por Saul Leblon, em Carta Maior, sugestão de FrancoAtirador
Carlinhos Cachoeira e seu ubíquo braço-direito, o araponga Dadá, não estão mais à solta para emprestar artes e ofício às reportagens’ e ‘denúncias’ programadas por Veja. Quase não se nota. Se o plantel perdeu talento específico, o engajamento na meliância política ganhou em arrojo e sofreguidão. A constelação de colunistas que orbita em torno daquilo que Veja excreta arregaçou mangas e redobra esforços.
A afinação do jogral não deixa dúvida sobre o alvo mais cobiçado, como mostra a meticulosa análise de Marco Aurélio Weissheimer (leia aqui)
O troféu da vez é Lula, não a pessoa, mas o símbolo de uma barragem que reordenou a política brasileira criando espaço à ascensão do campo popular.
Buliçosos escribas do jornalismo isento sugerem nesta 2ª feira que podem superar as mais dilatadas expectativas na caça ao tesouro. As postagens do colunismo amigo de Demóstenes Torres –outro centurião da linha de frente abatido sem deixar vácuo– sugerem a travessia de um Rubicão.
O conservadorismo age como se não houvesse amanhã. A crise econômica não destruiu o governo do PT e o país retoma o crescimento neste 4º trimestre. Então, é agora ou nunca.
Com a ajuda das togas que atiçam o linchamento contra o partido no STF, a mídia demotucana arranca uma escalada preventiva vertiginosa. Comete-se de forma explícita aquilo que até mesmo Dadá e Cachoeira teriam pejo em praticar desguarnecidos das sombras: a chantagem ancorada em ‘provas’ improváveis, mas tornadas críveis através do incessante centrifugador de carniça de quatro hélices: Veja-colunistas- bancada demotucana-Procuradoria geral da República.
No manuseio dessa engrenagem exibem o que sabem fazer melhor: regurgitar guerra política travestida de jornalismo; incorporar denúncias palatáveis à heterodoxia jurídica; arredondar a massa informe em escândalo e criminalização de forças e lideranças que não derrotam na urna há três eleições presidenciais.
Nas últimas 72 horas uma não-entrevista do publicitário Marcus Valério a Veja, talvez pela pífia credibilidade e repercussão do meio e da mensagem, transformou-se em ‘entrevista gravada’ –mas cujo áudio a revista ‘estuda’ se vai liberar’, avisam os relações públicas do comboio em marcha.
Ato contínuo, o renitente vácuo de credibilidade é ocupado pelo anúncio da existência de um suposto vídeo, ‘de 4 cópias’ (sempre é oportuno um detalhe para granjear confiabilidade à impostura) em que um desesperado Marcus Valério faria revelações para divulgação imediata –‘ caso sofra um atentado’, acena um operador da usina de carniça midiática, exalando o odor característico que o inebria.
Apoie o VIOMUNDO
Claro, o indefectível procurador Roberto Gurgel está disponível para dar uma pala, emprestando glacê jurídico aos fuzarqueiros do golpismo; porém, evocando parcimônia: ‘só’ posteriormente ao julgamento em curso no STF, as denúncias de Valério contra Lula –negadas pelo próprio e por seu advogado, até segunda ordem– poderão, eventualmente, ser examinadas pelo ministério público.
No fecho do rally desta segunda feira, o PSDB e seu rodapé gasto, Roberto Freire, ‘exigiam’ que Lula se pronunciasse sobre a maromba desatada. Esse é o idioma político adotado pelo dispositivo midiático conservador –que recebeu 70% da publicidade federal do governo Dilma– a dois anos da sucessão de 2014. A ver.
Leia também:
Maria Rita Kehl: Alckmin usa a mesma retórica dos matadores da ditadura
Trem da CPTM quebra, PM age contra passageiros revoltados
Rodrigo Vianna: Dilma, a ilusão de um acordo com a mídia
Leonardo Boff: Por que tentam ferir letalmente o PT?
