Com quantos covardes se faz um golpe?
Ao negar liminarmente o pedido da defesa de Lula, Fachin agiu como sua colega de apropriado nome Weber, deixando de lado qualquer “convicção” e demostrando sua total “responsabilidade” enquanto integrante do aparato de Estado responsável por martelar mais alguns pregos no caixão do golpe.
Os que acreditam no Estado de Direito podem e devem ficar escandalizados.
Mas quem noutros tempos aprendeu que o Estado é o “comitê executivo da burguesia”, não deve gastar tempo se lamuriando.
A classe dominante brasileira (não um indivíduo, não um partido, não um setor, mas sim o conjunto da classe dominante e todos os seus instrumentos estatais, midiáticos e econômicos) está em guerra contra Lula, contra o PT, contra a esquerda, contra a classe trabalhadora brasileira, contra as liberdades democráticas, os direitos sociais e a soberania nacional.
O golpe de 2016, as contrarreformas, a condenação, prisão e impedimento de Lula são batalhas desta guerra.
O próximo passo deles é continuar fazendo de tudo para “vencer legitimamente” as eleições presidenciais de 2018.
Isso inclui desde já manipulação das pesquisas, impedimentos ao uso da imagem de Lula, novos processos contra a coligação e seus encabeçadores, estrangulamento financeiro e, talvez mais importante que tudo, uma campanha sistemática para que os votos de Lula se dispersem entre diferentes candidaturas, de maneira a que o segundo turno seja disputado entre duas candidaturas golpistas.
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Aliás, o sonho dourado de um setor da classe dominante, vocalizado por FHC, é fazer o PT recomendar voto num tucano para derrotar um espantalho.
Portanto, não podemos deixar de falar da natureza fraudulenta destas eleições.
Isto nos ajudará a manter alta nossa guarda, ajudará a deslegitimar resultados negativos e contribuirá para que tenhamos a atitude e o discurso necessários para derrotar a fraude, que efetivamente é o que mais importa.
Vale lembrar que a orientação “eleição sem Lula é fraude” permitia a adoção de várias táticas eleitorais.
Mas os hábitos e costumes adquiridos nos últimos vinte anos impediram amplos setores da esquerda de considerar outras hipóteses e limitaram o leque de alternativas.
Mesmo assim, se prevalecer a decisão de substituir o presidente Lula, é preciso que a pessoa substituta aja como tal, para que o eleitorado que hoje prefere Lula vote 13 como um protesto contra a fraude.
Falando de outra forma: não devemos cair na armadilha de comparar a pessoa substituta com seus adversários.
A comparação e o confronto devem se dar entre quem representa Lula e os inimigos de Lula.
Outra armadilha para a qual setores do tucanato querem nos atrair é a de assumir como “centro tático” da campanha a linha todos contra a extrema-direita.
O centro tático da campanha, para nós, deve continuar sendo todos contra os golpistas.
Isto não significa minimizar os riscos da extrema-direita. Pelo contrário.
O ambiente criado pelo golpe favorece a extrema-direita e não devemos descartar a possibilidade de sua vitória.
Mas por razões já detalhadas no texto “A tripla polarização”, as chances de derrotar a extrema-direita crescem quando a esquerda se apresenta como o que somos: anti-golpistas, anti-neoliberais e anti-política tradicional.
A extrema-direita e os tucanos são igualmente golpistas e neoliberais, ambos apoiaram o golpe de 2016, votaram e defendem as contrarreformas de Temer.
Por qual motivo, então, a candidatura assumidamente da extrema-direita tem mais votos que o picolé de chuchu e do que o banqueiro?
Um dos motivos é o fraudulento discurso “anti-política”, “anti-políticos”, somado às promessas de exterminar os petistas e a falsa imagem de alguém “firme”, que vai resolver os problemas.
Um discurso que será favorecido e muito, se do outro lado estiver uma “frente única”, permitindo à extrema- direita apresentar os demais como “farinha do mesmo saco”.
