Jair de Souza: É válido aliar-se ao malufismo?

Tempo de leitura: 5 min

Algumas palavras sobre alianças políticas

por Jair de Souza

O golpe institucional contra o presidente legítimo do Paraguai, Fernando Lugo, deveria servir de lição a todos os que nos identificamos com a proposta de construir uma sociedade justa e solidária, a qual, inevitavelmente, teria que apontar rumo ao socialismo.

O primeiro ensinamento que poderíamos extrair é que estar formalmente no comando do governo não significa necessariamente ter o poder real no país. O poder real depende sempre, por mais desagradável que isto possa soar aos ouvidos de muitos, da real correlação de forças existente.

Não deveria ser preciso lembrar a nenhum de nós que a burguesia somente ama e respeita a democracia enquanto esta puder servir a seus interesses. Diante de qualquer situação na qual o seguimento dos preceitos democráticos possa estar levando a uma perda de poder real por parte da burguesia, a mesma não vacilará em abdicar descaradamente de tudo o que se refira à democracia.

Para nós, latinoamericanos, os exemplos do Brasil 1964, do Chile 1973, de Honduras 2009 e o recentíssimo caso do Paraguai deveriam servir por si sós para não deixar nenhuma margem de dúvida a este respeito.

Também deveria estar muito claro para todos nós o fato de que as forças populares ainda não dispõem em quase nenhum dos países de nossa América de organização e estruturas suficientemente fortes para dar um combate decisivo pelo poder contra as forças burguesas. E que fazer diante de um panorama tão sombrio?

Poderíamos, como muitos fazem, continuar bradando contra o capitalismo, prevendo futuros catastróficos e coisas pelo estilo, ao mesmo tempo em que renunciamos a tomar parte ativa na disputa pelo poder na sociedade. Poderíamos esperar até o dia em que, finalmente, nossas forças venham a ser grandes o bastante para que partamos para a consecução de nosso objetivo tão sonhado. O único ponto negativo neste caso é aquela cruel certeza de que, por esta via, este dia nunca chegará.

Além do mais, pedir ao povo que continue aguentando o sofrimento e a miséria por mais tempo, até que se possa partir para mudanças radicais das estruturas sociais, é algo fácil para quem na verdade não padece desse sofrimento e miséria. Aqueles que não são indiferentes à penúria do povo trabalhador devem preocupar-se seriamente em encontrar maneiras de, pelo menos, suavizá-la, até que seja possível erradicá-la. E é neste ponto que entra a questão das alianças políticas.

Alianças são feitas quando não se têm condições de chegar ao governo (e manter-se nele) tão somente com as forças próprias do campo popular. Com os demais setores do campo popular não se faz aliança, e sim a unidade. É preciso ressaltar que não basta ganhar a eleição, é preciso que haja condições concretas que permitam que o novo governo consiga levar adiante o programa mínimo aprovado junto às outras forças da aliança.

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Sendo assim, é de fundamental importância que o bloco representativo dos trabalhadores nesta aliança esteja realmente sob o comando de gente verdadeiramente afinada com os interesses que deveriam representar. Não me parece admissível que, numa aliança dos trabalhadores com setores da burguesia, o comando das forças dos trabalhadores fique nas mãos de defensores do neoliberalismo (do tipo Palocci, Vacarezza e assemelhados).

Esta exigência de total coerência com os interesses dos trabalhadores me parece fundamental para que, no decurso do processo, as conquistas populares não deixem de avançar mesmo havendo condições objetivas para que isto se dê. Se a direção do movimento dos trabalhadores estiver em mãos de gente ideologicamente afinada com a burguesia, esta gente tratará de encontrar pretextos para impedir que sejam dados passos concretos que venham a contrariar interesses da burguesia, mesmo que a correlação de forças indique que tais passos poderiam ser dados.

Não deveríamos nos esquecer de que a burguesia, em última instância, apela para o poder militar. Ou seja, a burguesia sempre vê no poder militar uma força à qual recorrer quando os instrumentos de manipulação tradicionais não dão conta do recado. Em outras palavras, tudo se torna mais difícil para o campo popular quando não se têm influência significativa junto às forças militares. No caso da Venezuela, o golpe contra Hugo Chávez não pôde se consolidar, tanto porque houve uma forte reação popular, como porque a maior parte dos militares permaneceram leais ao Presidente.

Lembremo-nos de que Hugo Chávez se havia dedicado por décadas a desenvolver seu trabalho político junto a seus companheiros militares e, portanto, contava com amplo apoio no seio das forças armadas. Não fosse esse o caso, os movimentos populares que tinham reagido ao golpe reacionário teriam sido esmagados, por mais sangue que precisasse ser derramado para tal.

Agora, cabe perguntar, e no Brasil, qual é a influência que as organizações do campo popular têm junto aos militares brasileiros? Até onde eu sei, os jovens oficiais de nosso país continuam realizando suas cerimônias de formatura com homenagens ao general Garrastazu Médici. Isto me parece bastante significativo.

Ainda em relação com as alianças, relembro o caso da Nicarágua. Lá, as forças da FSLN comandadas por Daniel Ortega não tinham condições de derrotar eleitoralmente sozinhas aos grupos neoliberais pro-imperialistas que tinham assumido o governo do país e entregado seus destinos ao imperialismo estadunidense.

A FSLN aceitou fazer alianças com Arnoldo Alemán (o Maluf nicaraguense) e com a arquirreacionária cúpula da Igreja católica (comandada pelo cardeal Ovando y Bravo). Logicamente, foram obrigados a fazer concessões. Embora muitos tenham se horrorizado com isso, a verdade é que as profundas transformações favoráveis ao povo humilde e trabalhador que o governo de Daniel Ortega vem realizando não deixam margem à dúvida quanto ao acerto de sua opção de fazer alianças naquele momento.

O curioso é constatar que os “esquerdistas” nicaraguenses que bradavam contra este posicionamento de Ortega e da FSLN, encontram-se hoje quase todos nas folhas de pagamento das agências do imperialismo estadunidense, como é o caso do MRS – Movimento de Renovação Sandinista -, que recebe fundos diretamente do National Endowment for Democracy (órgão criado pelos EUA para financiar organizações que defendam seus interesses nos países do terceiro mundo).

