Humor e informação: melhores armas na rede
por Luiz Carlos Azenha
A Folha de S. Paulo é o jornal do marketing. Pretende esconder sua crescente irrevelância atrás de opiniões “selvagens”.
Opinionismo custa relativamente pouco em relação a reportagens investigativas aprofundadas e realmente esclarecedoras.
Mas há mais que dinheiro na contratação de colunistas-pitbulls pelo jornal, mais que controvérsia como valor em si.
Há as redes sociais e a campanha de 2014.
Os frequentadores das redes sociais são, no frigir dos ovos, mão-de-obra gratuita nas campanhas eleitorais contemporâneas. Desde Obama, em 2008, nos Estados Unidos. Aos milhões. No Brasil, cada vez mais.
Eles precisam de “material de campanha” que não seja o oficial, sobre o qual existe desconfiança por ser … oficial e por representar opiniões e pontos-de-vista de partidos e candidatos cuja credibilidade neste momento é questionada, junto com a das próprias instituições da democracia representativa.
Os pitbulls da Folha geram, portanto, material não oficial de campanha para compartilhamento junto aos milhares/milhões de seguidores das redes sociais. Material agressivo, bem ao gosto dos debates inflamados que tomam conta dos espaços virtuais.
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A agressividade, aliás, parece atender — talvez por acaso, talvez não — a um objetivo da direita: polarizar os debates a ponto de afastar parte dos leitores/frequentadores das redes sociais.
Quem se impressiona com o vandalismo verbal?
Especialmente a gigantesca maioria silenciosa que lê, ouve, vê, compartilha, mas não se envolve diretamente nos debates. Eu calcularia que representa de 90% a 95% dos leitores de blogues, por exemplo.
O cansaço com o espetáculo da violência verbal, presumo, acaba empurrando parte desta maioria para alternativas políticas, candidatos “novos” e não diretamente relacionados à baixaria do Fla-Flu. No caso de 2014, Eduardo Campos-Marina Silva.
Assim, quando supostos apoiadores do petismo se entregam a ataques virulentos contra antipetistas e qualquer um que não reze pela cartilha do governismo, talvez estejam dando um tiro no próprio pé, já que as redes sociais são o único espaço onde parece haver algum equilíbrio e diversidade de opiniões.
Leitores afastados das redes sociais vão se refugiar… na Folha, Estadão, Veja, Globo, com toda a sua “pluralidade”. Pelo menos lá se acham livres do vale-tudo.
Ao mesmo tempo, é curioso notar a inexistência de uma diretriz — seja do PT, seja do próprio governo federal — para acrescentar ao debate, sem intermediação da mídia corporativa, pontos-de-vista dos formuladores de políticas públicas que estejam em debate, em votação no Congresso ou em implantação.
Os ministros falam, sim, às vezes escrevem, mas raramente sabemos dos técnicos que têm conhecimento minucioso e detalhado das matérias. É um conhecimento que agrada internautas, principalmente os que dispõem de tempo e vontade para pesquisar, debater, escrever seus próprios textos e, especialmente, disseminar.
Em outras palavras, à campanha eleitoral opinionista e agressiva da direita, o PT deveria responder com uma campanha informativa e esclarecedora.
A lógica das comunicações do PT e do governo Dilma é, ainda, a lógica de simplesmente responder ao colunismo antipetista. Nenhuma novidade, já que o antipetismo da mídia tradicional é, em parte, financiado pelo próprio governo do PT.
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Comentários
Ricardo
Acho que o Elio Gaspari matou a charada sobre o problema da oposição. Eles adotam um discurso raivoso que agrada a quem já tem raiva do PT. Ou seja: quem detesta o governo passa a detestar 2x mais. Só que cada um dos leitores/internautas/telespectadores continua votando apenas 1x.
Mauro Assis
O governo Dilma não tem “problema de comunicação: o negócio é incompetência mesmo, não há o que mostrar! Me digam DUAS coisas que foram feitas no governo Dilma que mudaram, que inovaram, que resolveram alguma coisa? Eu peço duas porque se eu pedir uma alguém virá com o Mais Médicos, essa macumba cujo único objetivo é dar algum discurso pro próximo poste a ser empinado pelo Lula.
Vamos testar as possibilidades:
– Leilão do pré-sal: competição de um só concorrente, ganha (claro), pelo preço mínimo. Só se o mínimo=ótimo, para achar que há algum sucesso nisso.
– Cinco pactos: quais eram eles mesmo?
– Inflação: no teto da meta.
– Juros: mais altos do mundo.
– Crescimento: pibinho em cima de pibinho.
– Reforma agrária: só ganha do Collor, ou nem isso.
– Entrega de obras: transposição do SF, transnordestina, refinarias, 6000 creches, aeroportos… nada, nada, nadinha termina. A única coisa que cresce é o orçamento.
– Matriz de exportação: cada vez mais produtos primários, cada vez mais pendurados na China.
Me digam, gente, onde é que está o que pode ser mostrado?
Virgílio
Vc anda lendo demais o PIG! Cuidado com a intoxicação cerebral!
