French banks could tip Europe back into a full-blown crisis
por Mohamed El-Erian, no Financial Times
A sabedoria convencional pode estar apenas “meio certa” quando se trata de resolver a confusão da Europa. Solucionar o problema da dívida soberana [dívida dos países] ainda é necessário, mas talvez não seja mais o suficiente. A Europa precisa também se mover rapidamente para estabilizar os bancos que estão no coração do sistema, muito além do anunciado na quarta-feira pelo Banco Central Europeu. No momento em que executivos-sênior do BNP-Paribas [banco francês] se preparam para um tour do Oriente Médio, numa tentativa de levantar fundos e aumentar a confiança, outros bancos precisam demonstrar um senso de emergência e de seriedade ao lidar com a falta de capital e de bens de qualidade [no balanço].
Muito da discussão sobre a crise é baseada na crença de que a dívida soberana é tanto o problema como a solução. Inicialmente, isso era correto. A combinação de muita dívida e baixo crescimento empurrou os países mais vulneráveis (Grécia, Irlanda e Portugal) à clássica armadilha da dívida. Respostas políticas tímidas, então, alimentaram as ondas de contágio que solaparam outros setores.
O problema hoje se tornou muito mais complicado. Além de receber o impacto da crise, alguns destes setores se tornaram em si fontes de problemas regionais.
A Itália é, naturalmente, o exemplo mais visível. Os juros no que é a terceira maior dívida governamental do mundo permanecem teimosamente altos, apesar da persistente intervenção do Banco Central Europeu. O rebaixamento da classificação de alguns dos principais bancos da Itália, seguido pelo rebaixamento da dívida soberana do país pela Standard & Poor’s, na segunda-feira, complicaram a questão.
Ainda que isso seja notável, não é a questão mais imediatamente ameaçadora para a economia global que, nas palavras de Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, entrou em uma “fase perigosa”. O fusível que está rapidamente queimando é o do sistema bancário europeu, particularmente na França, e a Europa está se aproximando de outro ponto de não retorno.
Os fatos são contundentes e preocupantes. As instituições privadas de todo o mundo, e mesmo algumas públicas, reduziram fortemente os empréstimos de curto prazo aos bancos franceses. Os mercados de crédito agora colocam os bancos num risco em níveis indicativos de um rating BB, que é fundamentalmente inconsistente com operações bancárias sólidas. Os papéis dos bancos franceses agora são negociados com um desconto de 50% em relação ao valor contábil, em média. Para piorar, a relação entre o capital dos bancos e os bens em suas carteiras caiu para 1-1,5% (comparado a 6-8% para bancos saudáveis).
Estes são todos sinais de uma corrida institucional contra os bancos franceses. Se isso persistir, os bancos não terão escolha a não ser limpar seus balanços de forma drástica e desordenada. Os clientes do varejo ficariam nervosos e tentados a seguir os clientes institucionais rumo à porta de saída. A Europa seria jogada, assim, numa crise bancária total que agravaria o problema das dívidas soberanas, tornaria certa outra recessão econômica e pioraria significativamente os prognósticos para a economia global.
Até agora, nem as autoridades nem os bancos fizeram, ou estão fazendo, o necessário para frear — muito menos reverter — esta tendência. Embora o Banco Central Europeu tenha agido para reduzir as dificuldades de crédito, inclusive com o relaxamento das exigências de bens colaterais, para tornar mais fácil o acesso dos bancos ao caixa do BCE, as questões relativas às reservas de capital e à qualidade dos bens no balanço dos bancos não foram tratadas. Como resultado, a Europa está a um passo de perder o controle de uma solução ordeira para sua crise da dívida.
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Para enfrentar isso, as autoridades financeiras e os bancos precisam trabalhar com o BCE em três medidas imediatas, simultâneas e drásticas. Precisam injetar capital através de parcerias público-privadas, inclusive com mecanismos parecidos com os do Tarp (o programa de resgate de bens dos Estados Unidos), apresentar uma avaliação realística sobre o valor dos bens no balanço dos bancos e aumentar a proteção aos clientes. Maior divisão do peso do fardo com o setor privado pode se provar necessária.
