Saul Leblon: Bento XVI, devorado pelos grupos que tentou controlar

Tempo de leitura: 3 min

Textos de  Boff foram interditados e proscritos por ordem direta de Ratzinger, uma espécie  de Joseph McCarty da fé

Bento XVI: Crise e exaustão conservadora

por Saul Leblon, em Carta Maior

Dinheiro, poder e sabotagens. Corrupção, espionagem, escândalos sexuais.

A presença ostensiva desses ingredientes de filme B no noticiário do Vaticano ganhou notável regularidade nos últimos tempos.

A frequência e a intensidade anunciavam algo nem sempre inteligível ao mundo exterior: o acirramento da disputa sucessória de Bento XVI nos bastidores da Santa Sé.

Desta vez, mais que nunca, a fumaça que anunciará o ‘habemus papam’ refletirá o desfecho de uma fritura política de vida ou morte entre grupos radicais de direita na alta burocracia católica.

Mais que as razões de saúde, existiriam razões de Estado que teriam levado Bento XVI a anunciar a renúncia de seu papado, nesta 2ª feira.

A verdade é que a direita formada pelos grupos ‘Opus Dei’ (de forte presença em fileiras do tucanato paulista), ‘Legionários’ e ‘Comunhão e Libertação’ (este último ligado ao berlusconismo) já havia precipitado fim do seu papado nos bastidores do Vaticano.

Sua desistência oficializa a entrega de um comando de que já não dispunha.

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Devorado pelos grupos que inicialmente tentou vocalizar e controlar, Bento XVI jogou a toalha.

O gesto evidencia a exaustão histórica de uma burocracia planetária, incapaz de escrutinar democraticamente suas divergências. E cada vez mais afunilada pela disputa de poder entre cepas direitistas, cuja real distinção resume-se ao calibre das armas disponíveis na guerra de posições.

Ironicamente, Ratzinger foi a expressão brilhante e implacável dessa engrenagem comprometida.

Quadro ecumênico da teologia, inicialmente um simpatizante das elaborações reformistas de pensadores como Hans Küng (leia seu perfil elaborado por José Luís Fiori, nesta pág.), Joseph Ratzinger escolheu o corrimão da direita para galgar os degraus do poder interno no Vaticano.

Estabeleceu-se entre o intelectual promissor e a beligerância conservadora uma endogamia de propósito específico: exterminar as ideias marxistas dentro do catolicismo.

Em meados dos anos 70/80 ele consolidaria essa comunhão emprestando seu vigor intelectual para se transformar em uma espécie de Joseph McCarty da fé.

Foi assim que exerceu o comando da temível Congregação para a Doutrina da Fé.

À frente desse sucedâneo da Santa Inquisição, Ratzinger foi diretamente responsável pelo desmonte da Teologia da Libertação.

O teólogo brasileiro Leonardo Boff, um dos intelectuais mais prestigiados desse grupo, dentro e fora da igreja, esteve entre as suas presas.

Advertido, punido e desautorizado, seus textos foram interditados e proscritos. Por ordem direta do futuro papa.

Antes de assumir o cargo supremo da hierarquia, Ratzinger ‘entregou o serviço’ cobrado pelo conservadorismo.

Tornou-se mais uma peça da alavanca movida por gigantescas massas de forças que decretariam a supremacia dos livres mercados nos anos 80; a derrota do Estado do Bem Estar Social; o fim do comunismo e a ascensão dos governos neoliberais em todo o planeta.

Não bastava conquistar Estados, capturar bancos centrais, agências reguladoras e mercados financeiros.

Era necessário colonizar corações e mentes para a nova era.

Sob a inspiração de Ratzinger, seu antecessor João Paulo II liquidou a rede de dioceses progressistas no Brasil, por exemplo.

As pastorais católicas de forte presença no movimento de massas foram emasculadas em sua agenda ‘profana’. A capilaridade das comunidades eclesiais de base da igreja foi tangida de volta ao catecismo convencional.

Ratzinger recebeu o Anel do Pescador em 2005, no apogeu do ciclo histórico que ajudou a implantar.

Durou pouco.

Três anos depois, em setembro de 2008, o fastígio das finanças e do conservadorismo sofreria um abalo do qual não mais se recuperou.

Avulta desde então a imensa máquina de desumanidade que o Vaticano ajudou a lubrificar neste ciclo (como já havia feito em outros também).

Fome, exclusão social, desolação juvenil não são mais ecos de um mundo distante. Formam a realidade cotidiana no quintal do Vaticano, em uma Europa conflagrada e para a qual a Igreja Católica não tem nada a dizer.

Sua tentativa de dar uma dimensão terrena ao credo conservador perdeu aderência em todos os sentidos com o agigantamento de uma crise social esmagadora.

O intelectual da ortodoxia termina seu ciclo deixando como legado um catolicismo apequenado; um imenso poder autodestrutivo embutido no canibalismo das falanges adversárias dentro da direita católica. E uma legião de almas penadas a migrar de um catolicismo etéreo para outras profissões de fé não menos conservadoras, mas legitimadas em seu pragmatismo pela eutanásia da espiritualidade social irradiada do Vaticano.

Leia também:

Boff: “Tratava com luvas de pelica os bispos conservadores e dureza os teólogos da libertação”

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Comentários

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Carlos Augusto Pereira

Texto esclarecedor, necessário.

Leonardo Boff e o poder monárquico-absolutista dos Papas « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Saul Leblon: Bento foi devorado pelas forças que tentou controlar […]

Nelson

Mais um texto extremamente bem escrito pelo Saul Leblon.

