Cruz Vermelha teme que violência comprometa atendimento de palestinos feridos por Israel; já são 13 mil e 126 mortes

Tempo de leitura: 2 min
Ibraspal

A enfermeira Razan Ashraf Al Najar, 21 anos, morreu na sexta-feira (01/06), após ser baleada por soldados israelenses enquanto prestava socorro a feridos que participavam da Marcha do Retorno.. Foto: braspal

Entidade teme que se violência israelense persistir comprometerá atendimento

Lúcia Rodrigues, no site do Ibraspal

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha enviou duas equipes médicas para Gaza e montou uma unidade no Hospital Al Shifa, para tratar de centenas de manifestantes feridos por Israel durante as manifestações da Grande Marcha do Retorno.

Desde dia 30 de março, quando começou o protesto pacífico, já foram feridos mais 13 mil palestinos, segundo a Cruz Vermelha. Dentre estes, 1.350 necessitam de três a cinco intervenções cirúrgicas, segundo o responsável pelo Comitê da Cruz Vermelha na Palestina, Gabriel Salazar.

Ele ressalta que deverão ser realizadas em torno de quatro mil cirurgias nos próximos meses. Metade delas executadas por equipes da Cruz Vermelha. A entidade destaca que é fundamental a chegada de suprimentos médicos e cirúrgicos para o atendimento dos feridos.

“Esta situação (ataques israelenses) levou a uma crise de saúde sem precedentes. O sistema de saúde está à beira do colapso, os medicamentos estão terminando. A eletricidade é limitada. Isso afeta todos os serviços essenciais”, enfatiza o chefe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para o Oriente Médio, Robert Mardini.

A Cruz Vermelha teme que se a violência persistir não será possível atender aos feridos.

ISRAEL MATA ENFERMEIRA DURANTE MARCHA DO RETORNO

A enfermeira Razan Ashraf Al Najar, 21 anos, é uma das vítimas.

Apoie o VIOMUNDO

Morreu após ser baleada por soldados israelenses, em Khan Yunis, na Faixa de Gaza, nesta sexta-feira(01/06).

Ela foi atingida enquanto prestava os primeiros socorros a feridos que participavam da Marcha do Retorno, segundo o Ministério da Saúde da Palestina.

Sua morte eleva para 126 o número de óbitos desde o início da Grande Marcha do Retorno, em 30 de março. Vinte e três corpos ainda estão sob poder das autoridades israelenses.

Com informações do Quds Press, Middle East Monitor e Agência Lusa

Leia também:

Levante: Seguiremos nas ruas para baixar o preço da gasolina e do gás de cozinha 

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Beto_W

A situação atual é lamentável. No entanto, a narrativa do artigo, que é a narrativa que a esquerda em geral escolhe adotar, é um tanto quanto maniqueísta, deixando de notar que parte da culpa pelo sofrimento do povo palestino é de seus próprios líderes. A começar, o Hamas governa Gaza com mão de ferro, e qualquer pessoa que critique seu governo é rotulada como traidora e executada. Enquanto os líderes embolsam o dinheiro enviado pela comunidade internacional, mantêm o povo na miséria. Ao invés de usar os poucos materiais de construção que têm para reconstruir sua infraestrutura, preferem investir em túneis para cometer atentados terroristas. Ao Hamas não interessa o fim do conflito, porque é o conflito que lhes dá poder. Essa grande marcha foi criada como forma de extravazar as frustrações do povo palestino na direção de Israel e assim evitar que o povo se rebele contra o Hamas.

Outra ressalva é em relação à idéia de que o protesto é pacífico, coisa que até mesmo dirigentes do Hamas negam em seus discursos – a grande maioria dos mortos é declarada e abertamente composta por membros do Hamas. Os protestos pacíficos se dão a até aproximadamente 500m da fronteira de Gaza com Israel. Chegando mais perto, podemos ver pessoas arremessando pedras contra os soldados, queimando pneus para prejudicar a visibilidade, danificando pedaços da cerca que separa os dois territórios, e efetivamente invadindo o território israelense (alguns até armados e ameaçando matar o maior número de judeus). Palestinos estão mandando pipas com bombas incendiárias para queimar plantações em Israel. O Hamas lançou no final de Maio foguetes e morteiros em direção a Israel. Isso para mim está longe de ser um protesto pacífico – o que nunca foi a idéia dos organizadores. Para eles, a morte de palestinos dá manchete nos jornais, então eles incentivam essa situação até darem à mídia internacional o que a mídia internacional quer – e a mídia consome vorazmente esse banquete de dor e sofrimento que lhe foi oferecido, sem pestanejar. E quando Israel enviou dois caminhões com insumos hospitalares para Gaza, o Hamas bloqueou-lhes a entrada – fato que não foi muito alardeado nem na grande mídia nem nos cantos aonde você deveria ver “o que você não vê na mídia”.

Posto isso, reconheço que o exército de Israel deve se empenhar mais em usar de táticas não-letais, mas há de se reconhecer que, quando milhares de pessoas se aproximam da fronteira com seu país com gritos de “morte aos judeus” e “morte a Israel” (bem pacíficos, não?) e cortando a cerca, o exército deve tomar atitude para proteger os cidadãos. O uso indiscriminado de munição letal deve ser criticado, mas se deve levar em conta fatores como a iminência de uma invasão a seu território. Além disso, a falta de visibilidade causada pela fumaça que os próprios palestinos produziram ao queimar centenas ou milhares de pneus (um desastre ecológico por si só) acarreta em mais erros de julgamento pelos soldados, que podem acabar abrindo fogo contra médicos por engano.

O grande problema é entender o que reivindicam os palestinos. O movimento foi batizado de Grande Marcha do Retorno. Retorno a que? Pois bem, retorno às aldeias de seus antepassados, algumas das quais nem existem mais. Mas vamos supor que os palestinos consigam esse direito de retorno. O que acontece com eles? Devem ganhar cidadania israelense? Depois de décadas de conflito, irão eles conviver pacificamente como cidadãos israelenses? A meu ver, parece óbvio que não. No meu entendimento, eles não se contentariam em viver sob a bandeira israelense. Mas então, o que querem de fato? O que querem dizer com “o fim da ocupação”? Alguns protestos hoje em dia já têm palavras de ordem que definem abertamente seu objetivo, clamando “from the river to the sea, palestine will be free”. Então o que querem é de fato a destruição de Israel e a fundação de um estado palestino em todo o território. E isso obviamente nunca irá acontecer, não importa o quanto se discuta quem estava lá antes ou quem tem direito divino ou qualquer outra baboseira. Como eu costumo dizer, nenhum dos lados irá varrer o outro do mapa, então quanto antes eles aprenderem a conviver, melhor.

Abraços,
Beto_W

Deixe seu comentário

Leia também