Elza Berquó: O abandono de crianças no Brasil chama-se desespero
Tempo de leitura: 7 minEnjeitados em série
Demógrafa tem muitos sobrenomes para os repetidos casos de recém-nascidos abandonados pela mãe, mas o nome básico é o mesmo: desespero
por Mônica Manir, em O Estado de S.Paulo, via site Lima Neto
Foi mais uma semana de crianças abandonadas, inclusive por grande parte da mídia. Na quarta-feira, um catador de lixo encontrou um bebê morto perto de um hipermercado em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Ele procurava latinhas de alumínio quando se deparou com um embrulho de pano inerte entre uma dezena de sacolas não recicláveis. Já na quinta-feira, um homem que cochilava numa igreja evangélica de Manaus foi acordado por outro que ouvira um choro de criança vindo do palco. Os dois acharam uma menina com menos de 12 horas de vida e mais de 3 quilos de peso, também envolta em manta de algodão, que, uma vez na Maternidade Ana Braga, referência em gestações de alto risco, foi batizada de Felícia. Felícia Ana Braga.
Para a demógrafa Elza Berquó, o abandono de crianças no Brasil tem um nome: desespero. Seguido de uma extensa gama de sobrenomes, entre eles falta de escolaridade, falta de informação, falta de acesso aos métodos contraceptivos, falta de apoio e falta de humanidade, sobre as quais discorre no ponto a ponto a seguir. Mas Elza não elenca aqui a falta de planejamento familiar. Como gosta de dizer, não esposa essa expressão: “O planejamento familiar sempre esteve ligado à redução da natalidade, mas eu sou pelo livre arbítrio e pelo direito reprodutivo das pessoas”.
Elza tem um currículo que, por direito, exigiria mais uma página de conversa. Basicamente é professora aposentada da Faculdade de Saúde Pública da USP, fundadora do Núcleo de Estudos de População (Nepo), na Unicamp, membro do conselho técnico do IBGE e do Conselho Consultivo do Censo Demográfico 2010 e uma das fundadoras do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), criado em 1969. Foi no andar de cima do casarão da Rua Morgado de Mateus, sede do Cebrap, que esta também membro da Academia Brasileira de Ciências explicou por que não foi mãe depois de dois casamentos. “Planejei não ter filhos e estou bem assim, porque na verdade tenho filhos intelectuais espalhados pelo mundo.”
Uma constelação de fatores
Não tenho informação sobre a idade dessas mães que abandonaram os filhos nem sobre o número de crianças que já possuem. Certamente são pessoas mais desfavorecidas socialmente, mas não é só a questão financeira. É uma constelação de fatores. Às vezes o marido não queria que essa mulher engravidasse mais, e ela provavelmente não sabia da pílula do dia seguinte ? ou não conseguiu chegar até ela. Considero este um momento de total desespero, de não saber o que fazer. É com grande sofrimento que as mulheres praticam esse abandono. Claro que, na hora, a gente se liga àquela criança. Mas onde essa mãe vai deixar o filho? No Conselho Tutelar? Não é assim. Esbravejam: é uma mulher desalmada. Isso é uma forma muito pouco humana de olhar para a situação dela.
No balcão da farmácia
Há uma parcela da população que tem conhecimento, acesso e decisão sobre métodos contraceptivos. Há uma parcela que tem conhecimento e não tem acesso. E há uma que não tem nem conhecimento nem acesso e, portanto, decidir é muito difícil. Em 2006, cerca de 20% da população não usava nenhum método anticoncepcional. Talvez não usasse porque já estava esterilizada ou sexualmente inativa. Mas aí dentro existe uma fração que não usa porque não tem acesso à pílula e à camisinha. Elas não estão disponíveis em todo o territorial nacional no serviço de saúde. É preciso comprá-las na farmácia, e muitas pessoas não têm poder aquisitivo para isso. Algumas mulheres acabam engravidando, sem querer ter engravidado naquele momento. Aí, o que se vai fazer?
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Ótimo populacional?
