Com apenas 16,5% dos mineiros vacinados, Zema marca volta de aulas presenciais; Sindicato é contra e deputada entra com ação
Tempo de leitura: 5 minPor Conceição Lemes
Minas Gerais contabiliza 1.827.108 casos de covid-19 e 47.079 mortes.
Segundo o boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) divulgado nesse domingo (04/07), nas últimas 24h foram registrados 3.289 novos casos de infecção e 196 pessoas morreram.
De acordo com o Vacinômetro da SES-MG, 7.400.583 mineiros se vacinaram com a primeira dose dos imunizantes.
Outros 2.723.129 já tomaram duas doses e 25.126 receberam vacina de dose única.
Ou seja, 2.748.345 mineiros estão totamente vacinados.
Explicamos.
A população total de Minas Gerais em 2021, segundo projeção do IBGE, é de 21.411.923 habitantes.
O Plano Nacional de Operacionalização contra a Covid-19, do Ministério da Saúde, determina a imunização de todas as pessoas com 18 anos e mais de idade.
Isso significa 16,6 milhões de mineiros.
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Pois bem, somando os que já receberam as duas doses (2.723.129) aos que tomaram vacina da Jansem, de dose única (25.126), temos 2.748.345 mineiros totalmente vacinados.
Eles representam 16,5% do contingente total a ser imunizado.
Se considerarmos apenas os mineiros as duas doses são 16,4% vacinados.
Mesmo assim, o governo Romeu Zema (Novo) anunciou retorno das aulas presenciais na rede estadual de ensino a partir de 12 de julho.
O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) é contra.
“Não estamos dispostos a colocar a nossa vida e nem a dos nossos estudantes em risco”, afirma a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, professora Denise Romano.
“Queremos a volta presencial às aulas quando houver imunização de toda a população”, defende.
Em resposta à decisão do governo Zema, o Sind-UTE/MG convocou para esta quarta-feira (07/07), às 9h, reunião do seu Conselho Geral Deliberativo da categoria, que é composto por representantes de todo o estado.
Na pauta, deliberar sobre greve sanitária. Neste dia haverá paralisação total de atividades (leia abaixo).
E já na sexta-feira (02/07), a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG) entrou com uma ação popular contra a retomada das aulas presenciais em regiões que estão na Zona Vermelha (leia mais abaixo).
07/07: SIND-UTE/MG CONVOCA CONSELHO GERAL PARA AVALIAÇÃO DE GREVE SANITÁRIA
Sind-UTE-MG
O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) vem a público informar que decidiu convocar para o próximo dia 7 de julho de 2021, às 9h, o seu Conselho Geral e já está pautado indicativo de greve sanitária em todo o estado de Minas Gerais. Neste dia haverá paralisação total de atividades.
A decisão é uma resposta ao governo do Estado, que anunciou retorno presencial às escolas a partir de 12 de julho.
Pedimos às famílias que não enviem seus filhos e filhas para as escolas nesse momento. Há riscos sim de novas contaminações e de mais perdas de profissionais da educação, especialmente, em municípios que estão na onda vermelha.”
Minas Gerais registrou no dia de ontem (01/7/21) um cenário ainda extremamente preocupante: 46.459 mortes e 1, 81 milhão de infectados com a Covid-19.
E é diante desse quadro que o governo do Estado convoca a educação para as aulas presenciais sob o argumento de que o checklist está de acordo com as recomendações sanitárias.
Para o Sind-UTE/MG, onda vermelha favorável não existe.
O governo do estado de Minas Gerais quer fazer da escola um grande tubo de ensaio e assim verificar a possibilidade de contaminações em massa pelo vírus.
“Não estamos dispostos a colocar a nossa vida e nem a dos nossos estudantes em risco. O Sind-UTE/MG defende a educação e prima pela vida.Queremos a volta presencial às aulas quando houver imunização de toda a população”, afirma a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, professora Denise Romano.
