“Primeiro-ministro” de Temer, Marun disse que Eduardo Cunha fez fortuna em atividades comerciais e com indenização paga à mulher pela Globo
Tempo de leitura: 6 minFoto José Cruz, Agência Brasil, via Fotos Públicas
Estou em Curitiba, saindo do Complexo Médico Penal de Pinhais, onde fiz uma visita de caráter natalino a Eduardo Cunha. Encontrei-o em boa saúde, preocupado com a sua defesa e concatenado com as questões nacionais. É evidente a sua revolta por estar em prisão preventiva sem ter sido até agora sequer ouvido em juízo. Presenteei-o com o livro DITADURA ACABADA de Elio Gaspari e expressei votos de um 2017 menos infeliz. Nota do deputado Carlos Marun em 30.12.2016
Temer não reformou as aposentadorias. Mas instalou o semi-presidencialismo no país. Na quinta-feira, com a posse de Carlos Marun, completará o Primeiro Gabinete: o Gabinete Eduardo Cunha. A partir daí, teremos problemas com o surgimento de novo personagem na cadeia sucessória. Quem falará como chefe de governo? E como primeiro-ministro? Não é duplo sentido…é preocupação mesmo. Renan Calheiros, no Facebook, sobre a ascensão de Marun ao ministério de Temer
Da Redação
Em 12 de setembro de 2016, apenas 10 deputados votaram contra a cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (foram 450 votos a favor):
Carlos Andrade (PHS), Jozi Araujo (PTN), Julia Marinho (PSC), Wellington Roberto (PR), Arthur Lira (PP), João Carlos Bacelar (PR), Dâmina Pereira (PSL), Paulinho da Força (Solidariedade), Pastor Marco Feliciano (PSC) e Carlos Marun (PMDB).
Marun destacou-se, no entanto, por articular a defesa de Cunha de peito aberto, tentando ao mesmo tempo obstruir a votação e/ou conseguir uma punição menos grave para seu padrinho político.
Cunha, é importante relembrar, turbinado pelo dinheiro de Joesley Batista e de outros esquemas de corrupção, havia aglutinado o Centrão para alcançar a presidência da Câmara, bloqueou as iniciativas parlamentares do governo Dilma e abriu caminho para que Aécio Neves articulasse o impeachment.
Aécio, hoje desmoralizado em seu próprio partido, escapou de qualquer punição. Cunha, mesmo preso, manteve o poder nos bastidores e agora emplaca um aliado num cargo chave do governo Temer.
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O motivo é óbvio: Temer precisa garantir algum tipo de continuidade para que ele e os integrantes da quadrilha que comanda não sejam presos. Isso passa por alguma candidatura nas eleições de 2018, ainda indefinida.
Marun passa a ser o instrumento que, ao mesmo tempo, garante o bico calado de Cunha e o mantém aliado ao projeto que salva Temer. O ex-presidente da Câmara, incrivelmente, já garantiu a impunidade de toda a família, que pode desfrutar dos milhões que ele embolsou.
Essencial, portanto, relembrar as palavras proferidas pelo “primeiro-ministro” de Temer em defesa de Eduardo Cunha, naquela histórica sessão:
Sr. Presidente, nobres pares, eu ouso pedir a atenção de V.Exas., eu ouso chamar a atenção de V.Exas. para o que estamos decidindo nesta sessão histórica.
Estamos condenando um Deputado à morte política, analisando um processo frágil, desprovido de provas e efetivamente alicerçado na vontade que teve o Conselho de Ética de cassar o Deputado antes que ele pudesse promover a sessão derradeira de 17 de abril, a sessão que definiu a admissibilidade do impeachment.
Falo isto sem medo de errar.
Trust não é conta. Não fui eu quem inventou o trust.
Eu até fui atrás do significado, para saber o que era, mas trust não é conta.
Tanto não é conta, Deputado Julio Lopes, que nem o Relator acusador teve coragem de afirmar isso no seu relatório.
Tentando preservar um pouco a sua biografia, em nenhum momento ele diz que trust é conta. Não é conta.
Trust não deveria ser incluído nas declarações de Imposto de Renda. Isso só passou a ser necessário agora.
Por que agora existe uma resolução que determina que o trust deve ser declarado?
Porque antes não era obrigatório. Isso é óbvio! É o óbvio ululante.
Não deveria, não precisaria ter sido declarado. E trust não é conta.
O Deputado Eduardo Cunha, no máximo, omitiu o fato de ser vinculado ao tal trust.
Merece, sim, ser punido, mas não com a pena de morte política, que aqueles ansiosos pela vingança ou até pela revanche da derrota na eleição presidencial desta Casa lhe estão agora querendo impor: “Não, mas temos que cassá-lo pelo conjunto da obra!”
Vamos, então, ao conjunto da obra.
O conjunto da obra não está nesse processo, mas pode ser também rebatido e debatido.
O que existe contra o Deputado Eduardo Cunha nesse tal conjunto da obra, Deputado Silvio?
Uma acusação do delator Júlio Camargo, feita numa reconsideração de delação 6 meses depois.
Delatou e reconsiderou a delação. Entra em cena Fernando Baiano, que esteve no Conselho de Ética prestando depoimento.
O Relator, consciente da fragilidade do processo, buscou o conjunto da obra.
Ele não levou ninguém lá para dizer que trust era conta, ele saiu atrás do Fernando Baiano, do Júlio Camargo.
O que disse Fernando Baiano quando apareceu?
