Jornal da elite de negócios, Wall Street Journal publica reportagem dramática sobre o Brasil: “Pais e filhos estão morrendo”
Tempo de leitura: 6 minVariante da Covid-19 Avança no Brasil, Representando Risco Global
Um aumento no número de mortes entre os jovens alerta sobre a variante P.1, presente em mais de 20 países
PORTO ALEGRE, Brasil — O Brasil está no meio de uma batalha contra a nova variante do Covid-19 da Amazônia, que ameaça enviar ondas de choque por todo o mundo.
Lar de menos de 3% da população mundial, o Brasil atualmente é responsável por quase um terço das mortes globais diárias de Covid-19, impulsionadas pela nova variante.
Mais de 300.000 morreram e as mortes diárias chegam agora a 3.000, um número sofrido apenas pelo muito mais populoso Estados Unidos.
“Estamos nas trincheiras aqui, travando uma guerra”, disse Andréia Cruz, uma enfermeira de 42 anos do pronto-socorro de Porto Alegre, no sul do Brasil.
Apenas nas últimas três semanas, o estado do Rio Grande do Sul viu quase 5.000 pessoas morrerem de Covid-19, mais do que nos últimos três meses do ano passado.
A disseminação do vírus no Brasil ameaça transformar este país de 213 milhões de habitantes em um perigo global para a saúde pública.
A chamada cepa P.1, presente em mais de 20 países e identificada em Nova York na semana passada, é até 2,2 vezes mais contagiosa e 61% mais capaz de reinfectar pessoas do que as versões anteriores do coronavírus, de acordo com um estudo recente.
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A P.1 é agora responsável pela maioria das novas infecções no Brasil, com muitos médicos aqui dizendo que estão vendo mais pacientes jovens e saudáveis adoecendo.
Cerca de 30% das pessoas que morrem de Covid-19 têm agora menos de 60 anos, em comparação com uma média de cerca de 26% durante o pico anterior do Brasil, entre junho e agosto, de acordo com dados oficiais analisados pelo The Wall Street Journal.
Pesquisadores de saúde pública alertam que esta não é apenas a crise do Brasil, apontando para o que eles dizem ser uma complacência generalizada nos EUA e em outros lugares sobre os riscos decorrentes da América Latina e outras áreas não vacinadas do globo.
O Brasil vacinou apenas 1,8% de sua população.
“Há uma pressa em declarar que esta pandemia acabou, e não acabou”, disse William Hanage, epidemiologista da Universidade de Harvard.
“Tenho medo de pensar no que acontecerá quando a P.1 conseguir chegar a [lugares] que provavelmente não serão vacinados por um bom tempo.”
Os casos na América do Sul estão surgindo ao mesmo tempo em que a variante P.1 do Brasil se espalha.
No hospital Moacyr Scliar, em Porto Alegre, médicos apressados afastam as macas para cuidar do próximo paciente, muitos dos quais são forçados a dormir em cadeiras por dias, enquanto lutam para respirar na enfermaria.
“Se eu fizer qualquer movimento, sentar ou me virar, meu coração dispara e fica difícil respirar”, disse Jeanne Silva, uma asmática de 30 anos.
Ela fez uma careta de dor enquanto se mexia na poltrona em que estava sentada por 30 horas, tubos de oxigênio conectados ao nariz. “Estou com medo”, disse ela.
O Brasil se tornou um pária global à medida que dezenas de nações impuseram restrições aos viajantes do país, incluindo a vizinha Colômbia e outros, como o Reino Unido.
O governo do Peru disse que 40% das infecções em sua capital duramente atingida são da P.1, enquanto o minúsculo Uruguai, que faz fronteira com o Rio Grande do Sul, viu as infecções dispararem.
Os pesquisadores disseram que estudos preliminares sugerem que as vacinas existentes em todo o mundo são eficazes contra a P.1, mas mais estudos são necessários para verificar se sua eficácia é reduzida com a nova variante.
Quanto mais tempo o vírus é deixado para sofrer mutação, maior a chance de que cepas ainda mais agressivas possam surgir, ameaçando o progresso da vacinação feita pelos EUA e em outros lugares.
