Danilo Martuscelli: É preciso combinar as lutas contra o impeachment e o ajuste fiscal
Tempo de leitura: 4 minÉ PRECISO ARTICULAR A LUTA CONTRA O IMPEACHMENT COM A LUTA CONTRA O AJUSTE FISCAL
por Danilo Enrico Martuscelli, especial para o Viomundo
A atual conjuntura brasileira tem sido marcada pela combinação explosiva de duas crises: uma crise política e uma crise econômica.
Em linhas gerais, vivemos sob a conjuntura de uma crise do social-liberalismo, ou melhor, uma conjuntura de ofensiva política do imperialismo contra as reformas no modelo capitalista neoliberal que os governos petistas conseguiram implementar entre 2005 e 2013.
Tal ofensiva desarticulou completamente a frente neo-desenvolvimentista, dirigida pela burguesia interna e que tinha como base de apoio amplas camadas organizadas e desorganizadas das classes trabalhadoras.
No campo político, a crise se expressa como uma crise de governo e como uma crise do hiper-presidencialismo.
É uma crise de governo, pois o alvo principal dos ataques das forças de oposição de direita ao governo tem sido a presidenta Dilma e seu partido. Os reduzidos índices de popularidade desse governo combinados com o ódio anti-petista, que atinge o conjunto das forças progressistas, são algumas das evidências desse processo.
Não é à toa que a pauta do impeachment, mesmo com toda a sua fragilidade jurídica, esteja tão em destaque. É também uma crise do hiper-presidencialismo, visto que o Executivo tem tido muita dificuldade de obter a cooperação do Legislativo para aprovar matérias de seu interesse.
O Executivo perdeu considerável base de apoio no Congresso – e não conseguiu contornar esse problema com a reforma ministerial – porque há uma crítica às ações do Executivo realizadas sem o aval do Congresso Nacional (o caso das pedaladas fiscais é um deles; o governo federal editou uma série de medidas que afetavam diretamente o Orçamento da União, mas sem recorrer à aprovação do Congresso).
Apoie o VIOMUNDO
No campo econômico, já é possível sentir os efeitos do ajuste fiscal: cortes dos gastos sociais, recessão econômica, aumento dos juros, aumento do desemprego, quebra de empresas etc.
De uma perspectiva progressista, a construção de alternativas a essas duas crises deve levar em consideração a própria articulação existente entre elas. No campo das forças de oposição de direita ao governo, as soluções apresentadas buscam articular o impeachment da presidenta Dilma a qualquer custo, com o aprofundamento do ajuste fiscal e das contrarreformas neoliberais e conservadoras.
O grande dilema da oposição de direita no Brasil é o de que ela é crítica do chavismo, mas gostaria que a Constituição brasileira contivesse o dispositivo do referendo da Constituição venezuelana. Na Constituição da Venezuela, 20% dos eleitores, após a conclusão da metade do mandato do presidente, podem pleitear junto à justiça eleitoral a realização de um referendo para decidir se o presidente permanece ou não no cargo. Tal expediente constitucional politiza o debate, pois é um mecanismo que permite avaliar a política governamental de um modo geral e não apenas o presidente.
Vale lembrar que a Venezuela já realizou esse processo durante o governo Chávez, que se saiu vitorioso nas urnas. O problema todo é que, na Constituição brasileira, o presidente da República só pode ser retirado do cargo se cometer crime de responsabilidade. Seguimos a tradição constitucional americana, que confere ao impeachment um tratamento criminalista. Isto sem contar o efeito ideológico despolitizador que produz tal dispositivo, ao personificar o Estado na figura do presidente da República. Enfim, a oposição de direita terá que se valer de todas as manobras possíveis para conseguir convencer a sociedade de que as pedaladas fiscais realizadas pelo governo Dilma podem ser tratadas como crime de responsabilidade.
No campo dos setores de centro-esquerda ligados ao governo, há a tentativa de desvincular a luta contra o impeachment da luta contra o ajuste fiscal, o que implica dar um cheque em branco para o governo continuar atacando os interesses dos trabalhadores e pintar com verniz democrático o intocável ajuste fiscal.
