Nota de Paulo Salvador sobre a demissão da jornalista Lúcia Rodrigues

Tempo de leitura: 3 min

Paulo Salvador,  no seu blog

“Na função de um dos coordenadores da Rede Brasil Atual comuniquei em 5 de março à jornalista Lúcia Rodrigues seu desligamento do quadro de pessoal da produção de conteúdo da rádio. O comunicado ocorreu às 17h quando ela estava no trabalho. Depois de cumprimentar a equipe toda, pedi a ela uma conversa em particular. Como o estúdio é improvisado, sem salas, onde todos trabalham em um salão, sem o famigerado “aquário” de diretoria. Propus que fôssemos a um local isolado, o espaço entre a escada e o estacionamento. As mensagens da jornalista no Facebook citam o estacionamento como o pior ardil dos torturadores….Como se vê, o comunicado não foi truculento, ao contrário, transcorreu dentro de um diálogo embora tenso, mas educado. E que ter sido no vão entre a escada e o estacionamento nada teve de impedi-la de acessar o estúdio, como foi veiculado. Aqui, desfaz-se uma primeira informação errada difundida por ela própria Um pouco de honestidade intelectual faria com ela esclarecesse bem essa passagem.

Comunicado – Disse-lhe que havia iniciado uma reestruturação da equipe tendo em vista a mudança para o novo estúdio, na rua Carlos Sampaio, levando em consideração a sinergia das equipes produtoras de conteúdo. Informei-a que ela seria desligada. Ela respondeu-me “assim?”.

Não entendi a pergunta e ela continuou “quem decidiu?”, respondi-lhe “eu, é o meu papel, vamos priorizar os que trabalham em equipe”. Perguntou-me novamente “quero saber o motivo” e reafirmei que se tratava de uma reestruturação da equipe preparando o novo estúdio. Sem antes que eu terminasse a frase, ela virou-se, desceu o lance de escada e disse “nos falaremos ainda”.

No Facebook ela escreveu que não sabe o motivo, que não foi informada. Mais uma falsificação, pois foi informada sim que o desligamento seria por reestruturação e que ficariam os que trabalham em equipe.

Um ano – Desde janeiro de 2012, após o episódio do Pinheirinho e da publicação de uma matéria sobre acordos especiais de trabalho, a coordenação da rádio discutiu com a jornalista mudanças de postura, atitude e enfoque em seu trabalho por considerá-los individualistas, exagerados, provocadores e desrespeitosos, que tais formatos de entrevistas e matérias prejudicavam a imagem da Rede, criavam embaraços para outros jornalistas que viam seus pedidos de entrevistas negados com o argumento de que a rádio mandava repórteres provocadores.

A coordenação direta da rádio propôs-lhe mudança de editoria, mudanças de trabalho, alertou que o estilo era de blogueira e não de reportagem da rede. A própria jornalista sentia que sua situação era precária por, ao ser abordada sobre o trabalho, sempre perguntava se estava demitida.

Os dois primeiros meses de 2013 foram de agravo da postura onde em vários eventos a jornalista acentuava sua predileção por esculhambar entrevistas e entrevistados, sem que a redação e chefias tivessem discutido linhas de abordagens. Várias vezes, as chefias intermediárias relataram que “ninguém tinha controle sobre o trabalho dela”.

Em resumo, sem que tivesse sido pautada para isso, fazendo suas reportagens como bem lhe entendesse e enviando para o fechamento sem discutir com a direção ou coordenação, não restou outro caminho a esta coordenação senão a demissão para preservar o espírito de equipe e o trabalho coletivo.

Contiguidade – Para completar as falsificações, a jornalista publica “FUI DEMITIDA, VEJAM MINHA REPORTAGEM SOBRE O CORONEL TELHADA”. Em nível ginasiano: uma coisa acontece, outra coisa acontece, logo a segunda está ligada com a primeira. Ora, ora.

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É uma manipulação de contiguidade, de associar sua demissão a uma entrevista com o hoje vereador do PSDB, o famoso Coronel Telhada. Como se fosse censura, como se fosse retaliação. Seria mais honesto e saudável reconhecer os próprios erros e exageros em vez de culpar outros ou remeter comparações falsas.

A decisão pelo desligamento foi protelada por um ano e dentro dos nossos princípios de gestão foram feitas inúmeras tentativas de mudanças, o que envolveu várias pessoas que não convém a este comunicado serem citadas. Trata-se de uma decisão sempre difícil, mas necessária para fortalecer o trabalho coletivo de toda a equipe de jornalistas e fazedores da Rede Brasil Atual, cujos compromissos estão expressos diariamente em suas publicações.

Em 20 anos de gestão de comunicação, esta é a minha primeira demissão. Ao leitores, peço que distingam atitude patronal da profissional. A mídia de esquerda não pode prescindir das atitudes profissionais.

A jornalista jogou pela janela um bom emprego e a possibilidade de um desenvolvimento junto com esta nova plataforma de mídia no Brasil.

“Democracia é quando você manda em mim. Ditadura é quando eu mando em você”
Inspirado em Millôr Fernandes”.

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“Trabalhar em equipe”, a máfia poderia utilizar o mesmo lema. Aliás, ela já o faz.

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