Para alarmar ainda mais os pesquisadores, a própria variante P.1 também já começou a sofrer mutação, apresentando alterações que podem torná-la ainda mais infecciosa, disse Felipe Naveca, que liderou algumas das primeiras pesquisas sobre a P.1 e trabalha na Fundação Oswaldo Cruz, uma instituição de saúde pública.
“Se não impedirmos a circulação do vírus, ele não para de evoluir”, disse ele.
Uma abordagem indiferente ao uso de máscaras e distanciamento social e um lançamento lento de vacinas ajudaram a transformar o Brasil em um terreno fértil, perfeito para variantes, disseram os pesquisadores.
A P.1 surgiu em Manaus, um importante pólo industrial de onde os caminhoneiros provavelmente ajudaram a espalhá-lo rapidamente por todo o país.
Ela chegou depois da estirpe B.1.1.7, do Reino Unido, e permanece um mistério — em parte porque o Brasil também testa menos do que o Reino Unido, o que significa que os dados são mais escassos.
Embora os pesquisadores saibam que a P.1 é mais contagiosa e mais capaz de reinfectar, não há uma resposta definitiva ainda sobre se ela também é mais letal.
Mas, desde a selva brasileira e cidades costeiras do Nordeste até o cinturão agrícola do sul, médicos e diretores de hospitais disseram em entrevistas ao Journal que os perigos da P.1 são esmagadores e óbvios.
“Estamos atendendo pacientes que não são obesos, que não têm comorbidades, que não são velhos, mas, mesmo assim, o vírus simplesmente os devasta”, disse Diego Montarroyos Simões, médico intensivo da cidade de Recife.
Mil milhas a sudoeste, no estado mineiro de Minas Gerais, muitos médicos observam um aumento de pacientes mais jovens e gravemente enfermos em comparação com o aumento de casos no país em meados do ano passado.
“O vírus está afetando pais e filhos”, disse Eduardo Lopes, 47, assistente de enfermagem em um dos principais hospitais que tratam pacientes da Covid-19 em Belo Horizonte.
Em Porto Alegre, onde pelo menos 60% das novas infecções por Covid-19 são causadas pela P.1, o número de pacientes entre 40 e 69 anos morrendo na cidade aumentou 125,5% desde dezembro, enquanto o total de mortes aumentou apenas 102,7% , segundo dados oficiais analisados por Álvaro Krüger Ramos, matemático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Os pesquisadores dizem que isso pode ser um reflexo de que os mais jovens correm mais riscos à medida que se cansam das regras de distanciamento social ou porque muitos dos brasileiros mais velhos e vulneráveis morreram ou foram vacinados. Ou pode ser que a P.1 é mais letal, embora eles digam que mais estudos são necessários.
A escala da tragédia humana aqui foi ampliada pelo colapso do sistema de saúde brasileiro, que está tão sobrecarregado que os pacientes internados para tudo, desde acidentes de carro a ataques cardíacos, também têm maior probabilidade de morrer.
As enfermarias de UTI em todos os estados, exceto dois, agora estão lotadas ou lutando para lidar com mais de 80% da capacidade, disse a Fundação Oswaldo Cruz.
A associação funerária do país está pedindo às agências funerárias que estoquem urnas.
Depois que a falta de oxigênio fez com que os pacientes morressem sufocados no início deste ano na cidade amazônica de Manaus, centenas de cidades em todo o país se prepararam para um destino semelhante.
Mesmo os principais hospitais privados de São Paulo, que tratam bilionários e presidentes de toda a América Latina, ficaram sem leitos de UTI nas últimas semanas.
O Brasil também deve sua catástrofe atual a uma combinação fatal do que os especialistas em saúde pública dizem ser uma má gestão da crise pelo governo.
O presidente Jair Bolsonaro, um ex-capitão do Exército, minimizou os perigos da doença, desacreditando as máscaras e recentemente dizendo aos brasileiros para voltarem ao trabalho e “pararem de choramingar”.
Seu ministério da saúde gastou dezenas de milhões de dólares em curas não comprovadas para a doença, enquanto se atrasou em acordos para fornecimento de vacinas.
“Por que a pressa em vacinar?”, disse Bolsonaro a seus apoiadores em dezembro, ao declarar que a pandemia estava “quase no fim”.
Muitos brasileiros adotaram a mesma atitude e se recusaram a se curvar a uma colcha de retalhos de toques de recolher e restrições impostas por cidades de todo o país.
