Juliana Cardoso: Novos locais do SAMU aumentam riscos de mortes na cidade
Tempo de leitura: 2 minPor Juliana Cardoso
Novos locais do SAMU aumentam riscos de mortes na cidade
Levantamento mostra que os novos pontos para onde as bases do SAMU foram realocadas pela gestão Covas aumentam tempo de resposta
por Juliana Cardoso*
Relatório produzido após vistorias aos locais para os quais a Prefeitura de Samu transferiu as bases do SAMU revela as enormes dificuldades enfrentadas pelas equipes para continuarem prestando atendimento rápido à população.
Portaria nº 190/19 de fevereiro da gestão Bruno Covas (PSDB) determinou a desativação das 31 unidades modulares do SAMU situadas em pontos estratégicos da cidade e as realocações para Unidades Básicas de Saúde (UBS), Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) e alguns hospitais.
Desde então funcionários do SAMU seguem mobilizados denunciando a falta de infraestrutura adequada para realizar seus trabalhos de forma eficiente e, principalmente, segura.
Após três paralisações parciais dos serviços e greve de 24 horas foi aberta negociação com a Secretaria Municipal de Saúde.
Ficou acordada a formação de comissão para visitar os locais. O relatório, elaborado pelos funcionários do SAMU, confirma as denúncias: nos novos pontos, o tempo de resposta às ocorrências para as equipes entrarem em ação aumenta e com isso muitas vidas deixam de ser salvas.
Além do fator tempo, decisivo para salvar vidas, os novos locais também aumentam os riscos de contaminação cruzada por secreções ou sangue.
Eles não oferecem espaços isolados dos usuários das unidades de saúde para higienizar de forma correta os equipamentos, ambulâncias e os próprios funcionários.
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Nesse festival de improvisos, 30% dos pontos equipes não dispõem de banheiros com chuveiros e 60% não têm salas de descompressão.
Problemas e adversidades não têm fim nos novos pontos.
Nessa reestruturação metade das ambulâncias não presta mais serviços 24 horas.
E mais de dois terços delas estão em locais sem cobertura. Expostas ao sol e a altas temperaturas, equipamentos e remédios dentro das ambulâncias são danificados.
Além disso, motoristas enfrentam dificuldades para manobras. Em alguns casos têm que driblar até feira livre, pancadões ou alagamentos nas saídas das ocorrências.
O levantamento aponta que 93% dos pontos não tiveram justificativas técnicas que definiriam as suas localizações. Por isso, há distorções como locais distantes de avenidas, bases próximas entre si e regiões hoje descobertas de atendimento, mais precisamente nas zonas Sul e Norte da cidade.
Os argumentos utilizados pela gestão Bruno Covas para essa reestruturação são de “que amplia a cobertura, melhora a eficiência gerencial das equipes e, por fim, melhora a assistência à população”.
Porém, eles caem por terra com esse relatório das visitas, que conclui: ao manter essas transferências, a gestão Bruno Covas assumiu o risco de aumentar consideravelmente o tempo de resposta e suas consequências.
Para reverter esse quadro, o relatório lança a proposta: o governo abraçar plano de construção de unidades de alvenaria nos terrenos que foram desocupados pelas bases modulares, aproveitando também algumas áreas ociosas perto de hospitais.
Essa questão e a indagação sobre os reais motivos que estão levando a gestão Covas a desmontar um dos serviços mais eficientes do SUS (Sistema Único de Saúde) poderão ser dirimidas durante reunião da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, programada para dia 19 de junho, às 13h, quando representantes do governo municipal deverão estar presentes e o relatório será apresentado oficialmente.
*Juliana Cardoso (PT) é vereadora, vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente e membro das Comissões de Saúde e de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo.
Juliana Cardoso
Deputada Federal (PT) eleita para o mandato 2023/2026.
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