O único jeito seguro de derrotar a extrema-direita é polarizando pela esquerda, sem ilusão ou concessão alguma ao tucanato & aliados, que de democráticos só têm a folha de parra e olhe lá.
Dia 11 de setembro é a data do golpe contra a Unidade Popular no Chile de Salvador Allende.
Numa destas coincidências que falam por si, dia 11 de setembro é também a data limite, imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral, para que a coligação encabeçada pelo PT e pelo PCdoB substitua a candidatura a presidente.
Dadas as circunstâncias, devemos aguardar que o presidente Lula informe qual sua orientação frente a decisão do TSE.
Esta orientação, tanto no conteúdo quanto na forma, terá importância decisiva sobre o estado de ânimo e sobre o movimento que fará parcela importante do nosso eleitorado e base social.
Entretanto, nos próximos dias as dúvidas, os temores, os oportunismos e a confusão tenderão a crescer “como nunca antes em nossa história”.
Isto faz parte. Mas dia 11 de setembro não é o dia 7 de outubro.
A batalha de 2018 ainda está em curso.
O nervosismo exibido pela direita, com direito a “DR” pública entre Temer e Alckmin, confirma que ainda há muito jogo a ser jogado e que o resultado da batalha está indefinida.
Portanto, é plenamente compreensível que haja alguma confusão e medo em nossas fileiras.
Mas devemos zelar para que a covardia e o oportunismo sejam exclusividade da canalha golpista.
Pois a hora é de lutar, lutar e lutar.
Leia também:
A sabedoria popular e a de Lula: A vida é combate diário e não consórcio
Comentários
Eduardo
A natureza não é somente sábia ! Do homem e da mulher nascem também seres não naturais! Vejam o Fachin! Porque a natureza faz surgir seres assim? Tudo que é natural deveria ser explicável e compreensível! Porque Deus castiga tanto a nos suas criaturas?
Nelson
“Dia 11 de setembro é a data do golpe contra a Unidade Popular no Chile de Salvador Allende.”
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Bem lembrado, mas 11 de setembro também é dia de um outro golpe. Como o desfechado contra o governo de Allende, esse golpe também foi arquitetado e levado a cabo pela direita internacional, mais especificamente o Sistema de Poder que domina os Estados Unidos.
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Falo do 11/set/2001. Possivelmente, a maior empulhação da história da humanidade.
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Tal como os de 1964 e 2016, no Brasil, e o de 1973, no Chile, o caso da queda das torres do WTC e do “avião” jogado contra o Pentágono continuam encoberta por uma espessa névoa que impede à grande maioria da humanidade vê-lo como o que realmente foi, um grande golpe.
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Essa espessa névoa persiste, não se dissipa, porque o Sistema de Poder que citei tem um grande cúmplice em todas as barbaridades que cometeu e segue cometendo: a mídia hegemônica.
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A mídia que dizem de referência, que é chamada, apropriadamente, pelo economista estadunidense, Paul Craig Roberts, de “presstitute”, tal o estado de putrefação a que chegou.
Nelson
“Aliás, o sonho dourado de um setor da classe dominante, vocalizado por FHC, é fazer o PT recomendar voto num tucano para derrotar um espantalho.”
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Não sou fui filiado ao PT ou a qualquer partido; nunca o fui. Mas, se o segundo turno se apresentar como sonha FHC, não terei outra alternativa a não ser anular meu voto. Simples assim.
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O que é que a turma dos tucanos, ditos democratas, tem apresentado – na prática – para realmente se diferenciar do extremismo de Bolsonazi? Não consigo identificar algo que seja palpável.
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Os tucanos, como de resto todos os demais, do centro para a direita – qual cavalo de padeiro, que só olham em uma direção – só enxergam neoliberalismo como solução; mais do mesmo.
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Não deveria ser assim, mas, de há muito a economia vem sendo o fio condutor das sociedades ditas modernas. Para onde ela aponta, a sociedade caminha. A que outro caminho tem apontado a economia capitalista neoliberal senão o do extremismo de toda ordem?