Que nunca entregou nenhum dinheiro a Eduardo Cunha.
Ele teria entregado dinheiro em espécie a alguém que tinha sido autorizado pelo Deputado Eduardo Cunha.
Chegou o dia da testemunha bomba, Leonardo Meirelles.
Foi noticiado pelo jornal Folha de S.Paulo que ele compareceria munido de documentos.
O que ele disse quando chegou? Nada. Quando exigimos que ele falasse a verdade, ele disse que ouviu dizer…
O SR. CARLOS MARUN — Sr. Presidente, há 40 Deputados para falar. Até para um necessário equilíbrio mínimo entre a acusação e a defesa, e considerando que há 40 Deputados para falar contra, permita-me mais 5 minutos para que eu conclua, por favor, ou some o tempo de Liderança do PMDB.
O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Maia) — Não precisa, Deputado. V.Exa. pode falar, que eu vou lhe conceder o tempo necessário. Fique tranquilo.
O SR. CARLOS MARUN — Agradeço a V.Exa. Leonardo Meirelles apareceu, e o jornal Folha de S.Paulo estampou na capa: “Hoje, vai lá alguém com os documentos para provar”. Até eu me assustei.
Quando chegou lá, o que ele disse? Que jantou com Alberto Youssef, 10 dias depois, e que houve entrega de dinheiro. E Youssef disse: “Não, aquele dinheiro era para o Cunha”.
Essa é a testemunha-bomba, alicerçados em que os senhores querem cassar o Presidente Eduardo Cunha.
“Mas a mulher dele comprou em loja cara”. Olhem, vamos incluir no Regimento que o Deputado cuja mulher compre em loja cara deve ser cassado. Assim podemos cassar o Deputado Eduardo Cunha. Isso é ridículo!
A esposa do Deputado é uma profissional conceituada, bem remunerada. Só de indenização, em 2008, recebeu mais de 2 milhões de dólares do maior grupo de comunicação do País.
Os senhores sabem disso, mas assim mesmo ficam batendo palma pelo preço do sapato que foi adquirido por ela.
“Ah, não! Mas e esse dinheiro?” O dinheiro que o liga aos tais trusts o Deputado já tinha em 1998, quando disputou o primeiro mandato de Deputado. V.Exa. sabia disso, Deputado Patrus Ananias?
Está no parecer do Relator acusador que, em 1998, ao disputar a primeira eleição, Eduardo Cunha já era vinculado ao trust, que tinha 5 milhões de dólares.
Por que esse dinheiro não pode ter sido ganho, como ele falou, em atividades comerciais anteriores, se nem Deputado não era e já tinha esse recurso?
Se não o foi, não é aqui que isso deve ser provado. Isso deve ser provado no STF.
Por isso, debatemos aqui, para que o Deputado mantenha o seu mandato e se defenda de maneira que a acusação possa apresentar as provas do que noticia, do que vaza, e a defesa possa, de forma veemente, apresentar seus argumentos.
Quantos aqui foram injustamente acusados nos últimos dias, aqui e no Senado, de todos os partidos?
Há partido que posa de santo, mas tem o telhado de vidro, que não aguenta nem chuva de água, quanto mais chuva de granizo, e fica aqui sapateando moralidade, como se bobos fôssemos todos nós.
Tem, sim, o político que ter direito à presunção da inocência.
Tem, sim, o político que requerer que contra ele sejam provadas as acusações que lhe fazem.
Nada mais do que isso estamos pleiteando neste momento.
Sei que estamos falando para uma maioria de pessoas mais preocupadas com eventuais aplausos no aeroporto, quando chegarem às suas cidades.
Vejam bem, o Deputado Pauderney Avelino, chegando lá a Manaus, será recebido por aquela petezada gritando: “Avelino! Avelino!”. É isso que vai acontecer.
O Deputado Antonio Imbassahy vai chegar à Bahia, com a CUT e o PCdoB gritando lá: “Imbassahy! Imbassahy! Imbassahy!”
Os senhores podem até achar que eu estou vivendo um momento difícil da minha vida. Não!
Momentos difíceis estão vivendo os senhores, que não têm a coragem de analisar esse processo e votar em conformidade com a sua consciência.
Eu não!
Ligam para mim, e eu digo que voto contra.
Há pessoas que, quando liga a imprensa, se escondem embaixo do sofá, colocam o tapete por cima. Eu não!
Vou votar contra a cassação por isso, por isso e por isso. Isso me dá — parece mentira — um sentimento muito grande de força e até de felicidade.
Eu sei que se vai cometer uma injustiça aqui, e sei que não serei um desses injustos. Muito obrigado, Sr. Presidente, pelo tempo que me concedeu.
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Comentários
Schell
Pois é, mesmo assim, essa anta-criminosa-mafiosa foi o escolhido pelo temerista-golpista-ladrão para ser seu “primeiro ministro” e, pasmo, verifico que a ditá grande mérdia não solta um pio; que o psdb não diz água; que os desMoronados da vida batem palmas; que os desembarga-com-gravatinhas, em represália, marcam o julgamento do Lula para o mesmo dia, 24 de janeiro, em que a dona Mariza teve o AVC. País de merda é isto, né, dona carmencita?
Julio Silveira
Esse bailarino, mostra que é artista de varios atributos. Já está fazendo por merecer um Kikito pelo conjunto de sua obra, e outro pela busca frenetica pela coadjuvancia nesse espetaculo de mau humor.
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