Aumenta o risco de um golpe militar na Venezuela

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07/01/2016 – Copyleft

Alarme na Venezuela

A América Latina não merece ver uma Síria ser criada no seu território — isso seria o pior dos mundos.

por Jeferson Miola, na Carta Maior

A Nota Oficial das Forças Armadas da Venezuela, que adiante publicamos traduzida para o português, pode assumir uma dimensão histórico -jornalística de grande alcance. Não se pode desprezar que a evolução dos acontecimentos na nação bolivariana poderá trazer desfechos indesejáveis.

A Nota tem a linguagem e o tom que são próprios do apaixonado debate político-ideológico na Venezuela, com chavistas e oposição [da moderada à fascista] duelando em elevados decibéis.

O texto, duríssimo na mensagem, é escrito por um ator cujo poder está gravado na Constituição Bolivariana e nas Leis do país. O poder da República Bolivariana, é bom lembrar, é sustentado pela “coalizão cívico-militar” bolivariana.

A oposição recém empossada para dirigir a Assembléia Nacional do país pretende converter o Parlamento no contra-poder à Revolução Bolivariana; na própria Contra-Revolução.

Nos primeiros gestos, agride os valores, símbolos e imagens que, goste-se ou não, estão escritos na Constituição promulgada em 1999.

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Aparentemente, por essa razão os militares venezuelanos se manifestaram com indisfarçável gravidade. O texto pode ser tomado como o prelúdio de escaramuças no país vizinho. Melhor seria a oposição exercer sua legitimidade na plenitude, porém no marco da mais absoluta constitucionalidade e legalidade.

Do contrário, a temperatura política e a conflitividade social poderão aumentar, assumindo padrões preocupantes. No curso da história, quando o embate evolui para a violência, o impasse pode desembocar em situações de guerra civil.

Oxalá não seja esta a evolução dos acontecimentos na Venezuela, porque de outro modo estaríamos ingressando numa etapa perturbadora da geopolítica regional e também mundial.

Os Estados Unidos, como a história ensina, não ficariam indiferentes à crise na Venezuela, assim como não são indiferentes hoje – vide as intromissões e desestabilizações diretas ou apoiadas/financiadas que promove no país petro-caribenho.

A América Latina não merece ver uma Síria ser criada no seu território – isso seria o pior dos mundos.

Comunicado da Força Armada Nacional Bolivariana em desagravo ao ultraje da memória do libertador Simón Bolivar, à memória do comandante supremo Hugo Chávez, ao presidente constitucional da República como personificação do Estado e Comandante da Força Armada Nacional Bolivariana e à honra militar
 

A Força Armada Nacional Bolivariana, em inquebrantável unidade, e consciente do momento histórico que vive nosso país, expressa a todo o povo venezuelano sua profunda indignação pela forma desrespeitosa, carregada de desprezo e soberba, onde se ordenou a retirada das imagens de nosso libertador Simón Bolivar, do comandante supremo da revolução bolivariana Hugo Chávez e do cidadão Nicolás Maduro Moros, Presidente Constitucional da República Bolivariana da Venezuela, das instalações do Palácio Federal Legislativo, onde ocorreu a recém instalada Assembleia Nacional.

Simón Bolívar é o pai da pátria, homem de altíssima honra, um símbolo sagrado para todos nós e de especialíssimo valor para a América Latina. Sua gigantesca obra emancipatória deu a independência a cinco nações e permitiu a fundação de outra, epopéia heróica reconhecida no mundo inteiro que permanece incólume na consciência coletiva de todos os seres humanos amantes da liberdade, por tal razão, as representações materiais que dele foram feitas, de qualquer natureza e origem, serão sempre objeto de admiração e respeito de quem orgulhosamente somos herdeiros de suas glórias.

A nova imagem de seu rosto sendo usada oficialmente nas dependências públicas, é o produto de uma investigação científica com com participação de atores nacionais e internacionais, cujo objetivo não foi outro além de exaltar sua memória


A história de Bolívar é a história da Venezuela, e a história da Venezuela é a história da América!
 