Polícia provocou massacre que desencadeou deposição de Lugo
Marcos Coimbra: O Paraíso, o Inferno e o mensalão
Maria Izabel Noronha: Apeoesp vai à Justiça contra ensino médio em tempo integral
Saul Leblon: Serra deu uma mega-sena por mês à mídia demotucana
Arthur Virgílio contra Vanessa Grazziotin: Baixaria e truculência
Bancários em greve: Taxa de retorno de bancos brasileiros é de 11%
Pepe Escobar: Como o Mal se tornou o Bem e agora voltou a ser o Mal
Comentários
Urbano
Se fizerem o golpe, o povo, já cansado dessas cachorradas, fará o contragolpe e não ficará pedra sobre pedra. E não haverá mas nem porém…
Rose SP
dar dinheiro ao inimigo que o resultado é esse : Golpe à vista.
Paulo Villas
Os golpistas , PIG na frente , sem lideranças competentes , passam à sociedade ,a impressão de que desejam promover um motim a bordo e entregar o comando do navio para o tio Sam. O problema é que o comandante ianque está mais bêbado que um gambá e sequer sua casa consegue arrumar direito. Nada lhes importa , sonham em devolver às galés os que , ontem , eram meros coadjuvantes e que , hoje , no seu entendimento , lhes humilham , lhes dando aulas , vitoriosas , de comando de grandes embarcações…
J Souza
Marinhos e Civitas beijavam as mãos dos generais, e agora esperam que os políticos beijem as suas…
… os procuradores e juízes já beijam!
Carlos Ribeiro
É o Governo patrocinando o golpe contra o Governo.
Marcos C. Campos
Estão desesperados porque o Serrote só afunda, assim como outros expoentes da direita (ACM , Virgilio e etc). Se nem uma prefeitura o candidato mor da direita consegue se eleger resta-lhes o golpismo midiático, ao estilo de Carlos Lacerda.
Mardones Ferreira
A resposta que o povo de São Paulo vai dar a Serra nesta eleição pelos serviços prestados aos paulistanos é um recado ao PT no plano federal. Depois de 10 anos cedendo às chantagens do empresariado por cortes e mais cortes de tributos e financiamento a perder de vista, sem parar de financiar o partido da imprensa golpista e recrudescendo o tratamento contra trabalhadores, logo o PT terá o resposta nas urnas por tamanha ingratidão.
Nada justifica a manutenção dos desvios de verbas para financiar os Marinhos e os Frias, por exemplo. Os movimentos sociais devem exigir o fim do financiamento às empresas de comunicação pelo governo federal. Dilma age como uma masoquista.
Luiz Rogerio
Que beleza,
O mais legal das matérias da Veja 9e de outras do PIG) desta semana (e de outras também) é o patrocínio, metem pau no governo e nas páginas seguintes temos: Caixa, BB, Ministério disso, Ministério daquilo, PAC, Minha Casa Minha Vida, etc.. ACORDA DILMA, pois o Lula ficou com medinho (ou rabo preso?) nos 8 anos de seu Governo, será que VOCÊ tem “medinho” ou tem RABO PRESO também???
Rodrigo Leme
Enquanto isso, no mundo democrático bolivariano…
http://www.administradores.com.br/informe-se/cotidiano/chavez-entra-em-rede-nacional-de-tv-e-tira-opositor-do-ar/61120/
Bonifa
O opositor sabia que Chavez iria entrar no ar. Entrou antes, para dar esta falsa imprensão. Um golpezinho midiático de quinta, apenas para alimentar os detratores do bolivariano ao redor do mundo.
Bonifa
A nosso ver, o Partido dos Trabalhadores deve imediatamente requerer toda a proteção possível ao senhor Marcos Valério. O ideal seria que ele estivesse sob custódia federal. A extrema direita não é de brincadeira, e suas engrenagens de ódio e vingança, uma vez em movimento, não conhecem limites. Todos sabemos muito bem disso.
FrancoAtirador
.
.
Está cada vez mais caracterizada a política externa do Governo Obama/Clinton para a América do Sul: desestruturar os blocos político-econômicos nacionalistas locais.
Como se viu no caso do Paraguai, agora os ataques vêm pela via jurídico-institucional com ações coordenadas entre a embaixada dos EUA no país-alvo e incursões midiáticas radicais conservadoras da pior espécie.
Brasil e Argentina estão na mira.
