Beatriz Kushnir: Otavinho me falou pessoalmente em “ditabranda” semanas antes de o jornal publicar a palavra
Tempo de leitura: 2 minDa Redação
O livro Cães de Guarda, da historiadora Beatriz Kushnir, em breve terá uma terceira edição.
É um trabalho pioneiro no tratamento do colaboracionismo com a ditadura militar.
Hoje, quando a Rede Globo e a Folha de S. Paulo se dizem defensoras da democracia, escondem de seus telespectadores e leitores detalhes nefastos de seu colaboracionismo com os ditadores entre 1964-1985.
A Globo e a Folha não só promoveram o golpe, como tiraram proveito econômico dele.
No livro, Beatriz descreve como Roberto Marinho acoitou censores dentro de sua emissora e como Octavio Frias de Oliveira emprestou um jornal para a ditadura divulgar mentiras, fake news.
Numa recente publicação polêmica, o diário conservador paulistano tascou o nome Jair Rousseff no título de um editorial, juntando um apoiador da tortura e uma torturada na mesma frase.
Essas frequentes polêmicas são parte do marketing da Folha, que descobriu que era lucrativo enfrentar a ditadura enfraquecida, nos anos 80, e conquistou a classe média.
Durante a polêmica Jair Rousseff, o colunista Janio de Freitas fez uma ácida crítica ao jornal, mas afastou o então diretor Octávio Frias Filho da ditabranda.
Janio atribuiu o termo a um editorialista, que teria criado a palavra sem anuência de Otavinho.
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Da ditadura ainda tão presente ao presente ameaçado de sua volta: o editorial “Jair Rousseff”, no sábado (22), trouxe de volta a muitos leitores o tratamento de “ditabranda” certa vez aplicado, também em editorial, aos anos de tortura e assassinato nos quartéis.
Deste erro afrontoso adveio outro equívoco traumatizante nas relações entre o jornal e imensa parte da então centenas de milhares de leitores. Difundiu-se que Otavio Frias Filho, já diretor de Redação, foi o autor do editorial. Ou, em versão mais arriscada, quem determinou o uso do termo.
O que houve não era novidade, um editorialista revestindo com a autoridade do jornal o que, pode-se presumir por outros motivos, era ou é um conceito seu. Do jornal que publicara, e continuou publicando, tantas revelações de crimes de militares e da ditadura em geral, é que tal conceito não era.
A exemplo de Octavio pai, Otavio Filho guardou silêncio a respeito do editorial. Não há dúvida de que a imputação incabível o feriu. E acirrou indisposições suas com algumas figuras públicas e com posições à esquerda. Equívoco contra equívoco. Injustiça contra injustiça.
Agora a historiadora Beatriz Kushnir vem a público informar que ouviu da boca do próprio Otavinho o termo ditabranda semanas antes do editorial ter sido publicado, em encontro pessoal no Rio de Janeiro.
Mais uma importante contribuição de Beatriz à História. Vale a pena ouvir a íntegra da entrevista.
Comentários
Morvan
O PT, mais uma vez, exerce seu direito como partido (talvez o único a poder assim ser chamado, programática e praticamente): lança candidato, o qual não é um mero, é a apregoação, o manifesto de uma ideia. Que todos se lancem, definam e defendam seus ideais, assim como o faz o PT. As pessoas precisam entender o que significa uma eleição em dois turnos; o porquê de sua criação. De como o escrutínio em turnos respalda e filtra candidaturas, propostas. Depois, para quem ficou, vêm as alianças, decurso natural da democracia. Quando um partido não defende a si mesmo, ao processo, ali se registra a derrocada de todo o arcabouço de legitimidade e educação política, tão premente em nosso meio.
alexandre
uma vez golpista sempre golpista, como tudo de ruim que traz esta frase do lupicinio
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