Nossa Carta Magna, que nasceu de um processo constituinte sem precedentes, invoca o exemplo histórico do libertador e por tal motivo, neste mesmo processo, a República adquiriu ser caráter bolivariano; continua sendo hoje a República Bolivariana da Venezuela, a transformação política, social e econômica que ocorre na Venezuela surge destas raízes, desta mesma doutrina instituída pelo próprio libertador; é indefectivelmente a Revolução Bolivariana.

Como consequência, os soldados e soldadas da Pátria estamos orgulhosos de ser, de sentirmo-nos e de nos chamarmos bolivarianos, e agora sermos a Força Armada Nacional Bolivariana.
 
De outro lado, o Comandante Supremo Hugo Rafael Chávez Frías é um filho desta nação, forjado no calor de nossas academias militares.

Em sua Carreira militar, desde onde, sempre embasado no ideário e ação de Bolívar, empreendeu a colossal transformação dos destinos do País, para resgatar um povo oprimido pela oligarquia que promovia o sistema de capitalista de exploração, para colocar sua visão de um mundo multipolar, da necessária integração latinoamericana, socialista, anti-imperialista e profundamente humanista, transcendeu nossas fronteiras para levar benefícios aos mais despossuídos e vulneráveis em distintas latitudes, colocando os pobres em um altar, suas conquistas do ponto de vista social são inumeráveis: milhões de compatriotas foram beneficiados, orientados sempre a garantir a maior soma de felicidade possível.

Tal como fez Bolívar, dedicou e ofereceu sua vida a serviço de sua nação, à sua defesa e desenvolvimento, despertando a consciência nacionalista de todos os venezuelanos e venezuelanas que habitam esta terra graciosa.

Da mesma maneira, o presidente constitucional da República Bolivariana da Venezuela, Comandante da Força Armada Nacional Bolivariana, Nicolás Maduro Moros é a máxima autoridade do Estado, eleito pelo voto popular, enfrentou complexos obstáculos, adversidades de todo tipo e seguindo os passos de Bolívar, hoje defende o interesse nacional, pelo qual reiteramos nossa absoluta lealdade e irrestrito apoio.

Agredir a memória eterna daqueles que já não estão mais fisicamente entre nós é um ato decadente e nojento que acaba com o princípio da honra militar, que se materializa diante da tomada de consciência no contexto de uma sociedade que se rege por princípios cidadãos. Ultrajaram a honra militar!

Por tudo isso, a Força Armada Nacional Bolivariana, cujos integrantes somos de irredutível vocação bolivariana e consequentemente chavista, rechaçamos categoricamente qualquer ato no qual se desrespeite e se manche a memória de homens tão destacados, defensores da justiça e da igualdade, pois ao fazê-lo se ofende também a dignidade e as mais puras tradições venezuelanas e de toda América.

Exigimos que acabem imediatamente com atos desta natureza, que em nada contribuem com a harmonia, e entendimento e a paz entre nossos conterrâneos.

“Chávez vive, a Pátria segue”


“Independência e Pátria Socialista…”


“Viveremos e venceremos”




Vladimir Padrino Lópes


General
 Ministro do Poder Popular para a defesa e comandante estratégico operacional

PS do Viomundo: Durante sua presidência, Chávez mencionou várias vezes que tinha de controlar seus “turcos” no Exército, numa referência aos seguidores do líder nacionalista Ataturk, militar fundador da Turquia. São oficiais nacionalistas à esquerda do ex-presidente da Venezuela, que ocupam cargos-chave no Exército. Foi por isso que já escrevemos aqui que Chávez era um “moderado”, se colocado no contexto geral do bolivarianismo. Da guerra de independência do país, durante a qual a Espanha promoveu ações de terra arrasada, sobrou uma instituição que desde então desempenha papel-chave na Venezuela: o Exército. Afrontá-lo implica em trazer tropas estrangeiras, simples assim. De onde? Como a grande mídia brasileira faz propaganda — e não jornalismo — poderemos mesmo ser surpreendidos com uma Síria em nossas fronteiras.

