Manifesto contra perseguição a Lula chega a 90 mil assinaturas e ganha apoios internacionais

Tempo de leitura: 16 min

Da esquerda para a direita, a partir do topo: senadora e ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, prêmio Nobel da Paz Adolfo Esquivel, sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, o linguista e filósofo norte-americano Noam Chomsky, professor James Green (Universidade Brown, EUA), a escritora portuguesa e presidenta da Fundação José Saramago Pilar del Rio, historiador inglês Peter Burke, jurista Roberto Tardelli, professor Aaron Schneider (Universidade de Denver, EUA),  ex-procurador Eugênio Aragão, Chico Buaraue, Gregório Duvivier, Chico Dias e Sílvia Buarque de Holanda, Beth Carvalho, Sílio Tendler e Soraya Ravenle

Manifesto contra perseguição a Lula chega a 80 mil assinaturas (veja PS do Viomundo)

Projeto Brasil Nação

O manifesto Eleição sem Lula é Fraude, lançado por intelectuais na semana passada, alcançou 80 mil adesões (veja PS do Viomundo) nesta quarta-feira (27/12).

O documento denuncia a perseguição ao presidente Lula, defende eleições livres e a democracia no Brasil.

“A trama de impedir a candidatura do Lula vale tudo: condenação no tribunal de Porto Alegre, instituição do semiparlamentarismo e até adiar as eleições. Nenhuma das ações elencadas está fora de cogitação. Compõem o arsenal de maldades de forças políticas que não prezam a democracia”, diz o texto.

Nos últimos dias, o manifesto ganhou a adesão de personalidades do cenário internacional, como a ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, o historiador inglês Peter Burke, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, a escritora portuguesa e presidenta da Fundação José Saramago Pilar del Rio, os professores norte-americanos especialistas em América Latina Aaron Schneider (Universidade de Denver) e James Green (Universidade Brown).

A carta avança também no Brasil com a assinatura de figuras reconhecidas, como o teólogo Leonardo Boff, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, os críticos literários João Adolfo Hansen e Luiz Costa-Lima Gávea, o ensaísta e poeta Silviano Santiago, as historiadoras Maria Lúcia Pallares-Burke, Lilia Moritz Schwarcz, Hebe Mattos, Lia Calabre de Azevedo e Beatriz Mamigonian, o cientista político André Singer, a pedagoga e tradutora Zoia Prestes e o jornalista José Trajano.

Do mundo das artes, a sambista Beth Carvalho, as atrizes Bete Mendes, Silvia Buarque e Soraya Ravenle, o cartunista Renato Aroeira, os cineastas Silvio Tendler e Walter Lima Júnior e um dos mais renomados artistas plásticos Ernesto Neto estão entre os novos signatários.

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Do mundo jurídico brasileiro, subscreveram o texto Roberto Tardelli, Gisele Citadino e Eugênio Aragão, entre centenas de advogados, professores de direito e juristas.

Dos movimentos populares, Guilherme Boulos, coordenador do MTST e da Frente Povo Sem Medo; Vagner Freitas, presidente da CUT; João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical; Edson Carneiro Índio, Secretário Geral da Intersindical; Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares (CMP) e Nalu Faria, da Marcha Mundial das Mulheres, também aderiram ao documento.

O manifesto circula na Europa e um grupo de intelectuais da Espanha, formado por Maria José Fariñas Dulce (Catedrática Filosofia do Direito UC3 – Espanha), Francisco Infante Ruiz (Titular Derecho Civil – Pablo de Olavide), Lina Galvez Muñoz (Economista – Pablo de Olavide), Antonio Bayos (Catedrático Derecho Laboral), também assinou o manifesto.

O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) marcou para o dia 24 de janeiro o julgamento do Lula na Operação Lava Jato no caso do triplex do Guarujá.

Os signatários do manifesto denunciam que “a tentativa de marcar em tempo recorde para o dia 24 de janeiro a data do julgamento em segunda instância do processo de Lula nada tem de legalidade. Trata-se de um puro ato de perseguição da liderança política mais popular do país”.

O documento, que surgiu como uma iniciativa do Projeto Brasil Nação, foi lançado no dia 19 de dezembro.

O linguista e filósofo norte-americano Noam Chomsky, o prêmio Nobel da Paz Adolfo Esquivel, o cantor Chico Buarque, os economistas Luiz Carlos Bresser Pereira e Leda Paulani, o jurista Fábio Konder Comparato, os cientistas políticos Luiz Felipe de Alencastro e Maria Victoria Benevides, o embaixador Celso Amorim, os escritores Raduan Nassar e Milton Hatoum, os jornalistas Hildegard Angel, Mino Carta, Franklin Martins e Fernando Moraes, o ator e escritor Gregório Duvivier, o ativista social João Pedro Stedile e a deputada estadual Manuela D’Ávila estão entre os primeiros signatários.

Para assinar o manifesto, clique aqui.

PS do Viomundo: No instante em que publicamos a nota acima, o manifesto “Eleição sem Lula é Fraude” já tinha 90 mil apoidores.

Pressionando Brasil 

Manifesto Eleição sem Lula é fraude

Projeto Brasil Nação

A tentativa de marcar em tempo recorde para o dia 24 de janeiro a data do julgamento em segunda instância do processo de Lula nada tem de legalidade.

Trata-se de um puro ato de perseguição da liderança política mais popular do país.

O recurso de recorrer ao expediente espúrio de intervir no processo eleitoral sucede porque o golpe do Impeachment de Dilma não gerou um regime político de estabilidade conservadora por longos anos.

O plano estratégico em curso, depois de afastar Dilma da Presidência da República, retira os direitos dos trabalhadores, ameaça a previdência pública, privatiza a Petrobras, a Eletrobras e os bancos públicos, além de abandonar a política externa ativa e altiva.

A reforma trabalhista e o teto de gastos não atraíram os investimentos externos prometidos, que poderiam sustentar a campanha em 2018 de um governo alinhado ao neoliberalismo.

Diante da impopularidade, esses setores não conseguiram construir, até o momento, uma candidatura viável à presidência.

Lula cresce nas pesquisas em todos os cenários de primeiro e segundo turno e até pode ganhar em primeiro turno.

O cenário de vitória consagradora de Lula significaria o fracasso do golpe, possibilitaria a abertura de um novo ciclo político.

Por isso, a trama de impedir a candidatura do Lula vale tudo: condenação no tribunal de Porto Alegre, instituição do semiparlamentarismo e até adiar as eleições.

Nenhuma das ações elencadas estão fora de cogitação.

Compõem o arsenal de maldades de forças políticas que não prezam a democracia.

Uma perseguição totalmente política, que só será derrotada no terreno da política.

Mais que um problema tático ou eleitoral, vitória ou derrota nessa luta terá consequências estratégicas e de longo prazo.

O Brasil vive um momento de encruzilhada: ou restauramos os direitos sociais e o Estado Democrático de Direito ou seremos derrotados e assistiremos a definitiva implantação de uma sociedade de capitalismo sem regulações, baseada na superexploração dos trabalhadores.

Este tipo de sociedade requer um Estado dotado de instrumentos de Exceção para reprimir as universidades, os intelectuais, os trabalhadores, as mulheres, a juventude, os pobres, os negros.

Enfim, todos os explorados e oprimidos que se levantarem contra o novo sistema.

Assim, a questão da perseguição a Lula não diz respeito somente ao PT e à esquerda, mas a todos os cidadãos brasileiros.

Como nunca antes em nossa geração de lutadores, o que se encontra em jogo é o futuro da democracia.

