Eliara Santana: No Brasil do Jornal Nacional, só interessa o olhar singelo do cãozinho

Tempo de leitura: 2 min

por Eliara Santana, post em rede social

O silenciamento como política editorial novamente operando no Jornal Nacional.

Na edição desta noite, 18 de junho, quando há divulgação de vazamentos pelo The Intercept, o principal jornal da Rede Globo usa a estratégia já bem delineada: ignorar o acontecimento e recriar um cenário.

Algumas rápidas considerações:

Ignora-se completamente o vazamento das conversas entre Moro e Dallagnol. Não há qualquer menção ao nome de FHC, citado nas conversas.

Ignora-se solenemente a denúncia da Folha envolvendo disparos de WhatsApp a favor de Bolsonaro na campanha de 2018 .

O personagem principal que é alvo da polêmica e das denúncias não aparece de nenhuma forma na edição.

Tira-se o foco de Sergio Moro, certamente para evitar a exposição e o desgaste.

Resumindo: vão blindá-lo.

O governo Bolsonaro (o presidente) aparece num quadro positivo, de equilíbrio na negociação de pautas a serem votadas.

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Em matéria de Délis Ortiz (responsável por entregar a Bíblia no Planalto), Bolsonaro aparece primeiro em relação ao decreto das armas, que estava sendo apreciado pelo Senado.

Na fala direta, Bolsonaro diz que no Brasil as pessoas que estão à margem da Lei estão armadas, então, é preciso dar às outras pessoas o direito de se defenderem (gancho convincente).

Mesmo defendendo, ele diz que respeitará a decisão do Senado, pois é um democrata.

Na continuação, ele está em outro evento, o lançamento do Plano Safra, e faz um apelo educado aos ruralistas para que não deixem morrer os dois assuntos na apreciação da Câmara – falando diretamente a eles, ressalta que sabem como é difícil produzir no país e como a questão da violência é um problema.

Portanto, é um país normal, que caminha normalmente, em que os poderes se entendem nas negociações. Notem que a figura representada é de um presidente equilibrado, disposto a negociar.

Com uma edição equilibrada do ponto de vista dos assuntos (pouco polêmicos), cria-se um cenário de normalidade: pela distribuição da grade, com assuntos pouco relevantes, periféricos e banais (há matéria de um minuto que aborda, por exemplo, como os cães conseguem conquistar os donos pelo olhar), tem-se esse cenário.

A importância recai sobre as votações na Câmara.

Tratamento aos grandes temas Política e Economia: a Política é trazida pelas matérias sobre votações na Câmara (com espaço para falas de Rodrigo Maia) e no Senado e pelo enquadre da pauta da Previdência, que ainda recebe destaque. Não há pauta específica de economia.

Pelo visto até aqui, suponho que o Jornal Nacional vá adotar duas posturas, que se conectam:

Fazer a linha silenciar-negligenciar em relação às denúncias do The Intercept e as trazidas pela Folha (campanha 2018), blindando Moro – até quando for possível ou até que se construa um viés.

Fortalecer em alguma medida o governo Bolsonaro, dando a ele o verniz de equilíbrio e disposição à negociação

A estratégia é para criar um cenário de “normalidade” no país, onde os poderes (Legislativo, Executivo) estão funcionando e caminhando para buscar a provação da reforma da Previdência e equilibrar as contas.

Não há escândalos, não há denúncias, não há perseguição sendo escancarada. Nada não existe. Portanto, o país precisa caminhar.

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Comentários

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Zé Maria

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O Cãozinho Singelo do Moro é o Dallagnol.

Zé Maria

O Intercept não precisaria publicar mais nada para
se chegar à conclusão de que o Moro é Corrupto.
Evitar que se processasse o FHC para obter apoio
em futuras Ações Penais contra seus adversários
foi de uma baixeza moral típica de um Bandido.

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