Defender que as organizações políticas dos trabalhadores estejam sob o estrito comando dos verdadeiros representantes dos trabalhadores é algo profundamente digno e desejável, mas acreditar que é preferível deixar o governo nas mãos dos piores exploradores do povo por prurido a fazer alianças com setores burgueses desgarrados do bloco central de sua classe é, na verdade, fazer o jogo dos que desejam que nunca haja mudanças que favoreçam ao povo.

Em lugar de indignar-nos porque Lula deixou-se fotografar ao lado de Paulo Maluf, deveríamos perguntar se chegar ao governo da capital de São Paulo com uma chapa encabeçada por Fernando Haddad e Luiza Erundina, ainda que fazendo concessões ao malufismo, seria para o povo trabalhador melhor, pior ou igual a manter o governo da tucanalhada.

Para mim, está bastante claro que Maluf tentará aproveitar-se desta aliança para sair do sufoco em que se encontra no momento. Já o campo popular deveria servir-se desta aliança com Maluf para tentar alcançar e consolidar posições que não têm condições de atingir por si só no momento. Daí a importância de que o comando das forças populares seja composto de gente inteiramente coerente com os interesses dos trabalhadores. Indignar-se por uma foto me parece típico do pseudo-moralismo hipócrita do udenismo.

Leia também:

Gilson Caroni Filho: O purismo e o verdadeiro Maluf

Mirmila Musse: A política do bem e do mal

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Comentários

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Realista

Ao ler a presente matéria eu até compreendo que muitos petistas históricos, fundadores, pessoas bem intencionadas – o inferno também está cheio – tentam justificar o injustificável, defender o indefensável, adotando um pragmatismo perigoso e irracional, e alguns até mesmo com aquele sonho de mudanças na direção do PT que nunca acontecerão, pois a tática do cartãozinho igual a um voto massacra qualquer perspectiva de novos rumos no comando partidário, e seguem ainda acreditando na ilusão de marcar posição e de se entrincheirar em suas posições para ao final serem liquidados em suas idéias que jamais sairão do imaginário. Respeito e até entendo os argumentos do texto, que mais explicam que justificam essas nefastas alianças com alguns ícones históricos responsáveis pelas mazelas deste país. Porém, o que mais me impressiona são os sofismas dos comentários de alguns leitores que acompanham o presente texto, como, por exemplo, querer comparar os “purismos éticos” de Marina Silva e Heloísa Helena. Não se lembram dos primórdios do PT, das históricas bandeiras de luta pela ética e contra a corrupção, e que foram esquecidas pelo caminho, culminando com a nefasta “carta aos brasileiros” pela chegada ao Poder, dos mensalões e outros esquemas que sempre foram condenados e agora são aplicados com uma eficiência de matar de inveja a direita entreguista. Acordem, companheiros, o PT de hoje não é aquele PT ético do passado. Acordem dessa ilusão.

abolicionista

Para os paladinos da moral:

O PSOL tenta aliar-se o PSDB e se alia ao PTC

O partido reforça política alianças com os partidos burgueses

O candidato apoiado por Heloísa em Maceió acertou uma coligação que tinha como vice o senador Teotônio Vilela, do PSDB. Na véspera do registro da chapa, Teotônio Vilela recuou, e o PMDB (que também estava na chapa) retirou seu apoio, decidindo lançar um outro nome, agora do PMDB, à Prefeitura. Sobre isto, o PPS de Maceió publicou em seu site: “Como era de se esperar, depois da renúncia do senador, o caminho natural do PSDB e do PMDB, seria a manutenção da coligação a ser formada com o PPS.” Mas, como isso não se deu, o PPS lamentou a retirada do apoio destes partidos, criticando sua “falta de ética”. Vejam só, o candidato apoiado por Heloísa Helena em Maceió tentou, de todas as maneiras possíveis, acertar uma coligação com o PSDB e PMDB, que só não se concretizou porque estes partidos recuaram na última hora.

Uma das fitas mais divulgadas por Régis Cavalcante em seus carros de som, é a de Heloísa Helena apoiando sua candidatura.

Como o PPS é um partido burguês, não nos surpreende esta quase aliança com o PSDB e o PMDB. O que nos estranha é Heloísa apoiar este partido.

Outro escândalo de grandes dimensões, este em Goiânia, é a coligação do P-SOL com o PTC (Partido Trabalhista Cristão). A principal figura pública do P-SOL, o vereador Elias Vaz, segue filiado ao PV para poder concorrer à reeleição, já que o P-SOL não tem legenda. Elias está coligado com o PTC, tendo Rannieri Lopes como candidato a prefeito. O PTC é o antigo PRN, de Fernando Collor (que agora está no PRTB), o maior exemplo de corrupção deste país. O ex-governador de São Paulo, Celso Pitta, também se abrigou nesse partido por um período, depois dos escândalos nos quais se envolveu.

Elias Vaz é membro do MTL, uma corrente do P-SOL, que tem Martiniano Cavalcante, também de Goiânia, na Executiva Nacional do partido. É um exemplo do vale-tudo eleitoral muito semelhante a toda a trajetória do PT.

A aliança P-SOL e PTC em Goiânia, o apoio ao PPS em Maceió e o apoio ao PCdoB no Rio são incompatíveis com um partido que se propõe a ser uma alternativa ao PT. Renovamos o chamado ao P-SOL para construirmos uma frente nacional de oposição de esquerda e socialista ao governo Lula e seus representantes nos estados e municípios.

fonte:http://www.pstu.org.br/jornal_materia.asp?id=2310&ida=0

E agora?

ana db

Mundo ideal só com revolução e muita violencia, a lá Cuba de Fidel e Che. O brasileiro é um povo passivo não dado a esses arroubos de coragem com uso da violencia na defesa de seus direitos. Então o caminho que resta para se chegar ao poder é o do pragmatismo, alianças até com o diabo para fazer a obra de Deus.Lula entendeu que apenas assim, usando as armas da buguersia, o povo teria vez.

luca brevi

Penso como o Jair de Souza.Não vejo mal e nem bem.O momento diz oque se precisa fazer.Ganhar a eleição em São Paulo para, aos poucos, aproximar o
povo daqueles que realmente poderão implementar as mudanças cruciais que a cidade e povo precisa.Coligar e,depois, se preciso for, descoligar.

