Três pacientes que tiveram pulmões nebulizados com hidroxicloroquina, tratamento apoiado por Bolsonaro, morrem no Rio Grande do Sul
Tempo de leitura: 3 minDa Redação
O bolsonarismo fez muitos danos ao Brasil. Agora, com mais de um ano de atraso, o presidente decidiu montar um comitê de crise para enfrentar a covid — sugestão, aliás, dada pelo ex-presidente Lula em seu discurso há duas semanas.
Isso, depois de colocar dúvidas sobre as vacinas, o uso de máscaras, de provocar aglomerações, atacar governadores que agiam contra a pandemia e promover o kit covid, composto especialmente por cloroquina, ivermectina e azitromicina — drogas comprovadamente ineficazes contra o vírus.
Mais que isso, Bolsonaro gastou dinheiro e estimulou prefeitos e médicos a adotar o tratamento falso.
Um caso cabuloso e exemplar foi denunciado pelo diário conservador gaúcho Zero Hora: três pessoas que receberam o tratamento experimental de nebulização com hidroxicloroquina diluída morreram no Hospital Nossa Senhora Aparecida, em Camaquã, a 130 km de Porto Alegre.
O diário narrou assim cada um dos casos:
O paciente estava em leito clínico, seu quadro era considerado estável, sem necessidade de entubação ou UTI até aquele momento. Os médicos que o atendiam haviam planejado reduzir o fluxo de oxigênio — ele estava recebendo oito litros por minuto em máscara de Hudson. Correram pouco mais de 14 horas após o início das nebulizações até que o homem viesse a falecer na terça-feira (23), às 9h30min, apresentando falta de ar e queda de saturação (oxigênio no sangue).
Outro paciente do tratamento experimental que faleceu fez a primeira inalação da hidroxicloroquina na sexta-feira (19), enquanto estava em leito clínico, embora seu quadro já fosse considerado grave, com entubação e ventilação mecânica, aguardando liberação de UTI. Feitas as nebulizações, o quadro do enfermo seguiu piorando e ele acabou internado na UTI. Após apresentar taquicardia, o homem morreu na madrugada desta quarta-feira (24).
O terceiro caso envolve uma mulher que fez uma nebulização de hidroxicloroquina com a médica no domingo (21) à tarde. Ela também já estava em situação considerada mais grave, entubada, em ventilação mecânica e aguardando leito de UTI. Na segunda-feira (22), um dia após ter feito a sessão de nebulização, a paciente morreu. Ela também apresentou taquicardia antes do óbito, informa a direção-técnica do hospital.
Problemas de coração já foram relatados em pacientes que adotaram a cloroquina.
A médica responsável é Eliane Scherer.
O assessor jurídico do hospital disse que ela não colocou “covid” como causa mortis no atestado de óbito do primeiro paciente.
A profissional foi denunciada pelo hospital ao Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul por 17 infrações éticas.
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A idéia de atacar o vírus no pulmão não é nova. O ex-presidente Donald Trump chegou a sugerir a aplicação de desinfectantes diretamente nos pulmões, o que causou ao menos 30 casos de intoxicação em Nova York.
No caso gaúcho, quem propagou a “cura milagrosa” foi o vereador e ex-prefeito da cidade de Dom Feliciano, a 45 km de Camaquã.
Dalvi Soares de Freitas (PSB) deu entrevistas elogiando o tratamento contra covid que havia recebido da médica.
Porém, ele não enfrentou um caso grave da doença, nem precisou ser internado em UTI.
A atuação da doutora Eliane passou a causar grande polêmica em Camaquã, de 66 mil habitantes, porque profissionais do hospital em que ela atuava eram contra o tratamento.
Porém, eles ficaram sob pressão depois que o presidente Jair Bolsonaro telefonou para uma rádio da cidade e elogiou a médica.
“Ela falou muito humildemente que não é ideia dela a questão da nebulização. A primeira vez que ouvi falar disso foi lá no Estado do Amazonas. Agora, aqui no Brasil, a pessoa é criminalizada quando tenta uma alternativa para salvar quem está em estado grave”, disse Bolsonaro na entrevista-surpresa à emissora local.
Apesar de demitida do hospital no dia 10 de março por fazer a nebulização — e de forma inadequada, expondo outras pessoas ao vírus — a médica passou a ser procurada por pessoas que tinham ouvido as entrevistas do vereador e do presidente e queriam o “tratamento milagroso”.
Elas assinaram termos isentando a médica de qualquer responsabilidade.
Em um dos casos, a autorização para o tratamento foi dada pela Justiça.
Tovar Amaro da Silva Barbosa, de 44 anos, de Tapes, a 50 km de Tamaquã, não foi autorizado inicialmente pela Justiça a receber a nebulização com hidroxicloroquina diluída, que não consta de nenhum protocolo autorizado por autoridades médicas.
Com as três mortes, o assessor jurídico do hospital anunciou providências:
“Vamos comunicar ao Cremers e ao MP sobre esses fatos para que eles possam apurar se essa conduta teve ou não relação com os falecimentos. E para que possam tomar medida cautelar para impedir esse tipo de prescrição”, afirmou.
A doutora não é infectologista, nem intensivista. Ela tem uma clínica em Camaquã especializada em ecografia, ou seja, exames de imagens.
Comentários
robertoAP
As famílias dos pacientes que foram assassinados pela médica louco e o presidente louco, devem entrar na Justiça ,solicitando indenizações milionárias contra ambos, pela prática de charlatanismo e homicídio premeditado.
Henrique Martins
https://youtu.be/_tzgk5YMioM
Eis um visionário.
Zé Maria
Estudo publicado no periódico Médico
New England Journal of Medicine (*)
aponta para Ineficácia da HCQ
Um estudo sobre a eficácia da Hidroxicloroquina [HCQ]
em pacientes hospitalizados comparou uma variedade
de tratamentos possíveis com o cuidado usual em pacientes
hospitalizados com Covid-19.
Foram distribuídos aleatoriamente 1561 pacientes para receber
Hidroxicloroquina e 3155 para receber os cuidados habituais.
O estudo analisou a mortalidade em ambos os grupos após 28 dias.
Após 28 dias, 421 pacientes (27%) morreram no grupo de Hidroxicloroquina e 790 (25%) no grupo de tratamento usual.
Os resultados apontam que os pacientes no grupo da Hidroxicloroquina
não tiveram uma incidência menor de morte em 28 dias
em comparação com aqueles que receberam os tratamentos habituais.
Íntegra do Estudo em:
*(https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2022926)
[Fonte: Setor Saúde, com informações de Times, CNBC e NEJM]
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Zé Maria
Mais 3 Crimes dentre tantos outros
praticados pela Quadrilha Cloroquina.
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