por Mauro Santayana, no JB Online, via blog do jornalista
Os Estados Unidos advertiram o governo de Israel contra seu projeto de ataque preventivo às instalações nucleares do Irã, conforme noticiou The Guardian, em sua edição de 4ª feira. O aviso não foi das autoridades civis de Washington, e, sim, dos comandantes das tropas militares norte-americanas em operação na região do Golfo – o que, ao contrário do que se pode pensar, é ainda mais sério. O argumento dos militares é o de que esse ataque, além de não produzir os efeitos desejados – porque o Irã teria como retomar o seu programa nuclear – traria dificuldades políticas graves aos aliados ocidentais na região, sobretudo a Arábia Saudita e os Emirados Árabes – de cujo abastecimento direto depende a 5ª. Frota e as bases das forças terrestres e aéreas que ali operam.
Embora as dinastias árabes pró-ocidentais temam o poderio militar do Irã, temem mais a insurreição de seus súditos, no caso de que se façam cúmplices de novo ataque a outro país muçulmano. Nunca é demais lembrar que os Estados Unidos e a Europa dependem também do petróleo que passa pelo golfo e atravessa o Canal de Suez, controlado pelo Egito.
Há, nos Estados Unidos – e, entre eles, alguns estrategistas do Pentágono – os que pensam ser hora de ver em Israel um país como os outros, sem a aura mitológica que o envolve, pelo fato de servir como lar a um povo milenarmente perseguido e trucidado pela brutalidade do nacional-socialismo. Uma coisa é o povo – e todos os povos têm, em sua história, tempos de sacrifício e de heroísmo, embora poucos com tanta intensidade quanto o judeu e, hoje, o palestino – e outra o Estado, com as elites e os interesses que o controlam.
Nenhum outro governo – nem mesmo o dos Estados Unidos – são tão dominados pelos seus militares quanto o de Israel. Eminente pensador judeu resumiu o problema com a frase forte: todos os estados têm um exército; em Israel é o exército que tem um Estado.
O Pentágono acredita que uma guerra total contra o Irã seria apoiada pelos seus aliados da região, mas os observadores europeus mais sensatos não compartilham o mesmo otimismo. A ofensiva diplomática de Israel na Europa, em busca de apoio para – em seguida às eleições norte-americanas – uma ação imediata contra Teerã, não tem surtido efeito. Londres avisou que não só é contrária a qualquer ação armada, mas, também, se nega a permitir o uso das ilhas de Diego Garcia e Ascenção (cedidas pela Inglaterra para as bases ianques no Oceano Índico), como plataforma para qualquer hostilidade contra o país muçulmano.
Negativa da mesma natureza foi feita pela França, que, conforme disse François Hollande a Netanyahu, não participará, nem apoiará, qualquer iniciativa nesse sentido. É possível, embora não muito provável, que Israel conte com Ângela Merkel. Israel tem esperança na vitória de Romney, e a comunidade israelita dos Estados Unidos se encontra dividida. Os banqueiros e grandes industriais de armamento, de origem judaica, trabalham com afã para a derrota de Obama. E há o temor de que, no caso da vitória republicana, os israelitas venham a aproveitar o esvaziamento do poder democrata para o ataque planejado.
Além disso, Netanyahu não tem o apoio unânime entre os militares de seu país para esse projeto. Amy Ayalon, antigo comandante da Marinha, e dos serviços internos de segurança, o Shin Bet, disse que Israel não pode negar a nova realidade nos países islâmicos: “Nós vivemos – avisa – em novo Meio Oriente, onde as ruas se fortalecem e os governantes se debilitam”. E vai ao problema fundamental: se Israel quer a ajuda dos governos pragmáticos da região, terá que encontrar uma saída para a questão palestina. É esta também a opinião, embora não manifestada com clareza, do governo de Obama, de altos chefes militares americanos, e dos círculos mais sensatos da comunidade judaica naquele país.
