Juliana Cardoso: A bancada ‘agropop’ engana-se achando que só os indígenas serão afetados pelo PL 490. A conta vai chegar para todo mundo
Tempo de leitura: 3 minPor Juliana Cardoso
O PL da morte, do atraso, do retrocesso…
Por Juliana Cardoso*
É vergonhoso. Ao abrir as páginas da história do Brasil desde a invasão portuguesa em 1500, o meu povo indígena foi explorado, escravizado, massacrado e assassinado.
E, agora com PL n.º 490/07, aprovado a toque de caixa na Câmara de Deputados na terça-feira, 30 de maio, querem numa canetada exterminar os direitos adquiridos e, de novo, promover a injustiça e legalizar a violência.
Não tenho dúvida. O que os nossos parentes yanomâmis estão sofrendo vai ser a realidade dos povos originários de todo o Brasil, se esse projeto for aprovado no Senado.
Abrir as terras indígenas, de forma indiscriminada para grandes empreendimentos, é um risco.
Do jeito que ele foi concebido, a mineração, o agronegócio, o garimpo e grandes empreendimentos, muitos dos quais predatórios, terão prioridade em detrimento dos direitos seculares dos indígenas.
Mas, o ataque não é somente contra os povos indígenas. Isso porque o projeto vai facilitar e aumentar significativamente o desmatamento e, assim, rebaixar as metas climáticas em nível global.
A bancada “agropop” acha que está tudo bem, porque a conta será paga apenas pelos indígenas, mas está muito enganada.
Sim, se esse projeto nefasto for aprovado, os povos indígenas serão os mais afetados e os que primeiro pagarão a conta.
Apoie o VIOMUNDO
Mas a bancada ”agropop” se esquece que, ao promover mais desmatamento, vai comprometer o clima e o regime de chuvas.
E, ao ferir de morte as nossas florestas e a nossa terra, a conta vai chegar para todo mundo. Ou alguém aqui sobrevive sem água?
Acabar com a política de não contato, que está em vigor desde a redemocratização do País, é fatídico. É um retrocesso civilizatório inadmissível.
Não é possível que deputadas e deputados eleitos para representar o povo tenham atuado para submeter os povos indígenas ao genocídio mais uma vez.
Já assistimos esse filme de terror. Essas populações são as mais vulneráveis do mundo — sócio e epidemiologicamente.
Basta acessar os registros anteriores à Constituição de 1988 para relembrar as mortes em massa por conflitos, contaminações e doenças, pois eles não possuem imunidade natural. Gripe, sarampo, coqueluche, varíola e sífilis dizimaram comunidades indígenas inteiras.
É importante ressaltar que o PL 490 vai além do perverso marco temporal. Ele quer inviabilizar as demarcações de terras e permitir a expulsão forçada dos povos originários.
Atualmente, não existe um processo de demarcação no qual o marco temporal não seja levantado para anular demarcações existentes.
E por que isso acontece?
Porque o marco temporal não é um “critério objetivo” para as demarcações, como a bancada ruralista tenta convencer. O marco temporal é uma maneira de acabar com as nossas terras e os nossos direitos.
Ou caminhamos para construir um desenvolvimento sustentável, onde caibam a preservação ambiental, os povos indígenas e as nossas culturas ou a vamos enfrentar um cenário difícil, até tão apocalíptico quanto foi o da pandemia da Covid-19.
A ganância de uns poucos não pode se sobrepor ao interesse coletivo e a urgência de preservação da vida no mundo.
O PL 490 é um retrocesso colossal, tenebroso, e de desrespeito aos seculares direitos dos povos indígenas sobre as terras brasilis.
*Juliana Cardoso é deputada federal eleita para o mandato 2023/2026. Faz parte da Comissão de Saúde e da Comissão de Mulheres, além de suplente na Comissão dos Povos Originários e Amazônia. É filha de indígena do povo Terena, de Mato Grosso.
Leia também:
Cimi explica por que o projeto do marco temporal é inconstitucional e perigoso
Leonardo Sakamoto: PL do marco temporal vai muito além da demarcação de terras indígenas
ONU Direitos Humanos alerta: Congresso coloca em risco os direitos dos povos indígenas no Brasil
Indígenas realizam em todo o país manifestações contra o PL 490: Marco temporal, não!
Cimi denuncia: Em um único dia, Congresso promove dois ataques aos direitos dos povos indígenas
Márcia Lucena: Urgente! Congresso põe em risco direitos indígenas e meio ambiente sustentável; vídeo
Juliana Cardoso
Deputada Federal (PT) eleita para o mandato 2023/2026.
Comentários
Zé Maria
https://pbs.twimg.com/media/Fx5KryIWcAEp4Pt?format=jpg
“O Dia Mundial do Meio Ambiente, como disse a ministra @MarinaSilva,
é uma data de celebração e um convite a estarmos juntos
por uma causa maior.
Hoje é um dia de luta, de reforço do compromisso do presidente @LulaOficial
e do governo brasileiro pela defesa do Meio Ambiente e foram assinados
decretos importantes e necessários pela preservação da vida de todos
que habitam nosso país.
Mas é importante lembrar que a responsabilidade pela preservação do
Meio Ambiente é, também, de cada uma e cada um de nós.
No dia a dia, ações que parecem pequenas – como separar o material reciclável dos resíduos orgânicos ou economizar água – também são
ações que fazem a diferença pela sustentabilidade.
Seguiremos juntos na construção de um Brasil que respeita, preserva
e defende nosso Meio Ambiente!”
https://twitter.com/JanjaLula/status/1665851034902708224
https://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/em-meio-a-crise-lula-anuncia-decretos-que-fortalecem-a-agenda-ambiental-do-governo
Zé Maria
.
A Imprensa* do Agro-Golpe Reacionário é
Favorável à Degradação do Meio Ambiente.
.
Zé Maria
Estão torcendo para a Reincidência da Capa da Economist
com o Cristo Redentor em Queda Livre sobre a Guanabara.
https://www.dicionariotupiguarani.com.br/dicionario/guanabara/
Zé Maria
A Imprensa do Mercado está sabotando o Governo Lula,
metralhando a População com Notícias Negativas (Falsas
ou Distorcidas) sobre a Economia do Brasil, induzindo os
Deputados Federais do Centro a votarem não só contra
o Governo do PT, mas do próprio País.
Não chega a ser surpresa esse Método de Distorção da
Realidade pela Mídia Venal, de tentar prejudicar o Bom
Desempenho da Economia para afetar negativamente
a Imagem dos Governos do PT, uma vez que não faz uma
década a Imprensa adotou no Segundo Governo Dilma
essa mesma Estratégia Pusilânime para induzir a Queda
da Popularidade da Presidente da República preparando
o Ambiente Político para o Golpe Parlamentar de 2016,
em Consonância com os Propósitos Lavajatistas ditados
pelos Interesses dos Estados Unidos da América (EUA).
.
Deixe seu comentário