Amaro

FRANKENSTEIN DANÇA MELHOR
(Fora de Pauta)

E vocês viram um vídeo com o Serra dançando o hit ‘Eu quero tchu, eu quero tcha’?

Frankenstein se sairia melhor.

Ou seja, Serra tem tanto jeito para a dança quanto para governar a cidade de São Paulo.

Vai ser fora assim de compasso lá em Itu.

Luiz Fortaleza

O Problema é q o PT não faz um trabalho paralelo de desconstrução da ideologia capitalista, de denuncia da classe econômica e sim só do adversário político. Não cria uma cultura anti-capitalista e não explica pro povo os limites do exercício da cidadania, da efetivação dos seus direitos no esteio capitalista. Fica no reformismo do tipo socialdemocrata em decadência na Europa.

    Roberto Locatelli

    Exatamente, Luiz. Como o próprio texto diz: entre os aliados, Maluf, um direitista. Entre os petistas… Vaccarezza, Marco Maia e Jilmar Tatto, também direitistas! Aí fica difícil.

    Julio Silveira

    Tenho visão idêntica e tenho proclamado isso. O PT faz uma escolha egoísta, pensando nos efeitos imediatos das próprias candidaturas. Quem conhece a democracia brasileira sabe que ao final de evidente desgaste democrático nada de significativo restará. Apenas a temporal melhoria social, passível de ser torpedeada ali na frente pelos conservadores e ainda capitaneada, já que são mestres na cooptação pelas virtuais benesses do mercado. Imagina esses mesmos ex famintos defensores ávidos do sistema, e isso é possível. As escolhas que estão sendo feitas por esse partido, que para mim já foi uma esperança, por si só já dão o mote do caminho.

    abolicionista

    Para os paladinos da moral:
    O PSOL tenta aliar-se o PSDB e se alia ao PTC
    O partido reforça política alianças com os partidos burgueses
    O candidato apoiado por Heloísa em Maceió acertou uma coligação que tinha como vice o senador Teotônio Vilela, do PSDB. Na véspera do registro da chapa, Teotônio Vilela recuou, e o PMDB (que também estava na chapa) retirou seu apoio, decidindo lançar um outro nome, agora do PMDB, à Prefeitura. Sobre isto, o PPS de Maceió publicou em seu site: “Como era de se esperar, depois da renúncia do senador, o caminho natural do PSDB e do PMDB, seria a manutenção da coligação a ser formada com o PPS.” Mas, como isso não se deu, o PPS lamentou a retirada do apoio destes partidos, criticando sua “falta de ética”. Vejam só, o candidato apoiado por Heloísa Helena em Maceió tentou, de todas as maneiras possíveis, acertar uma coligação com o PSDB e PMDB, que só não se concretizou porque estes partidos recuaram na última hora.
    Uma das fitas mais divulgadas por Régis Cavalcante em seus carros de som, é a de Heloísa Helena apoiando sua candidatura.
    Como o PPS é um partido burguês, não nos surpreende esta quase aliança com o PSDB e o PMDB. O que nos estranha é Heloísa apoiar este partido.
    Outro escândalo de grandes dimensões, este em Goiânia, é a coligação do P-SOL com o PTC (Partido Trabalhista Cristão). A principal figura pública do P-SOL, o vereador Elias Vaz, segue filiado ao PV para poder concorrer à reeleição, já que o P-SOL não tem legenda. Elias está coligado com o PTC, tendo Rannieri Lopes como candidato a prefeito. O PTC é o antigo PRN, de Fernando Collor (que agora está no PRTB), o maior exemplo de corrupção deste país. O ex-governador de São Paulo, Celso Pitta, também se abrigou nesse partido por um período, depois dos escândalos nos quais se envolveu.
    Elias Vaz é membro do MTL, uma corrente do P-SOL, que tem Martiniano Cavalcante, também de Goiânia, na Executiva Nacional do partido. É um exemplo do vale-tudo eleitoral muito semelhante a toda a trajetória do PT.
    A aliança P-SOL e PTC em Goiânia, o apoio ao PPS em Maceió e o apoio ao PCdoB no Rio são incompatíveis com um partido que se propõe a ser uma alternativa ao PT. Renovamos o chamado ao P-SOL para construirmos uma frente nacional de oposição de esquerda e socialista ao governo Lula e seus representantes nos estados e municípios.
    fonte:http://www.pstu.org.br/jornal_materia.asp?id=2310&ida=0
    E agora?

Tiago Tobias

É um bom argumento esse do Jair, mas o Partido dos Trabalhadores completa uma década no poder e ainda fica nessa de correlação de forças. Isso só se altera se o governo vai até o povo, aos movimentos populares…Sei que essa tecla é batida, mas na Venezuela, Chávez distribuiu um exemplar da Constituição para cada cidadão.

Um povo tapado é facilmente manipulável.
Um povo politizado sabe se defender. E não precisa que os governantes ajam por eles, costurando alianças que não nego, são necessárias, mas esvaziam o combate popular.

    Fabio SP

    Não é mais fácil aumentar os gastos com educação???

    abolicionista

    E você acha que isso é possível no Brasil sem uma revolução? Tenta, pra ver o que acontece…

Lizavou

Muito bom Diniz. Você respondeu com clareza. Concordo com tudo.

Vlad

Hoje temos dois extremos dentre as matérias em destaque.
O artigo do Idilio Grimaldi, que considero um dos melhores já publicados pelo Viomundo, e essa “coisa” gosmenta e insidiosa do Jair de Souza, tentando justificar o injustificável, transformar o que já foi vomitado em sobremesa, através de sofismas pueris e valendo-se de risível arrogância a ponto de utilizar, em tão poucos parágrafos, o verbo “dever” por nove vezes; e nem assim conseguiu mais que sujar papel.