Planejamento familiar tem o ranço de estar historicamente ligado à redução da natalidade. É assim que ele surge e é assim que ele se coloca. Mas não existe o ótimo populacional. É como se você estivesse me perguntando: a população brasileira deveria diminuir ou deveria aumentar? Mas vamos falar em ótimo populacional baseados em quê? Nos recursos naturais, nas políticas sociais, no bem-estar, na questão ambiental? Diminuir ou aumentar significa que você é pró ou contra os natalistas. Não sou nem uma coisa nem outra. Eu sou pelo livre arbítrio e pelo direito reprodutivo das pessoas. Trabalho no direito individual que, uma vez respeitado, vira um direito quase coletivo. Cada pessoa, tendo as informações a respeito da reprodução e acesso a serviços de esclarecimento e anticoncepção, tem o direito de optar por ter filhos ou não. Caso queira, decide quantos e quando quer.
Fresta de oportunidade
A população economicamente ativa está, em geral, entre 15 e 64 anos. Teoricamente é a que tem que trabalhar para dar conta das crianças e dos idosos. Essa relação criança-idoso e a população economicamente ativa chama-se razão de dependência. Na medida em que a fecundidade cai, diminui a proporção de crianças. Por outro lado, a longevidade, que é a expectativa de vida, aumenta. Nos países europeus, essa razão de dependência não é favorável. As curvas já se cruzaram, ou seja, a população idosa já ultrapassou a de crianças. Eles têm uma razão de dependência elevada, a janela de oportunidade está se fechando, digamos assim. No Brasil, a razão de dependência ainda não é elevada. Temos um bônus demográfico.
Ambiente fértil
De 1996 a 2006, a fecundidade passou de 2,5 para 1,8. Caiu em todas as idades. A maior fecundidade continuou entre os 20 e 25 anos. Mas é interessante notar que 44% das jovens até 20 anos não tinham iniciado sua vida sexual. Isso está ligado à escolaridade, não só dessas jovens como das mães delas. Não é só orientação e exemplo, é o ambiente todo. Elas têm outras formas de gastar o tempo, outras formas de lazer, preferem deixar para depois. Já para aquelas que engravidaram antes dos 20, muitas de classes desfavorecidas, algumas disseram que isso atrapalhou seus planos, tiveram que sair da escola. Mas, para algumas, o impacto foi positivo porque sentiram que têm uma família. Não é tudo negativo como a gente pensa.
Ao largo da religião
A filiação religiosa não chega a ser um fator determinante do comportamento reprodutivo, como o são a escolaridade e a renda. Há uma porcentagem alta de brasileiros que se declaram católicos nas pesquisas, por exemplo. Fosse isso determinante, como explicar a redução da fecundidade de 6,3 para 1,8 de 1960 para cá? Essa queda não é por abstinência. Claro que não! É óbvio que a Igreja sabe que as pessoas estão evitando ter filhos e optando por reduzir o tamanho da família. O Vaticano é contra o uso da camisinha até hoje. Mas cresce o uso do preservativo, e quem mais usa é o jovem. A questão da fecundidade no Brasil passa ao largo da filiação religiosa.
A laqueadura e o aval do parceiro
A Igreja Católica no Brasil nunca se pronunciou a respeito da esterilização feminina nem masculina. Nunca. Na minha opinião, fecharam os olhos para centrar em outras questões, como o aborto. Acho que a laqueadura é um direito, desde que não esteja vinculada à cirurgia da cesárea. Porque você sabe que, no Brasil, o número alto de cesáreas tem muita relação com a laqueadura, o que é proibido. De qualquer forma, na pesquisa de 2006, dá para ver como o índice de laqueaduras caiu. Agora, é verdade, para fazer a vasectomia ou a laqueadura é necessário o consentimento do parceiro ou da parceira. A legislação fala isso. É algo que fere o direito individual, tanto assim que muitas mulheres solteiras diziam não fazer a laqueadura porque, na hora de preencher aqueles requisitos, a coisa complicava. Isso tem a ver com o planejamento familiar, que pressupõe que você precise de uma família. Mas você pode ser apenas você e optar por uma esterilização porque não quer ficar tomando pílula o tempo todo. O problema é que, uma vez esterilizadas, muitas mulheres não se preocupam com a prevenção e ficam expostas ao HIV. Então não tem saída: exercer a sexualidade dá muito prazer, mas também dá muito trabalho.