Ou melhor, tais setores parecem estar inclinados a aceitar passivamente o ajuste. No campo das forças progressistas e de esquerda, há aqueles que apostam na revolução socialista já e fazem todo um rodeio argumentativo para justificar que o Fora Dilma e o impeachment são coisas distintas. Parecem ter transformado suas intervenções na conjuntura numa espécie de stand-up comedy.
Há também aqueles que fazem a defesa acrítica do democratismo burguês liberal e que pregam a realização de eleições gerais já para resolver todos os males da população, criando uma espécie de cortina de fumaça sobre a necessária luta contra o ajuste fiscal e que, no fundo, se articula com a defesa do impeachment de Dilma por outras vias.
Diante desse cenário, cabe aos setores progressistas articular uma saída que se ancore em duas frentes de luta articuladas: a luta contra o impeachment e a luta contra o ajuste fiscal. Sem que se leve em consideração tal articulação, os setores progressistas correm o risco de assistir a uma nova ofensiva contra a já limitada democracia burguesa existente no Brasil, o que dificultaria sobremaneira as condições de luta e enfrentamento político, e o risco de legitimarem a supressão dos direitos sociais e trabalhistas por darem atenção exclusiva à luta contra o impeachment ou por aceitarem passivamente a cantilena de que não há alternativas ao ajuste fiscal.
Dito de outra maneira, a combinação dessas duas frentes de luta está diretamente vinculada à luta contra a ofensiva do campo político rentista.
Danilo Enrico Martuscelli é professor de Ciência Política da UFFS.
Leia também:
Ministro do STF pede que oposição chegue ao poder depois de VENCER eleições
Comentários
FrancoAtirador
.
.
PMDB DE TÊMER/CUNHA FOI PRO SACO.
.
E agora? Dilma vai se dar ao Respeito?
.
Ou continuará com a Corja no Governo?
.
.
FrancoAtirador
.
.
(http://jornalggn.com.br/noticia/pf-cumpre-mandado-de-busca-e-apreensao-na-residencia-de-cunha)
.
.
FrancoAtirador
.
.
Se, pela derradeira vez, Dilma e o PT
não expulsarem o PMDB do Governo
e toda essa Cambada que os ameaça,
a Militância vai tirar o time de campo.
.
.
FrancoAtirador
.
.
Supremo Tribunal Federal defere Requerimento do PGR/MPF
.
e determina Busca e Apreensão na Diretoria-Geral da Casa*
.
e no Gabinete do Deputado Aníbal Gomes (PMDB, ex-PSDB)
.
Agentes da Polícia Federal (PF) fazem, neste momento, Operação de Busca e Apreensão de Documentos na Diretoria-Geral da Câmara e na Residência de Eduardo Cunha.
.
Outros Policiais procuram Provas no Gabinete do Deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE),
que também é Alvo da Operação Catilinárias, deflagrada hoje (15) pela PF no Distrito Federal
e em 7 Estados, entre eles Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte.
.
(http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-12/pf-faz-busca-na-diretoria-geral-da-camara-e-no-gabinete-do-deputado-anibal)
.
.
Câmara dos Deputados
.
ANÍBAL GOMES (PMDB, EX-PSDB)
.
Filiações Partidárias:
PMDB = 1982-1997
PSDB = 1997-1999
PMDB = 1999-…
.
(http://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_biografia?pk=74212)
.
.
FrancoAtirador
.
.
(http://noticias.ne10.uol.com.br/politica/noticia/2015/12/15/operacao-da-pf-cumpre-mandados-em-pernambuco-df-e-em-mais-seis-estados-586225.php)
(http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2015/12/15/pf-cumpre-mandados-contra-fernando-bezerra-coelho)
.
.
FrancoAtirador
.
.
(https://outrapolitica.wordpress.com/2013/07/01/gas-de-xisto-estimula-economia-dos-eua-e-pode-derrubar-preco-do-petroleo)
(http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/economistas/detalhe/o_impacto_mundial_do_gas_de_xisto_dos_EUA.html)
.
.
Deixe seu comentário