Queiroz demitiu mulher de miliciano de gabinete de Flávio Bolsonaro quando soube que estava sob investigação, revelam mensagens de whatsapp

Tempo de leitura: 3 min
Lessa atirador, o major miliciano e o capitão foragido: PMs homenageados por Flávio

Da Redação

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, estão engalfinhados na disputa pelo comando da Polícia Federal.

Bolsonaro conseguiu afastar — ou ao menos antecipar a saída — do superintendente da PF do Rio de Janeiro, estado no qual tem sua base eleitoral.

Agora, fala em “arejar” o comando geral da corporação.

Pode não ser coincidência, portanto, o vazamento: de acordo com o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, o ex-assessor e amigo pessoal da família, Fabrício Queiroz, demitiu a esposa de um miliciano que trabalhava no gabinete de Flávio Bolsonaro quando soube que estava sob investigação.

Trata-se de Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, mulher do ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro, o Bope, Adriano Magalhães da Nóbrega.

A investigação contra Queiroz tornou-se pública no dia 6 de dezembro de 2018.

No mesmo dia, segundo reportagem de Chico Otávio e Juliana Dal Piva em O Globo, Queiroz comunicou a demissão a Danielle.

Ela trabalhou no gabinete de Flávio, então deputado estadual, de 6 de setembro de 2007 a 13 de novembro de 2018. O salário mais recente era de R$ 6.490,35.

Danielle provavelmente era funcionária fantasma, pois nunca teve crachá da Alerj.

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Quando disparou as mensagens, Queiroz já não trabalhava formalmente no gabinete.

De acordo com O Globo, ele pediu a Danielle que não usasse o sobrenome Nóbrega, possivelmente para evitar a identificação do elo com o ex-capitão do Bope.

Em 22 de janeiro de 2019, Adriano foi um dos alvos da operação Os Intocáveis, acusado de ser um dos chefes de uma milícia da Zona Oeste do Rio de Janeiro e mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco.

Ele está foragido.

Até agora, este é o nexo mais forte entre o ex-policial militar Fabrício Queiroz e milicianos.

Ele foi chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro, que ao longo de sua atuação parlamentar homenageou na Alerj o ex-capitão Adriano, o major da PM Ronald Pereira e o sargento reformado Ronnie Lessa.

Os dois últimos estão presos: Ronald acusado de ser líder de milícia e Lessa como o atirador que matou Marielle.

Lessa morava no mesmo condomínio de Jair Bolsonaro no Rio. A filha dele namorou o filho mais novo de Bolsonaro. Numa casa de um amigo de Lessa, foram encontrados 117 fuzis.

Os Bolsonaro revelaram um apreço especial por Adriano: além de duas homenagens de Flávio na Alerj, o então deputado federal Jair Bolsonaro assistiu ao julgamento do PM, acusado de homicídio, e fez um discurso em defesa dele na Câmara dos Deputados.

A investigação que atingiu Fabrício Queiroz e chegou ao hoje senador Flávio Bolsonaro resultou de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf.

O presidente Jair Bolsonaro tratou de “neutralizar” o Coaf, que foi transferido do Ministério da Economia para o Banco Central e recebeu o nome de Unidade de Inteligência Financeira.

A transferência do superintendente da Polícia Federal no Rio é atribuída ao apoio que o policial teria dado ao Ministério Público Estadual do Rio.

Além disso, Ricardo Saadi comandava inquérito sobre tentativa da Polícia Civil do Rio de Janeiro de atrapalhar as investigações sobre o assassinato de Marielle.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, trancou a investigação sobre Flávio Bolsonaro, remetendo uma decisão final ao plenário da Corte.

A Justiça autorizou a quebra do sigilo fiscal de empresas e familiares de Flávio, além de ex-assessores dele na Alerj.

Na lista estão Fabrício Queiroz e Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega (ver abaixo).

Assim, investigadores poderão checar se houve movimentação financeira entre a mulher do miliciano e o chefe de gabinete de Flávio.

O repórter Chico Otávio, de O Globo, autor da reportagem de hoje, já foi citado por Jair Bolsonaro em um tweet.

Ele é pai da repórter Constança Rezende, de O Estado de São Paulo.

Constança foi falsamente acusada de desejar “arruinar Flávio Bolsonaro e o governo”, depois de dar entrevista a um interlocutor que se apresentou como estudante interessado em comparar Donald Trump e Jair Bolsonaro.

“Site bolsonarista distorce entrevista de repórter do Estado e promove desinformação”, denunciou o Estadão à época, em referência ao Terça Livre, propagador de fake news do bolsonarismo.

Ao reproduzir o conteúdo no twitter, o presidente da República mencionou gratuitamente que Constança era filha de Chico Otávio.

“Querem derrubar o governo com chantagens, desinformações e vazamentos”, afirmou.

Como se pode depreender do que você leu acima, Jair Bolsonaro está desesperado com o potencial da investigação sobre o “embaixador” Flávio.

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Comentários

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Jardel

Pelo jeito o MP do RJ só vai pedir condução coercitiva para o Queiroz depor, no dia 31 de fevereiro.
CAMBADA DE PREVARICADORES!

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