Vinícius
Vamos combinar que infelizmente parte a agressividade, o vandalismo verbal, a tentativa de polarizar opiniões a ponto de impossibilitar o debate também descreve ipsis literis o comportamento do feminismo na rede.
Com todo o respeito pela trajetória de luta da autora, os próprios textos da Fátima Oliveira neste blog seguem esta linha. Às vezes o único conteúdo é o ataque ao campo adversário, de maneira sensacionalista e compartilhável. Um texto dela sobre como “satanizavam” o movimento pela legalização do aborto, por exemplo, não fazia mais que satanizar o lado contrário.
E a Fátima Oliveira nem representa o mais extremo nesse caso. O feminismo mais radical até reivindica o direito de agredir verbalmente qualquer um que discorde. O mais triste não é nem esse comportamento infantil e raivoso atrapalhar o feminismo. É a importância do feminismo dar ares de legitimidade a estratégias tão vulgares. Uma boa parte da blogosfera feminista contribui pra legitimar o vandalismo verbal, afastando as pessoas da política, e por aí vai, conforme o Azenha já descreveu.
Elias
Dentre os pitbulls da imprensa que tem lado, talvez, o mais hidrófobo seja Reinaldo Azevedo, o novo serviçal da Folha de São Paulo. Fico a imaginar o “Rola-bosta”, adentrando o saguão da Alameda Barão de Limeira, recepcionado pelo “Cara-de-cavalo” Demétrio Magnoli. Incrível como a Folha de São Paulo quer parecer um jornal de vanguarda e se torna cada vez mais um broncossauro direitoso e obsoleto.
Thomaz
O Azenha tem toda razão, coitado.
Dudu Cartucho
A virulência da oposição nas redes sociais tende a seguir o mesmo desfecho das ‘manifestações’ de junho; afastar a maioria da população.
A recuperação de Dilma e a aprovação popular do Mais Médicos são um sinal da reação do povo à truculência.
Marat
Os pitbulls latem, a caravana passa, as nuvens nem se importam…
Edgar Rocha
Não sou anti-petista. Venho de família militante do PT e, por isso mesmo, sendo eu o caçula, não desenvolvi nenhum envolvimento passional, tendo começado a me tornar crítico em relação à militância logo quando meu interesse se tornou um pouco mais bem fundamentado. Portanto, também não me tornei um petista de carteirinha, mesmo tendo votado no PT (nunca votei em outro partido) pra cargo majoritário. Nos minoritários, vez por outra, votei nulo por falta de uma referência além daquelas que tinha e que, por muitas vezes, me decepcionaram. Acredito e endosso boa parte dos projetos e princípios defendidos por gente séria no PT. E por isso mesmo, não engulo certas contradições na prática e nas gestões. Sinceramente, creio que sejam estas mesmas contradições que impeçam o partido de ampliar o diálogo com a sociedade. O PT, com suas lideranças e sua direção, sabem que serão cobrados neste quesito pela própria esquerda e por aqueles que demonstram algum espírito crítico. Com exceção da militância comprometida pessoalmente e profissionalmente com o a máquina partidária e com o governo, acho que muita gente que adoraria fazer perguntas e propor outras vias acaba sendo excluída da participação político-partidária, através dos inúmeros e sofisticados meios que as direções utilizam para tal intento. A saber: a desqualificação pessoal, prévia e radical de qualquer crítico (não da crítica); a coação moral feita nas conversinhas de bastidores, a queimação desleal e a simples exclusão, ignorando por completo o interlocutor e, por último, a cereja do bolo, os pactos com os “diferentes” que pressupõem concessões, relativizações e a anulação de qualquer setor que seja diretamente atingido pela incômoda presença daqueles que, do dia pra noite, se tornam companheiros e “importantes quadros para a governabilidade” (caramba, abriram mão do apoio da Erundina pra ficar com o Maluf!). Enfim, o Azenha está querendo demais quando espera que o PT informe, apresente dados e, sobretudo esclareça suas posições políticas. se não aceitam questionamentos nem internamente, que dirá abrindo espaço na internet, já que este pressupõe uma participação direta de quem recebe a informação?
Lucas Lima
Belo post. Muito interessante sua análise.
Julio Silveira
Azenha, sempre lucido em suas manifestações. Pena que escreve para um deserto de passionais, apaixonados pelo entendem serem os exclusivos donos da verdade.
ProfeGélson
Pelo que vi, li e escutei: EM 2014 É DILMA DE NOVO!!!
lukas
Janio de Freitas, Safatli e André Singer estariam na categoria de opinião “selvagens”. Ah, não, estes domesticados (por quem?).
Da próxima vez que Viomundo reproduzir reportagens da Folha deveria lembrar desta irrelevância.
Diego
Azenha, em 2014 o Brasil vai dizer: FORA PT!!!
Edi Passos
Para isso vocês terão que inventar um discurso, um programa e um candidato válidos!
Vinicius Rodrigues
Junta-se à mídia golpista um verdadeiro exército virtual tucano disposto a tudo nas eleições presidenciais. veja http://www.platodocerrado.blogspot.com.br
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