    Luiz Fortaleza

    Assino embaixo, esse malabarismo de argumentos sofismáticos para justificar o apoio de um criminoso financeiro. Kd akele PT q tinha princípios? Mesmo que o PT chegue ao poder administrativo, pouco fará, só retardará a crise final…

    abolicionista

    Para os paladinos da moral:

    O PSOL tenta aliar-se o PSDB e se alia ao PTC.

    É parece que o PSOL está colocando as asinhas de fora! Justo ele, que tanto critica as alianças do PT. Será que faltou dar aquela olhadinha no espelho?

    O partido reforça política alianças com os partidos burgueses

    O candidato apoiado por Heloísa em Maceió acertou uma coligação que tinha como vice o senador Teotônio Vilela, do PSDB. Na véspera do registro da chapa, Teotônio Vilela recuou, e o PMDB (que também estava na chapa) retirou seu apoio, decidindo lançar um outro nome, agora do PMDB, à Prefeitura. Sobre isto, o PPS de Maceió publicou em seu site: “Como era de se esperar, depois da renúncia do senador, o caminho natural do PSDB e do PMDB, seria a manutenção da coligação a ser formada com o PPS.” Mas, como isso não se deu, o PPS lamentou a retirada do apoio destes partidos, criticando sua “falta de ética”. Vejam só, o candidato apoiado por Heloísa Helena em Maceió tentou, de todas as maneiras possíveis, acertar uma coligação com o PSDB e PMDB, que só não se concretizou porque estes partidos recuaram na última hora.

    Uma das fitas mais divulgadas por Régis Cavalcante em seus carros de som, é a de Heloísa Helena apoiando sua candidatura.

    Como o PPS é um partido burguês, não nos surpreende esta quase aliança com o PSDB e o PMDB. O que nos estranha é Heloísa apoiar este partido.

    Outro escândalo de grandes dimensões, este em Goiânia, é a coligação do P-SOL com o PTC (Partido Trabalhista Cristão). A principal figura pública do P-SOL, o vereador Elias Vaz, segue filiado ao PV para poder concorrer à reeleição, já que o P-SOL não tem legenda. Elias está coligado com o PTC, tendo Rannieri Lopes como candidato a prefeito. O PTC é o antigo PRN, de Fernando Collor (que agora está no PRTB), o maior exemplo de corrupção deste país. O ex-governador de São Paulo, Celso Pitta, também se abrigou nesse partido por um período, depois dos escândalos nos quais se envolveu.

    Elias Vaz é membro do MTL, uma corrente do P-SOL, que tem Martiniano Cavalcante, também de Goiânia, na Executiva Nacional do partido. É um exemplo do vale-tudo eleitoral muito semelhante a toda a trajetória do PT.

    A aliança P-SOL e PTC em Goiânia, o apoio ao PPS em Maceió e o apoio ao PCdoB no Rio são incompatíveis com um partido que se propõe a ser uma alternativa ao PT. Renovamos o chamado ao P-SOL para construirmos uma frente nacional de oposição de esquerda e socialista ao governo Lula e seus representantes nos estados e municípios.

    fonte:http://www.pstu.org.br/jornal_materia.asp?id=2310&ida=0

    E agora?

Lucinda

Será que a Marta Suplicy cansou? Ou o fim do “Realpolitik” é usado como uma forma de atacar o LULA que a preteriu. Penso que a cidade e estado de São Paulo merecem um abraço no Maluf, para que fiquem livres da aliança que os governam. Cade a coragem para os políticos puristas cobrarem de seus partidos a retirada de apoio ao demotucanos que destroçam a cidade e o estado de São Paulo? Sempre votei no PT, e sou admiradora do LULA, ele tem coragem não esconde os seus atos. Queriam que eles escondesse a aliança com o Maluf, tem muito esquerdista com gosto de cabo de guarda chuva, porque criticou o líder petista. O tempo sempre estará a favor de quem tem coragem.

    Luiz Fortaleza

    tem políticos q adoram se sujar… prefiro o purismo…

Helio Pereira

Jair de Souza usa argumentos irretocáveis é exatamente isto que eu penso!
Se ficarmos na base do Purismo ideológico,iremos ver os Tucanos por mais uns 100 anos comandando SAMPA e tentando derrubar o Gov Federal.
Maluf com certeza não é bom,mas é o “menos pior”!

    Julio Silveira

    Como cidadão minha preocupação é com a maior dificuldade que terei para reconhecer quem é quem neste tabuleiro. Quando some as diferenças e aprofunda-se as semelhanças vira tudo cara pálida. O que resta para cidadãos como eu, sem vinculações partidárias, apenas afinidades sem comprometimento, portanto sem benefícios particulares? retórica de melhor país prometidos pelo grupo oportunista do momento, sem garantias de novidade já que são tão parecidos.

Marcelo de Matos

É válido aliar-se ao malufismo? Sim, não só ao malufismo, mas, a qualquer ismo eleitoralmente habilitado. Já temos 30 partidos registrados no TSE. O mais novo é o PEN – Partido Ecológico Nacional, que não sei que apito toca. Não dá para fazer aliança com o PEN, por enquanto, porque a grana ali deve estar curta. É melhor procurar os partidos tradicionais, mais abastados, como o do Maluf. Não se faz revolução sem metranca, nem se ganha eleição sem grana. Os 30 partidos estão todos aí, em condições de jogo. É como ira à feira: quem chega primeiro apanha os melhores legumes. Quem acorda tarde fica com a chepa. Lula costuma comparar a política com o futebol. Então, se você não tem Ronaldinho Fenômeno, vai de Alexandre Pato. Como no samba de Zeca Baleiro, quem não pode Nova Iorque vai de Madureira.

    Marcelo de Matos

    ET: não cabe aos partidos políticos praticarem expurgos em suas fileiras ou em suas coligações. Os expurgos eram comuns na era do stalinismo e tem muita gente que ainda os defende. O PT promoveu expurgos como o de Francisco Wefort e Airton Soares, sem contar outros que saíram por sofrer contínuas críticas. Muitos companheiros do PT continuam a ser alvo de expurgadores, principalmente de outros partidos, que não veem a trave que têm no olho, mas, veem um argueiro no do vizinho. Os “expurgos”, no chamado Estado Democrático de Direito, só podem ser promovidos pela Justiça. Se o político não for cassado por seus pares, ou condenado definitivamente pela Justiça, está disponível, ou “em condições de jogo”, e, preconceitos à parte, pode fazer aliança eleitoral com quem quer que seja.