Sakamoto tem uma sugestão para papa: Casaldáliga « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Saul Leblon: Bento XVI, devorado pelos grupos que tentou controlar […]

Bernardino

FRANCO Atirador,parabens pelos Textos,dissecastes com ajuda dos referidos as bandidas OPUS DEI,comunhao e liberaçao etc e o Próprio VATICANO o que nos leva a acreditar que a eliçao do KAROL Wojtila e 1978 teve o dedo da CIA juntamente com a morte rapida do antecessor patriarca de VENEZA e eleito papa Joao Paulo l :ALbino Lucciani.
São colocaçoes como essas que vem iluminar e dirimir duvidas,pena que a maioria dos catolicos recebem lavagem cerebral da IMPRENSA bandida em sua maioria teleguida pelas organizaçoes descritas acima em conluio com a propria hierarquia catolica e auxiliada pela bandidagem politca!!!!

FICA o agradecimento pela iniciativa acredito nao só minha como creios de todos os que amam a boa informaçao e VERDADES dos FATOS!!!

    Willian

    Em O Poderoso Chefão III, Copola já “provou” que foi a máfia que matou João Paulo I.

Mardones

Papa?!… Hum…? Quando?

Ab equis ad asinos transeunt stulti.

Após receber a camisa dos ‘esgotos da praia o pinto’,

Papa Bento ou Benedito fica encapetado e dá uma de JÊNIO ou JÂNIO…

Horridus Bendegó

Saul Leboln, principal porta-voz de um mundo que resiste.

Gerson Carneiro

Pois é… o cara que até há pouco ditava regras para o mundo vai viver enclausurado em um mosteiro sem direito a reclamar da marmita. Até morrer. Vida de ex-Papa. Aqui se faz, aqui se paga. O inferno é aqui

Gerson Carneiro

Pois é… o cara que até há pouco ditava regras para o mundo vai viver enclausurado em um mosteiro sem direito a reclamar da marmita. Vida de ex-Papa. Aqui se faz, aqui se paga. O inferno é aqui.

Gilda

Bem pontuado, Willian!

O que seria do Brasil se todos só se informassem pela Globo? sua colocação a respeito da esquerda saber de tudo é muito válida!

Salve que a esquerda preencheu as cadeiras nas faculdades,
contribuiu para a construção dos estudos de sociologia e filosofia
do nosso país. E amadureceu para formar pensadores de esquerda cultos.
Problema sério para a direita, que forma seguidores sentados nos sofás diante dos jornalecos cheios de factóides…
Rapaz, hora de estudar mais e analisar os fatos sem perguntar a algum jornalista de direta…

Julio Silveira

Cidadania deveria ser como uma religião. Deveriamos ter profundidade nessa cultura e com ela o conhecimento do seu significado, inclusive com relação a respeito ao próximo. Talvez assim muitas das nossas vicissitudes fossem diminuidas ou amenizadas e religiões Divinas menos necessárias.
Certamente Deus aplaudiria.

Moacir Moreira

Segundo as profecias do finado Nostradamus, o próximo papa será tricolar e vai liberar o casamento gay.

abolicionista

O que renovaria o cristianismo seria um retorno ao cristianismo primitivo. Boff tem razão quando insiste no potencial emancipador da mensagem cristã. O problema é que a igreja sempre fez de tudo para solapar esse potencial. Contudo, muitos padres que trabalham junto aos pobres estão mais próximos dos ideais da esquerda e do humanismo, pois sabem que partilhar o pão é mais importante do que proibir a palavra de ser semeada. O cristianismo, apesar de seu fundo platônico, possui vocação realista. Ele só é positivo quando está próximo dos mais necessitados, a igreja católica romana se encastelou no Vaticano, uma prisão de luxo. Ali tem sido corrompida pelo poder do dinheiro. Caso queira reencontrar a verdade, o cristianismo precisa descer até os mais pobres, como o fez São Francisco.

Luis Queiroz

Quando Fala direita, lê-se conservador?

Isso é um cuidado que não somente as religiões devem tomar, mas todos. Política, empresa, individuo…

O conservadorismo, é uma insegurança ao novo. O progressismo, assusta a todos. Mas o que pude aproveitar do Texto é o que Boff diz quando a igreja Católica não sabe Lidar com democracia.

O gesto evidencia a exaustão histórica de uma burocracia planetária, incapaz de escrutinar democraticamente suas divergências. E cada vez mais afunilada pela disputa de poder entre cepas direitistas, cuja real distinção resume-se ao calibre das armas disponíveis na guerra de posições.

A democracia, é um leme imperfeito, mas que nos solta, nos liberta, para ver que nem conservar (do conservadores) nem progredir (dos Progressistas) tem valor, mas o acordo democrático. É que perpetua o poder do povo.

Fabio Passos

Estas seitas ultra-conservadoras estão destruindo a igreja… cada dia mais afastada de Cristo.
Este natzinger eles foram buscar nos quintos dos infernos. Pior que natzinger só o próprio satanás.

Carlos

Interpretar o que prega a Igreja é uma questão de fé. Qualquer papa, instruindo-se pelas Escrituras, agirá da mesma maneira quanto à questão do aborto, do casamento e todos os assuntos que servem à moral cristã. Nenhum papa fugirá desse procedimento. Talvez alguns estejam dizendo que os “componentes” da igreja não tenham moral suficiente para agir assim. Eis as palavras de Jesus, quando criticava os fariseus e os doutores da lei:”Façam tudo os que eles vos disserem(os ensinamentos bíblicos);mas não os imiteis(nos procedimentos pessoais). Os ensinamentos da Igreja não são os do mundo. O Igreja não obriga ninguém a segui-los. Todos somos livres para tal. Portanto é bom frisar que o pensamento da Igreja difere totalmente do pensamento mundano(do mundo).

    renato

    Muito bem Carlos.