O fato é que os Estados Unidos se encontram em uma situação complicada. Eles não têm condições militares objetivas para entrar em nova guerra na região, sem resolver antes o problema do Iraque e do Afeganistão. Seus pensadores mais lúcidos sabem que invadir o Irã poderá significar a Terceira Guerra Mundial, com o envolvimento do Paquistão no conflito e, em movimento posterior, da China e da Rússia. Washington, na defesa de seus interesses geopolíticos, deu autonomia demasiada a Israel, armando seu exército e o ajudando a desenvolver armas atômicas. Já não conseguem controlar Tel-Avive.
Estarão dispostos, mesmo com o insensato Romney, a partir para uma terceira guerra mundial? No tabuleiro de xadrez, se trata de “xeque ao Rei”; na mesa de bilhar, de sinuca de bico.
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Comentários
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RicardãoCarioca
Fico imaginando a falta de juízo de Israel. Atacar Irã como se nenhum míssel do segundo não fosse cair no primeiro, em retaliação, matando milhares de israelenses. Os EUA estão longe, mas Israel é vizinho…
Tem grande potencial disso virar uma 3a guerra mundial sim.
Roberto Locatelli
A situação dos EUA é ruim por uma conjunção de fatores:
– a divida externa deles é de 110% do PIB, ou seja, impagável;
– desemprego enorme. Cerca de 50 milhões de estadunidenses pobres sobrevivem com o Food Stamp, que é o Bolsa-Família deles. A diferença entre o Food Stamp e o Bolsa-Família é que, aqui, a ideia é proporcionar às famílias condições de progredir. Lá é só para a pessoa sobreviver;
– seca arrasadora no meio-oeste, acabando com a agricultura. Um dos efeitos dessa seca foi que, pela 1ª vez, o Brasil ultrapassou os EUA e se tornou o maior exportador de soja para a China. Outro efeito: produção de biocombustíveis comprometida. Vão ter que comprar de nós;
– guerra pelo petróleo no Oriente Médio, consumindo centenas de milhões de dólares;
– Israel querendo começar mais uma guerra;
– e, ainda por cima, vem o tal Sandy e arrebenta com Nova York…
Willian
Como o Irã é um país que se contrapõe aos EUA e a Israel, recebe o apoio entusiasmado da esquerda nativa. Não importa que é homofóbico, misógino e anti-comunista. É contra, vocês estão a favor.
Gostaria de ver as feministas da esquerda fazendo uma manifestação em Teerã, ou ver uma parada gay ou ainda saber como anda a situação dos partidos de esquerda de lá. É risível.
Bonifa
Por incrível que te possa parecer, há manifestações públicas de feministas de esquerda em Teerã, não apenas uma, mas várias. O movimento feminista iraniano é muito forte. Mas o Irã é imenso. Há tribos no interior que ainda se recusam a viver conforme as leis e instituições do país. E embora haja esforço do governo central para incluir estas tribos, para fazer as populações votarem, por exemplo, não é possível ao governo dobrálas unicamente pela força bruta. Os tribunais islâmicos, nestas regiões, por vezes são muito radicais. Um americano médio, que se guia pelo Discovery, sabe bem mais sobre o Irã que um brasileiro que se diz informado mas se guia apenas por televisões como a Globo e revistas como a Veja.
Felipe Guerra
Essas retórica nem minha sobrinha de 3 anos engole…
RicardãoCarioca
Não se trata de esquerdista apoiar Irã em detrimento de EUA/Israel, em mais uma demonstração de pensamento binário. Trata-se, outrossim, de não apoiarmos intervenções militares dessa dupla em países que não se alinham na subserviência. Em termos de ‘armas de destruição em massa’, Irã está mais para Iraque do que para Israel. A dupla anglosionista sabe disso, mas o que eles querem mesmo é petróleo.
Marcos C. Campos
Parece a mídia brasileira. Ilações e mais ilações . Inventam até pensamentos na cabeça dos outros.
Leio muitos comentários em inúmeros posts , aqui no Viomundo e NUNCA li alguém defender as práticas medievais dos aiatólas iranianos no que tange a homossexualismo e etc.
Aliás tem gente que repete o que está escrito na midia cabeçuda.
Pedro
Acho bom o artigo. Só não concordo com a ideia de que ainda exista uma questão judaica. Israel acabou com isso. Agora é crise do capitalismo que Israel quer revolver com guerra.