Signatários

Noam Chomsky, linguista, filósofo e cientista político norte-americano
Chico Buarque, cantor e compositor
Raduan Nassar, escritor
Hildegard Angel, jornalista
Milton Hatoum, escritor
Luiz Carlos Bresser-Pereira, economista e ex-ministro de Estado
Mino Carta, Diretor de Redação Carta Capital
Manuela d’Ávila, jornalista e deputada estadual (PCdoB-RS)
Nilma Lino Gomes, professora da Faculdade de Educação da UFMG e ex ministra de Estado
Fábio Konder Comparato, jurista, advogado e escritor
Leda Paulani, economista e professora da USP
Luiz Felipe de Alencastro, historiador e cientista político
Celso Amorim,  diplomata brasileiro e ex-ministro de Estado
Cândido Grzybowski, Diretor do IBASE
Dermeval Saviani, Professor Emérito da UNICAMP e Pesquisador Emérito do CNPq
Vera Malaguti Batista, professora de Criminologia da Uerj e secretária-executiva do Instituto Carioca de Criminologia
Emir Sader, sociólogo e cientista político
Ennio Candotti, Presidente de honra da SBPC
Eric Nepomuceno, escritor
Fernando Morais, escritor e jornalista
Franklin Martins, jornalista
Heloísa Fernandes, socióloga, professora aposentada da USP
Isabel Lustosa, Historiadora e cientista política
João Pedro Stédile, MST/Via Campesina/Frente Brasil Popular
José Luís Fiori, cientista político, professor titular da UFRJ
Ladislau Dowbor, Economista
Marianna Dias, Presidente da UNE
Renato Tapajós, Cineasta
Roberto Amaral, Escritor e ex-ministro de Estado
Roberto Saturnino Braga, Centro Celso Furtado
Jessy Dayane, Levante Popular da Juventude/Vice presidente da UNE
Edson França, UNEGRO
Abelardo de Oliveira Filho, Engenheiro Civil e Professor
Adalberto Cardoso, professor da UERJ
Aderbal Freire, Diretor de Teatro
Adilson Mendes, Historiador, pesquisador e professor de Cinema.
Afrânio Garcia Jr., Maître de conférences EHESS, chercheur CESSP
Alan Carlos Dias da Silva
Alberto Passos Guimarães, Físico
Alda Heizer, historiadora do Instituto de Pesquisa Jardim Botanico do Rio de Janeiro
Alessandra Belo Assis Silva, Doutoranda em História Social pela UNICAMP.
Almir Nóbrega da Silva, PT DR/PB, Movimento Sindical (Fisco)
Altamiro Borges, Jornalista
Alvaro Luiz Pedrotti, arquiteto e urbanista
Álvaro R. Santos, Geólogo
Ana Abbott, Atriz
Ana Adelaide Lyra Porto Balthar (Nena Balthar), Artista Plástica e professora de arte/gravura IFRJ campus Belford Roxo
Ana Costa, Professora da Universidade Federal Fluminense – UFF
Ana de Hollanda, Cantora, compositora e ex-Ministra da Cultura
Ana Guimarães, Diretora do SindBancários de Porto Alegre e Região
Ana Maria Araújo Freire, Educadora
Ana Maria Cavaliere, Professora UFRJ
André Berten, professor (aposentado UCL, Bélgica)
Andre Lobato
Andrea Bogossian Dutra, cantora
Andréia Galvão, Professora de Ciência Política – Unicamp
Ângela de Castro Gomes, historiadora
Antelina Leomar, MNU
Antonia Neide Costa Santana, professora do Curso de Geografia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (Sobral/CE)
Antônio Carlos Lopes Granado, Economista
Antonio Carlos Rossato, Engenheiro Civil
Antônio Lisboa, Sec de Relações Internacionais da CUT Brasil
Antonio Luigi Negro, professor de História na UFBa
Antônio Munarim, Professor Titular UFSC
Aparecido Araujo Lima, Jornalista, Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
Aquiles Rique Reis, Musico
Ariovaldo Ramos, Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
Aristóteles Cardona Júnior, Médico de Família e Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)
Arlete Moyses Rodrigues, prof livre docente aposentada- Unicamp – IFCH – IG
Armando Boito Jr., Professor de Ciência Política da Unicamp
Artur Scavone, Jornalista
Beatriz Heredia, UFRJ
Benedito Tadeu César, cientista político, professor da UFRGS aposentado.
Benjamin Prizendt,  Ambientalista e apoiador de projetos socioambientais, MUDA Movimento Urbano de Agroecologia, Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
Benoni Covatti
Bernardo Furrer, Médico
Berenice Xavier, Aposentada, Atriz
Brigitte Thiérion, Maître de Conférences – Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3 Co-responsable de l’Institut d’Etudes Lusophones Spécialité Littérature Brésilienne
Bruno Pinheiro Wanderley Reis, UFMG, Departamento de Ciência Política
Bruno Pucci, Doutor em Educação e professor universitário aposentado da UFSCar e na ativa na UNIMEP, Piracicaba, SP
Cacala Carvalho (Maria Clara Borba de Carvalho), Musica
Candida Maria Monteiro, Professora, PUC-Rio.
Carlos André Cavalcanti, Professor UFPB
Carlos Frausino – Psicanalista
Carlos Frederico Marés de Souza Filho – Professor Titular de Direito da PUCPR
Carlos Henrique Kaipper – Procurador do Estado do RS
Carmem da Poian – Psicanalista
Carmem Maria Craidy – Professora UFRGS
Carol Proner – professora de Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Cássia Damiani – professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Cecilia Vuyk – Paraguai
Celi Nelza Zulke Taffarel – professora Dra. Titular FACED UFBA Salvador Bahia
Celso Pinto de Melo – Professor titular – Dep. de Fisica – Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Celso Santos Carvalho – Engenheiro civil
Cenira Ceroni Guerra – Advogada
César Augusto Bubolz Queirós – Professor do Departamento de História e do PPGH da UFAM
Christiana Oliva – representando Professores do Sindicato de Guarulhos
Claudia Brandao de Serpa – arquiteta urbanista
Claudia Santos –
Claudio Graziano Fonseca- Auditor-Fiscal da Receita Estadual – RS Membro do instituto Justiça Fiscal (IJF)
Claudio Westphalen –
Crisantina Cartaxo –
Dario Frederico Pasche – Dr. em Saúde Coletiva, Prof. UFRGS,
Débora Abramant – Psicanalista
Diego Ellwanger Pereira- Editor e Publicitário. Levante Gremista, grupo de torcedores gremistas em defesa da democracia. Portal de Hip Hop Bocada Forte, portal de notícias especializado.
Diego Pautasso – doutor Ciência Política UFRGS
Dilaine Soares Sampaio – professora adjunta da UFPB
Dulce Pandolfi – Professora FGV- RJ. Historiadora.
Éda Heloisa Pilla – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Edgar Serra – Médico aposentado
Eduardo Fagnani – Professor do Instituto de Economia da Unicamp.
Elemar do N Cezimbra –
Elenara Stein Leitão – Arquiteto
Eliane Dal Colleto – Jornalista
Eliesér Toretta Zen – Professor efetivo de Filosofia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Espírito Santo – Ifes campus Vitória-ES.
Elisabet Gomes do Nascimento – Educadora
Elisabete Guedes – C&T
Elisabeth Mariani – Educadora
Elton Bernardo Bandeira de Melo – Servidor público Federal, engenheiro, doutorando em sociologia.
Emerson de Almeida Fernandes – advogado militante nos movimentos sociais na Paraíba
Evaristo Almeida – Economista – Professor de Economia
Fabiana Silva/Plps -Promotoras Legais Populares do Interior de São Paulo
Fábio Girão – Músico e Consultor de TI na área de Media & Entertainment
Fábio Kerche – Cientista Político/ Fundação Casa de Rui Barbosa
Fernanda Bittencourt Ribeiro – Professora universitária Porto Alegre
Fernando Brito – editor do blog Tijolaço
Fernando Caneca Neto – Musico
Fernando Cunha – Professor UFPB
Fernando José Coutinho Barros – Médico
Fernando Rocha Nogueira – professor UFABC
Fernando Steinbruch Milman – Professor aposentado de Física da UFSC
Fernando Teixeira da Silva – Prof. do Depto. de História da Unicamp
Fernando Trevas Falcone – UFPB
Flavio Guerra de Menezes – Tecnologia da Informação
Flora Sussekind – pesquisadora FCRB e Profa. UNIRIO
Frederico Lustosa da Costa – Professor UFF
Gilberto Calixto da Nóbrega Júnior – Adovogado Recife
Giovani Subtil Palma – Servidor público RS
Giuseppe Tosi – UFPB João Pessoa
Guilherme Estrella- ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras
Guilherme Costa Delgado – Universidade Federal de Uberlândia
Hector Macedo –
Helena Bocayuva – Pesquisadora
Helena Meidani – Confraria dos textos
Helinando Pequeno de Oliveira – Professor Associado – Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)
Heloisa Eterna – Jornalista
Henrique Cukierman – Professor associado – COPPE/UFRJ
Henrique Jorge Pontes Sampaio – Servidor público na UFPB
Hilda de Souza Lima Mesquita – Bióloga-oceanógrafa por formação.aposentada
Hildebrando Tadeu Nascimento Valadares – embaixador aposentado
Iara Castiel – Advogada e Psicóloga
Igor Felippe Santos – MST/Frente Brasil Popular
Iole Ilíada – Geógrafa e membro do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo
Iran Caetano –
Isabel Peres dos Santos – Profissão engenheiro-agrônomo
Ivan da Costa Marques – UFRJ
Jaime Rodrigues. – Arquiteto e urbanista.
Jair Reck – Professor UNB
Jaldes Menezes- Professor Adjunto do Departamento de História da Universidade Federal da Paraíba
Janete Triches- Professora Universitária e jornalista
Jayme Vignoli R de Moraes – musico
Jesuino Romano – Quimico
João Carlos Coimbra – Prof. Dr. do Instituto de Geociências UFRGS, Porto Alegre, RS
João Carlos Loebens – Doutorando em economia
João Feres Júnior – Diretor e Professor de Ciência Política do IESP-UERJ.
João Ricardo W. Dornelles – Professor de Direito da PUC-Rio
João Sicsu – economista e professor da UFRJ
Joel Silveira Leite – Jornalista
Jorge Branco –
Jorge Luis da Rosa Evangelista – Arquiteto
Jorge Miguel Mayer – Espaço Piparotes e jornal Século XXI
José Carlos de Araújo – Professor da Universidade Federal do Ceará
José Cezar Castanhar – Professor
José Dari Krein – professor Instituto de Economia UNICAMP
José Fernando Guitton Balbi –
José Hamilton G. de Farias – Médico Psicanalista
José Ivo Vannuchi – advogado, ex-prefeito de São Joaquim da Barra, SP
José Luis da Costa Fiori – Professor titular de economia política internacional da UFRJ
José Manoel Carvalho de Mello – Engenheiro
José Reinaldo Carvalho – jornalista, secretário de Política e Relações Internacionais do PCdoB
José Ricardo Ramalho – Professor titular IFCS-UFRJ
José Sergio Leite Lopes – Antropólogo, professor da UFRJ
Josiane Noveli Vieira – Psicanalista participante da APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre)
Jubel Barreto –
Juan Manuel Karg- Politólogo
Júlia Pessin Dalmás – Economista
Julian Rodrigues – Ativista de direitos humanos
Jurandir Malerba – Professor titular livre ufgrs
Karen Amaral Sacconi – professora
Karla Gobo – professora universitária da Escola Superior de Propaganda e Marketing e da Universidade Veiga de Almeida.
Kátia Gerab Baggio – Professora do Departamento de História da UFMG
Laerte Sodre Jr. – professor universitário
Laizio Rodrigues de Oliveira – Magister Artium em História das Ciências Exatas e da Técnica como Faculdade Principal e, Matemática e Filosofia com Faculdades Secundárias. Berlim, Alemanha.
Larissa Rosa Corrêa – professora adjunta do Departamento de História da PUC-Rio.
Laura Bannach Jardim – Professora Titular do Departamento de Medicina Interna da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Laurindo Leal Filho – professor aposentado da USP
Lauro Belini – Economista – São José do Norte/RS
Layla Maryzandra – Coletivo de Entidades Negras – CEN e coletivo Makedas
Leandro Moura – historiador e tradutor, carioca
Lêda Casadei Iorio – Militante do PT
Leila Ripoll – Psicanalista
Leila Tendrih –
Lela Queiroz – Profª Universitária Federal da Bahia Artes Dança
Leo Acir Torres dos Santos – Major RR da Brigada Militar/RS
Lia Nazareth Pinto de Carvalho –