Os governos estaduais têm buscado vacinas, sem ajuda federal.
São Paulo, o estado mais rico do Brasil, fechou acordo próprio com os chineses para testar e produzir a vacina da Sinovac, CoronaVac, no Instituto Butantan, seu centro de pesquisa biomédica — e vários estados do Nordeste se voltaram para a Rússia, assinando compras para a Sputnik V.
O Ministério da Saúde do Brasil disse que está fazendo todo o possível para acelerar as vacinações e garantir 562 milhões de doses para serem entregues este ano.
Porém, mais de dois meses após seu início, a campanha de vacinação do Brasil não é suficiente, disseram especialistas em saúde pública.
Com 10 mutações na proteína spike que ajuda o vírus a se ligar às células humanas, a P.1 foi considerada mais contagioso do que as versões anteriores.
Mas a P.1 também parece causar doenças mais graves, disse José Eduardo Levi, virologista do grupo de laboratórios e hospitais DASA.
Com as vacinas chegando lentamente, algumas cidades tomaram medidas drásticas. Araraquara, onde vivem 240.000 pessoas e uma das primeiras cidades a ser devastada pela P.1, fechou supermercados por seis dias e transporte público por 10 dias no mês passado.
“A maior tragédia humanitária da história do Brasil será o coronavírus”, disse Edinho Silva, prefeito de Araraquara. Ele disse que o argumento do presidente de que o Brasil deve permanecer aberto para salvar sua economia não faz sentido.
“Ninguém vai investir no meio de uma pandemia — ou você lida com a pandemia ou a economia não se recupera”, disse Silva.
Em Araraquara, 19 pessoas com menos de 40 anos morreram de Covid-19 este ano, ou 8,75% de todas as mortes pela doença, em comparação com apenas uma pessoa em 2020, o que representa 1,1%.
Um deles era Jorge Carbone, gerente de loja de 35 anos, sem problemas de saúde anteriores. Menos de duas semanas depois de reclamar de dor de garganta, ele estava morto.
“A dor de perdê-lo é insuportável”, disse Luzia Abud, sua tia de 50 anos. “As pessoas estão simplesmente desaparecendo,”
Marcos Oling, 47, motorista do Uber em Porto Alegre, foi infectado com a P.1 e está conectado ao oxigênio há mais de uma semana, a maior parte da qual passou em uma cadeira de rodas por falta de leitos.
Ele disse que está frustrado por aqueles que não levam o vírus a sério.
“As pessoas acham que nada vai acontecer com elas”, disse.
Escreva para Paulo Trevisani em [email protected], Samantha Pearson em [email protected] e Luciana Magalhaes em [email protected]
Comentários
Mancini
O ‘Coiso” atraiu a unanimidade contra si. Aguardemos o que sairá deste ‘caldo’ heterogêneo! https://refazenda2010.blogspot.com/
Henrique Martins
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=10214639587263035&id=1823335586
Para quem sabe ler um pingo é letra.
Zé Maria
COVID-19
Brasil
ÓBITOS
2020
09/05 = 10.000
21/05 = 20.000
01/06 = 30.000
11/06 = 40.000
20/06 = 50.000
01/07 = 60.000
10/07 = 70.000
20/07 = 80.000
29/07 = 90.000
08/08 = 100.000
18/08 = 110.000
29/08 = 120.000
11/09 = 130.000
25/09 = 140.000
10/10 = 150.000
01/11 = 160.000
24/11 = 170.000
11/12 = 180.000
23/12 = 190.000
2021
07/01 = 200.000
18/01 = 210.000
27/01 = 220.000
05/02 = 230.000
16/02 = 240.000
24/02 = 250.000
04/03 = 260.000
10/03 = 270.000
16/03 = 280.000
19/03 = 290.000
24/03 = 300.000
27/03 = 310.000
(https://www.worldometers.info/coronavirus/country/brazil)
https://www.worldometers.info/coronavirus/#countries
.
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Silas Bordelho
O Brasil tem mais de 6% do total povo brasileiro contaminado segundo numeros oficiais. Se isto estiver certo, nao for mentira do governo, entao, existe uma probabilidade de aumentar a taxa de morte por covid que hj é de 2,5% nos infectados, ou seja, 310 mil mortos porque os hospitais nao cabem mais doentes. Nao tem mais leitos de UTI suficientes para todos que precisarem de UTI e pior se precisar entubar pq nao tem kit entubaçao.