Neste caso, o Brasil está mais vulnerável, pois em 7 de dezembro deste ano passa a vigorar a Ley de Medios na Argentina, que implementará a regulação da mídia e, dentre outras medidas, extinguirá a propriedade cruzada dos meios de comunicação.
Nesta investida contra os países sul-americanos não-alinhados o objetivo dos EUA é claro: a desestruturação do MERCOSUL e, portanto, da UNASUL, eliminando os blocos coesos de resistência ao imperialismo.
Isso tornaria mais fácil, inclusive, derrubar Hugo Chavez do poder na Venezuela.
A obsessão norte-americana de impor, a qualquer custo, a própria cultura do individualismo privatista, em nome de uma suposta democracia, continua a causar desagregação em todo o Planeta.
O Brasil que não se descuide. Depois do Paraguai, poderá ser o próximo.
.
.
Bonifa
Neste caso, estaria explicada a arrogância infinita da Veja e das Organizações Globo, arrogância que parece transcender em autoconfiança o que a própria direita nacional teria para lhes oferecer. O jagunço que trabalha para um patrão poderoso, incorpora e multiplica a arrogância do patrão. Seriam tais veículos da mídia isso mesmo? Jagunços midiáticos do Imperialismo?
FrancoAtirador
.
.
Sim. Mas é uma simplificação, visto que esses veículos são responsáveis pela entrega do produto final, já acabado!
A elaboração ocorre em nível de articulação e intercâmbio das cúpulas políticas, jurídicas e empresariais, com enormes envolvimentos econômico-financeiros.
Apenas para exemplificar, uma mostra colhida diretamente do sítio da embaixada dos EUA no Brasil:
JOVENS EMBAIXADORES NO EUA
http://portuguese.brazil.usembassy.gov/
Zhungarian Alatau
Os EUA aproveitam-se do atraso de nossa eterna elite, que vê com maus olhos a ascensão das classes C e D, fazendo com que tenha que compartilhar aquilo que há bem pouco era privilégio exclusivo seu.
Temos as elites mais atrasadas do mundo, os EUA sabem disso, e disso se aproveitam.
souza
o desespero é grande.
a mídia nativa já pressente dias piores.
o nível baixo, especialidade destes elementos, os alimenta.
creio que eles, o pig e assemelhados, vão jogar todas as fichas na eleição de são paulo.
lia vinhas
E o pior é que devem milhões ou até bilhões ao fisco. Vão cobrar deles? Ouvi hoje no noiticiário que querem pegar os maiores devedores. Globo e Veja estão incluídos? Porque todos já vimos em matérias não distantes que devem horrores. E ainda recebem tantas verbas públicas…..Vá entender.
Moacir Moreira
Isto deve ser intriga da oposição pois segundo fiquei sabendo pela imprensa, o programa Criança Esperança arrecada fundos para abater imposto de renda devido pelo Sistema Globo de Enganação.
paulo Sergio
Seriam capazes , a partir deste factóide , serem os próprios algozes de Marcos Valério , para deixar Lula e o PT como os responsáveis por queima de arquivos . Ô raça … dá é medo dessa gente , que finaciou os ditadores e continuam aí , prontos para mais um golpe .
Dilma , retaliaçnoe já , acaba com essa mamata desses canalhas , lei de médios , o povo te apoiará ou clamará por Lula em 2014.
LuizCarlosDias
Ja vi muitos cachorros que latem
com o rabo entre as pernas prontos
pra fugir.Todos iguais, querem
que o povo destrua o PT/LULA,
impossivel, agora já é tarde, ele é
um mito, quase uma lenda, nunca na
historia do país um liderança subiu
tão alto, hoje é nossa estrela.
Viva Dilma/Haddad.
FrancoAtirador
.
.
DIA 07/12/2012 ENTRA EM VIGOR A LEY DE MEDIOS NA ARGENTINA
Em 7 de dezembro deste ano passa a vigorar a Ley de Medios na Argentina, que implementará a regulação da mídia e, dentre outras medidas, extinguirá a propriedade cruzada dos meios de comunicação.
.
.
