Altamiro Borges: Dilma leu a Folha sobre o fator previdenciário
Tempo de leitura: 2 minFator previdenciário: Dilma lê a Folha
por Altamiro Borges, em seu blog
Apesar da pressão das centrais sindicais e das forças de esquerda, a presidenta Dilma Rousseff decidiu vetar a alternativa ao fator previdenciário aprovada pelo Congresso Nacional – a chamada fórmula 85/95. Ao mesmo tempo, o governo anunciou que editará uma medida provisória que “introduz a regra da progressividade, baseada na mudança de expectativa de vida”.
Segundo nota divulgada na noite desta quarta-feira (17), com estas iniciativas o Palácio do Planalto “visa garantir a sustentabilidade da Previdência Social”. Na prática, a presidenta cedeu novamente à pressão do “deus-mercado”, que prega maior austeridade nas contas públicas para garantir o famigerado superávit primário.
Um dia antes, como expressão da brutal chantagem rentista, a Folha publicou editorial suplicando ao governo – que o jornal tanto ataca – que vetasse a nova regra aprovada no parlamento: “Espera-se que Dilma resista à pressão sindical e, em nome da saúde das contas públicas, refute a fórmula alternativa ao fator previdenciário”.
Num discurso cínico, o diário da famiglia Frias – um dos principais incentivadores das marchas golpistas de março e abril – ainda abusou da inteligência dos seus pobres leitores. “A presidente Dilma Rousseff (PT) tem hoje uma excelente oportunidade para demonstrar à sociedade que tem firme compromisso com as futuras gerações”.
A Folha ainda apela à petista para que “evite a tentação do populismo irresponsável” e confessa que a fórmula 85/95 “dificilmente teria grande impacto no curto prazo – até o fim do governo Dilma, por exemplo –, pois o mais provável é que os trabalhadores hoje próximos da aposentadoria a adiassem por alguns meses ou anos a fim de obter o benefício integral. No médio prazo, contudo, o resultado seria dramático. A população brasileira está envelhecendo. Na década de 1980, a expectativa de vida era de 62,5 anos; chegará a 78,6 anos em 2030… Calcula-se que seriam necessários gastos adicionais de R$ 3,2 trilhões para fechar a conta. Dada essa dinâmica, torna-se insustentável manter a liberalidade atual”.
Diante de tantos apelos do “deus mercado” e da sua mídia rentista, a presidenta Dilma Rousseff cedeu novamente.
Com certeza, ela não terá a gratidão destas víboras, que seguirão em campanha para “sangrar” o seu governo e, se possível, para derrubá-lo num golpe de tipo judicial.
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Já as centrais sindicais e as forças de esquerda, que foram decisivas para a sua reeleição no ano passado, seguirão na trincheira para evitar o golpismo da direita, mas não deverão abandonar a batalha por mudanças mais profundas no país.
Um dia antes do veto, numa vigília em Brasília, cerca de 1,5 mil ativistas de todas as centrais reafirmaram que manterão a pressão contra o fator previdenciário e pela sanção da fórmula 85/95. Vagner Freitas, presidente da CUT, foi incisivo no seu discurso: “Presidenta, a senhora não precisa de uma mancha como essa na sua carreira”.
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Comentários
abolicionista
Em nota, a presidenta Dilma pediu encarecidamente que, para não onerar mais as contas públicas, os trabalhadores sem fortuna para investir no mercado tenham a decência de bater as botas ao atingirem idade avançada, a fim de não prejudicar a governabilidade. Desnecessário dizer que seria de bom tom deixar pagos, ainda que à crédito, as despesas fúnebres.
Arnaldo Costa
O que vejo atualmente é pessoas aposentando e continuando a trabalhar. Quer dizer, aposentadoria para quem e para que? Em relação ao artigo acima, acredito que esteja certíssimo. Foram alguns canalhas do Congresso que armaram essa casinha de caboclo. Se fosse Dilma, como a bomba não irá estourar em seu governo mesmo e a oposição quer mesmo é ver o circo pegar fogo, passaria a batata quente para frente aprovando a nova regra.
Andre
“o golpismo da direita,” o velho bode na sala (a 13 anos)! Se a Dilma obedece a Folha e não ouve a reivindicação dos sindicatos ela é de esquerda?!! só se ela for canhota e eu não sabia! Golpe para que com uma presidenta dessa??? precisa?
E como se chama o golpe que a Dilma deu nos trabalhadores fazendo isso? golpismo de centro? ou golpismo de direita disfarçada de esquerda para quebrar a esquerda (aquela que luta pelos trabalhadores)?
Arnaldo S. Souza
O que ninguém escreveu até agora é que os que se aposentam, como eu, e continuam a trabalhar, pois a lei atualmente faculta, são os que financiam a Previdência. Quando se aposentam DEFINITIVAMENTE, não recebem por aqueles anos trabalhados após a saída definitiva.
A tal DESAPOSENTAÇÃO não foi julgada e o que se descontou para a Previdência neste período vai para onde ? Para os aposentados é que não vai.
Glauco Lima
A desaposentação não foi julgada até hoje porque a ministra Rosa Weber pediu vistas do processo e engavetou-o.
Com que propósito ela faz isso?
Parece a mesma tática do Gilmar Mendes com o processo do fim do financiamento privado das campanhas.
Elza
Eu e você Arnaldo S. Souza, isto depois de 33 anos de contribuição.
O texto fala q a Dilma “cedeu novamente à pressão do “deus-mercado”.
Pior foi o Lula, que logo no início do seu 1º mandato (2003), tbm para
atender “deus-mercado” fez a Reforma da Previdência só do Serviço público
e nos deixou de presente, a continuarmos pagando a Previdência, mesmo
depois de aposentados, como bem vc citou.
Pra mim foi um balde de água gelada, por ter militado tanto em todas as vzs
em q ele se candidatou. No primeiro turno da reeleição do mesmo votei
na Heloísa Helena, aí no segundo turno, ñ deu p votar no PSDB, já havia
sofrido muito mais c o FHC, 8 anos sem aumento, fui de Lula mesmo… rrss.
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