“O Rei do Gado”
Na época da novela O Rei do Gado, queríamos saber o seguinte da Globo: ao insistir novamente em pequenos núcleos familiares, tinha ela a intenção de estimular a redução da fecundidade? Os diretores disseram que não. Explicaram que, se criassem famílias com muitos membros, era capaz de esquecerem um personagem dentro do banheiro e não acharem mais. A TV não teve intenção, mas acabou influenciando nesse sentido. E continua assim, agora por meio do consumo. É para comprar isso, para comprar aquilo… A pessoa também quer consumir como todo mundo, ter computador, ter celular, ir à academia. Com isso ela conversa com as pessoas, se informa, quer fazer outras coisas para sua família e para si mesma, quer ter menos filhos para criá-los melhor. É um conceito que vai se propagando, isso vai indo.
Previdência como redutor
Antes as famílias tinham muitos filhos porque os pais sabiam que alguns iam morrer e sobrariam outros para cuidar deles na velhice. No momento em que se tem a Previdência Social, isso não é mais necessário. A Previdência, então, foi uma política que teve influência na redução da fecundidade. Falando em velhice, a cultura do primogênito, do filho homem que vai cuidar dos pais, sofreu duro golpe. No Japão, por exemplo, as jovens que iam para a universidade não queriam mais casar com o primogênito. O que o Japão fez? Veio buscar muita mulher no Brasil, filhas de japoneses. É o que chamei de transfusão populacional. A adoção de crianças pelo primeiro mundo também é uma transfusão desse tipo.
Educação & sexualidade
Faço uma diferença entre educação e sexualidade e educação sexual. A educação é um direito humano, assim como o direito sexual. Educação e sexualidade é um conceito mais completo e amplo, tanto que a ONU, quando fala em educação sexual integral, afirma ser ela um direito humano. Mas, a despeito de termos legislação no Brasil que classifica a sexualidade como tema transversal, a grande maioria das escolas públicas não trata dessa questão. Por quê? Um dado é que não temos preparação suficiente nos cursos de pedagogia que formem professores nessa área. Há tantas matérias que você precisa atender… Temos que dar mais informações aos jovens, mas via linguagem deles. Na área da saúde, acho que já evoluímos. A saúde se preparou para receber adolescentes. A educação, não. Mas muito do que vai acontecer lá no serviço de saúde que atende adolescentes é consequência de uma falta de educação e sexualidade. Na verdade, a educação e a saúde conversam muito pouco sobre essa questão. É aí que quero gastar o tempo que me resta. Batalhando por uma educação e sexualidade plural, democrática, científica, sem estereótipos. Claro que falta muita coisa, mas essa lacuna…
Comentários
Maria Amaral
Finalmente encontrei alguém que consegue ir além do preconceito contra a mulher, que nestes casos é sempre considerada um monstro ao abandonar o seu bebê na lixeira, num terreno baldio na chuva,etc. Ninguém até agora parecia perguntar em que situação estaria essa mulher para fazer uma coisa dessas. Elza Berquó responde: DESESPERO. Eu acrescento: gatas e cadelas, quando estressadas, devoram suas ninhadas. Por que a mulher, fêmea do animal humano, teria que ser tão superior assim às fêmeas dos bichos? Como se sabe, a diferença genética entre nós e os outros mamíferos, é mínima…
Beni
Isso é falta de Deus no coração, não pode ser normal abandonar uma criança. É mais que um crime, se pessoa não tem condição de cuidar busque ajuda em algum centro social mas largar ao relento é imperdoavel.
