Marcelo Zero: Não há método na burrice, Brasil foi assaltado por uma legião de oligofrênicos

Tempo de leitura: 3 min
Bolsonaro aparentemente saúda a grama no dia de sua posse. Reprodução

Não Há Método na Burrice

por Marcelo Zero

O grande Goethe já nos advertia que “não há nada mais terrível que uma ignorância ativa” (Es ist nichts schreklicher als eine tätige Unwissenheit).

Obviamente, Goethe não teve o prazer de conhecer Bolsonaro e sua preclara equipe de fundamentalistas cristãos e sumidades emergidas das redes sociais.

Se tivesse, teria acrescentado que não há nada mais desastroso que a ignorância ativa que chega ao poder.

Com efeito, mal começou e o governo do capitão exibe a um mundo estarrecido um festival tragicômico de declarações brutais e estapafúrdias e de decisões beócias e cretinas, seguidas invariavelmente por apressados e canhestros desmentidos.

Ornamenta esse festival de obtusidades as seguidas desautorizações dos zurros presidenciais.

Com o novo mandato, instaurou-se a mais completa anomia. Ninguém sabe direito que decisões serão concretizadas e quem, de fato, manda no governo, sé é que há alguém que manda.

Há a incômoda sensação de se estar em num barco à deriva, que ruma impotente rumo ao Maelstrom, sob o olhar impassível do Jesus da Goiabeira, que não ora por nós.

Há alguns, no entanto, que veem essa algazarra trágica como um plano mefistofélico, destinado a distrair a opinião pública das “verdadeiras intenções” do governo fascistoide, que quer entregar os destinos da Nação a desinteressados agentes do capital internacional.

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É possível. Afinal, nada mais funcional a esses interesses que um presidente que fez da ignorância e da boçalidade a sua raison d’être.

Um presidente que não entende nada, não manda nada, e que está disposto a bater continência até para o Rin Tin Tin, pastor alemão que serve galhardamente ao Exército dos EUA.

Como diziam os antigos gregos, aqueles a quem os deuses querem destruir primeiro enlouquecem. Portanto, é possível que haja alguma funcionalidade oculta, bem oculta, nesse enredo giocoso de ópera bufa. Alguma coisa cuja lógica seja acessível apenas aos deuses.

Suspeito, contudo, usando a Navalha de Occam, que a verdade seja, como soe acontecer, mais simples e mais brutal: o Brasil foi assaltado por uma legião de oligofrênicos que não tem a menor ideia de como governar o país.

Mesmo o insigne “Posto Ipiranga”, sumidade gestada na Escola de Chicago, que respirou os ares impolutos de Santiago de Chile, parece desconhecer fatos básicos sobre o Brasil, como, por exemplo, o de que o orçamento de um ano tem de ser aprovado no ano anterior, informação acessível até mesmo a mortais comuns medianamente letrados.

O Itamaraty, que já nos legou quadros extraordinários, à esquerda e à direita, agora nos brinda Ernesto Araújo, um diplomata, por assim dizer, intelectualmente muito original, até mesmo surpreendente. Suas animadas arengas demonstram, em vários idiomas, uma mente muito atrás de seu tempo.

Já o grande círculo militar do poder parece ter faltado a algumas aulas na Escola Superior de Guerra e não ter se empenhado muito na leitura das obras de Golbery. Isso explicaria as misteriosas referências à Terceira Guerra Mundial, provavelmente desencadeada contra o kit gay, aliado da mamadeira de piroca, bem como a total ausência de rigor geopolítico em suas soi disant “análises”.

Não creio que haja funcionalidade política nessa grotesca barafunda. Qualquer governo, mesmo aquele que não tem compromisso com os interesses do país e do seu povo, precisa de credibilidade e legitimidade para administrar.

No entanto, o desgoverno do capitão parece obstinadamente empenhado em queimar rapidamente todo o seu capital político, laboriosamente amealhado em anos de fake news e de ódio a tudo que cheire a progresso.

Muito provavelmente, a legião de acéfalos que se apossou do Estado achava que governar seria tão fácil quanto disseminar mentiras pelo Twitter e pelo Facebook, ou como operar “milagres” numa igreja neopentecostal.

Infelizmente, não é. Governar exige profundo conhecimento do país, do mundo e da máquina pública.

É tarefa muito complexa e difícil, que deveria ser atribuída, segundo Platão, apenas a homens sábios.

Sabedoria que não pode ser identificada com conhecimento acadêmico, mas que não pode dispensar visão racional do mundo, coisa que o capitão e sua voluntarista armada Bolsoleone evidentemente não têm.

No governo, fé não move montanhas. Competência, sim.

Assim sendo, não parece haver método na burrice e plano na improvisação.

Conta a história que Leon Trotsky, exasperado com as posições irrefletidas do escritor e político norte-americano Dwight Macdonald, teria afirmado: “Todo homem tem o direito de ser ocasionalmente estúpido, mas o companheiro Macdonald abusa desse privilégio”.

Como Goethe, Trotsky não conheceu Bolsonaro.

