Juliana Cardoso alerta para os perigos do PL que criminaliza ocupantes de terra
Tempo de leitura: 3 minPor Juliana Cardoso
Por Juliana Cardoso*
Retrocesso. É assim que o PL 709/23 pode ser caracterizado.
Aprovado antes do recesso em Brasília, o projeto é uma afronta contra a luta histórica dos movimentos populares pelo acesso à terra e pela Reforma Agrária.
De autoria do deputado Marcos Pollon (PL-MS), estabelece punições rigorosas contra pessoas que participarem de ocupações no Brasil.
O projeto faz parte da onda de ataques dos partidos de extrema-direita e da bancada ruralista, com os seguidores do inelegível na linha de frente, e significa um marco no leque de absurdos recentes aprovados na Câmara Federal. O PL seguiu para o Senado.
Há atualmente 20 projetos tramitando no Congresso Nacional no chamado “Pacote Anti-MST” para criminalizar os movimentos sociais.
Já o 709/23 propõe que condenados por “invasão de propriedade urbana ou rural” sejam proibidos de receber auxílios, benefícios e de participar de programas do governo federal como o da reforma agrária, bem como de assumir cargos ou funções públicas.
No caso de ser beneficiário do Programa Bolsa Família, a proibição por participar durará enquanto a pessoa permanecer em propriedade alheia.
Para os 336 deputados favoráveis ao projeto, pouco importa que a Constituição Federal estabeleça condições para que a função social da propriedade rural seja cumprida.
E menos ainda que dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) demonstram uma realidade vergonhosa: 1% dos proprietários rurais detêm 47% das terras usadas para a produção agropecuária no Brasil.
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Para esses parlamentares não importa que o Brasil seja recordista da maior concentração fundiária do mundo.
A velocidade da aprovação foi a de um trator passando pelo plenário que rejeitou todas as sugestões de alterações de parlamentares progressistas.
Com um placar de 336 votos a favor e 120 contra a proposta, sabemos que o caráter criminalizador do projeto tem endereço certo.
Não é de hoje que a bancada ruralista tenta emplacar medidas para criminalizar os militantes dos movimentos populares e proteger “suas terras”. Mas o projeto também afeta a população indígena e quilombolas.
O sinal já havia sido dado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), quando foi aprovado por 38 votos favoráveis e oito contrários.
Aliás, na oportunidade o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, o do “vai passar a boiada”, ironizou as lutas do MST, classificando de “Carnaval Vermelho” o mês de lutas do movimento, o Abril Vermelho.
O conteúdo do projeto confirma o objetivo de transformar uma questão social em questão de Segurança Pública.
Além de impor uma série de sanções aos ocupantes de terras improdutivas, o projeto estabelece que a autoridade policial deverá indicar os participantes do conflito fundiário e encaminhar, em até 10 dias úteis, a relação de pessoas ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O instituto criará um sistema para “fichar” todos os participantes e deverá inserir também em 10 dias úteis a relação enviada pela polícia.
Esse projeto avançou, mas a bancada ruralista tem outros ataques à democratização das terras.
O PL 8262/2017, do ex-deputado André Amaral (Pros-PB), concede aos proprietários rurais o direito de solicitarem o uso de força policial para a retirada de ocupantes de terra de áreas de sua propriedade sem necessidade de ordem judicial.
Soa inacreditável, mas o texto tem parecer favorável. É bolsonarismo que chama.
O inelegível junto com seus seguidores do Congresso Nacional não extraíram lições do modelo capitalista dos norte-americanos, país para o qual sempre exerceram forte viralatismo.
Aqui acusam os defensores da Reforma Agrária de “coisa de comunistas”.
A verdade é que a gigante concentração de terras no Brasil, sem função social, tem raízes no processo histórico de fortes desigualdades sociais. Por isso, que é completamente absurdo, a Câmara Federal aprovar um projeto como esse.
Não aceito e o denuncio veementemente. Qualquer projeto que tenha como objetivo criminalizar movimentos sociais, deve ser combatido.