JOSE DANTAS
O abandono de crianças na lata do lixo tem realmente alguns nomes: monstruosidade, crime hediondo, falta de respeito pela vida dos outros, covardia, confiança na impunidade, etc…
A colocação de uma criança na porta de uma residência, bem acondicionada e com a intenção de que essa criança seja amparada e de qualquer modo possa ter uma vida mais digna, além de desespero e outras mazelas, é um ato de amor por parte de uma mãe que abre mão do convívio com o próprio filho em seu próprio benefício
P. Fernandes
José, fazer juízo de valor do desespero de quem não tem saída é monstruoso. Devemos lutar por um país no qual as mães que não querem ou não podem cuidar dos filhos que geraram possam ter saídas dignas que não o lixo.
Wildner Arcanjo
Elas sempre tem, podem entregar para o conselho tutelar e isto não é crime no Brasil. Mas, abandonar a criança aí sim configura crime.
Qualquer maternidade pública tem a obrigação de encaminhar a mulher, que encontra-se em situação difícil após o parto, para o amparo dos conselhos tutelares, das varas de infância e adolescência.
Agora, com relação a classificação do crime (se monstruoso, ediondo ou outras denominações), depende da forma como a criança foi abandonada. Muitas vezes entende-se a razão da mãe, o desespero, mas não se entende que em desespero se deixe a criança, premeditadamente, para morrer.
Enfim, admintir que não têm condições de criar a criança a que deu a luz e entregá-la para adoção não é um ato que mereça desabono, de nenhum tipo, ou discriminação, é até um ato de amor.
P. Fernandes
E veu que pensei que o monge Wildner Arcanjo se colocaria à disposição para levar todas as crianças abandonadas para sua casa…
Wildner Arcanjo
É aquela velha história da "Busca da Felicidade" que tanto querem colocar na nossa Constituição. Plagiando a Norte-americana (eita povinho que legisla sem originalidade. Chega disso né!)
– Quem é que disse que a felicidade está em uma nota de R$ 100,00 ou de U$ 100,00?
– Quem disse que a felicidade passa pelos parâmetros estéticos da sociedade?
– Quem disse que ser feliz é ter um bom emprego, um carro novo e "bala", um bom salário ou um emprego de "tradição e respeito" (como se todos os outros empregos, desde o gari até o médico, não são de respeito)?
– Quem disse que para se ser feliz precisa-se buscar a felicidade? muitas vezes ela está a nossa volta e nós nem a percebemos!
– Quem disse que para se buscar a felicidade vale tudo, inclusive passar por cima da felicidade dos outros?
Nunca vou entender esse conceito de felicidade…
JOSE DANTAS
O Brasil passa pelo melhor momento de sua história em relação a concessão de benefícios sociais, além de oferecer oportunidades de trabalho, mesmo que na base do "bico", para quase todas as pessoas que se disponham a abraçar uma oportunidade qualquer. Curiosamente, passa também pela fase mais negra de que se tem conhecimento em relação a valorização da vida. Hoje em dia toma-se um celular e em seguida atira-se nas costas da vítima somente para ver a queda. Toma-se o carro e sem nenhuma reação mata-se o proprietário. Pessoas que tem esse tipo de comportamento agem como verdadeiros monstros e assim não exercem o sentimento materno ao colocar uma criança no mundo. Se fosse desespero a mãe pegava a criança, alimentava, agasalhava, acomodava em alguma caixa que lhe premitisse pelo menos respirar e a colocava num terraço de residência, ou na porta do conselho tutelar mais próximo e não simplesmente numa lata de lixo. Isso é perversidade, falta de Deus no coração e sobretudo confiança na impunidade existente no País.
Wildner Arcanjo
Falta de amor pela vida dos outros, talvez até de amor pela própria vida. Gosto da frase que diz: "não faça aos outros o que não quer que os outros façam a você". Se todo mundo pensasse assim… seríamos bem mais felizes!
Daniel Campos
Há tantas variáveis envolvidas neste assunto que nem imagino como enumerar, e a maioria se eu enumerar irá chocar os religiosos e os moralistas.
monge scéptico
Para os indiferentes, aquela miserável que passa arrastando atrás de si, quatro, cinco ou mais
filhos, é a culpada, por entregar a miséria series postos no mundo,por ela que, vê-se, que não
tem condições para criar um grilo numa caixa de fósforos .È fácil apenas culpa-la, pelas calça-
-das cheias de crianças miseráveis, desnutridas, seminuas entregues a dolorosa humilhação,
que carregarão pelo que lhes resta de vida. Nas alfombras de suas alcôvas, hipócritas conde-
nam as cenas, sem levantar o bundão dali e esbravejar pior uma solução, que passe por uma
esterilização ou, melhor uma conscientização, quanto à aplicação do procedimento.