Através da dura experiência dos dois últimos anos, a Europa agora entende que o problema da dívida soberana é difícil de solucionar. Precisa se dar conta de que os desafios e os custos para a sociedade se multiplicam astronomicamente quando isso é acompanhado de uma crise bancária; e precisa agir de acordo com o desafio.
The writer is the chief executive and co-chief investment officer of Pimco
PS do Viomundo: O que o autor prega é usar dinheiro público, mais uma vez, para salvar os bancos. Quem é que paga a conta final? Adivinhem...
Leia também:
A Grécia, forçada a abandonar a zona do euro
Paul Krugman: O sangramento enfraquece o paciente
Nouriel Roubini: Danou-se, então, o capitalismo?
Naomi Klein: Preparem os canhões de água e as balas de borracha
Comentários
Erica
A Siemens, que não é boba nem nada já tirou seu rico dinheirinho dos bancos franceses, se essa moda pega…
O FENÔMENO « LIBERDADE AQUI!
[…] França: O risco de falência dos bancos […]
FrancoAtirador
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Que país terá disposição de adotar a medida islandesa?
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beattrice
Pois então Azenha e há queima credite que o Financial Times não trabalha dia e noite pela banca.
Se a Europa atingir o ponto de não retorno, como aterroriza o articulista, vai ser muito bom… para os europeus.
A crise pode permitir que os estados voltem a ser ESTADOS, voltados para o bem estar das sociedades pelas quais foram eleitos, e deixem essa postura vergonhosa de meros estafetas de Berlim.
FrancoAtirador
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<img src="http://decigarrasyhormigas.files.wordpress.com/2011/07/exposicion_banca_deuda_portugal2.jpg?w=351&h=644">
beattrice
Denominador comum?
Berlim insaciável, de novo.
FrancoAtirador
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Berlim e Frankfurt.
FrancoAtirador
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Exposição à Grécia faz afundar bancos franceses
A Grécia só tem dinheiro até outubro. O anúncio foi feito pelo vice-ministro das Finanças.
Na quarta-feira, o Fundo Monetário Internacional debate a transferência de mais 8 mil milhões de euros para Atenas. Um dia depois, a reunião dos ministros das Finanças da zona euro deve focar-se na possibilidade de a Grécia entrar em incumprimento e poder abandonar o euro.
Os principais bancos franceses afundaram na bolsa de Paris. Há receios de que a agência Moody’s corte a avaliação das instituições financeiras, em grande parte por causa da Grécia.
O Banco de França já garantiu que as instituições têm os meios para lidar com a crise grega, seja qual for o desfecho.
A exposição do BNP Paribas à Grécia atinge os cinco mil milhões de euros. Seguem-se o Société Générale com 2,6 mil milhões, o grupo Caisse d’Epargne – Banque Populaire com 1,2 mil milhões e o Crédit Agricole, com 0,6 mil milhões.
“Penso que a falência da Grécia é uma possibilidade há vários meses. O que nos perguntamos é quando? O que seria verdadeiramente desastroso seria haver uma falência não preparada, ou seja, uma reestruturação da dívida grega mais importante do que aquela que tivemos a 21 de julho”, afirma André Sapir do think tank Bruegel.
As seguradoras e os bancos franceses são os maiores detentores estrangeiros de dívida grega. São também importantes credores da Itália, que se encontra cada vez mais na linha de fogo dos mercados. A Moody’s deve também cortar o rating da Itália esta semana.
A propósito deste tema, a Euronews entrevistou Philippe Waechter, diretor dos Estudos Económicos na Natixis Asset Management.
Euronews: O pânico e as vendas maciças atormentam, há três meses, as praças financeiras europeias. Os bancos franceses estão na mira e o euro no nível mais baixo em dez anos. A bolha financeira chegou dramaticamente ao coração da Europa?