Liana Albernaz de Melo Bastos – profa adjunta da UFRJ e psicanalista
Liana Chaves – UFPB
Lígia Dabul – Departamento de Sociologia – Universidade Federal Fluminense (UFF)
Ligia Maria Coelho de Souza Rodrigues- fisica, membro do Comitê Fluminense do Projeto Brasil Naçao.
Liliam Faria Porto Borges – doutora em educação – docente da UNIOESTE/PR
Lilian Santos/Rede de Jovens Negras de Enfrentamento ao Feminicidio
Lorena Féres da Silva Telles – Historiadora
Lourdes Buzzoni Tambelli – Advogada militante nas áreas trabalhista e cível
Lucas Coradini – mestre em sociologia, doutor em ciência política, e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul.
Luana Gaetano/Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate a Violência
Lucas Weglinski Andrade – Fundador e Diretor da Cía dos Prazeres -RJ
Lucia Teresa Romanholli – Professora
Lucy Satiko Hashimoto Soares – Oceanógrafa Bióloga/Docente USP
Luis Carlos de Almeida – Jornalista
Luís Felipe Perdigão – Advogado, professor umiversitário e pesquisador da UnB.
Luis Otávio Bassi Calagian – Arquiteto
Luiz Alexandre Oxley da Rocha – UFES
Luiz Antonio Timm Grassi – engenheiro civil e bacharel em História aposentado
Luiz Augusto Estrella Faria – Programa de Pós-graduação em Estudos Estratégicos Internacionais – PPGEEI Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Luiz Bandeira de Mello Laterza – Engenheiro e Empresário
Luiz Carlos de Freitas – Faculdade de Educação da Unicamp
Luiz Cesar Marques Filho – Professor na Unicamp
Luiz Costa Lima –
Luiz Edmundo S. Oliveira. – Aposentado. Ex funcionário da Embasa.
Luiz F. Taranto – Jornalista, aposentado e membro da operativa da Frente Brasil Popular-RJ
Luiz Fernando Lobo – Artista
Luiz Fernando Pinheiro –
Luiz Fernando Rangel Tura – Professor/UFRJ
Luiz Roncari – professor sênior da FFLCH/USP
Luiza Cheuiche Fendt – Arquitetura e Urbanismo
Luna Messina – cantora e bacharel em Música Populara Brasileira
Lygia Pupatto – bióloga e docente aposentada da Universidade Estadual de Londrina
Magali Ceroni Guerra – Cirurgiã-Dentista
Magda Biavaschi -desembargadora aposentada do TRT 4, pesquisadora no CESIT/IE/UNICAMP
Manoel Fernando Marques da Silva – Advogado São Paulo
Manoel José Ávila da Silva – professor da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre/RS
Mara Luzia Feltes – Direção executiva da CUT nacional
Marcelo Kunrath Silva – Departamento de Sociologia da UFRGS.
Marcelo Milan – Professor de Economia e Relações Internacionais, UFRGS
Marcelo Turchetti – professor com mestrado em administração.
Marcia Palmira Caminha Sacco –
Marcio Arnaldo da Silva Gomes – médico
Marcos Antonio da Silva – Professor Titular de Metodologia no Depto. de História da FFLCH/USP
Marcos Costa Lima – Prof.Deptº de Ciência Política/UFPE; membro da Diretoria do Centro Internacional celso Furtado; membro da Diretoria da Associação Brasileira de Relações Internacionais/ABRI
Maria Aparecida Dellinghausen Motta –
maria beatriz mariante brutto –
Maria Claudia Oliveira de Paiva – Partido dos Trabalhadores
Maria de Lourdes Viana Lyra – historiadora
Maria Elizabeth Mori – Psicanalista, Sociedade de Psicanálise de Brasília
Maria Helena Pereira Toledo Machado –
Maria Luiza Franco Busse – jornalista
Maria Regina Soares de Lima – Professora e pesquisadora do IESP/UERJ
Maria Rita Loureiro – prof.a titular da FEA/USP e da FGV/SP
Maria Teresa Silva Lopes – Psicanalista – SBPRJ
Maria Teresa Silveira – Produtora de Arte
Maria Tereza Boaz – Médica
María Verónica Secreto – professora Universidade Federal Fluminense
Maria Victoria Benevides – Professora da USP
Mariana Joffily – historiadora, professora da Universidade do Estado de Santa Catarina.
Marianna Chaves – Atriz
Marilia Lomanto Veloso – Advogada
Marina Pinheiro – Cientista Política, Pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Mário Jorge da Motta Bastos – Professor do Departamento de História UFF
Marisa Soares Grassi – procuradora do estado aposentada.
Marisa Teresinha Mamede Frischenbruder – Geógrafa, Doutora pela USP, Consultora
Marísia Margarida Santiago Buitoni – Prof.ª Dr.ª do Igeog/Uerj
Marta Silva- Associação de Jovens Negras Acotirene
Martinia Gonzales/Coliazação de Mulheres Negras da América Latina e Caribe
Martha Silva – funcionária pública federal
Miguel da Costa Franco – bancário aposentado, escritor e roteirista
Milton Fernando M de Andrade –
Miriam Burger –
Miriam Cintra –
Moacir Palmeira – Museu Nacional – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Moisés Lima Matos – empresário na área de Tecnologia da Informação
Monica Hirst – Universidad Nacional de Quilmes (Argentina)
Nabil Bonduki – urbanista, professor titular Fau-Usp
Nadja de Moura Carvalho – Professora UFPB
Nair Prietos Benites – estudante do curso de Políticas Públicas do IFCH/UFRGS
Naira Lisboa franzoi – Professora da faculdade de educação ufrgs
Néle Azevedo – artista visual e pesquisadora
Newton Armani de Souza – Prof. da Universidade Federal de Goiás, Doutorando da Universidade de Lisboa.
Newton Mizuho Miura – jornalista
Ney Marinho – Psicanalista – SBPRJ (Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro)
Ney Strozake – Advogado e Frente Brasil de Juristas pela Democracia
Nilce Azevedo Cardoso – Psicopedagoga Clínica e Psicanalista
Nivaldete de Lima – advogada
Nívea Carneiro – Professora, Advogada, Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Lucena (SINTRAMUL)
Olga Fernández – Atriz, professora e pesquisadora de Teatro e Cinema.
Orã Figueiredo – Ator
Orlando Venâncio dos Santos Filho – Advogado e Mestre em Direito
Oswaldo Suzuki – professor (aposentado)
Otávio Velho – Antropologo
Ottmar Teske – Professor Universitário (Sociólogo), Assessor do Senador Paulo Paim, PT/RS.
Paola Giraldo – Professora
Paola Marques/Rede de Jovens Negras de Enfrentamento ao Feminicidio
Patricia Birman – Professora / pesquisadora Antropologia UERJ
Patrícia Chittoni Ramos Reuillard – Professora do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Patricia Valim – Professora de História da UFBA
Paulo Augusto Coelho de Souza – Sociólogo
Paulo Cesar Martins – Blog dialogosessenciais.com
Paulo Espirito Santo – jornalista
Paulo Fontes – Historiador, Professor da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPDOC/FGV)
Paulo Giovani Antonino Nunes – professor do departamento de História da UFPB
Paulo Malaguti Pauleira – músico integrante do MPB4, do Arranco de Varsóvia e maestro de corais.
Paulo Peretti Torelly – Advogado
Paulo Petersen – Agrônomo, Associação Brasileira de Agroecologia
Paulo Rosendo da Silva Júnior – Professor de educação física
Paulo Sergio Pinheiro – ex- ministro da secretaria de estado de direitos humanos
Pedro Aurelio Llanos Zabaleta –
Pedro Celestino Pereira, engenheiro
Pedro Dimitrov -Médico Sanitarista, doutor em Saúde pública/USP, membro fundador do PT
Pedro Gomes – Psiquiatra e Psicanalista ( SBPRJ )
Pedro Ivan Christoffoli – Professor Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS
Pedro Pontual – Educador
Prof. Romberg R. Gondim – D.Sc., aposentado.-CEAR/UFPB
Raul K. M. Carrion – Historiador Presidente da FMG/RS
Raul Pont – prof.univ.aposentado e ex prefeito de POA e ex deputado federal e estadual
Reginaldo Flexa Nunes – professor do Instituto Federal do Espírito Santo
Reinaldo Guimarães – Médico Sanitarista
Renata Del Monaco – Educadora
Renato Ortiz –
Renato Raul Boschi – Cientista Político IESP UERJ
Ricardo Gebrim- Direção Nacional da Consulta Popular
Ricardo Guterman – Sociólogo, membro do Coletivo de Luta pela Água, SP
Roberto Jorge Regensteiner – professor, consultor, escritor.
Rodrigo Patto Sá Motta – UFMG
Rogerio de Vargas Rosado -Membro da FBP região centro do RS. Membro da executiva da União das Associações Comunitarias de Santa Maria -Rs
Rogério Lustosa Bastos – Professor titular de psicologia social, na Escola de Serviço Social da UFRJ
Ronaldo Herrlein Jr. – Professor da UFRGS.
Ronaldo Lima Lins – Professor Emérito da UFRJ
Ronaldo Pagotto – Advogado e integrante da comissão política do Projeto Brasil Popular
Ronildo B. Andrade –
Ronivon da Costa Matos – Professor de história na rede municipal de Cajamar SP
Roque Tadeu Gui – Psicólogo DF
Rosa Angela Chieza – economista
Rosa Freire d’Aguiar – jornalista e tradutora
Rosângela Izidoro Cabral – empresária /Porto Alegre
Roseli Goffman – Psicóloga
Rozane Márcia Triches – Universidade Federal da Fronteira Sul.
Rubem Murilo Leão Rego – Prof. Livre Docente Unicamp
Samuel Pinheiro Guimarães – Diplomata brasileiro
Sandra Azerêdo – Professora aposentada UFMG
Sandra de Sá Carneiro – antropóloga – UERJ
Sandra Rangel – Bióloga, Secretaria Estadual da Saúde/RS
Sara Kanter – Comitê de Mulheres pela Democracia
Sebastião C. Velasco e Cruz – Professor Titular do Departamento de Ciência Política da Unicamp e do Programa San Tiago Dantas de Pós-Graduação em Relações Internacionais, UNESP/UNICAMP/PUC-SP.
Sebastião Pedrosa –
Sérgio Luiz Teixeira – Professor – SEDF , Mestrando Educação do Campo – UnB
Sérgio Sauer – Professor UNB
Silvana Veríssimo/Grupo de Mulheres Negras Nzinga Mband
Simão Zygband – Jornalista
Simone Nunes Brandão –
Sirlei Teresinha Gedoz – historiadora e Professora da Universidade do Vale dos Sinos – Unisinos.
Socorro Gomes – Presidenta do Conselho Mundial da Paz
Solange Todero Von Onçay – Professora da Universidade Federal da Fronteira Sul
Sônia Irene Silva do Carmo – Professora universitária aposentada – Unesp
Sônia Mara M. Ogiba – Psicanalista e Professora Ufrgs
Stella Maris Jimenez gordillo – Médica psicanalista. Analista membro da EBP e da a AMP
Susana Maria Koch – Jornalista e RP
Tamara Candeia de Mattos – Médica
Tamires Gomes Sampaio – Juventude do PT
Tatiane Reis Vianna – psicóloga
Télio Nobre Leite – Vice-reitor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)
Teresa M. Maia de Carvalho – Sociologa
Tereza Cruvinel – Jornalista
Valéria Chomsky – crítica literária
Valéria dos Santos Guimarães – Professora de História da UNESP
Valério De Patta Pillar – Professor, UFRGS
Vera Alves Cepeda – docente e pesquisadora da UFSCar
Vera Regina Leite Lopes – Educadora estadual, RS.
Vicente Trevas – sociólogo
Viviane Falkembach – produtora cultural
Volnei Picolotto – doutor em Economia e do Comitê em Defesa da Democracia/RS
Waglânia de Mendonça Faustino e Freitas – Docente UFPB
Walmir Siqueira – INSPIR
Walnice Nogueira Galvão – Prof. USP
Walquiria Domingues Leão Rego – prof. Titular – Unicamp
Walter Guilherme Schatzer –
Watteau Rodrigues – Advogado, OAB-PB 9365, Coordenação dos Juristas e Advogad@s pela Democracia da Paraíba. Militante político, ex PC do B e PSB.
William Mello – Professor Universitário
Willian Nozaki – professor de economia e ciência política da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP)
Wilma Martins de Mendonça – Professora de Literatura Brasileira da UFPB
Wilma Peres Costa – Professora Depto. Historia Universidade Federal de São Paulo
Wilson Amendoeira – Psicanalista
Wilson Ribeiro dos Santos Junior – Arquiteto e urbanista. Docente ensino superior.
Wladimir Pomar- Jornalista e escritor
Zacarias Gama – Professor Associado da Uerj
Zenio Paulo de Almeida Silva – Administrador aposentado.
Zillah Murgel Branco – Reformada, reside em Portugal. Militante comunista e das causas populares.
Zoravia Augusta Bettiol – Artista Visual e Arte-educadora