Se pessoas normais, cruelmente assalariadas e exploradas, mais que podem alimentar razoa-
-velmente uma criança não tem hospital para parir, aqueles então……………………………
Lá na gaiola das loucas, parecem ignorar tudo isso, envoltos que estão numa atmosfera falsa
de realeza e fausto. Sob essas camadas, o fogo da insastifação, queima lentamente……………..
niveo campos e souza
Entendo que existem vários fatores para serem solucionados, em curto, médio e longo prazos:
– Curto prazo: identificar pai e mãe e responsabilizá-los judicialmente
– Médio prazo: facilitar e melhorar a disponibilidade e condições de acesso às creches
– Longo prazo: melhoria das condições econômica e educacionais das famílias de onde vieram estes pais e mães
Niveo Campos e Souza
zé eduardo
Completamente de acordo, Niveo, especialmente com a medida em curto prazo. As demais, acredito, podem ser agragadas de outras estratégias e políticas públicas. E justifico: se para adotar uma criança se exige, adequadamente uma série de requisitos, porque se banaliza a concepção, como se não produzisse impacto individual e coletivo? Claro, há um evidente e inevitável viés de classe, mas enquanto isso não se resolve numa sociedade mais igualitária e justa, o Estado e a Sociedade 'lavam as mãos'?
SILOÉ -RJ
Enquanto isso… Por exesso de patrimônio, o PIG está fritando o Palocci dioturnamente há quase uma semana!!!.
Pelo visto, o espião duplo abandonou um dos lados.
E a oposição desvairada, louca para fazer um festival !!!
Laila
Não se preocupe…Serra saiu em sua defesa.
Margarida
Julgar a sociedade e as condições que esta sociedade dá para muitas mulheres cometerem estes atos criminosos é muito facil, difícil é compreender a cabeça de uma pessoa que faz um ato deste, não responsabilizar os pais que tenta matar ou se livrar do seus filhos os negligenciando é como se tirasse toda a sua responsabilidade desde do ato sexual e colocasse no estado.
Tem sim que responsabilizar a mulher que pratica este ato. Não pode criar seu filho, entregue para adoção, ele pode vim a ter uma melhor sorte, mas abandona-lo para mim é crime, passível de muitos anos de cana.
Vinícius
Concordo mas acrescento que as grávidas e mais ainda as mulheres em estado puerperal costumam estar numa condição emocional única e muito difícil. Em outras palavras, acho meio cínico negar a responsabilidade individual, nessa espécie de determinismo "do bem" que dá nos nossos nervos, mas por outro lado não sabemos o que passa na cabeça das grávidas e recém-ex-grávidas, não vamos julgar até que tenhamos passado por coisa parecida, você não acha?
Wildner Arcanjo
O Homem traído,
A Mulher traída,
O homem que perdeu o emprego por conta do chefe ou da chefa e que necessitava dele para sustentar a família,
A mulher, em mesma condição que a anterior,
O Velhinho que foi desrespeitado na fila do banco,
O homem ou a mulher que foi negligenciado no hospital,
Todos estes estavam também em situações difíceis e a sociedade não admite que eles atentem contra a vida de outros. O será que a criança não tem vida, nem depois que nasce?
Além do mais, será que, em estando nestas condições, o comum na sociedade é deixar crianças abandonadas ou buscar outras saídas para este problema? Existem estatísticas que provem que abandonar é o comum ou que o normal é o contrário?
Quem pode me responder?