    Fabio Passos

    É o diabo quem sopra estas mentiras no seu ouvido.

    Mário SF Alves

    Kkkkkkkkkkkkkkkkk… Esse é o Fabio. Valeu, companheiro.

    Francisco

    “A Igreja não obriga ninguém a pensar igual”…

    De que mundo você fala?

    abolicionista

    Desculpe pela pergunta impertinente, mas, e daí?

Luís Carlos

Leblon, como sempre, não aceitando a mesmice repetida, vomitada pela grande mídia nos traz um pouco de luz e inteligência para análise de fato tão insólito como essa renúncia de Ratzinger em “falar por Deus” aos mortais. Crer que um Papa abdica do trono papal por questões de saúde é crer que sua fé é pequena demais para servir a Deus como seu principal representante na terra. Ratzinguer sucumbiu aos seus pares da extrema direita, como bem escrito por Leblon, por questões políticas e não de saúde.

IVAN NOGUEIRA DE MORAIS

Meu Caro PHA :
A Igreja Católica precisa evoluir. Uma igreja de Cristo que tinha como meta preferencial os excluídos, deixar de lado A Teologia da Libertação, uma História de sucesso que reinou em décadas passadas, para se aproximar dos conservadores não poderia dar certo. Daí a razão do crescimento dos falsos Messias; a fé que deveria ser pregada para libertação do POVO virou comercio e objetivo de disputa pelo dinheiro arrecadado dos inocentes úteis de parcela da Sociedade. Eu acredito do BRASIL !!! Eu acredito na DEMOCRACIA !!!
Respeitosamente,
Ivan Nogueira de Morais.

Willian

Incrivelmente Saul Leblon esta mais bem informado sobre os motivos da renúncia do Papa que todo resto do mundo.

Sobre duas coisas a esquerda está sempre bem informada: capitalismo e catolicismo.

    renato

    Willian, estou achando que você é boneco de frase
    pronta.
    Parece aquele ajuntamento de gravetos para por fogo
    na fogueira das Bruxas.
    Se não me engano existe um nome para este artificio.

    rodrigo

    Ainda bem. Afinal de contas, depois do desaparecimento do imperialismo de estado, são as duas principais formas de dominação do homem pelo homem…

    FrancoAtirador

    .
    .
    Creio que estás desinformado.

    Informo-te:
    .
    .

    Alckmin e o fanatismo do Opus Dei

    Por Altamiro Borges*

    O candidato Geraldo Alckmin realmente parece um “picolé de chuchu”, segundo a famosa ironia de José Simão. Mas de inocente ele não tem nada. Conhece bem a história nefasta do Opus Dei e os seus métodos autoritários, tecnocráticos e “discretos” de agir batem com esta doutrina. Numerário ele não é, já que não reside nos casarões da Obra de Deus, não fez voto de castidade e, tudo indica, não usa duas vezes ao dia o cilício nas coxas (cinturão com pontas de metal) e nem a “disciplina”, outro utensílio de autoflagelação utilizado para chicotear as costas. Mas Alckmin se encaixa perfeitamente no figurino do supernumerário, o seguidor da seita com “disfarce civil” e a missão divina de conquistar poder político para o Opus Dei.

    A origem fundamentalista
    O Opus Dei (do latim, Obra de Deus) foi fundado em outubro de 1928, na Espanha, pelo padre Josemaría Escrivá. O jovem sacerdote de 26 anos diz ter recebido a “iluminação divina” durante a sua clausura num mosteiro de Madri. Preocupado com o avanço das esquerdas no país, este excêntrico religioso, visto pelos amigos de batina como um “fanático e doente mental”, decidiu montar uma organização ultra-secreta para interferir nos rumos da Espanha. Segundo as suas palavras, ela seria “uma injeção intravenosa na corrente sanguínea da sociedade”, infiltrando-se em todos os poros de poder. Deveria reunir bispos e padres, mas, principalmente, membros laicos, que não usassem hábitos monásticos ou qualquer tipo de identificação.
    Reconhecida oficialmente pelo Vaticano em 1947, esta seita logo se tornou um contraponto ao avanço das idéias progressistas na Igreja. Em 1962, o papa João 23 convocou o Concílio Vaticano II, que marca uma viragem na postura da Igreja, aproximando-a dos anseios populares. No seu fanatismo, Escrivá não acatou a mudança. Criticou o fim da missa rezada em latim, com os padres de costas para os fiéis, e a abolição do Index Librorum Prohibitorum, dogma obscurantista do século 16 que listava livros “perigosos” e proibia sua leitura pelos fiéis. “Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo”, garantiu Escrivá para alguns seguidores, segundo relato do jornalista Emílio Corbiere no livro “Opus Dei: El totalitarismo católico”.