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Comentários

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Zé Maria

Vâmo tudo se fudê … rindo …

Marchinha de Carnaval:

Talquêy, Talquêy! A Culpa é do PT!

https://youtu.be/AtHSiOIm3YU

A culpa é do PT
E dessa corja vagabunda de artistas
Essa mamata vai acabar
O bozo é o mito, fora, fora, comunistas

A culpa é do PT [talquey, talquey!]
E dessa corja vagabunda de esquerdistas
Vamo’ acabar com isso daí
O bozo é o mito, fora, fora, comunistas

Nossa bandeira jamais será vermelha
Quem garantiu foi Jesus na goiabeira
Chegou a hora da nossa oração
Partiu igreja com a arma na mão
Bandido bom é bandido morto
Sou cidadão de bem porque eu sou cristão

Melhor já ir preparando o que fazer
Vão acabar com a lei Rouanet
Traz a damares, traz o mourão
Que traz seu filho pra mamar no tetão
Prepara um suco de laranja pro Queiroz
Que traz um dinheirinho para todos nós…

https://t.co/UxJfO1la5Q
https://twitter.com/luisnassif/status/1084402944244674560
https://jornalggn.com.br/blog/almeida/talquey-talquey-marchinha-de-carnaval-satiriza-bordoes-dos-bolsonaristas

Marys

São Tomás de Aquino descreve mais de vinte tipos de imbecis: asyneti, cataplex, credulus, fatuus, grossus, hebes, idiota, imbecillis, inanis, incrassatus, inexpertus, insensatus, insipiens, nescius, rusticus, stolidus, stultus, stupidus, tardus, turpis, vacuus, vecors.

No Brasil, surgiram novos tipos: estupidus brasilis, bolsonarius, coisus, mitominions, bolsominius, imbecillis queirozminion scusus.

Parece que todos tomaram o Brasil de assalto.
Pátria infestada de imbecilis!

‘Novo governo é o triunfo da ignorância e da estupidez’, diz Leonardo Boff, em entrevista ao Jornalistaslivres.

Concordo plenamente com ele e com Marcelo Zero.

Parece que muitos pensam, assim. Incluindo o referido ideólogo da Teoria da Libertação.

Mas é melhor ressuscitar São Tomaz de Aquino pq Boff é considerado “squerdopatalulógofo” e não vai ser aceito pela bolsomídia.

a.ali

“Aí, há um trecho com grama. Bolsonaro saudou-a” – é que ficou feliz com a quantidade de salada verdinha…

marcio gaúcho

Pedro Ribeiro: não vem, que não tem! Como assim: “somos todos culpados”?
Quem votou no Bolsonaro é culpado. Quem anulou o voto, também é, igualmente, culpado pela omissão. Somente os eleitores que votaram em outros candidatos é que merecem o título de “inocentes”, responsáveis que foram ao não aprovar a loucura que foi posta aí pela maioria dos eleitores brasileiros.

    a.ali

    verdade, márcio…
    sr. pedro, não nos coloque nesse mesmo forno, além dos votos em branco, os nulos e os votos no candidato fake deu no que deu: muita mer…ança, incompetência, apadrinhamento, festival de besteiras, arrogancia,ignorância, total despreparo…até samba em hospital…

Zé Maria

Desde aquele Episódio do “Não te Estupro, porque tu é feia”
com a Maria do Rosário, na Câmara dos Deputados, dizem
que o Bolsonauro anda com a cara pelada, porque é “Barba Azul”.

Zé Maria

Dudu Pintinho quer alterar Livros Didáticos
adulterando fatos históricos sobre a Ditadura:

“Os militares saíram em 1985 e até hoje vejo matérias na imprensa mentido sobre o que foi aquele período, só p/ enaltecer a PTzada”

https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/01/filho-de-bolsonaro-propoe-revisao-historica-sobre-ditadura-em-livro-didatico.shtml

Marcelo

Gostei da citação a Edgar Allan Poe. Parece que vivemos um conto de terror, mas, pior. Isso é real!

Zé Maria

(des)governo Bolsonauro e as 1001 Noites
https://pt.wikipedia.org/wiki/As_Mil_e_Uma_Noites

Zé Maria

No Governo das 1001 Noites,
Bolsonauro é o Rei da Pérsia …
… Xariar … E o Mourão é o Vizir …
A Xerazade é a Rede Social na Internet…
E a irmã, Duniazade, é a Globo…

João Lourenço

A falta de bico na mamadeira faz muitos chorarem .Zero ,no início do governo Lula ninguém da imprensa (que ainda não mamava) ficavam caladinhos e hoje está mesma (sem tetas) choram .Mas já pensou se ela tivesse alertada a população quantos roubos teriam sido evitados ?

a.ali

qdo. em uma entrevista o bosolnero admitiu que tinha “medo de ser presidente” o que queria dizer, na real, é “não tenho competência prá tanto”!

Herber

Cada dia é um amiguinho novo ou parente promovido a ganhar mais de 30 mil reais de sálario. Imagine o tanto de parente de militar não vai ter ocupando cargo de confiança nesse governo.
Bolsonaro é um incompetente. Cada recuo só mostra que ele não sabe fazer nada.
Essa aventura com o Guedes irá levar o Brasil a bancarrota.
Lula, p.ex., escolheu pessoas qualificadas para assessora-lo. Esse ministro da educação do Bolsonaro é um lunático.
Classe média que quer o bolsonaro, já tomaram uma paulada na cef e vão tomar outras.

Antônio Valter

Papai Mourão!

Consegue uma promoção na méritocracia do bb para mim?

Julio Silveira

Como diaria meu falecido sogro, anonimo homem de grande sabedoria, “Deus economizou a inteligencia com o homem, na burrice entretanto foi generoso”.

Eduardo

E bom Jair pensando como resolver isso! Acharam que iam comandar uma igreja evangélica composta de vaquinhas de presépio confinadas! O buraco é mais embaixo e o tosco Jair nem imagina onde é! Eu nào tenho culpa, votei no Haddad!

    Pedro Ribeiro

    Não existem inocentes, todos somos culpados.

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