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Ivanisa Teitelroit Martins

Ivanisa Teitelroit Martins, psicanalista

Pós-graduada em Teoria Psicanalítica pela UnB, mestre em psicologia clínica pela PUC-SP, membro titular da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle, mestre em planejamento e políticas sociais pela London School of Economics and Political Science, gestora do Ministério do Planejamento (aposentada), título de comendadora na categoria de profissional do ano por mérito social em 2017, publicado em 4 de agosto no D.O. do governo do Estado de São Paulo

[email protected]

Ivanisa Teitelroit Martins

Por não publicarem meus comentários Lula e o PT perderam meu apoio.

    Ivanisa Teitelroit Martins

    Por terem publicado, vou reconsiderar. Agradeço ao Azenha e sua equipe

Ivanisa Teitelroit Martins

Aguardo publicação doseis comentários.

Ivanisa Teitelroit Martins

Fui afastada da minha função como assessora da Presidência da República no segundo mandato do governo Lula por defender a posição das centrais sindicais aprovada no Fórum Nacional da Previdência Social. Segue abaixo artigo de minha autoria publicado no Jornal do Brasil

https://www.linkedin.com/pulse/seguridade-social-um-patrim%C3%B4nio-destru%C3%ADdo-ivanisa-teitelroit-martins

Ivanisa Teitelroit Martins

Fui afastada do governo Lula por defender essa posição:
Artigo de minha autoria que foi publicado no Jornal do Brasil em 18 de fevereiro de 2008.

Ivanisa Teitelroit Martins é mestre em planejamento e política social pela The London School of Economics and Political Science – LSE, funcionária de carreira do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, na época Assessora Especial da Presidência da Republica do Brasil

Seguridade Social, um patrimônio nacional
No Brasil, a partir do Fórum Nacional de Previdência Social, foram lançadas as bases do plano nacional de seguridade social. As reuniões do Fórum foram realizadas entre março e outubro de 2007. Extremamente representativo, congregando todas as centrais sindicais, as confederações patronais e os diversos setores do governo, os debates no Fórum representaram a perspectiva de um novo patamar para a adoção do modelo nacional de seguridade social.
Um plano nacional de seguridade social abrangente deve estar integrado a outras medidas de proteção social e adequar-se a outras políticas de modo a expandir a cobertura e garantir que os recursos sejam redistribuídos aos grupos de mais baixa renda. Muitos sistemas de seguridade social em países em desenvolvimento não são efetivos porque foram copiados de outros países, sem os devidos arranjos nacionais. Mas este não é ou não deveria ter sido o caso da seguridade social brasileira.
A Constituição de 1988, no capítulo da ordem social, foi explícita sobre os princípios que devem reger um plano de seguridade social.
Estes princípios foram formulados de modo a desenvolver um novo modelo nacional de seguridade social. Porém, sua materialização foi sendo adiada durante 20 anos. Ao invés de trilharmos o caminho da expansão da cobertura e da inclusão de trabalhadores urbanos, rurais e sem vínculo formal, as reformas do sistema promoveram a redução da base contributiva e da cobertura e, por conseqüência, a redução do valor dos benefícios.
Os argumentos que sustentaram as reformas do sistema previdenciário se basearam nos ciclos econômicos, no mercado de trabalho e no perfil demográfico da população, fatores históricos que determinam a necessidade de mudanças. A prática se justificou pelo argumento da sustentabilidade fiscal e, sem dúvida, foi fortalecida pela adoção da política de ajuste fiscal, em anos anteriores.
No entanto, os princípios constitucionais não foram alterados, o que permitiu seu resgate no Fórum Nacional de Previdência Social. São princípios de natureza redistributiva, no que se refere à concessão de benefícios e, principalmente, no que se refere à concepção da base de financiamento – contribuição de natureza social que deliberadamente se distingue do financiamento por tributação, que é de ordem fiscal. Portanto, ao alterar a lógica fiscal pela lógica da contribuição social, altera-se a lógica do sistema como um todo, e se garantem direitos associados ao exercício do trabalho protegido pela cobertura dos riscos inerentes de desemprego, doença, acidente, velhice e morte. A base de financiamento foi composta de diversas fontes, com flexibilidade suficiente para manter um sistema de contribuição equânime, privilegiando a igualdade progressiva de benefícios entre trabalhadores urbanos e rurais, a partir da perspectiva inclusiva e de caráter redistributivo.
Até hoje, os benefícios destinados aos trabalhadores rurais são considerados assistenciais, pois ainda prevalece o raciocínio de que deve haver uma fonte específica para cada tipo de benefício. E o resultado é que não conseguimos incluir socialmente trabalhadores rurais. Sem falar que 67% dos benefícios previdenciários são de até um salário mínimo.
O Fórum Nacional de Previdência Social trouxe uma grande novidade. Restabeleceu princípios e procurou articular os programas de transferência de renda às políticas de seguridade social. O Programa Bolsa Família vem sendo elogiado internacionalmente, e seus parâmetros têm servido de modelo para outros países, inclusive para aqueles do chamado campo do desenvolvimento. O impacto efetivo do maior programa de transferência de renda lançou as atenções também para os benefícios de prestação continuada aos idosos e às pessoas com deficiência que, também, têm impacto sobre a redução da desigualdade social e sobre a reativação da economia dos pequenos municípios.
Ainda há aqueles que se referem ao conceito de seguridade social como próprio das políticas sociais do pós-guerra, o Welfare State. Mas os debates no Fórum defenderam o modelo proposto há 20 anos que foi formulado pelos especialistas brasileiros. Somente a partir de 2001, os países europeus passam a debater um modelo semelhante denominado de Workfare State. Há contradições internas com o modelo em debate, mas sua base de pensamento é o trabalho e não somente o equilíbrio financeiro.
O resgate do modelo nacional de seguridade social só foi possível porque a prática governamental possibilita o diálogo social que privilegia o trabalho e a inclusão social e produtiva. A seguridade social é uma das políticas públicas que compõem o conjunto. Associada ao crescimento econômico, à política universal de educação, ao crescimento da produção e do emprego formalizado, finalmente o sistema de seguridade social se desenvolverá em condições inquestionavelmente sustentáveis.