De março a junho deste ano, o Sindicato redigiu mais de 160 notas de pêsames de profissionais da educação que perderam suas vidas pela Covid-19, destes 120 educadores e educadoras da ativa e mais de 40 aposentados/as. “São pais, mães e arrimos de famílias. Profissionais que não voltarão mais para a escola e deixarão órfãos também a comunidade escolar.
O Sind-UTE/MG é categórico: “A volta às aulas neste momento é um sinal de alerta máximo de perigo iminente que pode e deve ser evitado. Basta bom senso, cuidado com pessoas, investimento em vacinação e menos falácia. O governo do Estado, as Secretárias da Saúde e da Educação sabem que isso será uma catástrofe, mas, mesmo assim querem nos colocar no olho do furacão. O mundo dá sinais de que medidas intempestivas como essas tiveram péssimos resultados e fizeram eclodir o vírus, proporcionando a morte de milhões de pessoas”.
Batalha para manter a vida
Vale destacar que o Sind-UTE/MG travou uma batalha na justiça contra o governo e, por cerca de 1 ano e 4 meses, através de uma decisão liminar conseguida junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) garantiu a suspensão da convocação presencial dos trabalhadores em educação (exceto os diretores de escola) e o não retorno presencial das atividades escolares até que fossem implementados todos os protocolos sanitários, conforme decisão já proferida na liminar desde abril de 2020.
“Mas, é público e notório que o governo não cumpriu todos os protocolos. As escolas continuam sem infraestrutura adequada. Estão bonitas e preparadas só na foto.”
A luta não para e vai continuar.
A categoria da Educação, que em Minas responde por 80% do funcionalismo público, se mobiliza e o Sind-UTE/MG busca no apoio de sua base e da sociedade forças para impedir que o vírus da Covid-19 se alastre ainda mais com o retorno presencial às aulas.
Conceito – Greve Sanitária
A greve sanitária, também conhecida como greve ambiental, é uma greve deflagrada em função de uma emergência que coloca a segurança e vida dos trabalhadores em risco, como é o caso da pandemia da COVID-19. Ou seja, o ambiente “laboral” pode acarretar risco à segurança da vida do trabalhador.
No caso, a discussão da deflagração da greve é motivada em função da exigência de um trabalho presencial que pode trazer graves e sérios riscos a vida e saúde dos profissionais.
Assim, por todo o risco que o ambiente laboral pode vir ocasionar ao trabalhador a manutenção do trabalho será pela forma remota, já que a atividade presencial não possui as medidas sanitárias que garantam a segurança do trabalhador em seu ambiente de trabalho com a falta das medidas sanitárias.
DEPUTADA AJUÍZA AÇÃO CONTRA RETORNO DAS AULAS PRESENCIAIS EM REGIÕES DA ONDA VERMELHA
A deputada estadual Beatriz Cerqueira, que preside a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, ajuizou nesta sexta-feira, 2, Ação Popular na 2a Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte contra o governo do Estado pela autorização para o retorno presencial das aulas na rede estadual de ensino em regiões que estão na Zona Vermelha, de acordo com parâmetros da Covid-19.
A parlamentar destaca, na Ação, que, entre os dias 24/02/2021 e 02/07/2021 a situação epidemiológica e assistencial do Estado não apresentou melhoras, pelo contrário, apresentou piora, com decreto de Onda Roxa por um período e a manutenção de praticamente todo o Estado na Onda Vermelha.
Mesmo não havendo melhora na situação epidemiológica do Estado para oportunizar o retorno presencial e com muitos municípios optando por manterem-se na onda vermelha do Programa Minas Consciente, alertou a deputada, a Administração Pública, ferindo a autonomia da gestão municipal, emitiu ato, dissociado de qualquer critério razoável e em um cenário grave da pandemia, autorizando o retorno das atividades da educação pública para municípios da onda vermelha.
Tal medida para ter sido adotada “somente para fazer valer a sua vontade e dar “ares” de legalidade à tal atitude”, defendeu a deputada na Ação Parlamentar.
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