Pedro dos Anjos: Agitar as palavras ‘fascista’ e ‘nazista’ no meio popular funciona?

Tempo de leitura: 2 min

Por Pedro dos Anjos

No trecho acima do filme “Clockwork Orange” (Stanley Kubrick, 1972) há um sinal claro e direto.

Qual seja, uma das gangues da briga usa emblemas nazistas.

A outra não, a qual, no entanto, atua com igual ou talvez maior truculência, nos ataques mutuamente desferidos.

Quem não conhece o contexto da briga das duas maltas terá dificuldade em caracterizar esta outra.

Se os seus membros estão com roupa colante branca e chapéu de coco preto, no lugar de suásticas ou cruz de ferro ou qualquer outro distintivo nazifascista, o que eles são afinal?

Vândalos?

Brutamontes?

Hooligans?

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Extremistas?

Patriotas da sua pátria amada?

Trago estas questões para provocar uma reflexão acerca de um ponto da prática política no contemporâneo mundo real.

Tem efeito prático rotular criptofascistas – que não assumem que são fascistas – como fascistas?

O que sabem as novas gerações sobre o nazifascismo do século passado, hoje largamente esterilizado pelas Big Techs e seu fanatismo extremista de direita, seus internautas fiéis, os políticos venais da direita?

Na campanha eleitoral, Trump agitou que iria combater “os inimigos internos”, nomeados como: “os globalistas, os marxistas, os comunistas, os fascistas (itálicos meus), a escória esquerdista radical”.

No comício do Madison Square Garden – realizado no mesmo espaço que abrigara um massivo evento de nazis americanos em 1939 –, ele zombou dos que o chamavam e aos seus seguidores de “nazistas”, dizendo que deste modo seus inimigos era que faziam “discurso de ódio”.

Anos antes, Steve Bannon tivera uma reunião com clérigos católicos ideologicamente alinhados, quando mencionou e debochou dos seus detratores, que chamavam o seu Moviment de “fascista”.

A esquerda vai ter que recalibrar as palavras a respeito do neofascismo, sabendo que seus próceres praticam-no, sem assumir que são fascistas.

Alguém comprometido com o Ur-Antifascismo* se atreve a buscar alternativas?

(*) Ur-Antifascismo é a práxis antagônica ao Ur-Fascismo (Fascismo Eterno) cunhado por Umberto Eco. Quem quiser saber mais acesse https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/umberto-eco-14-licoes-para-identificar-o-neofascismo-e-o-fascismo-eterno/

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Comentários

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Zé Maria

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O que é preciso decifrar é o seguinte:

por que o Discurso Anti-Comunista
– Falso, inclusive historicamente [*], –
da Extrema-Direita é Eficaz?

E por que o Discurso Anti-NaziFacista
da Esquerda é Ineficiente?

*[Do tipo: ‘os comunistas mataram
+de 100 milhões de pessoas’…]

Quando na verdade foi o Capitalismo
que Matou +de Bilhão de Miséria e Fome.

Será que é porque a Extrema-Direita Fascista,
sustentada ideologicamente pelos Neoliberais,
dispõe dos Meios Tecnológicos de Comunicação
para Manipulação da Informação às Massas?

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