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Eu diria que o desembocar no extremismo faz parte do cálculo dos estrategistas neoliberais. Enquanto as pessoas ficam a se apegar a seus dogmas, encontrando ou procurando encontrar culpados a nível micro para suas mazelas, não conseguem ver o contexto todo.
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Assim, enquanto as pessoas não conseguem enxergar a dominação a que são submetidas, dado o horizonte difuso e opaco a que são empurradas pelo extremismo, o capitalismo vai acumulando anos, décadas a sua sobrevida.
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Então, amigo. Nenhuma concessão aos tucanos. Os do bico grande são partícipes do golpe e seguem atuando firmemente para que ele se consolide.
Jose fernandes
Um bando, …Eu queria ter o poder de saber o que esses ministros pensam, qual o objetivos deles, quandobeela olham um País sendo vendido, fatiado, jogado na berlinda, com milhões de desempregados, milhões vivendo no subemprego, eu queria ter o poder de saber o que eles pensam, quando olham a soberania de uma Nação, sendo pisoteada, o mundo olhando nosso País como não honrando seus tratados, honrando a lei, ..queria ter o poder de saber o que esses ministros pensam, sobre os descansos, na educação que e o bem maior de uma nação,queria ter o poder de saber o que esses ministros pensam, sobre um Pai de família que até pouco tempo estava empregado,levando comida e um pouco de dignidade para sua família, e hoje estão jogados a sorte,.. queria ter o poder de saber o que esses ministros pensam, sobre uma presidenta que foi tirada de seu lugar pra dar lugar a um bandido, ladrão, corrupto, ..queria ter o poder de saber o que esses ministros pensam, sobre o processo que não provam que o Presidente Lula não e o proprietário de um triplex, queria ter o poder de saber o que esses ministros pensam do povo?.. será que eles sabem que todo o poder ,emana do povo , e para o povo? Eu queria ter o poder de saber o que eles pensam sobre isso, será que tudo isso e um pesadelo, que vamos acordar e todas as instituições estarão funcionando.
Darcy Sales
Com quantos covardes se faz um golpe eu não sei, mas que um golpe se faz com muitos canalhas togados, disso eu sei.
Calebe
Depende do quórum necessário, no pleno seis, se você for o dono da pauta é mais fácil.
Darcy Brasil Rodrigues da Silva
As posições defendidas por Valter Pomar são justas? A resposta é sim. Porém, só se tornaram justas porque prevaleceu a concepção exclusivista e anti Frente Ampla, que liquidou com a possibilidade de construção desse Frente Ampla, e do apoio a um nome do campo democrático fora do PT , tendo como objetivo precípuo derrotar eleitoralmente o Golpe, e ponto final. Quaisquer outros objetivos teriam que ser perseguidos pela luta dos trabalhadores e do povo, travada principalmente fora das instituições, acumulando forças para a realização de uma Revolução Democrática, precisamente porque não há grande espaços institucionais para realizações de conquistas significativas enquanto existir o atual Estado a serviço dos interesses da plutocracia, com seus juízes, promotores, policiais, militares e etc. golpistas. A tática, a meu ver, errônea do PT dificultou a consecução do objetivo principal desse pleito (que, para mim,insisto, é o de derrotar eleitoralmente o Golpe) porque o PT colocou como objetivo número um desse pleito a quinta vitória eleitoral desse partido, e não a derrota eleitoral dos golpistas, algo que pode, a primeira vista, ser a mesma coisa, mas não o são. Agora, ficamos todos praticamente coagidos a apoiar uma tática de que descordávamos, para tentar, em condições acentuadamente mais difíceis, impedir que a direita chegue ao segundo turno com dois nomes. É duro!
marcio gaúcho
Quem semeia ventos, colhe tempestades. Quem estimula a violência, violentado será. Bolsonaro sentiu no corpo o estrago de uma lâmina, hoje. Te cuida, guri!
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