Julio Silveira

Após ter votado no Lula pela primeira vez não esqueci de que em seu discurso de posse ele havia feito referencia a fazer um grande governo, pois sabia que estaria sendo observado pelos conservadores do país, como num grande teste para continuidade e suas ambições politicas.
Sem ter assumido, de fato, características reformistas, seu governo não pensou na desarticulação das estruturas deixadas para fragilizar o estado democrático. Os conservadores continuam mantendo todos os seus instrumentos, inclusive públicos, para o momento que julguem conveniente articular ruptura do sistema e assim como consequência da democracia, que tem que funcionar dentro dos padrões deles. Isso, e não outra coisa gera instabilidade institucional. O próprio Lula esteve por um triz. Diferente do que se poderia esperar, para possibilitar uma ordem democrática segura, partiu-se para a cooptação dos que usam os instrumentos democráticos apenas como meio para manutenção de seu poder.
Parece-me que este ato do Lula com o Maluf contrária os esforços que a verborragia dos defensores produz. Creio que enfraquece ainda mais a democracia brasileira, por que retira o caráter dos cidadãos como fator cultural, mas principalmente o retira como um elemento fundamental das escolhas populares. No fundo o que o Lugo atravessou foi justamente isso.
Foi um traidor desde o inicio, traiu desde a batina até o mais fundamental que foi o próprio principio. E foi isso e não outra coisa que os sem principio se aproveitaram, sem mudança no País, ele quis jogar no campo do adversário.

abolicionista

A despeito de eventuais discordâncias, gostaria de parabenizar o Jair pela clareza na exposição de suas ideias. O argumento do texto está muito bem organizado. Esse esforço de reflexão é importante para tentarmos entender o que está em jogo nessa discussão.

Acho, além disso, que o momento é de unidade. Vamos entrar em período eleitoral, não é o melhor momento para ficar batendo no PT.

    Julio Silveira

    Amigo, acho que a questão a tratar não é bater no PT. Provavelmente você defenda todos os atos derivados do partido, por ser teu de alguma forma mais particular. A questão a meu ver é bem maior que PT ou PSDB, ou PP ou PPS, a questão é que nós cidadãos, eleitores, sem interesses partidários particulares, demos credito ao políticos que elegemos não por retóricas partidárias, já que nem mesmo os militantes as seguem, mas justamente pelo que diferenciava os homens da politica. Essa sua defesa do PT me parece um tanto quanto menor que o interesse publico e de cidadania, e nesse interim sua visão nada se difere da visão tucana. Parecem mesmo faces opostas da mesma moeda.

    xacal

    Julio,

    Agora você é que coloca uma premissa pessoal como ponto de partida amplo: Ora, suas expectativas na política(votar em homens “distintos” que representassem os valores da coisa pública-sabe-se lá como definir este termo tão vago)não podem ser colocadas como referência geral.

    O que a história nos ensina é que a maioria do povo vota naqueles que o imagina sejam capazes de atender suas demandas, imediatas e outras mediatas.

    É aí que se dá a disputa política e a formulação do discurso que você diz ser “cantilena partidária”. Já o cotidiano da administração, o jogo de alianças e a expressão dos interesses variados na disputa de poder em suas várias instâncias, é algo bem diferente.

    Podemos até argumentar que há certa manipulação na criação destas demandas: Uns como você, que pertencem a determinado “estrato sócio-cultural” imaginam votar na preservação e promoção do “interesse público”(um aspecto moral da política), outros imaginam poder comer melhor, outros, por fim, imaginam que o interesse público é receber dinheiro para que seu negócios possam lucrar, e por aí vai.

    Não há, no jogo político, como deixar de realçar certa propaganda partidária(que você denunciou como um vício parecido com os dos tucanos). Essa referência ainda que desgastada é que nos diferencia e possibilita tornar o exercício da política algo mais crível, por mais que a práxis na governança se afaste tanto da “teoria”.

    abolicionista

    Caro Júlio, não sou filiado ao PT e nem a qualquer outro partido. Gostaria de participar mais ativamente, aliás, da vida política, mas minhas condições de vida me afastaram disso. Acho lamentável ter de responder a esse tipo de comentário bastante preconceituoso, diga-se de passagem. Principalmente por parte de quem se fiz um poço de ética. Aliás, eu não personalizo a política, eu não acho que uma boa política é necessariamente feita por homens bons, o que não quer dizer que possa ser feita por maus homens, apenas que retidão moral não basta. Um político bem-intencionado, mas sem habilidade, pode prejudicar muita gente.

    Eu apresentei meus argumentos em favor do que acho ser a escolha política mais acertada tendo em vista a melhoras das condições reais da gente pobre brasileira. Posso muito bem estar errado, mas é como eu leio a situação. Se você discorda, apresente argumentos.

    Realmente considero o moralismo um valor burguês. Acho sinceramente que você tem uma visão infantil da política, e já argumentei bastante a respeito disso. Você fica indignado com a aliança do PT com o PP mas não fica indignado, por exemplo, com a matança que a polícia paulista promove na periferia. Se uma prefeitura do Haddad ajudar a diminuir o extermínio de jovens, dou-me por satisfeito.

    Menos preconceito e mais consciência, caro Julio, pense que nem todo mundo pode dar-se ao luxo de possuir retidão moral.

    Wagner

    Abolicionista: somente hoje achei sua reposta a um post meu em outro tópico. Agradeço a paciência. Abraços

Gilson Caroni Filho: O purismo e o verdadeiro Maluf « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Jair de Souza: É válido aliar-se ao malufismo? […]

Mario Silva Lima

Análise quase perfeita.Faltou lembrar Mandela que passou vinte e sete anos preso e aliou-se a Peter Bota para acabar com o aphartayd,e ganhou,junto com Bota,o premio nobel da paz!Imaginem agora se por questões de príncipios Mandela não fizesse acordo com aquele que o manteve preso por vinte e sete anos.A África do Sul ainda estaria vivendo sob o aphartdayd!Será que não valeu a pena?