Vinícius
Pois é. Vale lembrar que aqui mesmo, no Viomundo, quando rolou o abandono de uma das trigêmeas, em Curitiba, o tom da turma era só de repúdio, já que a moça era "bem de vida": http://www.viomundo.com.br/denuncias/mundo-louco-… . Quer dizer, daí não ninguém lembra de direito reprodutivo, depressão pós parto…
Sobre soluções, a solução é humanizarmos nossa própria casa e nossa própria vida pessoal. Daí essa humanidade transborda para o nível público. O oposto também é verdadeiro. Eu vejo isso acontecer em minha própria vida. Você pode se mobilizar politicamente a favor da reforma agrária, da CPMF, mas a favor do amor não. O amor vc só constrói praticando, assim como a insensibilidade.
Mas pra quem gosta de se mobilizar politicamente, proponho o debate sobre parto anônimo. Dois textos:
O mais conciso: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/23877-o-…
O mais completo: http://blogdoscheinman.blogspot.com/2009/09/parto…
Alan Resende
Por que se tem tanta ladainha quando se abandonam crianças, mas não se tem ladainha sobre o antes de transar?
Parece que depois de tudo foi um grande erro…
Se nao queria ter filho, foi dar pra que? Entao dá o rabicó… (me desculpem a expressao)!
Vinícius
Dois textos sobre a legalização do parto anônimo.
O mais conciso: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/23877-o-…
O mais completo: http://blogdoscheinman.blogspot.com/2009/09/parto…
ZePovinho
Vamos deixar uma mulher,uma nordestina falar sobre o crime que é entregar educação pública ruim para nossas crianças.O discurso é arrasador:
Depoimento da professora Amanda Gurgel
[youtube yFkt0O7lceA http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA youtube]
Eu já trabalhei no meio político,Azenha.Essa mulher extraordinária jogou pérolas aos porcos.Esses bandidos não estão nem aí.
FrancoAtirador
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QUE PAULADA DA PROFESSORA !!! BRILHANTE !!!
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Observação:
O Rio Grande do Norte é o latifúndio urbano e rural da família Maia, do coronel Zé Agripino (DEM), e da família Alves, dos Coronéis Garibaldis (PMDB).
Na última eleição para o Senado, no estado potiguar, os coronéis José Agripino Maia e Garibaldi Alves Filho fizeram dobradinha para derrubar Wilma de Faria (PSB), e conseguiram.
Detalhe:
Na eleição para governador do estado do Rio Grande do Norte elegeu-se a senadora Rosalba Ciarlini, do DEM, que havia exercido apenas metade do mandato.
Sabem que assumiu a vaga de Rosalba, como suplente dela, no senado ?
O coronelão ancião Garibaldi Alves, do PMDB, pai do senador reeleito Garibaldi Alves Filho, atual Ministro da Previdência Social.
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Nesse contexto, talvez dê para ainda melhor se situar
no depoimento da notável educadora, professora Amanda Gurgel.
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ZePovinho
Sou a favor de tirar a educação pública das mãos de estados e municípios e deixar só com o governo federal,nos moldes(administrativos) dos IFET'S,Franco Atirador.
Estados e municípios tiveram mais de 20 anos e só fizeram porcaria com a nossa educação.
E viva uma hipótética Rede Federal de Ensino Básico(do maternal ao ensino médio)!!!!!!!!!!!!Adira a essa ideia,Dilma!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Com 1% dos juros da dívida pública dá pra fazer!!
FrancoAtirador
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Caro ZePovinho.
Há tempos venho refletindo na questão e cheguei a esta triste constatação:
A municipalização e a estadualização da educação e da saúde fracassaram.
E os motivos desse fracasso são tantos, que talvez seja impossível enumerá-los todos:
Faltam gerenciamento, planejamento, projetos, vontade política e interesse público.
E sobram desvio de verbas, descaso administrativo, sucateamento e precariedade nos serviços.
É o verdadeiro caos nacional.
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Wildner Arcanjo
Afinal de contas o dinheiro para patrocinar a fanfarra tem que sair de algum canto…
Rogério Floripa
Vou deixar este documentário que vai de encontro ao tema.