    O poder no Vaticano
    Josemaría Escrivá faleceu em 1975. Mas o Opus Dei se manteve e adquiriu maior projeção com a guinada direitista do Vaticano a partir da nomeação do papa polonês João Paulo II. Para o teólogo espanhol Juan Acosta, “a relação entre Karol Wojtyla e o Opus Dei atingiu o seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível acessão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde interveio ativamente no processo de reestruturação da Igreja Católica sob o protagonismo do papa e a orientação do cardeal alemão Ratzinger”. Em 1982, a seita foi declarada “prelazia pessoal” – a única existente até hoje –, o que no Direito Canônico significa que ela só presta contas ao papa, que só obedece ao prelado (cargo vitalício hoje ocupado por dom Javier Echevarría) e que seus adeptos não se submetem aos bispos e dioceses, gozando de total autonomia.
    O ápice do Opus Dei ocorreu em outubro de 2002, quando o seu fundador foi canonizado pelo papa numa cerimônia que reuniu 350 mil simpatizantes na Praça São Pedro, no Vaticano. A meteórica canonização de Josemaría Escrivá, que durou apenas dez anos, quando geralmente este processo demora décadas e até séculos, gerou fortes críticas de diferentes setores católicos. Muitos advertiram que o Opus Dei estava se tornando uma “igreja dentro da Igreja”. Lembraram um alerta do líder jesuíta Vladimir Ledochowshy que, num memorando ao papa, denunciou a seita pelo “desejo secreto de dominar o mundo”. Apesar da reação, o papa João Paulo II e seu principal teólogo, Joseph Ratzinger, ex-chefe da repressora Congregação para Doutrina da Fé e atual papa Beto 16, não vacilaram em dar maiores poderes ao Opus Dei.
    Vários estudos garantem que esta relação privilegiada decorreu de razões políticas e econômicas. No livro “O mundo secreto do Opus Dei”, o jornalista canadense Robert Hutchinson afirma que esta organização acumula uma fortuna de 400 bilhões de dólares e que financiou o sindicato Solidariedade, na Polônia, que teve papel central na débâcle do bloco soviético nos anos 90. O complô explicaria a sólida amizade com o papa, que era polonês e um visceral anticomunista. Já Henrique Magalhães, numa excelente pesquisa na revista A Nova Democracia, confirma o anticomunismo de Wojtyla e relata que “fontes da Igreja Católica atribuem o poder da Obra a quitação da dívida do Banco Ambrosiano, fraudulentamente falido em 1982”.

    O vínculo com os fascistas
    Além do rigoroso fundamentalismo religioso, o Opus Dei sempre se alinhou aos setores mais direitistas e fascistas. Durante a Guerra Civil Espanhola, deflagrada em 1936, Escrivá deu ostensivo apoio ao general golpista Francisco Franco contra o governo republicano legitimamente eleito. Temendo represálias, ele se asilou na embaixada de Honduras, depois se internou num manicômio, “fingindo-se de louco”, antes de fugir para a França. Só retornou à Espanha após a vitória dos golpistas. Desde então, firmou sólidos laços com o ditador sanguinário Francisco Franco. “O Opus Dei praticamente se fundiu ao Estado espanhol, ao qual forneceu inúmeros ministros e dirigentes de órgãos governamentais”, afirma Henrique Magalhães.
    Há também fortes indícios de que Josemaría Escrivá nutria simpatias por Adolf Hitler e pelo nazismo. De forma simulada, advogava as idéias racistas e defendia a violência. Na máxima 367 do livro Caminho, ele afirma que seus fiéis “são belos e inteligentes” e devem olhar aos demais como “inferiores e animais”. Na máxima 643, ensina que a meta “é ocupar cargos e ser um movimento de domínio mundial”. Na máxima 311, ele escancara: “A guerra tem uma finalidade sobrenatural… Mas temos, ao final, de amá-la, como o religioso deve amar suas disciplinas”. Em 1992, um ex-membro do Opus Dei revelou o que este havia lhe dito: “Hitler foi maltratado pela opinião pública. Jamais teria matado 6 milhões de judeus. No máximo, foram 4 milhões”. Outra numerária, Diane DiNicola, garantiu: “Escrivá, com toda certeza, era fascista”.
    Escrivá até tentou negar estas relações. Mas, no seu processo de ascensão no Vaticano, ele contou com a ajuda de notórios nazistas. Como descreve a jornalista Maria Amaral, num artigo à revista Caros Amigos, “ao se mudar para Roma, ele estimulou ainda mais as acusações de ser simpático aos regimes autoritários, já que as suas primeiras vitórias no sentido de estabelecer o Opus Dei com estrutura eclesiástica capaz de abrigar leigos e ordenar sacerdotes se deram durante o pontificado do papa Pio XII, por meio do cardeal Eugenio Pacelli, responsável por controverso acordo da Igreja com Hitler”. Um outro texto, assinado por um grupo de católicas peruanas, garante que a seita “recrutou adeptos para a organização fascista ‘Jovem Europa’, dirigida por militantes nazistas e com vínculos com o fascismo italiano e espanhol”.
    Pouco antes de morrer, Josemaría Escrivá realizou uma “peregrinação” pela América Latina. Ele sempre considerou o continente fundamental para sua seita e para os negócios espanhóis. Na região, o Opus Dei apoiou abertamente várias ditaduras. No Chile, participou do regime terrorista de Augusto Pinochet. O principal ideólogo do ditador, Jaime Guzmá, era membro ativo da seita, assim como centenas de quadros civis e militares. Na Argentina, numerários foram nomeados ministros da ditadura. No Peru, a seita deu sustentação ao corrupto e autoritário Alberto Fujimori. No México, ajudou a eleger como presidente seu antigo aliado, Miguel de La Madri, que extinguiu a secular separação entre o Estado e a Igreja Católica.