Philippe Waechter: No final da semana passada, após a demissão de Jürgen Stark do seu posto de economista chefe do BCE, esperávamos intervenções mais maciças dos governos durante o fim-de-semana, porque vimos, na sexta-feira, que as antecipações dos investidores refletiam uma forte interrogação sobre a situação da zona euro, a maneira como a Grécia poderia sair desta situação, desta fase difícil. Nós estamos numa situação que continua extremamente perigosa e que necessita muito claramente da intervenção dos governos, porque o euro é, antes de mais, uma construção política, a Europa é uma construção política e os governos devem intervir, dar um sinal, dar um sentido a esta construção da zona euro, a esta construção europeia. É isso que esperam hoje os investidores.
E: Se a situação se agravar, o BNP Paribas, o Crédit Agricole e o Société Générale, que são os três pilares do sistema bancário francês, serão provavelmente nacionalizados. Isso não pode inflamar ainda mais os mercados bolsistas e fazer explodir a zona euro?
PW: Esses bancos detêm ativos, dívidas soberanas italianas ou gregas e nós vemos bem que a degradação e essas dívidas podem pesar sobre as suas carteiras. É por isso que em vez de esperar que os bancos vejam a sua situação se degradar de uma maneira permanente, o Banco Central Europeu deve intervir para limitar os riscos associados à situação atual. Caso contrário, pode haver consequências dramáticas.
E: A demissão de Jürgen Stark é a prova de um agravamento das tensões entre o norte e o sul da Europa?
PW: Primeiro, é uma tensão no seio do Banco Central Europeu, que mostra bem, e nós tínhamos visto isso no mês de agosto na conferência de imprensa de Jean-Claude Trichet, que nem todo o mundo está de acordo sobre o programa de compra de dívida. E, finalmente, a partida de Jürgen Stark poderá, eventualmente, dar mais liberdade ao Banco Central Europeu para intervir sobre a dívida de uma maneira mais direta e, porventura, mais durável. O sucessor de Jürgen Starck parece, à partida, tendo em conta o seu curriculum, um pouco mais pragmático. Poderemos, eventualmente, encontrar elementos de solução com essa chegada ao Conselho do Banco Central Europeu.
Copyright © 2011 euronews
beattrice
Os bancos franceses só esperam a eleição do Monsieur Bonaparte [como é conhecido Sarkozy] para anunciarem a quebra.
FrancoAtirador
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A quebra ou a socialização do prejuízo?
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Pedro
O que mais pode pensar um economista além de sempre aumentar o sacrifício do povo? Essa é a única lógica que os economistas conhecem.
Dilma, no Financial Times: Hora de determinação e ousadia | Viomundo – O que você não vê na mídia
[…] França: O risco de falência dos bancos […]
Bonifa
Estados Unidos, França e outros países ocidentais retiram-se furiosos da Assembléia Geral da ONU durante o discurso de Ahmadinejad, quando ele falou que o 11 de Setembro foi um pretexto para a invasão do Iraque e do Afeganistão. (Seus sensíveis ouvidos só suportam a música que eles mesmos tocam). http://www.lemonde.fr/proche-orient/article/2011/…
Bonifa
Quem negativiza uma mera notícia, publicada em jornal europeu conservador, demonstra que é favorável, talvez militante, da manipulação direitista das comunicações. Especialmente no Brasil, que não tem direito de saber, por sua grande imprensa de direita, o que está de fato se passando no mundo.
beattrice
Extremamente conservador, o Le Monde pode ser acusado de tudo, menos de liberal…rs
reinaldo carletti
e ainda estão discutindo s/ corruptos? esse "BV" por um acaso, não é do corruptor?
reinaldo carletti
Pedro Luiz Paredes
A solução para a crise mundial todo mundo sabe qual é, o problema é que ninguém tem peito para liderar o mundo no caminho dela. Vai chegar uma hora em que isso vai ser tentador inclusive para os que tem poder econômico pois vai ser a única solução.