Documentário – O Aborto dos Outros – Ao mostrar os efeitos perversos da criminalização para as mulheres,
o longa aponta a necessidade de revisão da lei brasileira. http://bit.ly/kUI5zn
Sandra Paz
LUIZ CARLOS AZENHA,
Esse vídeo da professora Amanda deveria ser divulgado nacionalmente, aqui no RN está tendo bastante acesso, pelo discurso limpo e óbvio, que ela faz, vale a pena ver.
maria madalena
mulher guerreiraaaaaaaaa esta professora Amanda!
Sandra Paz
IMPERDÍVEL O VÍDEO QUE ESTÁ CIRCULANDO NA INTERNET DA PROFESSORA AMANDA GURGEL EM UMA AUDIÊNCIA PÚBLICA NO RN A RESPEITO DA GREVE DOS PROFESSORES DO ESTADO QUE COMEÇOU HÁ 19 DIAS E NENHUMA PROPOSTA DE NEGOCIAÇÃO DA GOVERNADORA ROSALBA CIARLINI, JÁ VIROU ATÉ COMUNIDADE:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embed…
Bruno
Acho a expulsão da Seris uma das coisas mais absurdas do PT. http://presidente40.folha.blog.uol.com.br/arch201…
Mas, para quem absolveu o Delubio, tem coerência
FrancoAtirador
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Essa decisão não é definitiva.
Ela foi tomada, por 3 votos a favor e 2 contra a cassação de Serys,
pela Comissão de Ética da Executiva Regional do PT do Mato Grosso.
Ainda precisa passar pelo crivo do Diretório Regional que tem 47 membros.
Depois disso, se mantida a decisão, ainda caberá recurso à instância nacional.
http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/sec…
Miryam Mager
É importante que pessoas com a qualidade de Elza ressaltem o insuportável fato do abandono de crianças no Brasil. Concordo em tudo, mas uma coisa ainda faz muita falta: denunciar os progenitores omissos. Porque os pais (os homens que afinal representam 50% na confecção da criança) não são chamados, mostrados e presos como as mães? Elas ficam sozinhas, no mais absoluto abandono, com um problema maior do que suas condições econômicas, sociais, emocionais,,,de suportar na mão.
Almeida Bispo
Miryam, onde mesmo é que o menino é gerado? Dentro de quem mesmo é que o danadinho passa nove meses? Onde é – ou deve ser como o é em todos os outros animais mamíferos – que o danadinho se alimenta por, pelo menos seis meses? A quem é que o danadinho se reporta toda vez que tem necessidade de apoio?
Cada macaco no seu galho, minha cara. Eis o problema: tem macacas pulando demais fora de seu galho em nome de uma tal modernidade que, a rigor se pergunta: pra quê, se o importante é ser feliz e futilidades, quando trazem felicidade o faz da forma mais fútil possível, obviamente. Veja bem, não sou contra ninguém fazer o que bem quiser. Desde que não produza sofrimentos pra si e principalmente para os outros. Parir, perpetuar a espécie é atributo das fêmeas. Os machos são apenas uma invenção da natureza para o enriquecimento genético; jamais vão parir. Por isso jamais terão com os filhos o mesmo tipo de laço que tem ou deve ter as mães. Claro, deve ser facultativo nunca querer parir, mas, "se pariu Mateus, que o balance". O pai no máximo é o burro de carga; o mantedor. Sempre será isso.
Ninguém subverte as leis da natureza sem pagar o preço por isso.
Vinícius
Jesus acusou os fariseus de botarem nas costas dos outros cargos que eles mesmo não poderiam carregar…
Você é pai? Poxa, cara. É muito f***. Totalmente contra minha natureza livre, solitária e egoísta. Apesar de valer a pena e tudo.. não é todo dia que eu quero me doar pra alguém.
Mas como eu posso exigir da minha mulher que se doe, que seja a mãe que meu piá merece, se eu não faço o mesmo?
Bueno, eu não faço o mesmo que ela. Mas eu tento. Isso é justiça.