” Mas a P.1 também parece causar doenças mais graves, disse José Eduardo Levi, virologista do grupo de laboratórios e hospitais DASA.”
Dasa é laboratorio Delboni entre outros. Laboratorio particular de alto padrao.
So o lockdown resolve essas 2 equaçoes. Desafogar hospital e impedir que mais gente se infecte. Ta em 6,1% a infecçao no Brasil. 310 mil mortes por covid.
O malavelha podia dizer em qual versiculo, capitulo e livro da biblia diz que é para dar dízimo em DINHEIRO. Sem fazer exegese.
Mostra lá malavelha a palavra DINHEIRO escrita pedindo dizimo em dinheiro.
Zé Maria
27 de março de 2021 Atualizado 14h20 ET
“Um Colapso Previsto:
Como o Surto de Covid-19 no Brasil
Sobrecarregou os Hospitais”
Reportagem: Ernesto Londoño, de Porto Alegre,
e Letícia Casado, de Brasília, no The New York Times:
(https://bit.ly/3sAqTNi)
https://www.nytimes.com/2021/03/27/world/americas/virus-brazil-bolsonaro.html
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Zé Maria
27 de março de 2021 Atualizado 14h20 ET
“Um Colapso Previsto:
Como o Surto de Covid-19 no Brasil Sobrecarregou os Hospitais
Reportagem: Ernesto Londoño, de Porto Alegre),
e Letícia Casado, de Brasília, no The New York Times
O vírus já matou mais de 300.000 pessoas no Brasil, sua propagação auxiliada por uma variante altamente contagiosa, brigas políticas e desconfiança na ciência.
PORTO ALEGRE, Brasil – Os pacientes começaram a chegar aos hospitais de Porto Alegre bem mais doentes e mais jovens do que antes. As casas funerárias estavam experimentando um aumento constante nos negócios, enquanto médicos e enfermeiras exaustos imploravam em fevereiro por um bloqueio para salvar vidas.
Mas Sebastião Melo, prefeito de Porto Alegre, argumentou que havia um imperativo maior.
“Put your life on the line so that we can save the economy,” Mr. Melo appealed to his constituents in late February.
Now Porto Alegre, a prosperous city in southern Brazil, is at the heart of an stunning breakdown of the country’s health care system — a crisis foretold.
More than a year into the pandemic, deaths in Brazil are at their peak and highly contagious variants of the coronavirus are sweeping the nation, enabled by political dysfunction, widespread complacency and conspiracy theories. The country, whose leader, President Jair Bolsonaro, has played down the threat of the virus, is now reporting more new cases and deaths per day than any other country in the world.
“We have never seen a failure of the health system of this magnitude,” said Ana de Lemos, the executive director of Doctors Without Borders in Brazil. “And we don’t see a light at the end of the tunnel.”
ImageFabricante de caixões em Porto Alegre.
A coffin maker in Porto Alegre.
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Coveiro trabalhando no cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre.
A gravedigger at work in Jardim da Paz cemetery in Porto Alegre.
On Wednesday, the country surpassed 300,000 Covid-19 deaths, with roughly 125 Brazilians succumbing to the disease every hour. Health officials in public and private hospitals were scrambling to expand critical care units, stock up on dwindling supplies of oxygen and procure scarce intubation sedatives that are being sold at an exponential markup.
Intensive care units in Brasília, the capital, and 16 of Brazil’s 26 states report dire shortages of available beds, with capacity below 10 percent, and many are experiencing rising contagion (when 90 percent of such beds are full the situation is considered dire.)
In Rio Grande do Sul, the state that includes Porto Alegre, the waiting list for intensive care unit beds doubled over the past two weeks, to 240 critically ill patients.
At Hospital Restinga e Extremo Sul, one of the main medical facilities in Porto Alegre, the emergency room has become a crammed Covid ward where many patients received care in chairs, for lack of a free bed. Last week, the military built a tent field hospital outside the main entrance, but hospital officials said the additional bed space is of little use for a medical staff stretched beyond its limit.