    Infiltração na mídia
    Para semear as suas idéias religiosas e políticas de forma camuflada, Escrivá logo percebeu a importância estratégica dos meios de comunicação. Ele mesmo gostava de dizer que “temos de embrulhar o mundo em papel-jornal”. Para isso, contou com a ajuda da ditadura franquista para a construção da Universidade de Navarra, que possuí um orçamento anual de 240 milhões de euros. Jornalistas do mundo inteiro são formados nos cursos de pós-graduação desta instituição. O Opus Dei exerce hoje forte influência sobre a mídia. Um relatório confidencial entregue ao Vaticano em 1979 pelo sucessor de Escrivá revelou que a influência da seita se estendia por “479 universidades e escolas secundárias, 604 revistas ou jornais, 52 estações de rádio ou televisões, 38 agências de publicidade e 12 produtores e distribuidoras de filmes”.
    Na América Latina, a seita controla o jornal El Observador (Uruguai) e tem peso nos jornais El Mercúrio (Chile), La Nación (Argentina) e O Estado de S.Paulo. Segundo várias denúncias, ela dirige a Sociedade Interamericana de Imprensa, braço da direita na mídia hemisférica. No Brasil, a Universidade de Navarra é comandada por Carlos Alberto di Franco, numerário e articulista do Estadão, responsável pela lavagem cerebral semanal de Geraldo Alckmin nas famosas “palestras do Morumbi”. Segundo a revista Época, seu “programa de capacitação de editores já formou mais de 200 cargos de chefia dos principais jornais do país”. O mesmo artigo confirma que “o jornalista Carlos Alberto Di Franco circula com desenvoltura nas esferas de poder, especialmente na imprensa e no círculo íntimo do governador Geraldo Alckmin”.
    O veterano jornalista Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, há muito denuncia a sinistra relação do Opus Dei com a mídia nacional. Num artigo intitulado “Estranha conversão da Folha”, critica seu “visível crescimento na imprensa brasileira. A Folha de S.Paulo parecia resistir à dominação, mas capitulou”. No mesmo artigo, garante que a seita “já tomou conta da Associação Nacional de Jornais (ANJ)”, que reúne os principais monopólios da mídia do país. Para ele, a seita não visa a “salvação das almas desgarradas. É um projeto de poder, de dominação dos meios de comunicação. E um projeto desta natureza não é nem poderia ser democrático. A conversão da Folha é uma opção estratégica, política e ideológica”.

    A “santa máfia”
    Durante seus longos anos de atuação nos bastidores do poder, o Opus Dei constituiu uma enorme fortuna, usada para bancar seus projetos reacionários – inclusive seus planos eleitorais. Os recursos foram obtidos com a ajuda de ditadores e o uso de máquinas públicas. “O Opus Dei se infiltrou e parasitou no aparato burocrático do Estado espanhol, ocupando postos-chaves. Constituiu um império econômico graças aos favores nas largas décadas da ditadura franquista, onde vários gabinetes ministeriáveis foram ocupados integralmente por seus membros, que ditaram leis para favorecer os interesses da seita e se envolveram em vários casos de corrupção, malversação e práticas imorais”, acusa um documento de católico do Peru.
    A seita também acumulou riquezas através da doação obrigatória de heranças dos numerários e do dizimo dos supernumerários e simpatizantes infiltrados em governos e corporações empresariais. Com a ofensiva neoliberal dos anos 90, a privatização das estatais virou outra fonte de receitas. Poderosas multinacionais espanholas beneficiadas por este processo, como os bancos Santander e Bilbao Biscaia, a Telefônica e empresa de petróleo Repsol, tem no seu corpo gerencial adeptos do Opus.
    Para católicos mais críticos, que rotulam a seita de “santa máfia”, esta fortuna também deriva de negócios ilícitos. Conforme denuncia Henrique Magalhães, “além da dimensão religiosa e política, o Opus Dei tem uma terceira face: da sociedade secreta de cunho mafioso. Em seus estatutos secretos, redigidos em 1950 e expostos em 1986, a Obra determina que ‘os membros numerários e supernumerários saibam que devem observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles próprios pertencem ao Opus Dei’. Inimiga jurada da Maçonaria, ela copia sua estrutura fechada, o que frequentemente serve para encobrir atos criminosos”.
    O jornalista Emílio Corbiere cita os casos de fraude e remessa ilegal de divisas das empresas espanholas Matesa e Rumasa, em 1969, que financiaram a Universidade de Navarra. Há também a suspeita do uso de bancos espanhóis na lavagem de dinheiro do narcotráfico e da máfia russa. O Opus Dei esteve envolvido na falência fraudulenta do banco Comercial (pertencente ao jornal El Observador) e do Crédito Provincial (Argentina). Neste país, os responsáveis pela privatização da petrolífera YPF e das Aerolineas Argentinas, compradas por grupos espanhóis, foram denunciados por escândalos de corrupção, mas foram absolvidos pela Suprema Corte, dirigida por Antonio Boggiano, outro membro da Opus Dei. No ano retrasado, outro numerário do Opus Dei, o banqueiro Gianmario Roveraro, esteve envolvido na quebra da Parlamat.

    “A Internacional Conservadora”
    O escritor estadunidense Dan Brown, autor do best seller “O Código da Vinci”, não vacila em acusar esta seita de ser um partido de fanáticos religiosos com ramificações pelo mundo. O Opus Dei teria cerca de 80 milhões de fiéis, muitos deles em cargos-chaves em governos, na mídia e em multinacionais. Henrique Magalhães garante que a “Obra é vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica”. Num livro feito sob encomenda pelo Opus Dei, o vaticanista John Allen confessa este poderio. Ele admite que a seita possui um patrimônio de US$ 2,8 bilhões – incluindo uma luxuosa sede de US$ 60 milhões em Manhattan – e que esta fortuna serve para manter as suas instituições de fachada, como a Heights School, em Washington, onde estudam os filhos dos congressistas do Partido Republicano de George W.Bush.
    Numa reportagem que tenta limpar a barra do Opus Dei, a própria revista Superinteressante, da suspeita Editora Abril, reconhece o enorme influência política desta seita. E conclui: “No Brasil, um dos políticos mais ligados à Obra é o candidato a presidente Geraldo Alckmin, que em seus tempos de governador de São Paulo costumava assistir a palestras sobre doutrina cristã ministradas por numerários e a se confessar com um padre do Opus Dei. Alckmin, porém, nega fazer parte da ordem”. Como se observa, o candidato segue à risca um dos principais ensinamentos do fascista Josemaría Escrivá: “Acostuma-se a dizer não”.