Entrevista
Victor Hugo Morales e a democracia na comunicação
Por Tali Feld Gleiser*, no Portal Desacato
“Não tenho tempo para pensar em abstrato sobre o jornalismo”.
Victor Hugo Morales, jornalista uruguaio, há três décadas se desempenha no espectro radial da Argentina, onde é reconhecido como o melhor narrador de futebol da atualidade. Polivalente, Victor Hugo conduz um programa matinal de 4 horas na Rádio Continental da Argentina, de propriedade do conglomerado Prisa, da Espanha: A Manhã com Victor Hugo Morales, de grande audiência, com a política como elemento central. Morales apresenta ainda o programa de TV em canal 9, Baixada de Linha (de análise política nacional e internacional) e conduz um programa de música clássica na Rádio Nacional da Argentina. Victor Hugo também tem sua trincheira na internet e este ano apresentou a segunda edição do livro “Um grito no deserto”.
A presente entrevista foi realizada pela Diretora Geral do Portal Desacato, Tali Feld Gleiser, na sexta-feira, 17 de agosto de 2012, na Casa Argentina em Paris, França.
“Uma empresa de comunicação não pode dirigir outra pelo fato de controlar sua matéria prima”
TFG: Que experiência e ensinamentos deixa o debate do “Papel Prensa” (papel de jornal)?
VHM: A certeza, para mim, de que o que é material para fazer os jornais deve estar em mãos de pessoas sem nenhum interesse direto na utilização desse papel. Não pode ser um jornal, também não pode ser um governo, tem que ser algo independente dos jornais e dos governos. Mas absolutamente independente de ambos. Tem que ser uma entidade do Estado, embora isto a deixe em mãos do governo, mas depende de como se integre essa gestão estatal, se se derem garantias e seguranças da liberdade com a que vão se mexer dentro do Estado. Me parece que o que com certeza não deve acontecer é que seja um a empresa privada a que dirija as outras empresas privadas através da matéria prima. Portanto, o meu ensinamento do caso “Papel Prensa” é que às vezes não observamos a importância que certos assuntos têm na democratização da vida dos países, porque quando os meios de comunicação estão demasiado controlados por entidades privadas e corporativas, os riscos de uma ditadura, de uma opinião única, etc. são ainda maiores que as das próprias ditaduras militares que, por exemplo, já tiveram os países americanos. Ou seja, o que aconteceu com “Papel Prensa” tem sido um aprendizado muito interessante para nós.
A Sociedade Interamericana de Imprensa não se parece à verdade
TFG: De que forma pode se superar na América Latina essa “verdade única” que, por exemplo, nos impõe a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) ou estes monopólios midiáticos que existem?
VHM: Na verdade, a SIP não nos impõe nada, porque todos estamos prevenidos sobre o caráter que tem de defender seus próprios interesses, porque seus integrantes são os que tem interesses midiáticos muito fortes em todos os países. Ou seja, poucas coisas são menos críveis, poucas entidades no mundo, do que a SIP. Não existe como fator de credibilidade. Não existe salvo para defender esse tipo de interesses através dos meios que a integram que são os que dão importância à SIP, mas para o cidadão comum não tem, de jeito nenhum, alguma implicância com algo que se pareça à verdade. Portanto, a defesa está feita no mesmo momento em que dizemos SIP, algo dentro de nós nos diz do que se trata a SIP. A mim não me preocupa, lógico que a combato. Igualmente, tem pessoas desprevenidas que não sabem quais são os interesses da SIP e o que há por trás dos meios e é bom dizê-lo e lembra-lo permanentemente. Mas quem sabe o que é a SIP, quando aparece defendendo Clarín ou outros meios dominantes da América, não sabe que a SIP é isso, em consequência, não tem nenhum valor. Quem não sabe, o cidadão comum, tem que ser informado de que isto é assim, e quem está informado não lhe dá importância.
Os poderosos dominam a agenda midiática
TFG: E como chegar a esse cidadão, porque uma coisa é teu caso que com a possibilidade que você tem, até te admiro, trabalhando dentro de Prisa, mas para os outros é bastante difícil chegar de um jeito mais massivo.