Sergio Santos

O PT e Lula deram 3 tiros no pé: 1) deu uma indicação de que é um partido “farinha do mesmo saco”; 2) passou um recado ao país de que políticos corruptos como Maluf ainda não morreram e continuarão a sobreviver nas entranhas de qualquer governo, como a funesta “arena”; 3) que o Paraguai é aqui.

Lucas Cardoso

Uma aliança para governabilidade só faz sentido para a esquerda se pelo menos uma boa parte do programa da esquerda puder ser implementado. A única coisa de “esquerda” que o PT fez foi o bolsa-família e até isso se tornou apenas um programa keynesianista de estímulo ao consumo. Ao contrário, o PT adotou o programa da direita, passou o “código florestal” dos ruralistas, privatizou os aeroportos lucrativos brasileiros, planeja construir Belo Monte (projeto da ditadura) para fornecer energia para que as mineradoras exportem a riqueza mineral brasileira, etc.

    Neo-tupi

    E a reestatização da Petrobrás? E o sistema de partilha no Pré-sal? E os milhões de empregos gerados? E a valorização do salário mínimo? E a expansão universitária, dobrando o número de vagas nas federais e abrindo novas universidades? E a ampliação da rede de escolas técnicas? E o FUNDEB? E PAA (programa de aquisição de alimentos da agricultura familiar)? E o aumento financiamento da safra para a agricultura familiar que pulou de R$ 4 bi para 18 bi? E o aumento da verba para a educação? E a reativação da Telebras? E BB e a CEF crescendo e tomando clientes e negócios dos bancos privados? E os pontos de cultura? E o Projovem? E o PRONASCI? Você acha tudo teria acontecido num governo demotucano?

    Lucas Cardoso

    Não estou comparando o PT aos demotucanos. Os demotucanos são no mínimo tão de direita quanto o PT, só que menos competentes. Concordo plenamente com você que se a escolha fosse entre PT e PSDB, é melhor escolher o PT. Mas nós vivemos num sistema pluripartidário, não há motivo para se limitar a uma escolha binária. Melhor ainda, não há motivo para se limitar às disputas eleitorais. Política se faz todo mês e todo ano.

    O termo “esquerda” é meio vago. Quando eu digo “esquerda”, eu quero dizer medidas que diminuam a desigualdade, aumentem o poder popular, e diminuam o poder da oligarquia plutocrática. Infelizmente, muita gente associa “esquerda” com o capitalismo de Estado. Por exemplo, eu acredito que estatizar o poder decisório da Petrobrás, mas manter os lucros nas mãos do Capital (principalmente estrangeiro) não deveria ser considerado uma política de esquerda. Essa foi, afinal, a política do FHC.

    Dito isso, concordo que eu fui categórico demais na minha afirmação inicial (ler um artigo de alguém defendendo aliança com Maluf me deixou meio puto da vida :) ). Além do bolsa-família, como você bem lembra, o PT também apoiou certas medidas de subsídio à agricultura familiar, assim como contribuiu para a diminuição geral da desigualdade com aumento do valor real do salário mínimo.

    P.S.: Ainda assim, é importante lembrar que muitas das ações de combate à desigualdade do PT são manchadas por uma ótica keynesiana de estímulo ao consumo, mais preocupada com o crescimento do PIB do que com o bem-estar social.

Sérgio

Para livrar São Paulo desses entreguistas é claro que a aliança se
justifica.
Não bastam sonhos e ideais para vencer essa luta.

Wagner

Para rir um pouco:

[]

    Luiz Carlos Azenha

    Boa!

    Hélio Pereira

    Ora Azenha,pior seria suportar Serra 4 anos na Prefeitura,ou pior ainda velo assumir e deixar um novo Kassab em seu lugar!
    Sorria,afinal esta é apenas uma coligação que vai ser comandada por Haddad e Maluf é só um apoiador de Kassab,nada mais que isto!

    xacal

    Engraçado,

    Eu já passei dos quarenta, enfim, pude aprender: A gente faz alianças com quem pode e nem sempre com quem desejamos.

    Eu detestaria ser empregado do Bispo Macedo, mas nunca julgaria a necessidade de ninguém, por mais incoerente que parecesse.

    xacal

    Corrija a frase errada: a gente faz aliança com quem pode e não com quem deseja.

    Helio Pereira

    É muito melhor Rir com o Maluf do que chorar com o Serra!

    MARCELO

    Eu também acho,Azenha.Esse cartum é demais!!!!!!!

Jair de Souza

Gostaria de fazer alguns esclarecimentos com relação a alguns dos comentários. Acho bastante válido o questionamento feito pelo Roberto Locatelli, independentemente de estar ou não de acordo com ele. Acho válido porque ele parte de uma visão política: Uma aliança com Paulo Maluf agregará votos ou afastará votos? O que não dá para aceitar é o questionamento moralista do tipo “Maluf é o símbolo da corrupção”. Ou dizer que não podemos aceitar esta aliança por questão de princípio. Que princípio é este que não considera levar em conta as condições de vida real para o povo trabalhador? Nosso princípio deve ser o de agir sempre com o objetivo de fazer com que a vida do povo trabalhador melhore. É difícil para um revolucionário conversar e fazer acordos com alguém como Paulo Maluf, não duvido, mas se as perspectivas são no sentido de conquistar condições que deem um salto qualitativo na vida dos trabalhadores, isto será mais que válido. Quanto a análise ser péssima, conforme diz Lucas Gordon, não tenho nada a opor a sua opinião. Eu apenas tento fazer uma contribuição. No entanto, discordo totalmente de que o acontecido com Lugo sirva para justificar o contrário do que eu trato de expor. Primeiro, eu disse que Lugo tinha o governo, não o poder. Depois, eu disse que é de fundamental importância que o comando das forças supostamente representativas dos trabalhadores numa aliança deveria ser exercido por gente com provada coerência política em defesa dos interesses dos trabalhadores. Será que era este o caso daqueles que formavam o comando político de Lugo? Basta constatar que apenas 1 deputado votou contra a cassação de seu mandato para dar-se conta de que as forças que deveriam servir de coluna vertebral do movimento popular estavam dirigidas por verdadeiros oportunistas. E o que ocorreu com os outros deputados que foram eleitos como parte da força própria de Lugo? Isto é muito diferente do que eu defendo. Eu defendo que as forças populares devem estar sob o comando de gente firmemente afinada com os interesses históricos dos trabalhadores. É a unidade e coerência das forças populares que poderá impedir que haja uma debandada total de outros grupos aliados. Mas, se nossa própria força já estiver minada do oportunismo em seu interior, o que poderemos esperar? Então, creio eu, o exemplo do ocorrido com Fernando Lugo serve muito bem para nossa advertência. É o que eu trato de demonstrar.