Ivanisa Teitelroit Martins

“Diz uma parábola judaica que certo dia a mentira e a verdade se encontraram.
A mentira disse para a verdade:
– Bom dia, dona Verdade.
E a verdade foi conferir se realmente era um bom dia. Olhou para o alto, não viu nuvens de chuva, vários pássaros cantavam e vendo que realmente era um bom dia, respondeu para a mentira:
– Bom dia, dona mentira.
– Está muito calor hoje, disse a mentira.
E a verdade vendo que a mentira falava a verdade, relaxou.
A mentira então convidou a verdade para se banhar no rio. Despiu-se de suas vestes, pulou na água e disse:
-Venha dona Verdade, a água está uma delícia.
E assim que a verdade sem duvidar da mentira tirou suas vestes e mergulhou, a mentira saiu da água e vestiu-se com as roupas da verdade e foi embora.
A verdade por sua vez recusou-se a vestir-se com as vestes da mentira e por não ter do que se envergonhar, saiu nua a caminhar na rua.
E aos olhos de outras pessoas era mais fácil aceitar a mentira vestida de verdade, do que a verdade nua e crua.”

Ivanisa Teitelroit Martins

Quando publiquei esse artigo representantes do PT na Presidência da República já haviam me destinado o subsolo do Palácio do Planalto sem dispor de uma mesa para me sentar. Como estava sendo alvo de calúnias dos alfozes do Lula cumpri o horário do expediente e procurei me instalar na biblioteca do Palácio temporariamente. Com o passar do tempo o assédio moral e profissional do PT e do PTB no governo recrudesceu.

Artigo de minha autoria que foi publicado no Jornal do Brasil em 18 de fevereiro de 2008.

Ivanisa Teitelroit Martins é mestre em planejamento e política social pela The London School of Economics and Political Science – LSE, funcionária de carreira do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, na época Assessora Especial da Presidência da Republica do Brasil

Seguridade Social, um patrimônio nacional
No Brasil, a partir do Fórum Nacional de Previdência Social, foram lançadas as bases do plano nacional de seguridade social. As reuniões do Fórum foram realizadas entre março e outubro de 2007. Extremamente representativo, congregando todas as centrais sindicais, as confederações patronais e os diversos setores do governo, os debates no Fórum representaram a perspectiva de um novo patamar para a adoção do modelo nacional de seguridade social.
Um plano nacional de seguridade social abrangente deve estar integrado a outras medidas de proteção social e adequar-se a outras políticas de modo a expandir a cobertura e garantir que os recursos sejam redistribuídos aos grupos de mais baixa renda. Muitos sistemas de seguridade social em países em desenvolvimento não são efetivos porque foram copiados de outros países, sem os devidos arranjos nacionais. Mas este não é ou não deveria ter sido o caso da seguridade social brasileira.
A Constituição de 1988, no capítulo da ordem social, foi explícita sobre os princípios que devem reger um plano de seguridade social.
Estes princípios foram formulados de modo a desenvolver um novo modelo nacional de seguridade social. Porém, sua materialização foi sendo adiada durante 20 anos. Ao invés de trilharmos o caminho da expansão da cobertura e da inclusão de trabalhadores urbanos, rurais e sem vínculo formal, as reformas do sistema promoveram a redução da base contributiva e da cobertura e, por conseqüência, a redução do valor dos benefícios.
Os argumentos que sustentaram as reformas do sistema previdenciário se basearam nos ciclos econômicos, no mercado de trabalho e no perfil demográfico da população, fatores históricos que determinam a necessidade de mudanças. A prática se justificou pelo argumento da sustentabilidade fiscal e, sem dúvida, foi fortalecida pela adoção da política de ajuste fiscal, em anos anteriores.
No entanto, os princípios constitucionais não foram alterados, o que permitiu seu resgate no Fórum Nacional de Previdência Social. São princípios de natureza redistributiva, no que se refere à concessão de benefícios e, principalmente, no que se refere à concepção da base de financiamento – contribuição de natureza social que deliberadamente se distingue do financiamento por tributação, que é de ordem fiscal. Portanto, ao alterar a lógica fiscal pela lógica da contribuição social, altera-se a lógica do sistema como um todo, e se garantem direitos associados ao exercício do trabalho protegido pela cobertura dos riscos inerentes de desemprego, doença, acidente, velhice e morte. A base de financiamento foi composta de diversas fontes, com flexibilidade suficiente para manter um sistema de contribuição equânime, privilegiando a igualdade progressiva de benefícios entre trabalhadores urbanos e rurais, a partir da perspectiva inclusiva e de caráter redistributivo.
Até hoje, os benefícios destinados aos trabalhadores rurais são considerados assistenciais, pois ainda prevalece o raciocínio de que deve haver uma fonte específica para cada tipo de benefício. E o resultado é que não conseguimos incluir socialmente trabalhadores rurais. Sem falar que 67% dos benefícios previdenciários são de até um salário mínimo.
O Fórum Nacional de Previdência Social trouxe uma grande novidade. Restabeleceu princípios e procurou articular os programas de transferência de renda às políticas de seguridade social. O Programa Bolsa Família vem sendo elogiado internacionalmente, e seus parâmetros têm servido de modelo para outros países, inclusive para aqueles do chamado campo do desenvolvimento. O impacto efetivo do maior programa de transferência de renda lançou as atenções também para os benefícios de prestação continuada aos idosos e às pessoas com deficiência que, também, têm impacto sobre a redução da desigualdade social e sobre a reativação da economia dos pequenos municípios.
Ainda há aqueles que se referem ao conceito de seguridade social como próprio das políticas sociais do pós-guerra, o Welfare State. Mas os debates no Fórum defenderam o modelo proposto há 20 anos que foi formulado pelos especialistas brasileiros. Somente a partir de 2001, os países europeus passam a debater um modelo semelhante denominado de Workfare State. Há contradições internas com o modelo em debate, mas sua base de pensamento é o trabalho e não somente o equilíbrio financeiro.
O resgate do modelo nacional de seguridade social só foi possível porque a prática governamental possibilita o diálogo social que privilegia o trabalho e a inclusão social e produtiva. A seguridade social é uma das políticas públicas que compõem o conjunto. Associada ao crescimento econômico, à política universal de educação, ao crescimento da produção e do emprego formalizado, finalmente o sistema de seguridade social se desenvolverá em condições inquestionavelmente sustentáveis.

Escrito por Ivanisa Teitelroit Martins

Ivanisa Teitelroit Martins

Quebrando tabus: por que eu, com o currículo e o histórico profissional que tenho, tendo sido caluniada sem defesa pelos algozes do Lula fui afastada do governo no segundo mandato de seu governo ficando sem ingresso de renda? Lembro que sou funcionária do quadro funcional do Ministério do Planejamento e não consegui sequer colocação no meu Ministério. Representantes do PT sem vínculo com a administração pública decidiram que por eu ser mestre em políticas públicas e sociais não poderia fazer parte do Ministério do Planejamento porque no Ministério em questão só poderia haver economistas. Não me refiro a um cargo em comissão mas ao direito de trabalhar que me é dado pela Lei e pela Constituição.

Julio Silveira

O estado sombrio, feito dos homens que articularam o golpe contra a democracia e o país, tomando posse das instituições, querem enforcar o Lula, sem testemunhas. Contam, como sempre nas ações totalitarias, fazer do fato consumado um arrefecedor de animos. Acreditam que conseguirão matá-lo politicamente e que o matando-o politicamente matam o mito que ele representa, por todos os seus meritos e demeritos de seus algozes. O tiro vai acabar saindo pela culatra, e espero que o proprio Lula termine por se dar conta e passe a contribuir para buscar fazer justiça contra o estado sombrio que sequestrou o Brasil e suas instituições. Conto que tenha consequencias contra essa gente.

Bovino

Então terá que ter pelo menos 90 mil no TRF-4 dia 24/01/2018. O PT e seus deputados/senadores pagam transporte e alimentação.

Ivanisa Teitelroit Martins

Aguardo a publicação dos meus comentários. Contribuo financeiramente para o sucesso e a visibilidade deste site. Espero que não haja restrições à minha defesa como mulher de esquerda que viveu na clandestinidade ao lado de Franklin Martins e é mãe de seus dois filhos, Julia e Miguel.

Ivanisa Teitelroit Martins

do Yahoo

Estatuto da Criança e do Adolescente: “Anos e anos de trabalho sob risco”

Por Matheus Pichonelli


Quem batalhou, desde o fim dos anos 1980, pela aprovação das leis de proteção a crianças e adolescentes no Brasil tem acompanhado com incredulidade a agressividade de debates como o da redução da maioridade penal na Câmara dos Deputados. Ivanisa Teitelroit Martins, psicanalista, mestre em planejamento e políticas públicas, foi diretora da escola João Luiz Alves, na Ilha do Governador, considerada à época uma das mais problemáticas unidades de internação da Funabem, a antiga fundação nacional do Bem-Estar do Menor.