Não aceitarei nenhuma ação que tente calar a voz de pessoas excluídas do processo democrático, principalmente daqueles que lutam por seus direitos perante a sociedade.
*Juliana Cardoso é deputada federal eleita para o mandato 2023/2026. Faz parte da Comissão de Saúde e da Comissão de Mulheres, além de 1ª vice-presidente da Comissão dos Povos Originários e Amazônia.
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Juliana Cardoso
Deputada Federal (PT) eleita para o mandato 2023/2026.
Comentários
Zé Maria
Tuíre Kayapó alcançou
a Velocidade da Luz
na Segunda Potência.
Desintegrou-se em Matéria
E Converteu-se em Energia.
Zé Maria
https://florestaprotegida.org.br/api/uploads/associacao-floresta-protegida/images/averages/ypodpup6ax0d1-1723495161789.jpeg
https://florestaprotegida.org.br/noticias/o-ultimo-legado-de-tuire-kayapo:-uma-oficina-de-costura-e-a-partida-de-uma-lider-um-dia-depois
Zé Maria
https://bit.ly/3AgAMYX
Zé Maria
.
Tuíre Kayapó-Gorotiré!
PRESENTE!
.
“Carregou a luta desde a base,
porque a luta é o quarto poder.
Seu legado continuará a encorajar nossa voz
para denunciar todas as tentativas de nos silenciar
e de roubar nossos direitos.”
https://x.com/CeliaXakriaba/status/1822274495316472046
.
Zé Maria
.
“Ao lado do deputado estadual Adão Pretto, a direção nacional do PT
acionou o STF para derrubar a lei que criminaliza movimentos sociais
no Rio Grande do Sul.
O projeto da extrema-direita quer perseguir e punir aqueles que sonham
com um pedaço de terra para plantar ou um lugar para morar.
O direito à terra está garantido no artigo 184 da Constituição Federal,
e é por isso que vamos enfrentar essa batalha de reverter uma lei absurda.
A Reforma Agrária democratiza o acesso à terra, garante sua função social
e promove o desenvolvimento sustentável.
É por isso que nós lutamos!”
GLEISI HOFFMANN
Deputada Federal (PT/PR)
Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores
https://x.com/Gleisi/status/1820544187600904527
.
Zé Maria
.
“Saúdo nosso companheiro Raduan Nassar, premiado escritor,
que há 10 anos fez um gesto impressionante:
doou sua fazenda de 700 hectares para instalação do campus da UFSCAR
em Buri com cursos para mais 3 mil estudantes da região mais pobre de SP,
que não tinha uma universidade.
Num gesto elogiável, o Presidente Lula visitou esta semana o campus
de Buri, para agradecer mais uma vez ao nosso querido Raduan, sua
generosidade e solidariedade.
Durante a 2ª Guerra Mundial muitos fazendeiros nazistas estavam na região e instalaram uma fazenda com trabalho escravo, que foi denunciada em documentário ‘MENINO 23’ (https://youtu.be/RkvcW2bamEs?t=53).
Depois da Guerra, a viúva do poderoso empresário Krupp, nazista,
se instalou por lá numa fazenda. E só voltou à Alemanha em 1970,
quando o parlamento alemão aprovou uma lei de anistia aos nazistas.
MST tem parceria com o campus para construir um futuro melhor
de soberania alimentar: multiplicamos sementes de soja não transgênica,
vamos implementar um curso de gestão cooperativa e queremos instalar
uma fábrica de colheitadeiras de grãos com tecnologia chinesa, para atender e resolver o problema da colheita mecanizada em pequenas áreas,
de soja, milho e feijão.
A família Raduan já doou mais 50 hectares para esse projeto.”
JOÃO PEDRO STÉDILE
Coordenador Nacional do MST
Fio da Meada: https://x.com/stedile_mst/status/1816462089940058254
.
Zé Maria
O Grande Capital Agrário (“o Agro Tóxico”)
quer eliminar a Produção Agrícola Familiar
se apropriando das pequenas propriedades.
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