Nem as macacas se reproduzem por partenogênese, meu caro. Foi homem na hora de fazer, seja homem na hora de cuidar. Quantos homens empurram a mulher para o abandono do filho e, principalmente, para o aborto? Muuitos, cara. Na minha família tem pelo menos um caso de um homem que "abortou". Então, na minha opinião, em caso de aborto, tinha que investigar a participação do homem na coisa toda. Uma mulher ter medo de passar pela gravidez toda, experiência que tem risco de morte, vá lá. Agora, homem? Aaaaah, não. Cadeia no covarde. E tenho dito.
Almeida Bispo
Você entendeu tudo errado, oh! O que sou contra é esse modernismo idiota de querer negar fatos… de contrariar acintosamente as leis da natureza pra justificar abandonos reais. Onde foi que eu, pai de três filhos, disse que o pai deveria abandonar os filhos e deixá-los apenas nas costas das mães? Uma coisa é apoiar as mulheres, mães ou não, nos seus direitos de serem mulheres; outra é apoiar a transformação destas em objeto, meros objetos, supostamente donas de seus narizes, mas de fato a serviço do barateamento de mão de obra e do consumismo desenfreado, inclusive de seus próprios corpos.
E Jesus criticou os fariseus justo porque nunca tomou partido nenhum, nunca foi na onda da vez, do "politicamente correto" como estes. Apenas foi justo. Por isso mesmo o crucificaram.
Everaldo Magalhães
Temos alguns demógrafos ques e interessam pelo povo e nunca nos deixam sós. A profa. dra. Elza Berquó é um dos maiores exemplos. Grande mestra!
waleria
Porque não uma ampla campanha a favor do contraceptivo e a pilula do dia seguinte?
Por causa da Santa Madre?
Mas não somos um país laico?
Ou nossa constituição é só pra ONG multinacional ver?
Gerson Carneiro
“O desespero tem razões que só o desesperado entende.
Há certas situações na vida que só quem passa sente e sabe o que é. É muito fácil para alguém que tem ao redor um mundo inteiro de conforto fazer beicinho e carentas de reprovação na tela da televisão.”
Acima meu comentário no post “Lívia Tiede: Sobre mães que abandonam os filhos” de 27 de abril de 2011.
É importante lembrar que muitas mulheres, para não ter que abandonar a criança, provocam aborto, de forma precária, sem assistência médica alguma, e muitas mulheres morrem nesse ato.
Essas crianças que são abandonadas deveriam ser entregues, para serem criadas, ao bispo Dom Luiz Gonzaga da Diocese de Guarulhos, ao Pastor Malafaia, e todos os que são radicalmente contra aborto e adoção de crianças por casais homossexuais.
Leider_Lincoln
Bem lembrado, companheiro!
Nêgo como ocê deveria ser legislador desse país…
=]
Gerson Carneiro
É só votar em mim :)
aurica_sp
Concordo com você Gerson!!!
Wildner Arcanjo
Taí Gerson. Concordo com você.
Entreguem ao Don Luiz Gonzaga, ao Malafaia aos que são contra aborto ou adoção por casais homossexuais. Mas, que entreguem e não abandonem!
Abandonar é cruel, desumano e, além de tudo, um crime em nosso país!
Como dito em um post acima, que alimente, coloque dentro de uma caixa e coloque na porta de alguém, se não quiser escrever um bilhete com as causas do abandono isso não é problema, mas… jogar na lata do lixo? Envolto em um saco plástico e amarrado? Isso não é só desespero é crueldade!
Abraços!
FrancoAtirador
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REPROTEÇÃO
Vamos aplicar a Lei de Proteção
aos pobrezinhos animais
que seriam racionais
e que só não o são,
porque, antes de o serem, morrerão
de fome, de frio, de churrio
de sede, de desnutrição.
Vamos aplicar a Lei de Proteção
aos nossos pobres vira-latas
que saíram lá das matas
invadiram tua cidade
e sem oportunidade
apodreceram nos portais.
Esses reles animais
são a tua própria escória,
mas também têm sua história
p’ra contar e p’ra cantar,
mas não paras p’ra escutar,
só cheiras seu fedor;
tua miséria interior
ensurdeceu o teu ouvido;
já não tens nenhum sentido
para a dor e para o amor,
mas, se resta uma razão,…
Vamos aplicar a Lei de Proteção…
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