(Solução? A mesma que esperou os EUA poderem tirar vantagem dos direitos humanos internacionalmente para que assinassem a carta da onu a respeito dos direitos humanos pois a situação interna já estava insustentável quanto a segregação)
(Solução? A mesma que mostrou ser mais vantajoso para para os negros do que ter eles como escravos) (Solução? A mesma que invetou os partidos políticos para fingir democracia) (tudo isso esta mais para soluço)
O negócio é que sobra fluor e falta testosterona.
edv
Uma coisa que me deixa com a pulga atrás da orelha é a história das guerras e crises, já desde tempos Napoleônicos e da Guerra Civil Americana, em que alguns contam que elas são, digamos, "incentivadas" pelos detentores da grana, onde eles sempre saem fortalecidos, seja qual for a morte e miséria que se dissemine!
Se isto é fato…
…que os deuses do Olimpo protejam gregos e terráqueos (já que troianos não existem mais).
Gustavo Pamplona
Vocês viram esta?
[DEM questiona no Supremo aumento de imposto para carros]
http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/09/dem-…
O "rico" que odeia os carros nacionais e adora um importado mas no fundo, no fundo gostaria que o carro importado fosse mais barato. É ou não é interessante?
Ou será que importadores estão pressionando o combalido DEM?
Bonifa
O DEM se benefia do silêncio da imprensa sobre seus atos covardes contra os interesses do Brasil.
O_Brasileiro
Há épocas em que o dinheiro vale menos do que o papel em que é impresso… as moedas, então…
As pessoas não comem papel, não comem ouro.
A vida não está fácil para os endividados, nem para os credores!
beattrice
Os credores endividaram os endividados para arrancar o sangue, agora matam a vítima.
dukrai
se os papéis dos bancos franceses, PNB Paribas o maior deles, estão sendo vendidos com um desconto de 50%, alavancaram trocentas vezes o valor do seu capital e não tem grana pra pagar os investidores e correntistas, então estão mais quebrados que arroz de terceira, tipo Limão Bródi. Agora, se não podem quebrar, nacionaliza rs
fernandoeudonatelo
Pensei seriamente nisso, até mesmo porque um pacote de resgate financeiro pelo governo francês, autorizado pelo BCE, significa estatizar a dívida privada. Ou seja, aumentar o déficit público pela tomada da dívida insitucional dos bancos.
Se querem retomar a liquidez de crédito e moetária no sistema, seria melhor usar bancos de fomento e investimento públicos, cujos recursos seriam provenientes de contribuições sociais trabalhistas (de impostos já existentes).
Bonifa
Este é o próximo passo: Vão confiscar e torrar os fundos de pensão dos trabalhadores. A máquina de moer está desgovernada e não tem mais qualquer limite.
fernandoeudonatelo
Não era isso, os recursos das contribuições sociais, seriam fonte de capitalização de instituição pública de fomento, a exemplo do BNDES que utiliza parcela do FAT, dentre eles Pis-Pasep, sem prejudicar benefícios previdenciários futuros.
É transferência de renda para cumprimento de interesse público na geração de empregos, por estímulo, assim como o objetivo do nosso banco de fomento, garantindo a liquidez de crédito durante a crise de 2008.
beattrice
"Sem prejudicar benefícios previdenciários futuros"????
Desculpe, mas definitivamente as coisas não tem se passado assim
nas terras de Pasárgada.
Senão vejamos,
"reformas" da Previdência, manutenção do fator previdenciário,
reajuste pífio das aposentadorias e pensãoes,
calotes federal e estaduais nos precatórios alimentares dos trabalhadores "ditos inativos"
[como se inativos significassem que nunca trabalharam]
etc etc etc.
beattrice
A receita de Wall Street & Mr. Obama fez escola.
beattrice
O BNP pode estar aprontando uma "molecagem" no melhor estilo Goldman Sachs.
Desconta seus papéis, repassa a quebra, mas comprou a produção de cacau na África para os próximos 5 anos, haja merchandising pra vender "CHOCOLAT".
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