    *Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).

    (http://www.contee.org.br/2turno06/m17.htm)

    Banqueiros de Deus e Alckmin

    Por Gilson Sampaio

    O texto abaixo é sobre mais uma bandalheira bancária ocorrida no Vaticano.

    Transversalmente, aparece uma referência à Opus Dei, tão querida do picolé de chuchu, vulgo, Alckmin.

    Abre os zói, paulistada!

    IOR 23 milhões apreendidos, perplexidade e admiração dos Banqueiros de Deus

    Pouco, bem pouco o espaço nos jornais dedicado à IOR, a piedosa instituição religiosa, cofre no Vaticano.
    E as notícias, quando referidas, são sempre acompanhada pelas duas palavras do Vaticano:: perplexidade e espanto.
    Perplexidade e admiração.
    Pois.
    Acontece que não é a primeira vez que o IOR fica envolvido em grandes escândalos.

    Pia Instituição Obras Religiosas

    O único banco no mundo que não emite recibos (o Espírito Santo nunca erra nas contas), foi envolvido no caso Calvi, com pio Marcinkus que perdeu o lugar. Quem estiver interessado em aprender mais pode procurar obter o filme muito interessante “O Banqueiro de Deus” (mas é difícil encontra-lo fora da Italia), que reconstitui os acontecimentos do Banco Ambrosiano e da IOR e os obscuros enredos.
    Desta vez, o problema nasce com uma pequena operação de mais de 20 milhões de Euros que tinham que funcionar como bonificação.
    No detalhe, falamos de 23 milhões de Euros (!) apreendidos numa conta aberta na agência de Roma do Credito Artigiano.
    O mesmo Credito Artigiano descobriu as cartas: depois de ter ordenado a suspensão das operações no passado 15 de Setembro, informou o Procurador geral de Roma.
    Resumindo, a conta do IOR de 28 milhões (!) estava para ser rapidamente drenada com uma transferência de 20 milhões de Euros para banco JP Morgan de Frankfurt, mais outra transferência de 3 milhões de Euros para o banco local do Fucino.
    Tudo isso a despeito das novas disposições anti-branqueamento de capitais, em vigor desde 9 de Setembro. Em particular, essas foram operações concebidas sem indicar o nome de quem ordenou ou as finalidades das transferências..
    Bonificações no valor de 4 bilhões de velhos Escudos portugueses sem sujeito nem causal.
    Mas já sabemos, o Espírito Santo não precisa de bilhetes de identidade, nem de razões.

    Perplexidade e admiração.
    O Procurador não pára por aí: estão a espera para serem melhor analisados também os movimentos de uma conta anônima na qual são depositados milhões de Euros de propriedade do Vaticano, conta aberta na agência romana do banco Unicredit. Em violação de múltiplas leis e códigos (válidos pelo menos no Estado italiano, do qual faz parte o Unicredit), os titulares de conta Unicredit seriam desconhecidos até mesmo para o próprio banco, o que torna o inquérito mais complicado .
    Por outro lado, os caminhos de Deus são infinitos.
    Perplexidade e admiração.

    Os bons rapazes

    Os 23 milhões de Euros depositados na sede romana do Credito Artigiano SpA (Gruppo Credito Valtellinese) ficam agora apreendidos e estão sob investigação o presidente do IOR Ettore Gotti Tedeschi e o director geral Paolo Cipriani.
    Mas quem é Ettore Gotti Tedeschi, presidente do IOR, o banco do Vaticano?
    O ex-McKinsey como muitos banqueiros italianos, o seu primeiro grande papel foi no SIGE, a financiaria do Imi que tratava de gestão das poupanças. Aqui conheceu Roveraro, com o qual abriu a Akros (até 1992) até assumir a liderança do Santander, o mais importante banco no mundo hispânico.
    Foi membro do Banco Sanpaolo Imi e da Caixa de Depósitos e Empréstimos, e tem ensinado Finanças na Universidade Católica de Milão. Diz-se ser a inspiração da encíclica económica do Papa Ratzinger.
    Não admira que seja também um dos principais colunistas do Osservatore Romano, o diário do Vaticano.
    É desde sempre considerado próximos do secretário de Estado Tarcisio Bertone e da Opus Dei, conhecida como a “máfia branca” pelos detratores, a potente seita fundamentalista que vive dentro da Igreja Católica.

    A Opera

    Sobre a Opus Dei, o seu proprietário, Escrivá de Balaguer, foi santificado em tempo recorde pelo Papa João Paulo II.
    Santo já, ele, ainda antes da sentença sobre o papa polaco ser pronunciada.
    Quem desejasse saber mais acerca daquele espécie de demónio que é Santo Escrivá e da sua seita gângster-integralista Opus Dei, pode procurar o interessante livro “Oltre la soglia: una vita nell’Opus Dei” (“Do Lado de Dentro – uma vida na Opus Dei”, Maria del Carmen Tapia, Publicações Europa-América, 1993), de Maria Del Carmen Tapia, ex-secretária do demónio santo, sempre que consigam encontra-lo nas livrarias.
    Alguns excertos do Wikipedia versão italiana, pois na versão portuguesa isso não aparece

    Segundo a teóloga Adriana Zarri, Escrivá era “um personagem muito indecente.” Para apoiar esta afirmação, a teóloga cita o testemunho de um ex-adepto no livro “Para além do limiar” de Maria del Carmen Tapia.
    Neste livro é descrita a casa de Roma como “uma espécie de fortaleza medieval (…) a partir da porta da frente, que é blindada e não tem nenhuma fechadura externa, abrindo apenas a partir de dentro”.
    Em outras palavras, parece que desta casa é impossível sair sem permissão.
    Na mesma casa “Monsenhor Escrivá tinha feito colocar microfones (…) todos ligados à sua sala”. Também fala-se de armas, transporte de dinheiro, documentos secretos mantidos juntos com garrafas de gasolina, etc.