VHM: Bom, eu também tenho dificuldades nesse sentido, o qual não é errado, mas eu não chego a todos, no entanto a mídia dominante sim chega a todos, a diferença é muito grave, é aviltante, doída, mas é a que devemos combater permanentemente. Alguma vez conseguiremos um determinado equilíbrio e aí é quando aparece o Estado, tentando criar através das leis de radiodifusão mecanismos que permitam uma democratização tal que não haja ninguém que determine a agenda midiática para o restante dos meios, que tenha um poder tão grande que ficam com absolutamente toda a opinião e conseguem um pensamento único ou, pelo menos, tendem a isso.
Se a Lei de Meios não vigora antes de janeiro terá sido apenas um sonho
TFG: A lei de regulação da mídia (chamada Ley de Medios) a partir de quando vai se aplicar legal e oficialmente?
VHM: Temos uma data decisiva proximamente que é a de 7 de dezembro, e aí vamos saber efetivamente se a Lei de Regulação da Mídia entra em plena vigência ou se tem sido um sonho. Porque se não consegue ser antimonopólica a lei fracassa. A lei tem um valor enorme devido a que fixa pautas monopólicas os atuais monopólios ou os que venham a ser criados. Esta é a única forma de democratizar a informação, porque se não for assim estamos perdidos outra vez. Teremos que começar de novo e procurar outros caminhos. Mas a Lei de Regulação da Mídia em 7 de dezembro, como máximo em 10 de janeiro, início de 2013, é uma lei em plena vigência porque depois de 7 de dezembro terão mais trinta dias, de acordo com o que eu sei. Se não entrar em vigência antes de janeiro de 2013 terminar, terá sido um sonho.
Clarín da Argentina tem um jornal, um canal central e mais 300 canais
TFG: E como é importantíssimo, para o país, Argentina, e como antecedente para todos os outros países que estão em um caminho parecido, então é muito importante para todos.
VHM: Sim, as novas pautas midiáticas geraram a partir dos anos 80 e 90 a concentração do que chamamos multimídia. Todos esses multimeios entraram em uma batalha entre eles até que houve uns dominantes que devoraram os outros multimeios, seja nas suas sociedades ou na sua influência e tem quatro ou cinco pessoas em cada país que são os que manejam o que se informa, de que jeito, contra quem, a favor do quê. São poucas pessoas e têm um poder imenso. Se não der para abater esse poder, não tem luta que valha a pena neste mundo. Porque eles são os que têm a chave de tudo. Temos que conseguir que essa chave a tenham não quatro, mas centenas ou, pelo menos dezenas e que haja um equilíbrio de poderes na informação. Tem alguns países que ainda mantém isto, onde há meios mais importantes que outros, mas não que são devorados. O Uruguai me parece, por exemplo, que é um caso onde há um jornal muito importante, tradicional, liberal, que vem ser como Clarín, mas o único poder que tem é seu jornal. Não é um jornal, mais um canal mais 300 canais no país e pelo fato de ter tanto poder os pequenos poderes também lhe pertencem, não podem lutar contra esse poder.
O que acontece na Argentina, não sei como é no Brasil, é dos mais perversos mecanismos de informação que existem no mundo inteiro.
TFG: No Brasil é muito parecido.
VHM: Sim, intuo que sim. Me custa avançar sobre isso porque não tenho os elementos que me permitam falar com propriedade e então corro o risco de ser rapidamente contestado.
TFG: Mas o problema é mais ou menos ou mesmo em toda parte. Você fala de uma exceção, pelos menos entre o que eu conheço.
VHM: Um poder tão vil e tão forte como na Argentina tem suas manhas, mas não posso dizer que a cidadania esteja plenamente informada ou informada por esse grupinho de senhores que são os que tem a chave de tudo.
Mesmo assim, o jornalismo no Uruguai é um jornalismo que tem a ver com o liberalismo, com todas as ideias políticas que fazem à liberdade de mercado, liberdade de portos, liberdades econômicas que nunca se compadecem com as verdadeiras liberdades individuais, liberdade para eles, liberdade para fazer negócios, liberdade para crescer e dominar as liberdades dos outros. Eu tenho uma infinita rejeição pelo mundo assim como ele é.
