de tê-los de aceitar emprestados pela Petrobras.
E a Petrobras os tinha porque há 40 anos desenvolve tecnologia e rotinas operacionais para exploração marítima. Primeiro com seu Centro de Pesquisas, depois em programas específicos, a partir de 1986, quando criou o Procap, seu Programa de Capacitação em Águas Profundas, com o objetivo de perfurar em até um quilômetro abaixo da superfície marinha. Depois vieram o Procap-2000 e o 3.000, com a necessidade de perfurar em locais ainda mais profundos. Só este último teve um investimento previsto em US$ 128 milhões,
A petroleira brasileira é reconhecida em todo o mundo como líder em tecnologia de exploração a grandes profundidades. E isso, é claro, tem um custo pesado que, muitas vezes, o investidor estrangeiro não quer suportar.
Aí é fácil dizer que as multinacionais são mais rentáveis, gastando menos para garantir a segurança de suas instalações.
Este episódio mostrou que não apenas não ficamos em nada a dever às gigantes do petróleo em matéria de segurança como, ao contrário, foi uma delas que se mostrou incompetente e criminosamente irresponsável na atividade mais arriscada da exploração, que é a perfuração e completamento de um poço pioneiro.
Além das razões econômicas, a segurança provida pela Petrobras é motivo mais que suficiente para a determinação de que só ela possa operar a perfuração e a operação de poços no pré-sal, muito mais profundos e complicados tecnologicamente que os de águas rasas e de profundidade média.
A resposta sobre se o Brasil está preparado para a exploração de águas ultra profundas é sim, ele está, através da Petrobras, que é uma empresa que deve contas e satisfação perante o Governo e o país.
Mas será não se for através de empresas que ganham montanhas de dinheiro, pagam um multa por poluir e, se quiserem, juntam as tralhas e vão embora, com um rico saldo em petróleo e em dinheiro.

http://blogprojetonacional.com.br/o-desastre-da-c

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