O trabalho começou em 1985, juntamente com o momento de reabertura democrática. Ao chegar à unidade, a diretora encontrou um grupo de 250 jovens perfilados, como em um quartel, para ouvir o seu discurso. Em sua fala, ela defendeu que os muros daquele prédio de construção neoclássica cercado por um sistema de vigilância militar fossem derrubados. Foi a primeira das muitas mudanças no sistema consideradas estranhas para a época.

“A internação, até então, significava estar perdido para a sociedade. E, se internado na João Luiz Alves, significava não ter mais retorno. O jovem tinha contatos esporádicos com a família, e não tinham direito a defensores públicos desde os 14 anos. Os profissionais da unidade não costumavam circular pelo pátio por considerarem estar correndo risco de vida. Como tinha experiência de militância clandestina na periferia de São Paulo, durante a ditadura militar, tinha facilidade em me aproximar e deixa-los à vontade. Para minha surpresa, ao perguntar seus nomes, eles me diziam um número que se referia ao ato infracional constante do Código Penal. Diante disso, passei a adotar estratégias de convívio comunitário, fazendo inclusive assembleias em que reunia os 250 jovens e os 150 funcionários. Debatíamos temas da atualidade sobre trabalho, educação e projetos de vida com convidados, quando todos tinham acesso aos microfones. Trouxemos inclusive o José Louzeiro, roteirista do filme ‘Pixote’, para participar de um desses encontros”, relembra.

Nessa época, enquanto eram fortalecidos os laços de convivência, muitos relatos de violência praticados pelos monitores passaram a ser denunciados por meio de bilhetes para a diretora. “Os juízes de Menores (época do Código de Menores) em nossos contatos telefônicos acreditavam que eu estava pondo o sistema repressivo em risco por termos instituído pactos de saídas periódicas em fins de semana na companhia de um monitor para fazer um passeio ou ir à praia. Se um de cada grupo não voltasse, os outros perdiam o direito de sair, o que fortalecia o sentimento de solidariedade entre eles. Então todos voltavam.”

Ivanisa recorda que entre os jovens nem 10% tinham cometido crimes graves. Um deles estava internado havia anos após uma tentativa de roubo com arma de brinquedo. Quando teve a chance de voltar às ruas, o jovem pediu para ficar. Era a sua única chance de terminar a oitava série.

A experiência na unidade levou a especialista em políticas sociais a participar dos debates da Constituinte como assessora, pelo governo federal, ao Capítulo da Ordem Social e de participar da redação dos artigos 203,204,226 e 227 da Constituição.

Ao voltar de um Mestrado na London School of Economics and Political Science, em que redigiu tese sobre direitos, medidas socioeducativas, movimentos sociais e atuação das ONGs, ela presidiu a Fundação Centro Brasileira para a Infância e a Adolescência, órgão-chave para a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente no país. Ela foi responsável também pela instalação do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente.

“Mesmo com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, os setores conservadores reagiam. Continuavam presentes em defesa de um retrocesso ao sistema anterior”, diz.

A queda-de-braço, como se sabe, foi vencida. Durante mais de 20 anos, o Estatuto serviu como base de um diálogo agora invertido: “como proteger nossas crianças dos adultos?”. O debate sobre a redução da maioridade penal inverteu a ideia do perigo. Hoje os adultos querem ser protegidos de suas crianças.

O medo, segundo Ivanisa, não tem base na realidade: não se sabe, no Brasil, a real participação de jovens em crimes considerados graves, como estupro e latrocínio, mas é sabido que são eles as vítimas preferenciais dos criminosos adultos. Há, segundo ela, uma sensação difusa de impunidade, instalada em parte por uma leitura policial de métodos de repressão, assim como pesquisas de opinião que mensuram a indignação do entrevistado diante da repercussão de um crime recente. Isto, afirma, produz generalizações servem agora como base para mudanças na legislação e de princípios constitucionais

Para Ivanisa, essa disposição punitiva levada a cabo pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e apoiada por deputados como Jair Bolsonaro (PP-RJ), não é resultado apenas de uma nova onda conservadora, mas da incapacidade do governo federal de consolidar, nos últimos anos, o sistema de políticas públicas constituído para fortalecer as instituições de apoio à infância e à juventude.

“Alguns dos principais quadros do PT chegaram ao governo federal tendo no currículo experiências em gestões municipais, mas não estaduais. Isso explica a visão municipalista da gestão pública, da qual eles não conseguiram escapar”. Exemplo disso, afirma, é a inexistência de um pacto robusto entre as unidades da federação e as ONGs responsáveis por políticas da infância e da juventude. “Pela Constituição, cabe à União a normatização dessas políticas. Aos estados, cabe a coordenação e parte da execução e, aos municípios, a execução em parceria com entidades não-governamentais.”

Em vez disso, a especialista aponta como marca das gestões Lula/Dilma a centralização das decisões e uma política de transferência de recursos que não estabeleceu os padrões previstos na Constituição, que em alguns casos priorizou aliados e desconheceu demandas de governadores de partidos que não compunham a base aliada. “O resultado nos dias de hoje é o avanço de forças conservadoras em detrimento dos direitos e das conquistas sociais. Isso coincide com a ausência de uma visão nacional na condução de programas, do enfraquecimento do diálogo com centrais sindicais e movimentos sociais e com os representantes do PT no Senado e na Câmara.”

“São anos e anos de trabalho sob risco”, resume. “A essa altura deveríamos ter um sistema consolidado, tanto de seguridade social como de proteção da infância e da juventude. Isso deveria ser independente de quem ocupasse a presidência.”

Exemplo dessa fragilidade é o desconhecimento dos direitos previstos no ECA por parte de alunos e das autoridades responsáveis pela gestão da educação. O misto de desconhecimento e irresponsabilidade tem pautado o debate sobre a mudança na lei. “Não se pode colocar em votação um projeto como este pelo Legislativo, sem a iniciativa de reunir jurisprudência caso a caso de medidas adotadas pelo Juizado da Infância e da Adolescência sobre os crimes a serem punidos. Com o tempo, ao se fazer cumprir essa legislação, será demonstrado que esta alteração não procede e nem apresenta sustentação jurídica .”

Por trás desse desmonte, a especialista prevê o avanço de outros interesses: a privatização dos sistemas prisionais. “É o mesmo que já apontávamos em relação à Previdência: setores do mercado financeiro precisam torná-la inviável para privatizar. É uma armadilha. O mesmo pode acontecer com os presídios, que passam a ser alvo de empresas responsáveis pela alimentação e querem, agora, ser responsáveis também pela gestão. Alguns governadores vão apoiar”, alerta.

Foto: Agência Brasil/ Fernando Frazão

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Estatuto da Criança e do Adolescente: “Anos e anos de trabalho sob risco”

Por Matheus Pichonelli


Quem batalhou, desde o fim dos anos 1980, pela aprovação das leis de proteção a crianças e adolescentes no Brasil tem acompanhado com incredulidade a agressividade de debates como o da redução da maioridade penal na Câmara dos Deputados. Ivanisa Teitelroit Martins, psicanalista, mestre em planejamento e políticas públicas, foi diretora da escola João Luiz Alves, na Ilha do Governador, considerada à época uma das mais problemáticas unidades de internação da Funabem, a antiga fundação nacional do Bem-Estar do Menor.

O trabalho começou em 1985, juntamente com o momento de reabertura democrática. Ao chegar à unidade, a diretora encontrou um grupo de 250 jovens perfilados, como em um quartel, para ouvir o seu discurso. Em sua fala, ela defendeu que os muros daquele prédio de construção neoclássica cercado por um sistema de vigilância militar fossem derrubados. Foi a primeira das muitas mudanças no sistema consideradas estranhas para a época.

“A internação, até então, significava estar perdido para a sociedade. E, se internado na João Luiz Alves, significava não ter mais retorno. O jovem tinha contatos esporádicos com a família, e não tinham direito a defensores públicos desde os 14 anos. Os profissionais da unidade não costumavam circular pelo pátio por considerarem estar correndo risco de vida. Como tinha experiência de militância clandestina na periferia de São Paulo, durante a ditadura militar, tinha facilidade em me aproximar e deixa-los à vontade. Para minha surpresa, ao perguntar seus nomes, eles me diziam um número que se referia ao ato infracional constante do Código Penal. Diante disso, passei a adotar estratégias de convívio comunitário, fazendo inclusive assembleias em que reunia os 250 jovens e os 150 funcionários. Debatíamos temas da atualidade sobre trabalho, educação e projetos de vida com convidados, quando todos tinham acesso aos microfones. Trouxemos inclusive o José Louzeiro, roteirista do filme ‘Pixote’, para participar de um desses encontros”, relembra.

Nessa época, enquanto eram fortalecidos os laços de convivência, muitos relatos de violência praticados pelos monitores passaram a ser denunciados por meio de bilhetes para a diretora. “Os juízes de Menores (época do Código de Menores) em nossos contatos telefônicos acreditavam que eu estava pondo o sistema repressivo em risco por termos instituído pactos de saídas periódicas em fins de semana na companhia de um monitor para fazer um passeio ou ir à praia. Se um de cada grupo não voltasse, os outros perdiam o direito de sair, o que fortalecia o sentimento de solidariedade entre eles. Então todos voltavam.”

Ivanisa recorda que entre os jovens nem 10% tinham cometido crimes graves. Um deles estava internado havia anos após uma tentativa de roubo com arma de brinquedo. Quando teve a chance de voltar às ruas, o jovem pediu para ficar. Era a sua única chance de terminar a oitava série.

A experiência na unidade levou a especialista em políticas sociais a participar dos debates da Constituinte como assessora, pelo governo federal, ao Capítulo da Ordem Social e de participar da redação dos artigos 203,204,226 e 227 da Constituição.