C. Roberto

O artigo acima está perfeito, pois sou de opinião que a foto de Lula com Maluf não tem nenhum problema. O pior dos mundos é ver Serra eleito Prefeito. Sobre Erundina é lamentável a falta de visão dela, pensa pequeno demais e vive para dentro de si mesma; é o fim de carreira para ela! Enfim gostaria de saber se escrevo tão ruim aqui nesse Blog, onde me censuram sempre! Essa é a nossa esquerda´, que se não é apática, combate os seus próprios aliados!!!

Lucas Gordon

péssima análise. Do exemplo do Paraguai é exatamente o oposto que se pode tirar como lição: alianças políticas oportunistas são meio caminho andado para a traição política. O presidente entra com uma “suposta” base congressista, que está a seu favor pelos benefícios materiais e oportunistas que uma aliança eleitorera oferece, e a qualquer momento de crise o presidente perde metade da base, composta por oportunistas ao invés de setores ideologicamente alinhados, uma vez que o presidente não tem mais como oferecer o que antes oferecia. O PMDB está hoje na base, viriam eles à defesa da Dilma num contexto de golpe como este do Paraguai? Ou eles, ao verem um momento de debilidade do governo, não se voltariam para se juntar ao resto dos abutres que comeriam as carcaças de um governo? Essa opção é tão mais facilmente tomada quanto mais oportunista forem as alianças e menos orientadas ideologicamente.

    Lucas Cardoso

    Exatamente. Alguém honestamente acredita que essas “alianças” não serão os primeiros a apoiar os golpistas caso tentem derrubar o PT?

    xacal

    Lucas, permita-me:

    A melhor forma de tratar os inimigos é mantê-los por perto.

    Ora, é claro que não se controla o pêndulo dos centristas-conservadores, nem seu apetite voraz.

    Nem imagino que Lula ou Dilma tenham esta pretensão.

    O que um governo com noção de seu papel e responsabilidades históricas faz é celebrar alianças e criar o ambiente político para que o golpismo não se “crie”, e que as mudanças possam acontecer.

    Quem desejar algum atalho: feche o Congresso e proíba o exercício democrático.

PauloH

Tudo tem um limite, até a “Realpolitik”. E fazendo uma aliança formal (e com foto de abraço) com o Maluf, Lula e o PT ultrapassaram esse limite. A Realidade é que grande parte dos eleitores “tradicionais” do PT se decepcionaram com esse acerto (eu entre eles). Se tem muita gente que vota com o bolso (e é verdade), por outro lado ainda existem muitos que votam por princípios e idéiais. O Lula sabia o que fazia quando abraçou, em todos os sentidos, o Paulo Maluf. Ele jogou todas as fichas no “voto do bolso” e dispensou o resto. O bem do país não dependia dessa aliança, ganhar São Paulo nunca foi “questão de vida ou morte”. O cálculo foi exclusivamente eleitoral, foi acordo pequeno. Eu posso até entender a ampla “base aliada” do Governo Federal, embora lamente certos aspectos dela; mas não posse entender o abraço no Maluf.

Wagner

Putz, ainda esse assunto Azenha? Até o PIG já mudou o disco.

Esse povo continua tentando justificar o injustificável. É aquela história do gato que subiu no telhado.

Mas vou falar um coisa prática e bate com o que o Locateli disse há pouco: o efeito prático da aliança.

Quinta-Feira passada. Estou indo, numa Van com mais 5 colegas servidores federais para me juntar a assembléia que acabou por decidir pela greve.

No meio do caminho. Alguém fala:

-Viu a foto do Lula?
– Não, qual?
– Com o Maluf!
– Não acredito!
– Que horror!
-Mas justo o Maluf?

Enfim.

O motorista só deu risada e disse que não vota mesmo.

Dos meus 5 colegas, todos estavam putos com a aliança. E não pense que são os famosos “tucanos esnrustidos” porque essa espécie não existe no serviço público federal. Muito pelo contrário.

Dos 5, apenas 2 votam na capital (eu também não voto lá). Os dois votantes afirmaram que não votariam de jeito nehum no Serra (óbvio) e que também não votariam no Haddad (por causa do Maluf). Tendem a anular.

Os outros 3, não votantes, concordaram que com o maluf não dá. E transitaram entre o nulo e a espera de algum candidato do PSOL ou do PC do B (desdee que não o Netinho).

Eu, o sexto servidor, se votasse, anularia.

Podem dizer que é uma pesquisinha informal e ridícula. Mas essa “esquerda burguesa e hipócrita” vota. e Tem bastante voto.

(Aliás, o próprio PT incutiu na cabeça dessa gente que o Maluf era o demônio ao longos dos anos)

Roberto Locatelli

O artigo peca somente no seguinte ponto: quem disse que Maluf trará votos para Haddad?

Quem gosta de Maluf não votará em Haddad, mesmo com a aliança. Quem gosta de Maluf odeia o PT.

Quem não gosta de Maluf e poderia votar em Haddad, pode mudar de ideia e votar em outro candidato, apenas porque Haddad fez aliança com Maluf.