Eduardo Raio X
Os fabricantes de armas dos USA e Israel estão esfregando as mãos com avidez e cobiça de quem sabe o quanto vai ser lucrado nesse banho de sangue! De uma coisa podemos ter certeza, não vai ser nenhum passeio essa guerra, o Irã tem se preparado a muitos anos para essa brutalidade, será uma guerra caríssima e de custo material sem precedente e se formos contabilizar a questão humana ai não tem calculadora no mundo que faça a conta certeza! E como sempre fazem o USA a conta dessa guerra será paga por toda a humanidade, eles são especialista em mandar a dolorosa para o bolso do outro!
Mailson
Eu quero é que o Mitt Romney ganhe as eleições americanas. Eu estou cansado de adiar o fim do mundo. Com Romney é garantia de que isto vai acontecer logo no primeiro mês de sua gestão, quando ele bombardear o Iran.
Vai ser massa. Eu quero é ver o mar pegar fogo para eu comer peixe frito.
Bummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm!
simas
… Mestre Santayana,
Não gostei, mto, qdo vc fica passando a mão nos ombros de quem não merece, Mestre. Mas… tdo bem. Vc é ótimo, mesmo e pronto.
Acontece, q ao final, fiquei comparando – guardando as devidas proporções, esse jogo, político, aê, com o nosso… aqui, atual.
Passadas as eleições, asseguradas e fortalecidas as posições, URGE TOMAR ATITUDE, FIRME. Urge.
Vamos tdos; mãos dadas; uníssonos.
Difícil, heim? Viu como nos comeram pelas bordas? Sentiu, a inteligência dessa gentinha?…
Vamos, novamente. Uníssonos!…
Abraço, fraterno
José X.
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“Recentemente, o presidente Obama impôs novas sanções ao Irã, as quais, segundo a imprensa-empresa, teriam sido “muito eficientes”, causando repentina desvalorização da moeda iraniana. Os iranianos, corretamente, entendem que estão sendo atacados;
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Não só isso: o Irã é vítima constante de virus de computador criados pelo governo americano, como o Flame, Duqu e Stuxnet. O virus Flame é um absurdo de grande, mais de 20 MB, deve ter custado alguns milhões de dólares para ser criado. O governo americano considera qualquer ataque à sua infra-estrutura cibernética um ato de guerra, no entanto praticam na maior cara dura os atos que condenam. O fato é que o governo amaricano está praticamente em guerra não declarada contra o Irã, que só vai se aguentar se conseguir algum apoio das outras 2 grandes potências militares, Rússia e China. Caso o Irã fique sozinho é praticamente certeza que vire uma outra Líbia ou Síria, com “rebeldes” entrando em guerra contra o governo central, com a consequente destruição do país, como aconteceu na Líbia e está acontecendo agora na Síria.
Antonio
Por Mark H. Gaffney, no “The Information Clearing House” (EUA)
Mark H. Gaffney
“Recentemente, o presidente Obama impôs novas sanções ao Irã, as quais, segundo a imprensa-empresa, teriam sido “muito eficientes”, causando repentina desvalorização da moeda iraniana. Os iranianos, corretamente, entendem que estão sendo atacados; e ameaçaram, em resposta, bloquear o Estreito de Ormuz, por onde tem de transitar grande parte do petróleo que flui do Oriente Médio para a economia global.
Se a crise aprofundar-se e o Irã cumprir a ameaça e fechar Ormuz, praticamente com certeza os EUA intervirão para reabrir o estreito. Isso levará a guerra pela qual o Irã será responsabilizado, mesmo que, como se sabe, as recentes sanções impostas ao país pelos EUA equivalham a ato de guerra.
Minha opinião é que os EUA explorarão a situação para atacar as instalações nucleares iranianas. Mas, mais importante que elas, os EUA atacarão também as instalações que guardam os mísseis iranianos convencionais.
Entendo que essa é a causa real das sanções norte-americanas contra o Irã; como me parece ser também a causa do aumento das tensões nos últimos dias. Apesar da retórica sobre armas nucleares e do que é mostrado à opinião pública, a crise atual nada tem a ver com armas nucleares ou com algum programa iraniano para construir armas atômicas. Essa, me parece, não passa de história criada para ocupar as manchetes de primeira página; a história de capa, para encobrir a história real.