    Segundo o relato de Maria del Carmen Tapia, ela escapou apenas por acaso: conseguiu ligar para fora numa altura em que não estava monitorada.
    O medo real era de ser internada por insanidade, como tinha acontecido com outros dissidentes.

    A partida, no entanto, não foi fácil, porque “Monsenhor Escrivá começou a caminhar pra cima e para baixo, vermelho, furioso, dizendo:” Não fale com ninguém, nem da Opus Dei ou de Roma (…) porque se ouvir que falas mal da Opus, eu José Maria Escrivá de Balaguer, eu que tenho na minha mão a imprensa mundial, vou desonrar-te publicamente.”

    E, olhando nos meus olhos com uma fúria terrível, agitando os braços como se quisesse bater-me, gritou: “(…) puta vadia! “.
    Zarri conclui que Escrivá era “colérico e ambicioso”, “tinha comprado um título de nobreza do amigo o ditador Franco: nos governos do qual alguns membros do Opus Dei desempenharam cargos de ministros”.

    Santo já.
    Gotti Tedeschi, na corrida para o topo da IOR, conseguiu bater Tietmeyer, ex-presidente do Bundesbank. Porque não é preciso um presidente qualquer para o banco do Vaticano. É preciso o ex-presidente do banco central do mais importante País europeu, ou mesmo melhor.

    Gotti sempre afirmou estar convencido que será possível sair da crise apostando na ética e na família.
    A Família.
    Pois.

    Fonte: Informazione Scorretta (Itália)

    Tradução: Informação Incorrecta (http://informacaoincorrecta.blogspot.com.br/)

    http://gilsonsampaio.blogspot.com.br/2010/09/banqueiros-de-deus-e-alckmin.html

J Souza

No dia do Super Bowl, o Malafaia…
No carnaval, o Papa…
Está difícil competir com as igrejas pela audiência…

É muita igreja pra pouca fé…

    J Souza

    Fora de pauta:
    As discussões sobre o aborto são muito simplistas.
    Alguns querem tratá-la apenas como um direito da mulher sobre o próprio corpo.
    Vai muito além…

    É muitas vezes (principalmente para o feto…) o epílogo de falsas promessas de amor, da rejeição da família, da falta de suporte da família, da apologia às “baladas” em detrimento da vida familiar, da falta de creches nas universidades e empresas…

    Existem, sim, as mulheres que ainda não querem ser mães… Mas estas são as que mais dificilmente vão engravidar “por acidente”, no “calor” de uma relação “amorosa”, ou numa “balada” movida à álcool.

    A legalização do aborto tem que ser inevitavelmente acompanhada pela garantia às mulheres de que também terão o apoio necessário se resolverem ter seus filhos!

Gerson Carneiro

“Quando o Papa e seu rebanho chegar, não tenha pena” FREJAT, Roberto.

guilherme

Com muito respeito a todas as religiões, mas, como o próprio Jesus disse:
“Quem quiser o maior que seja o servo de todos”. Todos nós viemos a terra
para trabalhar e servir, qualquer afirmativa que não contemple isto, é perda de tempo, acredito que aí esteja a fraternidade universal, muita paz a todos e respeito às convicções de cada um.

    Servir é para servos.

    A existência histórica de um Jesus não é comprovada.
    É baseada na múltipla-atestação, atestações estas que só se podem comprovar com certeza a partir do Século II, no máximo a última década do século I. Lembrando terem sido reformatadas para criar a bíblia como conhecemos apenas na última década do século IV, incluindo verdadeiras aberrações em matéria de tradução e seleção de textos para servir como uma religião alheia ao Judaismo e unificada para cinco patriarcas (dentre eles o romano) sob o Império.
    É assustador ver que a Patrística que seguiria este caminho – o de formatar a religião imperial para que esta servisse ao domínio político e legal – ainda está presente no vocabulário atual, em especial o termo “Servo”: alusivo ao regime de servidão, que precederia ao de vassalagem.
    A religião católica – ortodoxa ou romana – é a única estrutura Imperial remanescente em integridade. Serve nos últimos séculos ao estabelecimento de outros tipos de império e servidão.

José X.

Ótimo artigo, ajuda a entender as razões da renúncia, que provavelmente podem realmente ser de saúde, mas não só de saúde.

    Vinicius

    Com certeza são de saúde, a saúde do poder do Vaticano está abalada,debilitada.

    FrancoAtirador

    .
    .
    Sobre o próximo papa

    Pega de surpresa, a imprensa europeia tenta entender por que Bento XVI adiantou seu adeus.
    Uma das possibilidades aventadas é o levante de movimentos católicos conservadores e rentáveis como Legionários, Opus Dei e Comunhão e Liberação, que agiram contra um papa que ameaçava ‘limpar a igreja’, ainda que moderadamente, daqueles que cometeram delitos financeiros ou eram advogados de pedófilos.