É o mesmo raciocínio para a frustrada tentativa de aliança do PT com Kassab. O atual prefeito tem um dos maiores índices de reprovação já vistos. Aliar-se com Kassab ou com Maluf é amarrar seu barco a um navio que está naufragando.

    francisco niterói

    Locatelli
    Sabe o que aconteceu aqui no rj com grande parte dos votos do brizola? Foram capturados pelo garotinho e mais recentemente pelo Cabral, mas mais pelo primeiro. Os votos do Brizola eram dele, e nao do PDT, que de resto é um partido-onibus( todo mundo entra). Assim, votos de pessoas pobres, conscientes de sua situaçao mas sem fazer conexao com a politica que melhor atendesse os seus intersses, foi capturada por politicos fisiologicos.
    O Lula, me parece, nao está procurando ganhar só esta eleiçao, ele está querendo herdar, para o campo progressista, estes votos de um Maluf decadente e idoso. Assim, o Haddad tem mais condiçoes de dialogar com estes setores malufistas, do andar de baixo, do que, por ex., a Marta por conta dos antagonismos do passado.
    Assim, achei muito interssante o artigo ao nos mostrar que as mudanças só sao instantaneas em revoluçoes, e todos sabemos dos outros problemas que elas podem trazer.
    No Brasil, em que as mudançs geralmente sao lentas mas constantes, acho que buscar os votos dos malufistas pobres, mesmo que nao seja nesta eleicao, é uma coisa importante.

    francisco niterói

    Aqui no rj a esquerda perdeu votos de setores orfaos do brizola porque olhavamos de lada para estes votos. Estes setores eram chamados de “lumpesinato”. Aliás, o “ex-esquerdista” gabeira, por exemplo, nunca deixou de ser um elitista, nao?
    Por outro lado, pra politizar estes setores malufistas pobres vcs querem de inicio utilizar o que nos separa (Maluf)? Acho que o mais importante é dialogar atraves daquilo que nos une: o desejo de justiça social e que estes setores tanto precisam. Podemos dialogar sem necessidade de a todo tempo gritar pra eles que ” seu lider é ladrao”. Depois de anos, ou eles nao acreditam nisso ou nao se importam. Vamos olha-los como alienados politicos, de cima, pra manter a nossa posiçao?

matheus

Grande análise.

francisco pereira neto

O PT nasceu em 1980 com uma proposta “purista” de não a corrupção com a coisa pública.
O partido na medida em que foi crescendo, foram aparecendo os espertalhões, os políticos profissionais, que só fazem se apropriar dos bens públicos. Isso infelizmente é “natural”, por que com meia dúzia de puristas, não se faz um partido. E em se tratando de Brasil, não que seja “privilégio” dessas terras, mas está culturalmente incrustado nos seios das camadas sociais, especialmente nas oligaquias a prática de se apropriar das riquezas da nação, e somente para eles.
Já ouvi alguém dizer que antigamente – os oligarcas – roubava-se com mais “ética”. Hoje não. A coisa está muito descadamente. Está sem controle.
Então vejam. Essa prática é secular, desde o descobrimento do país.
O PT não poderia estar imune a essa praga e no entanto, quando assumiu um presidente trabalhista, toda a culpa e desgraça da roubalçheira do país recaiu somente sobre o PT. O partido só foi criado a 32 anos, mas os outros que aí estão são os mesmos do século passado que defendem os abastados, só mudando a nomenclatura. PSDB, Arena que virou PDS que virou PFL e que virou Dem. Esses sempre roubaram, mas como disse alguém para mim. Ah não! Naquela época eles roubavam com mais “ética”.
Em corroboração com o autor do artigo, que concordo plenamente, o ex-prersidente Lula acertou em cheio ao fazer coligação com o PP e foi execrado pela purista Erundina que um dia se desfilou do PT e caiu no ostracismo. Repentinamente surge novamente sob intervenção de Lula, e com uma sutileza de elefante, além de execrar Lula, usa para esse feito a grande mídia que ela tanto (será?) combate.
O recado do Paraguai é uma senha para a esquerda burra.
Parabéns para o autor da matéria.

Diniz

Pergunte aos 30 milhões de brasileiros que saíram da miséria absoluta em apenas 8 anos de governo do PT (Lula), se valeu a pena a “real politik” ?. O que teria acontecido com eles se, em nome do purismo ético, Lula não tivesse feitos alianças a direita, não tivesse feito nenhuma concessão a ética, e por conseguinte não tivesse chegado ao poder para tentar transformar a realidade social ? Ou você acha que se consegue chegar ao poder somente com purismo ético ? Aonde está a paladina da ética Heloisa Helena ? Aonde está Marina Silva ? Mulheres admiráveis, mas que só serviram a mídia enquanto opositoras do “aético” Lula e do PT. Erundina, outra admirável, teve sua última chance de sair ela também do ostracismo e com poder de realmente transformar a vida de milhões de paulistanos pauperizados. E o que fez ela ? Como bem disse Nassif, ela foi, em nome da “ética”, de um egoismo incomensurável. É muito fácil bradar a ética como valor supremo quando a barriga está cheia e a vida assegurada, como parece ser o caso de muitos ingênuos burgueses de esquerda. Claro que o idealismo, e mesmo a utopia, são muito importantes, e a ética um valor universal a servir de norte. Mas muitos usam o idealismo como desculpa para não se engajar no mundo real, para não por a mão na massa, para não precisarem exercitar a sua necessidade real de tolerância, para esconderem a sua covardia. Querem viver em uma bolha e serem canonizados como santos, mesmo que para isto muitas pobres almas pereçam no caminho …

    Roberto Locatelli

    Diniz, esses avanços foram conquistados APESAR da realpolitik, e não por causa dela. Os avanços obtidos, por exemplo, na Venezuela, são IMENSAMENTE

    Roberto Locatelli

    maiores, pois Chávez não faz aliança com quem está no campo oposto. Na Argentina, também, avanços muito maiores.

    E digo mais: houve golpe no Paraguai, porque Lugo fez alianças com quem não devia. Quando houve a tentativa de golpe na Venezuela, os golpistas saíram fragorosamente derrotados.

    No Chile, Allende nomeou Pinochet para Chefe do Exército uma semana antes do golpe.

Márcia

Perfeito!

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