Dr. Jairinho, suspeito de matar o enteado, foi chamado de servo de Deus e se diz cidadão de bem

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Dr. Jairinho: quem é o médico e vereador preso suspeito de matar o enteado

Do Extra

Primogênito de um casal de dona de casa e coronel da Polícia Militar e deputado estadual, Jairo Souza Santos Júnior cresceu nas ruas de Bangu, onde sua família mantém a casa de dois andares com piscina e churrasqueira e estabeleceu seu reduto político.

Em 2004, aos 27 anos, herdando os passos eleitorais do pai, participou da primeira campanha e foi o vereador mais votado do Partido Social Cristão (PSC).

O ano foi o mesmo da sua formatura como médico, na unidade da Unigranrio de Duque de Caxias.

O aluno, com CR 7,4, tem fama no campus de ser um homem inteligente, bem articulado e gentil — a mesma que lhe fez continuar na Câmara por outros três mandados consecutivos, se tornar líder do governo na gestão de Marcelo Crivella e ainda trabalhar a favor da vitoriosa candidatura de Eduardo Paes, em 2020.

Em relação à Medicina, Jairinho fez questão de constar nas primeiras linhas de seu depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca), em 17 de março, na condição de testemunha da morte de seu enteado, Henry Borel Medeiros, nove dias antes, que nunca exercera a profissão.

Ao relatar que, após encontrar com a namorada, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva de Almeida, o filho dela caído no quarto com mãos e pés gelados e olhos arregalados, negou ter feito qualquer manobra de reanimação por falta de experiência. E contou que a última vez que realizara massagem cardíaca foi em um boneco, durante as aulas do curso de graduação.

Já no ofício parlamentar, muitos dos projetos de sua autoria e coautoria estão justamente ligados ao bairro de seu nascimento na Zona Oeste.

É dele o texto que defende o tombamento da sede do Céres Futebol Clube, time de Bangu que disputa divisões inferiores do futebol carioca e cujo presidente é Jairo Souza Santos, o coronel Jairo, pai de Dr. Jairinho.

É dele também a concessão do benefício de licença maternidade e paternidade para servidores públicos que adotem crianças e a suspensão da aprovação automática na rede municipal de ensino.

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“O foco de seu mandato está na restituição da dignidade ao cidadão pelo atendimento do poder público no quesito saúde, sem deixar de pensar na educação dos jovens. De espírito empreendedor, apoia as iniciativas que buscam a melhoria da qualidade de vida da população”, diz o seu perfil no site da Câmara.

Apesar de o texto informar que ele vive até hoje em Bangu, o vereador morou em apartamentos de pelo menos dois condomínios na Barra da Tijuca na última década.

Com a ex-mulher, a dentista Ana Carolina Ferreira Netto, mãe de dois de seus três filhos, dividiu uma cobertura no Le Park. Em novembro passado, mudou-se com Monique e Henry para uma unidade do Majestic, no Cidade Jardim.

Após a morte do menino, porém, contou na delegacia ter voltado para a casa dos pais e da irmã, sua fiel escudeira nas campanhas políticas. Foi lá que foram apreendidos cinco telefones celulares e um laptop na manhã de 26 de março.

Durante a diligência do inquérito, porém, o aparelho de Coronel Jairo não foi localizado.

Aos agentes, o deputado disse que o equipamento já havia sido levado durante a operação Furna da Onça, uma das fases da Lava Jato no Rio, deflagrada pela Polícia Federal em 2018, quando foi preso.

De acordo com o Ministério Público Federal, ele era suspeito de participação no ‘mensalinho’ da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), um esquema que movimentou R$ 54 milhões em pagamentos para que deputados votassem com o governo.

A organização criminosa, que seria chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, dava propina aos parlamentares para que patrocinassem interesses do grupo, que ainda oferecia o loteamento de cargos em diversos órgãos públicos do estado, como o Detran, onde poderiam alocar mão de obra comissionada ou terceirizada.

Câmara suspende salário e discute cassação

Após a prisão de Dr. Jairinho, a Câmara Municipal do Rio informou, em nota, que, dada a gravidade da situação, os parlamentares vão se reunir nesta quinta-feira para debater a situação do parlamentar, que pode ter o mandato cassado, conforme antecipado pela coluna de Berenice Seara, no EXTRA.

Na manhã desta quinta-feira, Dr. Jairinho teve seu salário suspenso pela Casa e, a partir do trigésimo dia preso, ficará formalmente afastado do cargo, como manda o Regimento Interno.

Em nota, a Executiva Nacional do Solidariedade, em conjunto com a Estadual do partido, também informou, diante dos fatos revelados, que o vereador foi expulso da sigla, de forma sumária, na tarde desta quinta-feira.
Confira o comunicado da Câmara na íntegra:

“A Câmara Municipal do Rio de Janeiro, atenta à gravidade da prisão do Vereador Dr. Jairinho e, como já declarado, consternada com a morte do menino Henry, se reunirá hoje para debater a situação do parlamentar, com a responsabilidade que o caso exige. Embora inexista até o momento representação formulada no Conselho de Ética, será dada toda celeridade que o caso exige.

Em razão da prisão, o vereador tem sua remuneração imediatamente suspensa e fica formalmente afastado do mandato a partir do trigésimo primeiro dia, na forma do art. 14 do Regimento Interno”.


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Comentários

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Zé Maria

O que há de Miliciano cidadão de bem(ns) no Rio de Janeiro dá pra montar um Esquadrão [da Morte] …

Zé Maria

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Pai de Dr. Jairinho é ex-deputado e coronel da PM
que estava preso até 2019

Poder e influência: histórico da família de Dr. Jairinho
justifica preocupação de que investigação da morte
do menino Henry Borel termine em ‘Pizza’.

Em novembro de 2018, a Furna da Onça, que mirou o esquema de corrupção de Cabral, apontou que deputados recebiam mesada do então governador para votarem a favor do governo na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).

Na eleição daquele ano, Coronel Jairo foi o primeiro suplente da coligação entre o Solidariedade, seu partido, e o PTB. Contudo, por estar preso não pôde assumir o mandato quando um dos eleitos — Anderson Alexandre, também do Solidariedade — foi para a prisão durante o mandato. Jairo conseguiu um habeas corpus em dezembro de 2019 e está solto.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Coronel Jairo também tinha influência para nomeações em postos do Detran-RJ situados nos bairros cariocas de Bangu e de Campo Grande. As nomeações feitas pelo parlamentar eram para chefes de unidades, responsáveis pelas vistorias, e para assistentes.

Os funcionários indicados para os postos também atuavam em campanhas eleitorais do político, garantindo-lhe votações expressivas em suas regiões de influência para nomeações.

Seguindo os caminhos do pai, Dr. Jairinho já está em seu 5º mandato consecutivo.
Ele foi eleito pela primeira vez em 2004, quando tinha apenas 26 anos.

Apesar de ter sido eleito usando o nome de ‘doutor’, Jairinho nunca exerceu a medicina.

O vereador afirmou em depoimento à polícia que não socorreu Henry porque a última vez que fez massagem cardíaca foi em um boneco na faculdade.

Íntegra em:
https://www.pragmatismopolitico.com.br/2021/03/pai-de-dr-jairinho-e-ex-deputado-e-coronel-da-pm-que-estava-preso-ate-2019.html

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