Campanha: Bancários cobram aumento real nos salários, Fenaban quer precarizar direitos

Tempo de leitura: 2 min
Da esquerda para a direita: Aline Molina, Neiva Ribeiro e Juvandia Moreira. Foto: Spbancarios

Bancários querem aumento real e bancos sugerem precarizar direitos

Na próxima segunda, 12/08, a categoria realiza um dia de mobilização em todo o país, exigindo proposta dos banqueiros

Por Cecília Negrão*, Spbancários

Aconteceu nesta quarta-feira, 07/08, a 6ª rodada de negociação da Campanha Nacional dos Bancários.

O Comando Nacional da categoria cobrou da Federação Nacional do Bancos (Fenaban) aumento real nos salários, aumento na PLR e melhorias nas demais cláusulas econômicas, como nos vales alimentação e refeição, diante dos significativos resultados financeiros dos bancos.

“No último ano, o lucro somado dos cinco maiores bancos totalizou R$ 108,6 bilhões. Entre 2013 e 2023, o lucro líquido real, acima da inflação, cresceu 169%. Em todo o período os bancos apresentaram lucro, mesmo durante a pandemia. A rentabilidade média do período ficou três vezes acima da inflação, o que reforça o bom desempenho dos bancos”, afirmou Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

“Durante a reunião, a Fenaban propôs precarizar os direitos, não vamos admitir. Semana que teremos nova reunião e queremos uma proposta digna, que dialogue com aumento de emprego, aumento real, mais direitos, igualdade salarial, não vamos aceitar que os bancários sejam precarizados por terceirizados, como tem feito o banco Santander”.

A inflação controlada e o mercado de trabalho aquecido contribuem para negociações salariais vantajosas.

Segundo levantamento do Dieese com mais de 6,7 mil negociações este ano, 86,1% dos reajustes foram maiores que o INPC. O ganho real médio conquistado foi de 1,59%.

Na consulta com a categoria, com mais de 45 mil pessoas, 93% dos trabalhadores apontaram o aumento real como prioridade; 63% apontam a PLR como prioridade e 51% apontam reajuste maior para VA e VR.

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Bancos cobram tarifas altas e diminuem a remuneração dos trabalhadores 

Os cinco principais bancos arrecadaram R$ 156,3 bilhões com prestação de serviços e tarifas bancárias em 2023, alta de média de 2,9%.

“Os bancos cobram taxas de juros abusivas, com cheque especial a 128% ao ano e 422% ao ano no rotativo do cartão de crédito. Apenas com as tarifas bancárias dos cinco maiores bancos são suficientes para cobrir 127% do total de despesas de pessoal”, afirma Neiva Ribeiro.

Altos salários para os executivos. E para o trabalhador?

Para 2024, a previsão é que a remuneração média individual anual da Direção Estatutária dos quatro maiores bancos (Itaú, Santander, BB e Bradesco) chegue a R$ 9,2 milhões por diretor (a), aumento de 8% em relação a 2023.

O valor é 115 vezes maior do que a remuneração anual da função de escriturário (salário, 13º, férias, tickets, PLR). Considerando a remuneração média geral anual da categoria, o valor é 46 vezes superior.

*Cecília Negrão é jornalista, assessora de imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

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Zé Maria

Dados do Banco Mundial de agosto/24.

“Brasil tem o 3° maior spread do mundo – margem bruta
do que os bancos ganham em cima dos empréstimos.

Spread médio no Brasil em 2023: 31,46%.
Atrás apenas de Zimbábue(107,47%)
e Madagascar(40,58%).

Colômbia 7,82%; México 6,82%; Bolívia 5,46%;
Uruguai 3,79%; China 2,85%; Coréia do Sul 1,35%;
Rússia 4,05%. África do Sul 4,87%.

Como fazer indústria, que precisa de capital intensivo,
se o Brasil normalizou a agiotagem?

Baixar juros e spreads é decisivo para desenvolver o país.”

RICARDO CAPELLI
Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Ex-Secretário Nacional do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Jornalista, Pós-Graduado em Administração Pública pela FGV.
https://x.com/RicardoCappelli/status/1821982687797637572
https://x.com/RicardoCappelli/status/1821982690821947752
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Zé Maria

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CARTEL
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Federação Nacional dos Bancos (FENABAN)

Trata-se do braço sindical patronal do sistema financeiro,
que representa os associados em todas as questões
trabalhistas.

Seu papel estatutário é representar os sindicatos patronais
nas negociações dos acordos coletivos de âmbito nacional.

Fundada em 1966 e integrada à Federação Brasileira de Bancos
(FEBRABAN) em 1983, a FENABAN é formada por 7 (sete) sindicatos
patronais de bancos:
[1] de São Paulo (que abrange São Paulo, Paraná, Acre, Amazonas, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amapá, Rondônia e Roraima);
[2] da Bahia (Bahia e de Sergipe);
[3] do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro e Espírito Santo);
[4] de Minas Gerais (Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Tocantins);
[5] do Rio Grande do Sul (Rio Grande do Sul e Santa Catarina);
[6] de Pernambuco (Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte) e
[7] do Ceará (Ceará, Maranhão e Piauí).

[Fonte: FENABAN]
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Zé Maria

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PRECARIZAÇÃO DE DIREITOS

O que mais se poderia esperar do Núcleo Financeiro do Neoliberalismo?

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