Juliana Cardoso alerta para os perigos do PL que criminaliza ocupantes de terra

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Por Juliana Cardoso

Assentamento do MST em Alagoas. Foto: Gustavo Marinho/MST-AL

Por Juliana Cardoso*

Retrocesso. É assim que o PL 709/23 pode ser caracterizado.

Aprovado antes do recesso em Brasília, o projeto é uma afronta contra a luta histórica dos movimentos populares pelo acesso à terra e pela Reforma Agrária.

De autoria do deputado Marcos Pollon (PL-MS), estabelece punições rigorosas contra pessoas que participarem de ocupações no Brasil.

O projeto faz parte da onda de ataques dos partidos de extrema-direita e da bancada ruralista, com os seguidores do inelegível na linha de frente, e significa um marco no leque de absurdos recentes aprovados na Câmara Federal. O PL seguiu para o Senado.

Há atualmente 20 projetos tramitando no Congresso Nacional no chamado “Pacote Anti-MST” para criminalizar os movimentos sociais.

Já o 709/23 propõe que condenados por “invasão de propriedade urbana ou rural” sejam proibidos de receber auxílios, benefícios e de participar de programas do governo federal como o da reforma agrária, bem como de assumir cargos ou funções públicas.

No caso de ser beneficiário do Programa Bolsa Família, a proibição por participar durará enquanto a pessoa permanecer em propriedade alheia.

Para os 336 deputados favoráveis ao projeto, pouco importa que a Constituição Federal estabeleça condições para que a função social da propriedade rural seja cumprida.

E menos ainda que dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) demonstram uma realidade vergonhosa: 1% dos proprietários rurais detêm 47% das terras usadas para a produção agropecuária no Brasil.

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Para esses parlamentares não importa que o Brasil seja recordista da maior concentração fundiária do mundo.

A velocidade da aprovação foi a de um trator passando pelo plenário que rejeitou todas as sugestões de alterações de parlamentares progressistas.

Com um placar de 336 votos a favor e 120 contra a proposta, sabemos que o caráter criminalizador do projeto tem endereço certo.

Não é de hoje que a bancada ruralista tenta emplacar medidas para criminalizar os militantes dos movimentos populares e proteger “suas terras”. Mas o projeto também afeta a população indígena e quilombolas.

O sinal já havia sido dado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), quando foi aprovado por 38 votos favoráveis e oito contrários.

Aliás, na oportunidade o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, o do “vai passar a boiada”, ironizou as lutas do MST, classificando de “Carnaval Vermelho” o mês de lutas do movimento, o Abril Vermelho.

O conteúdo do projeto confirma o objetivo de transformar uma questão social em questão de Segurança Pública.

Além de impor uma série de sanções aos ocupantes de terras improdutivas, o projeto estabelece que a autoridade policial deverá indicar os participantes do conflito fundiário e encaminhar, em até 10 dias úteis, a relação de pessoas ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O instituto criará um sistema para “fichar” todos os participantes e deverá inserir também em 10 dias úteis a relação enviada pela polícia.

Esse projeto avançou, mas a bancada ruralista tem outros ataques à democratização das terras.

O PL 8262/2017, do ex-deputado André Amaral (Pros-PB), concede aos proprietários rurais o direito de solicitarem o uso de força policial para a retirada de ocupantes de terra de áreas de sua propriedade sem necessidade de ordem judicial.

Soa inacreditável, mas o texto tem parecer favorável. É bolsonarismo que chama.

O inelegível junto com seus seguidores do Congresso Nacional não extraíram lições do modelo capitalista dos norte-americanos, país para o qual sempre exerceram forte viralatismo.

Aqui acusam os defensores da Reforma Agrária de “coisa de comunistas”.

A verdade é que a gigante concentração de terras no Brasil, sem função social, tem raízes no processo histórico de fortes desigualdades sociais. Por isso, que é completamente absurdo, a Câmara Federal aprovar um projeto como esse.

Não aceito e o denuncio veementemente. Qualquer projeto que tenha como objetivo criminalizar movimentos sociais, deve ser combatido.

Não aceitarei nenhuma ação que tente calar a voz de pessoas excluídas do processo democrático, principalmente daqueles que lutam por seus direitos perante a sociedade.

*Juliana Cardoso é deputada federal eleita para o mandato 2023/2026. Faz parte da Comissão de Saúde e da Comissão de Mulheres, além de 1ª vice-presidente da Comissão dos Povos Originários e Amazônia.

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Juliana Cardoso

Deputada Federal (PT) eleita para o mandato 2023/2026.


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Zé Maria

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.

Zé Maria

.

“Ao lado do deputado estadual Adão Pretto, a direção nacional do PT
acionou o STF para derrubar a lei que criminaliza movimentos sociais
no Rio Grande do Sul.

O projeto da extrema-direita quer perseguir e punir aqueles que sonham
com um pedaço de terra para plantar ou um lugar para morar.

O direito à terra está garantido no artigo 184 da Constituição Federal,
e é por isso que vamos enfrentar essa batalha de reverter uma lei absurda.

A Reforma Agrária democratiza o acesso à terra, garante sua função social
e promove o desenvolvimento sustentável.

É por isso que nós lutamos!”

GLEISI HOFFMANN
Deputada Federal (PT/PR)
Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores
https://x.com/Gleisi/status/1820544187600904527

.

Zé Maria

.

“Saúdo nosso companheiro Raduan Nassar, premiado escritor,
que há 10 anos fez um gesto impressionante:
doou sua fazenda de 700 hectares para instalação do campus da UFSCAR
em Buri com cursos para mais 3 mil estudantes da região mais pobre de SP,
que não tinha uma universidade.

Num gesto elogiável, o Presidente Lula visitou esta semana o campus
de Buri, para agradecer mais uma vez ao nosso querido Raduan, sua
generosidade e solidariedade.

Durante a 2ª Guerra Mundial muitos fazendeiros nazistas estavam na região e instalaram uma fazenda com trabalho escravo, que foi denunciada em documentário ‘MENINO 23’ (https://youtu.be/RkvcW2bamEs?t=53).

Depois da Guerra, a viúva do poderoso empresário Krupp, nazista,
se instalou por lá numa fazenda. E só voltou à Alemanha em 1970,
quando o parlamento alemão aprovou uma lei de anistia aos nazistas.

MST tem parceria com o campus para construir um futuro melhor
de soberania alimentar: multiplicamos sementes de soja não transgênica,
vamos implementar um curso de gestão cooperativa e queremos instalar
uma fábrica de colheitadeiras de grãos com tecnologia chinesa, para atender e resolver o problema da colheita mecanizada em pequenas áreas,
de soja, milho e feijão.
A família Raduan já doou mais 50 hectares para esse projeto.”

JOÃO PEDRO STÉDILE
Coordenador Nacional do MST
Fio da Meada: https://x.com/stedile_mst/status/1816462089940058254

.

Zé Maria

O Grande Capital Agrário (“o Agro Tóxico”)
quer eliminar a Produção Agrícola Familiar
se apropriando das pequenas propriedades.

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