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Pacientes com diagnóstico de Covid-19 em um hospital de campanha montado pelos militares em frente à entrada principal do Hospital Restinga e Extremo Sul.
Patients diagnosed with Covid-19 in a field hospital set up by the military outside the main entrance of Hospital Restinga e Extremo Sul.
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Hospital officials said the additional bed space is of little use for a medical staff stretched beyond its limit.
Hospital officials said the additional bed space is of little use for a medical staff stretched beyond its limit.
“The entire system is on the verge of collapse,” said Paulo Fernando Scolari, the hospital’s director. “People are coming in with more serious symptoms, lower oxygen levels, in desperate need of treatment.”
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The breakdown is a stark failure for a country that, in past decades, was a model for other developing nations, with a reputation for advancing agile and creative solutions to medical crises, including a surge in H.I.V. infections and the outbreak of Zika.
Mr. Melo, who campaigned last year on a promise to lift all pandemic restrictions in the city, said a lockdown would cause people to starve.
“Forty percent of our economy, our labor force, is informal,” he said in an interview. “They’re people who need to go out and work in order to have something to eat at night.”
President Bolsonaro, who continues to promote ineffective and potentially dangerous drugs to treat the disease, has also said lockdowns are untenable in a country where so many people live in poverty. While several Brazilian states have ordered business shutdowns in recent weeks, there have been no strict lockdowns.
Some of the president’s supporters in Porto Alegre have protested business shutdowns in recent days, organizing caravans that stop outside of hospitals and blast their horns while inside Covid wards overflow.
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Supporters of President Jair Bolsonaro during a demonstration in the town of Canela organized by local business leaders against the lockdown.
Supporters of President Jair Bolsonaro during a demonstration in the town of Canela organized by local business leaders against the lockdown.
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Health care workers outside Palácio Piratini, in central Porto Alegre, during a demonstration organized by labor unions in favor of lockdowns.
Health care workers outside Palácio Piratini, in central Porto Alegre, during a demonstration organized by labor unions in favor of lockdowns.
Epidemiologists say Brazil could have avoided additional lockdowns if the government had promoted the use of masks and social distancing and aggressively negotiated access to the vaccines being developed last year.
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Updated
March 27, 2021, 6:09 p.m. ET4 minutes ago
4 minutes ago
Why coronavirus testing still matters.
India’s case surge hits highs not seen in months as festival season begins.
A district judge in Texas rules that Austin can keep its mask mandate for now.
Instead, Mr. Bolsonaro, a close ally of former President Donald J. Trump, called Covid-19 a “measly flu,” often encouraged large crowds and created a false sense of security among supporters by endorsing anti-malaria and anti-parasite drugs — contradicting leading health officials who warned that they were ineffective.
Last year, Mr. Bolsonaro’s government took a pass on Pfizer’s offer of tens of millions of doses of its Covid-19 vaccine. Later, the president celebrated setbacks in clinical trials for CoronaVac, the Chinese-made vaccine that Brazil came to largely rely on, and joked that pharmaceutical companies would not be held responsible if people who got newly developed vaccines turned into alligators.
“The government initially dismissed the threat of the pandemic, then the need for preventive measures, and then goes against science by promoting miracle cures,” said Natália Pasternak, a microbiologist in São Paulo. “That confuses the population, which means people felt safe going out in the street.”
Terezinha Backes, a 63-year-old retired shoemaker living in a municipality on the outskirts of Porto Alegre, had been exceedingly careful over the past year, venturing out only when necessary, said her nephew, Henrique Machado.
But her 44-year-old son, a security guard tasked with taking the temperature of people entering a medical facility, appears to have brought the virus home early this month.
Ms. Backes, who had been in good health, was taken to a hospital on March 13 after she began having trouble breathing. With no beds to spare, she was treated with oxygen and an IV in the hallway of an overflowing wing. She died three days later.
“My aunt was not given the right to fight for her life,” said Mr. Machado, 29, a pharmacist. “She was left in a hallway.”
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Henrique Machado, left, the nephew of Terezinha Backes, who died from Covid-19, at a pharmacy in São Leopoldo, a municipality outside Porto Alegre.
Henrique Machado, left, the nephew of Terezinha Backes, who died from Covid-19, at a pharmacy in São Leopoldo, a municipality outside Porto Alegre.