TFG: Sim, por isso te falo que o problema é mais ou menos o mesmo, as pessoas acreditam que só acontece no seu país.
VHM: Sim, a América Latina é como um copo de vinho que se derrama na mesa toda a toalha está nessa hora…
TFG: Com matizes, mas é mais ou menos igual.
Só para te contar sobre o Brasil, você deve saber muito bem pelo assunto do futebol, por exemplo, que os horários do futebol são pautados de acordo com os horários da novela da Rede Globo. Isso já te dá a dimensão do poder que tem.
VHM: Do poder que tem, é claro.
“Não tenho tempo para pensar em abstrato sobre o jornalismo”
TFG: Qual será o teu próximo grito no deserto?
VHM: Eu não sei se vou escrever outro livro porque estou tão atrapalhado nas conjunturas pessoais, estas que tem determinado, há campanhas, estou tão envolvido nos mecanismos de defesa disto, que o único livro que poderia fazer é sobre tudo o que juntei para me defender dos ataques dos outros. Não sei quem pode se interessar nesse assunto como livro. No dia-a-dia, a minha briga tem um significado. A minha página é a minha trincheira de onde luto e falo as minhas coisas, um lugar pequenino comparado com o mundo informativo. Mas estou tão envolvido nisso que o único que tenho hoje em dia como elemento para compartilhar com as pessoas é o que eu quero dizer por que me acontece o que me acontece, por que a minha briga e onde se situa essa briga. Então não tenho tempo para pensar em abstrato sobre o jornalismo, etc. Só consigo pensá-lo a partir do que me acontece e do que vejo que acontece na Argentina, por exemplo. Estou muito envolvido nessa conjuntura como para conseguir sair dela e fazer um livro como “Um grito no deserto”. É claro que tenho, como todas as pessoas, a gente vive carregada de ideias que gostaria de aplicar, mas neste momento estou devorado pela situação.
TFG: Por esta realidade e além do mais, com todo o trabalho que você tem, porque você não para quieto.
VHM: É verdade, além do mais tenho uma atividade muito intensa que me obriga a muita informação do que acontece hoje e essa necessidade de estar informado me demanda o tempo que não estou no microfone.
TFG: ME lembrei de uma coisa. Que me fale da sua paixão pela rádio, porque ontem você me perguntou por que você escuta o programa. Na hora não respondi e depois pensei “Porque gosto de rádio bem feita”. Como eu me criei em Buenos Aires dos 9 aos 21 anos, quem passa pela Argentina, o Uruguai também, imagino, cresce ouvindo rádio e eu sou apaixonado. Sei que você também gosta demais da rádio. Então queria que me falasses algo sobre ela.
A rádio é o veículo mais mágico
VHM: Que é o mais mágico que existe como meio de comunicação, que passa pelo mais diferenciador que temos os seres humanos do resto dos animais que é a capacidade de imaginar, mais ainda que a de pensar. Porque a de pensar está ligada com a de imaginar. Para mim, a rádio é imaginação. A imaginação sempre tem algum viés por onde a arte se mistura. Portanto eu acho que é a arte de imaginar.
TFG: Muito obrigada.
Tali Feld Gleiser, Paris, agosto de 2012.
*Diretora e fundadora do portal Desacato, Tali Feld Gleiser é comunicadora social, tradutora, revisora e editora.
http://desacato.info/2012/08/victor-hugo-morales-e-a-democracia-na-comunicacao/
http://portaldesacato.podomatic.com/entry/2012-08-21T13_07_05-07_00
Ary
E teve gente graúda, num aniversário importante, que setenciou (com direito reprise no JN): Prefiro o barulho de uma imprensa livre ao silêncio blábláblá…”. Durma-se com um barulho desses. E 70% da verba para o PiG? Alguém me acorde desse pesadelo! Se o governo e o PT não se defendem, de que adianta convocar a militância? Tem graça defender quem está sentado?
Rossi
Inadmissível jogar dinheiro público nestas porcarias,enquanto hospitais,escolas,estradas,transporte público e outras necessidades do povo imploram recursos.Acorda Dilma.
lulipe
E onde será que o governo do PT iria divulgar seus “feitos”, na TV Brasil???
Deixe seu comentário