Ao voltar de um Mestrado na London School of Economics and Political Science, em que redigiu tese sobre direitos, medidas socioeducativas, movimentos sociais e atuação das ONGs, ela presidiu a Fundação Centro Brasileira para a Infância e a Adolescência, órgão-chave para a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente no país. Ela foi responsável também pela instalação do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente.

“Mesmo com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, os setores conservadores reagiam. Continuavam presentes em defesa de um retrocesso ao sistema anterior”, diz.

A queda-de-braço, como se sabe, foi vencida. Durante mais de 20 anos, o Estatuto serviu como base de um diálogo agora invertido: “como proteger nossas crianças dos adultos?”. O debate sobre a redução da maioridade penal inverteu a ideia do perigo. Hoje os adultos querem ser protegidos de suas crianças.

O medo, segundo Ivanisa, não tem base na realidade: não se sabe, no Brasil, a real participação de jovens em crimes considerados graves, como estupro e latrocínio, mas é sabido que são eles as vítimas preferenciais dos criminosos adultos. Há, segundo ela, uma sensação difusa de impunidade, instalada em parte por uma leitura policial de métodos de repressão, assim como pesquisas de opinião que mensuram a indignação do entrevistado diante da repercussão de um crime recente. Isto, afirma, produz generalizações servem agora como base para mudanças na legislação e de princípios constitucionais

Para Ivanisa, essa disposição punitiva levada a cabo pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e apoiada por deputados como Jair Bolsonaro (PP-RJ), não é resultado apenas de uma nova onda conservadora, mas da incapacidade do governo federal de consolidar, nos últimos anos, o sistema de políticas públicas constituído para fortalecer as instituições de apoio à infância e à juventude.

“Alguns dos principais quadros do PT chegaram ao governo federal tendo no currículo experiências em gestões municipais, mas não estaduais. Isso explica a visão municipalista da gestão pública, da qual eles não conseguiram escapar”. Exemplo disso, afirma, é a inexistência de um pacto robusto entre as unidades da federação e as ONGs responsáveis por políticas da infância e da juventude. “Pela Constituição, cabe à União a normatização dessas políticas. Aos estados, cabe a coordenação e parte da execução e, aos municípios, a execução em parceria com entidades não-governamentais.”

Em vez disso, a especialista aponta como marca das gestões Lula/Dilma a centralização das decisões e uma política de transferência de recursos que não estabeleceu os padrões previstos na Constituição, que em alguns casos priorizou aliados e desconheceu demandas de governadores de partidos que não compunham a base aliada. “O resultado nos dias de hoje é o avanço de forças conservadoras em detrimento dos direitos e das conquistas sociais. Isso coincide com a ausência de uma visão nacional na condução de programas, do enfraquecimento do diálogo com centrais sindicais e movimentos sociais e com os representantes do PT no Senado e na Câmara.”

“São anos e anos de trabalho sob risco”, resume. “A essa altura deveríamos ter um sistema consolidado, tanto de seguridade social como de proteção da infância e da juventude. Isso deveria ser independente de quem ocupasse a presidência.”

Exemplo dessa fragilidade é o desconhecimento dos direitos previstos no ECA por parte de alunos e das autoridades responsáveis pela gestão da educação. O misto de desconhecimento e irresponsabilidade tem pautado o debate sobre a mudança na lei. “Não se pode colocar em votação um projeto como este pelo Legislativo, sem a iniciativa de reunir jurisprudência caso a caso de medidas adotadas pelo Juizado da Infância e da Adolescência sobre os crimes a serem punidos. Com o tempo, ao se fazer cumprir essa legislação, será demonstrado que esta alteração não procede e nem apresenta sustentação jurídica .”

Por trás desse desmonte, a especialista prevê o avanço de outros interesses: a privatização dos sistemas prisionais. “É o mesmo que já apontávamos em relação à Previdência: setores do mercado financeiro precisam torná-la inviável para privatizar. É uma armadilha. O mesmo pode acontecer com os presídios, que passam a ser alvo de empresas responsáveis pela alimentação e querem, agora, ser responsáveis também pela gestão. Alguns governadores vão apoiar”, alerta.

Foto: Agência Brasil/ Fernando Frazão

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Estatuto da Criança e do Adolescente: “Anos e anos de trabalho sob risco”

Por Matheus Pichonelli


Quem batalhou, desde o fim dos anos 1980, pela aprovação das leis de proteção a crianças e adolescentes no Brasil tem acompanhado com incredulidade a agressividade de debates como o da redução da maioridade penal na Câmara dos Deputados. Ivanisa Teitelroit Martins, psicanalista, mestre em planejamento e políticas públicas, foi diretora da escola João Luiz Alves, na Ilha do Governador, considerada à época uma das mais problemáticas unidades de internação da Funabem, a antiga fundação nacional do Bem-Estar do Menor.

O trabalho começou em 1985, juntamente com o momento de reabertura democrática. Ao chegar à unidade, a diretora encontrou um grupo de 250 jovens perfilados, como em um quartel, para ouvir o seu discurso. Em sua fala, ela defendeu que os muros daquele prédio de construção neoclássica cercado por um sistema de vigilância militar fossem derrubados. Foi a primeira das muitas mudanças no sistema consideradas estranhas para a época.

“A internação, até então, significava estar perdido para a sociedade. E, se internado na João Luiz Alves, significava não ter mais retorno. O jovem tinha contatos esporádicos com a família, e não tinham direito a defensores públicos desde os 14 anos. Os profissionais da unidade não costumavam circular pelo pátio por considerarem estar correndo risco de vida. Como tinha experiência de militância clandestina na periferia de São Paulo, durante a ditadura militar, tinha facilidade em me aproximar e deixa-los à vontade. Para minha surpresa, ao perguntar seus nomes, eles me diziam um número que se referia ao ato infracional constante do Código Penal. Diante disso, passei a adotar estratégias de convívio comunitário, fazendo inclusive assembleias em que reunia os 250 jovens e os 150 funcionários. Debatíamos temas da atualidade sobre trabalho, educação e projetos de vida com convidados, quando todos tinham acesso aos microfones. Trouxemos inclusive o José Louzeiro, roteirista do filme ‘Pixote’, para participar de um desses encontros”, relembra.

Nessa época, enquanto eram fortalecidos os laços de convivência, muitos relatos de violência praticados pelos monitores passaram a ser denunciados por meio de bilhetes para a diretora. “Os juízes de Menores (época do Código de Menores) em nossos contatos telefônicos acreditavam que eu estava pondo o sistema repressivo em risco por termos instituído pactos de saídas periódicas em fins de semana na companhia de um monitor para fazer um passeio ou ir à praia. Se um de cada grupo não voltasse, os outros perdiam o direito de sair, o que fortalecia o sentimento de solidariedade entre eles. Então todos voltavam.”

Ivanisa recorda que entre os jovens nem 10% tinham cometido crimes graves. Um deles estava internado havia anos após uma tentativa de roubo com arma de brinquedo. Quando teve a chance de voltar às ruas, o jovem pediu para ficar. Era a sua única chance de terminar a oitava série.

A experiência na unidade levou a especialista em políticas sociais a participar dos debates da Constituinte como assessora, pelo governo federal, ao Capítulo da Ordem Social e de participar da redação dos artigos 203,204,226 e 227 da Constituição.

Ao voltar de um Mestrado na London School of Economics and Political Science, em que redigiu tese sobre direitos, medidas socioeducativas, movimentos sociais e atuação das ONGs, ela presidiu a Fundação Centro Brasileira para a Infância e a Adolescência, órgão-chave para a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente no país. Ela foi responsável também pela instalação do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente.

“Mesmo com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, os setores conservadores reagiam. Continuavam presentes em defesa de um retrocesso ao sistema anterior”, diz.

A queda-de-braço, como se sabe, foi vencida. Durante mais de 20 anos, o Estatuto serviu como base de um diálogo agora invertido: “como proteger nossas crianças dos adultos?”. O debate sobre a redução da maioridade penal inverteu a ideia do perigo. Hoje os adultos querem ser protegidos de suas crianças.

O medo, segundo Ivanisa, não tem base na realidade: não se sabe, no Brasil, a real participação de jovens em crimes considerados graves, como estupro e latrocínio, mas é sabido que são eles as vítimas preferenciais dos criminosos adultos. Há, segundo ela, uma sensação difusa de impunidade, instalada em parte por uma leitura policial de métodos de repressão, assim como pesquisas de opinião que mensuram a indignação do entrevistado diante da repercussão de um crime recente. Isto, afirma, produz generalizações servem agora como base para mudanças na legislação e de princípios constitucionais

Para Ivanisa, essa disposição punitiva levada a cabo pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e apoiada por deputados como Jair Bolsonaro (PP-RJ), não é resultado apenas de uma nova onda conservadora, mas da incapacidade do governo federal de consolidar, nos últimos anos, o sistema de políticas públicas constituído para fortalecer as instituições de apoio à infância e à juventude.

“Alguns dos principais quadros do PT chegaram ao governo federal tendo no currículo experiências em gestões municipais, mas não estaduais. Isso explica a visão municipalista da gestão pública, da qual eles não conseguiram escapar”. Exemplo disso, afirma, é a inexistência de um pacto robusto entre as unidades da federação e as ONGs responsáveis por políticas da infância e da juventude. “Pela Constituição, cabe à União a normatização dessas políticas. Aos estados, cabe a coordenação e parte da execução e, aos municípios, a execução em parceria com entidades não-governamentais.”

Em vez disso, a especialista aponta como marca das gestões Lula/Dilma a centralização das decisões e uma política de transferência de recursos que não estabeleceu os padrões previstos na Constituição, que em alguns casos priorizou aliados e desconheceu demandas de governadores de partidos que não compunham a base aliada. “O resultado nos dias de hoje é o avanço de forças conservadoras em detrimento dos direitos e das conquistas sociais. Isso coincide com a ausência de uma visão nacional na condução de programas, do enfraquecimento do diálogo com centrais sindicais e movimentos sociais e com os representantes do PT no Senado e na Câmara.”

