Notícia-crime de deputada Maria Perpétua contra família Bolsonaro será analisada pela PGR

Tempo de leitura: 2 min
Reprodução

Moraes envia notícia-crime contra Bolsonaro, Flávio e Eduardo para análise da PGR

Procedimento é praxe nesse tipo de ação. Pedido de investigação foi feito ao STF por deputada após Facebook remover contas ligada à família do presidente e a políticos do PSL.

Por Márcio Falcão e Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Procuradoria-Geral da República se manifeste sobre uma notícia-crime apresentada contra o presidente Jair Bolsonaro e dois de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ).

O caso envolve as investigações do Facebook que resultaram na remoção de contas ligadas ao PSL e a gabinetes da família Bolsonaro nas redes sociais da empresa. A representação foi feita ao Supremo pela deputada Maria Pérpetua (PCdoB-AC).

A decisão do ministro foi publicada nesta quinta-feira (23). O procedimento adotado por Moraes é praxe nesse tipo de ação. Bolsonaro e seus filhos ainda não são formalmente investigados.

A procuradoria vai analisar se há elementos contra eles que justifiquem o pedido de abertura de uma apuração no STF sobre os fatos.

Foram tiradas do ar 35 contas, 14 páginas e 1 grupo no Facebook, além de 38 contas no Instagram.

O Facebook, responsável pelas duas redes sociais, afirmou que foram identificados perfis falsos e com “comportamento inautêntico” — quando um grupo de páginas e pessoas atuam em conjunto para enganar outros usuários sobre quem são e o que estão fazendo.

Mesmo com os responsáveis tentando ocultar suas identidades, as investigações da rede social encontraram ligações de pessoas associadas ao PSL e a alguns dos funcionários nos gabinetes de Eduardo, no de Flávio, no do presidente, e também nos de Anderson Moraes e Alana Passos, ambos deputados estaduais pelo PSL no Rio de Janeiro.

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Entre as páginas investigadas pelo Facebook está o perfil “Bolsonaro News.”

O e-mail usado para registrar o perfil era de Tercio Tomaz, que já foi assessor de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.

Hoje é assessor especial do presidente, com gabinete no Palácio do Planalt, salário de quase R$ 14 mil por mês e apartamento funcional.

Publicações da página de Tercio atacam adversários políticos de Bolsonaro, como o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e até ex-ministros do governo, como Luiz Henrique Mandetta e Sérgio Moro.

Ao STF, a deputada afirmou que há fortes indícios da prática de inúmeras ações delitivas supostamente praticadas pela família Bolsonaro e aliados, utilizando-se da rede mundial de computadores, para a prática de crimes como calúnia, difamação, injúria e ameaça “contra o Supremo Tribunal Federal e seus ministros, além de agressões e ameaças contra o Poder Legislativo da União e os presidentes da Câmara [Rodrigo Maia] e do Senado [Davi Alcolumbre]”.

A parlamentar pede que a notícia-crime seja incluída no inquérito das fake news, que investiga a disseminação de notícias falsas e ataques a ministros do STF.

Em seu despacho, Moraes não faz considerações sobre os fatos narrados pela deputada. Ele limitou-se a escrever: “Abra-se vista à Procuradoria-Geral da República para manifestação”.

O ministro já autorizou a Polícia Federal a acessar dados da investigação do Facebook .

O compartilhamento de dados servirá para abastecer duas investigações ao mesmo tempo: o inquérito sobre atos antidemocráticos e o das fake news.

Os dois têm o mesmo relator no Supremo Tribunal Federal, o ministro Alexandre de Moraes.

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Zé Maria

E ninguém da PGR vai investigar Jair Bolsonaro e o Delegado Federal do RJ
pelo caso da Fantasma Nathalia?

“Sistemas de informações: o meu funciona. O meu particular funciona.”

Vazamento para Flávio Bolsonaro foi combinado com Delegado da PF, por telefone, e teria ocorrido em período eleitoral, entre 4 e 14 de outubro de 2018,
diz Paulo Marinho

De acordo com o depoimento de Paulo Marinho, reproduzido no documento do MPF,
um delegado da Polícia Federal ligou para três contatos de Flávio para repassar as informações sigilosas, no intervalo de 4 a 14 de outubro daquele ano [2018]:

Victor Granado, amigo de infância de Flávio;
Miguel Angelo Braga Grillo, chefe de gabinete do senador, e
Valdenice (Val) Meliga, então assessora de Flávio.

No mesmo intervalo de tempo, o grupo teria ido à porta da sede da Polícia Federal para receber as informações da operação que ainda seria deflagrada.
“Os três teriam participado desta dinâmica, do suposto telefone à suposta cena do crime”,
afirma o termo de depoimento no MPF.
[…]
Ao denunciar o caso em entrevista, em maio, Marinho já tinha implicado um delegado da PF e os três amigos de Flavio Bolsonaro no suposto esquema.
Marinho disse que o encontro com o delegado teria ocorrido na porta da Superintendência da PF, na Praça Mauá.

O relato do delegado, segundo Marinho, foi de que Queiroz e a filha tinham sido citados num relatório do antigo COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

“Vai ser deflagrada a operação Furna da Onça, que vai atingir em cheio a Assembleia Legislativa do Rio. E essa operação vai alcançar algumas pessoas do gabinete do Flávio.
Uma delas é o Queiroz e a outra é a filha do Queiroz (Nathalia), que trabalha
no gabinete do Jair Bolsonaro (que ainda era deputado federal) em Brasília.
Nós vamos segurar essa operação para não detoná-la agora, durante o segundo turno, porque isso pode atrapalhar o resultado da eleição (presidencial) ”,
teria dito o delegado, segundo Marinho.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/07/22/furna-da-onca-vazamento-na-pf-ocorreu-um-mes-antes-com-acerto-previo-por-telefone-diz-marinho.ghtml

https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2020-07-22/vazamento-para-flavio-bolsonaro-foi-combinado-por-telefone-diz-marinho.html

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