    A análise é de Martín Granovsky, do Página 12, na Carta Maior

    A versão italiana do ‘The Huffington Post’ informa sobre a bolsa de apostas.
    A agência Paddy Power põe a Itália na frente da África, com uma vantagem de 2,75 a 3,00. Em matéria de nomes, o nigeriano Francis Arinze está cabeça a cabeça com o ganês Peter Turkson e o canadense Marc Ouellet.

    Dos italianos, o melhor ranqueado é o arcebispo de Milão Angelo Scola, seguido pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano.
    Já há também aposta sobre qual nome será escolhido pelo sucessor de Bento XVI: Pedro, Pio, João Paulo, Juan e Bento.

    No ‘The Guardian’, o correspondente Sam Jones sugere cinco temas que deveriam entrar na agenda do próximo pontificado.
    Primeiro, métodos anticoncepcionais e aids.
    Diz que, por um lado, Bento XVI conseguiu se diferenciar de seus antecessores quando, três anos atrás, disse que o uso de preservativos era aceitável em ‘certos casos’.
    Como quando uma prostituta o usa para se proteger da aids.

    Por outro lado, evitou tratar da relação entre preservativo e métodos anticoncepcionais e também como evitar gravidez em caso de relação sexual por puro prazer. Em 2009, durante viagem à África, Bento XVI havia dito que o preservativo era um ponto chave na luta do continente contra a aids.

    O segundo ponto para uma futura agenda são os casos de abuso sexual dentro da Igreja, um que explodiu publicamente durante o atual pontificado e que ainda não foi resolvido.
    Ainda que tenha falado de vergonha e delitos inqualificáveis cometidos por sacerdotes pedófilos, muitos críticos avaliam que o Vaticano ainda falta com transparência sobre as investigações em curso, sustenta o jornalista do ‘The Guardian’.

    O terceiro tema da agenda seria composto pela questão da homossexualidade e o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo.
    Em sua última mensagem de Natal, o papa disse que as atitudes modernas àquele respeito constituem um ataque contra a verdadeira estrutura da família, ou seja, pai, mãe e filhos.

    O quarto tema é o aborto.
    O canadense Ouellet, prefeito da Congregação dos Bispos e que pode ser considerado o terceiro cargo em importância no Vaticano, após o papa e o secretário de Estado, disse em Quebec que interromper a gravidez é um delito moral inclusive em caso de estupro.

    Sobre o quinto tema, que trata do papel das mulheres na Igreja, o papa disse em Roma, em 2007, que ‘Jesus elegeu 12 homens e pais da nova Israel’.
    E, em abril de 2012, advertiu os católicos partidários de ordenar mulheres ou contrários ao celibato.

    O teólogo Juan José Tamayo escreveu no ‘El País’ que Bento XVI foi ‘um grande inquisidor’. “O papa não soube dar resposta aos mais de 1,2 bilhão de católicos que existem no planeta e que buscavam resposta a questões como a liberdade de expressão e acadêmica, e ainda limitou o pensamento crítico da Igreja”, apontou.

    “O maior problema é a pedofilia.
    Uma questão que tem sido o maior escândalo na história do cristianismo e que explodiu em suas mãos. No princípio, impôs o silêncio quando era presidente da Congregação para a Doutrina da Fé.
    Depois, tomou medidas tímidas, tem aplicar o determinado pelo direto canônico e sem colaborar com tribunais civis”, concluiu Juan José Tamayo.

    Também no ‘El País’, Miguel Mora escreveu uma coluna intitulada “Os movimentos ultracatólicos ganham a partida”.
    O argumento é que Bento XVI tentou fazer uma limpeza, mas foi débil ou estava pouco convencido dos problemas.
    Comentou sobre Ratzinger:
    “O ortodoxo cardeal alemão tem sido durante seu mandato um papa solitário, intelectual, fraco e arrependido pelos pecados e os delitos (…) rodeado por lobos ávidos por riqueza, poder e imunidade”.

    E continuou:
    “A Cúria formada nos tempos de João Paulo II era uma reunião do pior de cada diocese, desde responsáveis por evasão fiscal a advogados de pedófilos, passando por contrarrevolucionários latino-americanos e fundamentalistas da pior espécie. Essa Cúria, digna de ‘O Poderoso Chefão III’, sempre viu com maus olhos a tentativa de Ratzinger de fazer uma limpeza a fundo, enquanto os movimentos mais fortes e rentáveis, como os Legionários, Opus Dei e Comunhão e Liberação trabalhavam contra qualquer vislumbre de regeneração”.
    Scola, o arcebispo de Milão, pertence justamente à Comunhão e Liberação.

    Vittorio Zucconi, no seu blogue do diário italiano la Repubblica, perguntou se Bento XVI fez um gesto de humildade ou o contrário: um gesto de alguém que quer evitar a agonia de uma exposição pública.
    E Zucconi resgata um ponto.
    Sustenta que com sua renúncia o papa “criou um precedente na história moderna que nenhum de seus sucessores poderá ignorar, e ficará aberta a todos, e sempre, a possibilidade de ir embora por motivos pessoais, de saúde ou erros”.
    Segundo essa linha, “todos os homens são falíveis”.
    E, como o papa é um homem, “o papa é falível”.

    http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21607

    Mário SF Alves

    Teria ele “pressentido” um desfecho ainda mais trágico, algo do gênero “morte rápida [papacídio?] do ex-patriarca de VENEZA, Papa Joao Paulo I, ALbino Lucciani?”

Boff: “Tratava com luvas de pelica os bispos conservadores e dureza os teólogos da libertação” « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Saul Leblon: Bento XVI, devorado pelos grupos que tentou controlar […]

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