“São anos e anos de trabalho sob risco”, resume. “A essa altura deveríamos ter um sistema consolidado, tanto de seguridade social como de proteção da infância e da juventude. Isso deveria ser independente de quem ocupasse a presidência.”

Exemplo dessa fragilidade é o desconhecimento dos direitos previstos no ECA por parte de alunos e das autoridades responsáveis pela gestão da educação. O misto de desconhecimento e irresponsabilidade tem pautado o debate sobre a mudança na lei. “Não se pode colocar em votação um projeto como este pelo Legislativo, sem a iniciativa de reunir jurisprudência caso a caso de medidas adotadas pelo Juizado da Infância e da Adolescência sobre os crimes a serem punidos. Com o tempo, ao se fazer cumprir essa legislação, será demonstrado que esta alteração não procede e nem apresenta sustentação jurídica .”

Por trás desse desmonte, a especialista prevê o avanço de outros interesses: a privatização dos sistemas prisionais. “É o mesmo que já apontávamos em relação à Previdência: setores do mercado financeiro precisam torná-la inviável para privatizar. É uma armadilha. O mesmo pode acontecer com os presídios, que passam a ser alvo de empresas responsáveis pela alimentação e querem, agora, ser responsáveis também pela gestão. Alguns governadores vão apoiar”, alerta.

Ivanisa Teitelroit Martins

Apresentação na reunião LacanoAmericana 20 de outubro de 2017 por Ivanisa Teitelroit Martins https://t.co/yOfFp2N31H https://t.co/PPlEeNO9rn

Julio Silveira

Isso também deveria inspirar a que se procurasse um meio de julgar o sistema judiciario nacional. Suas ligações corporativas, seus vicios, sua opção por trabalharem em auto defesa de interesses de seus membros e não em defesa isonomica, dos interesses de todos os cidadãos.

O PT em 13 anos e a “doença”: cultural OU física

3 “coisas” da Era Lula-dílmica que afoguearam e até surgiram ou “acordaram”:

a) Dengue
b) Chikungunya
c) Zika
^
3 “””artes”””” bregaças que não arrefeceram na Era Lula-dílmica (uma delas foi até inventada e surgiu!):

1) sertanejo-universitário [a cultura da era petista por excelência]
2) Canivete Semgalho
3) Chikun-Taquara-BuarQ-Rachada-Gunha

Ivanisa Teitelroit Martins

Prêmio Excelência e Qualidade Brasil em 2017

Recebimento do título de comendadora na categoria de profissional do ano como psicanalista, gestora do governo federal e cientista social

Esse título será registrado na imprensa oficial do Estado de São Paulo

Ivanisa Teitelroit Martins

Uma carta de Ivanisa Teitelroit, mulher de Franklin Martins
Ivanisa Teitelroit Martins, mulher do jornalista Franklin Martins, cotado para assumir a Secretaria de Comunicação do governo Lula, enviou a este blog a mensagem que segue abaixo. Como não sou anônima, me identifico. Meu nome é Ivanisa Teitelroit Martins. Em geral, comentários de blogs não são divulgados pelo Google. No caso desse blog, eles são. […]
Por Reinaldo Azevedo
23 fev 2017, 13h03 – Publicado em 16 mar 2007, 23h26
Ivanisa Teitelroit Martins, mulher do jornalista Franklin Martins, cotado para assumir a Secretaria de Comunicação do governo Lula, enviou a este blog a mensagem que segue abaixo.
Como não sou anônima, me identifico. Meu nome é Ivanisa Teitelroit Martins. Em geral, comentários de blogs não são divulgados pelo Google. No caso desse blog, eles são. Isso significa que pessoas anônimas são responsáveis por comentários que faltam com a verdade ou por desconhecimento ou por má fé. Sou mestre em política social pela London School of Economics and Political Science. Há 22 anos sou técnica no serviço público, transferida ao Ministério do Planejamento em 1995. Sou colaboradora na redação de três artigos na Constituição, 203,204 e 227. Fui em 1985 diretora de unidade de internação de jovens em conflito com a lei.

Entre os anos de 1988 e 1990, participei das discussões da legislação da seguridade social, da Lei Orgânica da Assistência Social e do Estatuto da Criança e do Adolescente. Em 1990, coordenei juntamente com equipe a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente no Distrito Federal. Em 1993, fui presidente do Centro Brasileiro para a Infância e a Adolescência, órgão nacional responsável pela implantação nacional do Estatuto da Criança e do Adolescente. Instalei o Conselho Nacional da Criança e do Adolescente. Dirigi 27 escritórios, o hospital da Criança e do Adolescente, três unidades de internação e a Escola XV de Novembro, no Complexo de Quintino.

Instalamos centros de acolhimento a crianças e adolescentes no Rio de Janeiro, que acolheram os sobreviventes da Chacina da Candelária. A partir de 1994, no Ministério do Planejamento, representei o Ministério no Conselho de Seguridade Social e no Conselho de Direitos da Mulher. Em 1995, trabalhei no IPEA, quando fui convidada para assessorar a liderança do governo na Câmara, trabalhei na reforma da previdência, discuti o programa Bolsa Escola e redigi, juntamente, com a OIT o projeto de trabalho educativo para jovens. Pedi licença do serviço público, porque as Organizações Globo, me pressionaram a deixar de trabalhar, pois isso interferia com a função de Franklin Martins na direção da sucursal do Jornal O Globo. Não entendi, pois minha especialização não tem conflito com a profissão de meu marido. Mas pedi licença, e Franklin pediu demissão.

Durante 7 anos me dediquei à formação em psicanálise. Sou psicanalista da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle, uma das sociedades mais respeitadas no Rio de Janeiro. Em 2004, fui convidada pelo atual governo a voltar, quando prestei assessoria ao programa Bolsa Família, fiz estudo de avaliação das políticas sociais desde 1988, nas áreas de seguridade social, proteção social, educação, política da criança e do adolescente e a política da Juventude. Propus em setembro de 2005 o programa Bolsa Jovem para que jovens de 16 a 19 anos continuassem estudando, para completar o ensino médio, se capacitassem profissionalmente e tivessem acesso ao ensino universitário.

Espero que essas informações sejam suficientes e tirem qualquer dúvida quanto ao meu histórico profissional, que me deu experiência suficiente para ser uma profissional respeitada.Todas as informações estão documentadas e inclusive registradas pela imprensa, na época.

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Ivanisa Teitelroit Martins

Pensata: Escrita e violência, por Ivanisa Teitelroit Martins

Por: Ivanisa Teitelroit Martins* | 25/05/2006 09:50

Neste artigo exclusivo para o Portal Imprensa, a psicanalista Ivanisa Teitelroit Martins, esposa do jornalista Franklin Martins, faz uma avaliação, do ponto de vista da psicanálise, dos últimos acontecimentos envolvendo seu nome e de seu marido, acusado pelo colunista da Veja, Diogo Mainardi, de fazer tráfico de influência.

O mal-estar na cultura que Freud tão bem articulou é vivido no cotidiano das instituições e das estruturas. Pela saturação imaginária, provocada pelas diversas CPIs em curso no Congresso, em que se comete excessos no ato de acusar, em que depoentes já estão condenados por antecipação sem provas, produz-se um ruído de fundo e um rumor de mal-estar transformado em peste moral que cresce sem parar, loucamente, e ameaça, em alguns momentos, destruir tudo e causar a disrupção da razão. Há pelo menos dois tipos de destruição, que não cabe trazer a esta reflexão, mas diferente destes, há a lógica do campo de concentração, exercida com maldade burocrática a frio, construindo o estado de exceção. O extermínio só foi possível porque conduzido pela burocracia, como é, hoje em dia, pela técnica moderna. De um lado o texto impresso que é lento, de outro a velocidade da Internet que ofusca a reflexão, que produz vociferações anônimas. A técnica moderna introduz uma gramática sem discurso e um discurso que pode aniquilar todos os discursos. Instaura-se um tribunal virtual e simulado com poder de disseminação de acusações, apoiadas em supostas informações sobre vínculos de jornalistas a esta ou aquela corrente partidária, como máfia, ou a um partido como organização criminosa. Incrimina-se o próprio ato de pensar ou ter opinião. Pensar, fazer pensar, informar e ter outros que pensam da mesma maneira é mafioso, é promíscuo, é criminoso. “Ser brasileiro é ser moralmente frouxo”. “Ser jornalista e ser brasileiro é ser moralmente frouxo”. As provas são levantadas junto a outros que são instalados na posição de fontes em off, anônimos detentores da “verdade”. Fulano disse e, se foi dito, tudo está provado. O direito de resposta é vedado, o direito à defesa é vedado. A acusação em tempos contemporâneos tem seu efeito instantâneo, enquanto a defesa legal é morosa. A resposta às acusações ou é o silêncio ou a própria defesa de se dizer neutro. Mas nem a neutralidade é imparcial. O efeito é a paralisia da ação política. O resultado é o retrocesso ao campo da ausência da lei ou à violência arbitrária de uma lei – que não é, por certo, a do Estado de Direito -, exercida por um “bando soberano” (Giorgio Agambén).

Algo semelhante ocorre com a palavra e sua relação com o homem que a pronuncia e o homem que a escuta ou a lê atenta ou desatentamente. Como disse Lacan, em um de seus seminários, a palavra pode ser – e de fato é – um câncer: proliferação e multiplicação fulminante, letal. A vitória do resíduo, do detrito pode destruir a ordem social.

*Ivanisa Teitelroit Martins é psicanalista

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