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Comentários

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lulipe

Para publicarem tal carta os militares devem estar preocupados com o racionamento de papel higiênico nos quartéis…

Francisco

Se um socialista, algum dia, for eleito presidente na democracia estadunidense, não poderá mandar derrubar o monumento ao republicano Lincoln, nem mandar mudar o nome do porta-aviões Reagan.

É o que se faz em democracias.

Retirar o nome de Costa e Silva de um monumento é retirar o nome de alguém que não foi eleito, não deveria ter estado e muito menos ainda estar ali. Alguém que depois que chegou ao poder jamais foi referendado.

O nome de Bolívar fica, o nome de Chávez fica. Pela mesma razão que o nome de Brizola fica: goste-se ou não.

Todos esses deram o seu melhor e fizeram a diferença ATRAVÉS da democracia.

Derrubar uma imagem de Bolívar é como cuspir na imagem de Rondon ou do Contra-Almirante Othon: é macular símbolos da pátria.

PS. Que fique registrada a inveja da sensatez nacionalista roxa do Exercito Venezuelano…

wladimir teixeira

Precisamos de uma Revolução Francesa nas Américas !

CaRLos

Também entendo que a guerra não é a solução. Mas me encontre uma outra solução? A mídia encheu de ódio os corações das pessoas. Vivemos quase o mesmo ódio do oriente médio. Os grupos de direita e de extrema-direita não querem reconciliação. Estão dispostas a colocar para fora, na marra, os governantes de esquerda que estão no poder. Não sejamos ingênuos.

Lukas

Quanto mais para esquerda a Venezuela for, melhor; quanto mais autoritário for o governo chavista, melhor.

A esquerda chavista tem que ir até as últimas consequencias, ela tem que esfregar na cara do povo venezuelano a sua incompetencia.

    Nelson

    Já te ajoelhaste e fizeste a oração a teu amo deste sábado, Lukas.

    Olha que a democradura dos EUA não tolera infidelidades; ela exige devotamento integral.

CaRLos

Completando o texto anterior: Na Venezuela só existem duas saídas: ou uma guerra civil ou a sua divisão. Eu seria favorável a essa segunda opção.

    Lanna

    Desde quando guerra civil é solução?Olhe ao seu redor!!!!

    Nelson

    Permita-me discordar, caro Carlos.

    A divisão do país vai ao encontro da estratégia do Sistema de Poder que domina os Estados Unidos. É chamada, comumente, de balcanização, em referência ao crime que este Sistema de Poder perpetrou contra os iugoslavos, esfacelando o país em seis pedaços.

    A fragmentação dos países dirigidos por governos que não se dobram aos ditames do Sistema facilita o trabalho de dominação dos povos.

    O que devemos exigir é que a oposição se enquadre nas normas democráticas da Venezuela ou se submeta aos rigores da lei.

José Carlos Vieira Filho

Traduzindo o recado, e é direto ao império: Revolução colorida, aqui, não!

CaRLos

Seria bom para enquadrar esta direita raivosa e cheia de ódio que nunca fez nada pelos mais desfavorecidos. Poderia servir de exemplo. Antes que eles tomem o poder na marra, antecipem-se. Não fiquem esperando, pensando que esta direita irá retroceder nos seus instintos perversos e de domínio contra os pobres. Não vai não. Nunca fará isso. Não haverá pacificação na Venezuela. Na

FrancoAtirador

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O Mesmo Script dos Golpes da Direita UltraLiberal.
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Primeiro, criam, através do Aparato de Mídia Jabaculê,
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a Imagem do Ditador Populista, para depois derrubá-lo
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em Nome ‘da Liberdade e da Democracia Representativa’.
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Fizeram isso, por exemplo, com o Saddam, no Iraque,
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com o Kadafi, na Líbia, com o Yanukóvytch, na Ucrânia,
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com o Lugo, no Paraguai, com a Dil… Ops… aqui nunca…
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