Bolsonaro já pagou R$ 228 mil a Chico Buarque, mas não deve assinar diploma do Prêmio Camões
Tempo de leitura: 2 minDa Redação
O cantor e compositor Francisco Buarque de Hollanda não se manifestou se prefere receber o Prêmio Camões, instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988, com ou sem a assinatura do presidente Jair Bolsonaro.
A decisão cabe ao mandatário.
Ao longo dos 30 anos desde que foi instituído, os presidentes dos dois países sempre assinaram o diploma, entregue conjuntamente.
De acordo com o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, Jair Bolsonaro titubeia.
Mas, pagar, ele já pagou o equivalente a R$ 228 mil reais.
Merecidamente, diga-se.
Brasil e Portugal racham o prêmio de 100 mil euros e a parcela brasileira já foi depositada.
Dentre os ganhadores do prêmio estão grandes nomes da literatura em português: de José Saramago a Antonio Candido, de Mia Couto a Raduan Nassar.
Porém, houve críticas aos premiadores pela ausência de autores africanos (26 dos 32 premiados são brasileiros ou portugueses).
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De acordo com a Folha de S. Paulo, o núcleo ideológico do governo Bolsonaro não quer que ele assine o diploma a ser entregue a Chico Buarque.
Os jurados brasileiros que escolheram Chico Buarque foram os escritores Antônio Cícero e Antonio Hohlfeldt.
Henrique Pires, ex-secretário Especial de Cultura, que escolheu os jurados, confessou à Folha que correu o risco de ser demitido depois do anúncio da premiação de Chico.
O guru do governo Bolsonaro, o especialista em questões anais Olavo de Carvalho, zombou da decisão:
“Chico Buarque ganha o Prêmio Camões. Cas duas mões”, escreveu no twitter.
Diante do discurso que o presidente da República fez ao abrir a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nesta terça-feira 24, parece óbvio que Bolsonaro não assinará a premiação.
No discurso, Bolsonaro atacou Cuba, Venezuela, França (sem mencionar o nome), Alemanha, ONGs, a mídia, o cacique Raoni e o Foro de São Paulo, não necessariamente nesta ordem.
Portanto, deve romper com uma tradição de 30 anos para satisfazer a base bolsonarista, que exige carne crua todos os dias.
Como ensinam os manuais de seitas fundamentalistas, a contínua produção de inimigos externos é essencial para manter a coesão da manada, da qual se extrai dinheiro, apoio político ou ambos.
A decisão de Bolsonaro sobre o prêmio será tomada no retorno de Nova York e Chico Buarque parece um alvo perfeito para manter a estratégia.
Se Bolsonaro assinar, não há nada que impeça o artista de não comparecer à entrega do prêmio ou de, ao comparecer, denunciar o próprio Bolsonaro.
Comentários
Nuno
Mia Couto é moçambicano, logo africano, ou não é?
Zé Maria
Chico Buarque de Holanda certamente
não ficará agradado em receber um Diploma
manchado com a assinatura do Bolsonaro.
Aliás, o Chico deve preferir que sequer conste
o nome do mito imbecil no Documento.
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