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Guaraci Machado, right, who opposes lockdowns or business closures related to the pandemic, in his funeral home in São Leopoldo as he received the coffin of a man who died from Covid-19.
Guaraci Machado, right, who opposes lockdowns or business closures related to the pandemic, in his funeral home in São Leopoldo as he received the coffin of a man who died from Covid-19.
Her body was among the scores that have made March the busiest month ever at a funeral home owned by a family friend, Guaraci Machado. Sitting in his office on a recent afternoon, Mr. Machado said he has been struck by the number of young Covid-19 patients who have been brought to his facility in coffins over the past few weeks.
Yet Mr. Machado, 64, who took his face mask off halfway through an interview, said he’s opposed to lockdowns or business closures. From the beginning, he said, he has been convinced that the virus was created by China so it could sell medical supplies around the world, and ultimately develop a profit-making vaccine.
When he had Covid-19 in June of last year, Mr. Machado said he took the anti-malaria drug championed by the president, hydroxychloroquine, which he credited with “keeping me alive.”
Mr. Machado will be eligible in the coming weeks for a Covid-19 vaccine in Brazil. But he won’t get one even if he were “being beaten with a stick,” Mr. Machado said, noting that he recently read online that vaccines are more lethal than the virus.
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Doctors intubating a Covid-19 patient.
Doctors intubating a Covid-19 patient.
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A health care worker checking a patient in the intensive care unit for Covid-19 patients at Hospital Restinga e Extremo Sul.
A health care worker checking a patient in the intensive care unit for Covid-19 patients at Hospital Restinga e Extremo Sul.
Such conspiracy theories about Covid-19 vaccines have spread widely on social media, including on WhatsApp and Facebook. A recent public opinion poll by the firm IPEC found that 46 percent of respondents believed at least one widely disseminated falsehood about vaccines.
Mistrust of vaccines and science is new in Brazil and a dangerous feature of the Bolsonaro era, said Dr. Miguel Nicolelis, a Brazilian neurologist at Duke University who led a coronavirus task force in the country’s northeast last year.
“In Brazil, when the president of the republic speaks, people listen,” Dr. Nicolelis said. “Brazil never had an anti-vaccine movement — ever.”
But many hard-core supporters of Mr. Bolsonaro, who retains the support of roughly 30 percent of the electorate, argue that the president’s instincts on the pandemic have been sound.
Geraldo Testa Monteiro, a retired firefighter in Porto Alegre, praised the president as he and his family were preparing to bury his sister, Maria de Lourdes Korpalski, 70, who died of Covid-19 last week.
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Relatives and friends of Maria de Lourdes Korpalski, 70, who died of Covid-19, at her funeral in Porto Alegre.
Relatives and friends of Maria de Lourdes Korpalski, 70, who died of Covid-19, at her funeral in Porto Alegre.
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O enterro da Sra. Korpalski.
The burial of Ms. Korpalski.
In recent months, Mr. Monteiro said he began taking the anti-parasite drug ivermectin as a preventive measure. The drug is part of the so-called Covid kit of drugs, which also includes the antibiotic azithromycin and the anti-malaria drug hydroxychloroquine. Mr. Bolsonaro’s health ministry has endorsed their use.
Leading medical experts in Brazil, the United States and Europe have said those drugs are not effective to treat Covid-19 and some can have serious side effects, including kidney failure.
“Lies,” Mr. Monteiro, 63, said about the scientific consensus on the Covid kit. “There are so many lies and myths.”
He said medical professionals have sabotaged Mr. Bolsonaro’s plan to rein in the pandemic by refusing to prescribe those drugs more decisively at the early stages of illness.
“There was one solution: to listen to the president,” he said. “When people elect a leader it is because they trust him.”
The mistrust and the denials — and the caravans of Bolsonaro supporters blasting their horns outside hospitals to protest pandemic restrictions — are crushing for medical professionals who have lost colleagues to the virus and to suicide in recent months, said Claudia Franco, the president of the nurses union in Rio Grande do Sul.
“People are in such denial,” said Ms. Franco, who has been taking care of Covid-19 patients. “The reality we’re in today is we don’t have enough respirators for everyone, we don’t have oxygen for everyone.”
Reportagem de Ernesto Londoño de Porto Alegre. Letícia Casado reportou de Brasília.
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