Mapa geofísico do Irã e suas fronteiras
A real questão está em que o Irã aprimorou muito seus mísseis convencionais de médio alcance, todos já equipados com tecnologia GPS, o que os torna armas significativamente mais precisas.Significa que o Irã já pode atingir os arsenais israelenses de armas nucleares, biológicas e químicas, todos localizados em território israelense, e já pode atingir também [as fábricas israelenses de bombas atômicas e] o reator nuclear israelense em Dimona.
Em resumo, o Irã já tem capacidade convencional para conter Israel. Nesse sentido, acredito que os oficiais iranianos não mentem quando dizem que o Irã não tem programa de armas nucleares. De fato, o Irã não precisa de armas nucleares para conter Israel. O Irã já pode conter Israel com seus mísseis de médio alcance guiados por GPS. Os israelenses, evidentemente, ficaram em posição fragilíssima, porque, nessas circunstâncias, passam a ser, eles mesmos, as primeiras vítimas mais diretamente ameaçadas pelos seus próprios arsenais de armas de destruição em massa e pelo próprio reator nuclear israelense, em Dimona – os quais já são, todos, alvos acessíveis.
Qualquer ataque direto bem-sucedido àqueles arsenais e àquele reator provocará nuvem tóxica letal, que matará, primeiro, milhares de israelenses. Em caso mais grave, de ataque mais amplo, há hoje ameaça real à sobrevivência do estado judeu.
Simultaneamente, é preciso ter em mente que o Irã não tem interesse em lançar qualquer tipo de ataque preventivo a Israel, porque o Irã sabe que a reação conjunta Israel-EUA seria devastadora. Mas, se o Irã for atacado primeiro, desaparece esse cálculo estratégico. E não cabe descartar a possibilidade da reação iraniana, porque o Irã, se for atacado, terá de defender-se. Nesse caso, o Irã, sim, atacará Israel, dado que os líderes iranianos veem com absoluta clareza (apesar de o povo norte-americano nada ver e nada entender) que toda a atual “crise” foi fabricada exclusivamente para tentar tirar Israel da posição precária em que se meteu.
Do ponto de vista dos israelenses, a capacidade de contenção que o Irã alcançou (não nuclear, como se diz ou suspeita, mas capacidade convencional) é absolutamente inaceitável. Os estrategistas militares israelenses sempre insistiram na necessidade de manterem total capacidade de movimento.
Por isso Israel recusou, há vários anos, o pacto de defesa que os EUA ofereceram: porque aquele tratado teria limitado “a liberdade de movimento dos israelenses” [invasão e apropriação de territórios palestinos, das colinas sírias de Golã etc], limitação inaceitável para eles. Os líderes israelenses naquele momento optaram por manter-se independentes. Para Israel, essa independência seria crucialmente importante para que o estado judeu pudesse continuar suas políticas de intimidação contra os vizinhos regionais, qualquer deles, como melhor interessasse a Israel e sem considerar interesses estratégicos dos EUA. Israel jamais aceitou qualquer limitação a essa “liberdade” para intimidar vizinhos regionais, fossem quais fossem, e definidos por critérios do estado judeu. Os mísseis convencionais iranianos, hoje, puseram fim àquela “liberdade”. Os estrategistas israelenses muito provavelmente se preocupam, por exemplo, com a evidência de que os mísseis convencionais iranianos limitam consideravelmente a liberdade de Israel para atacar, em conflitos futuros, o Hezbollah no Líbano. O Hezbollah é íntimo aliado de Teerã.
Minha opinião é que a atual crise foi fabricada para criar o pretexto para um movimento da Força Aérea dos EUA para destruir os arsenais iranianos de mísseis convencionais. Os EUA também atacariam as instalações nucleares iranianas, mas o alvo primário seriam os mísseis convencionais. Os EUA estariam a serviço de Israel. O rabo sionista, mais uma vez, sacudindo o cachorro norte-americano subalterno.
Obviamente, é impossível obter apoio popular para esse tipo de ataque, em que os EUA estariam bombardeando nação não atacante, só porque os sionistas assim o ordenem. Então se inventou a “manchete de primeira página”: a versão segundo a qual inexistentes armas nucleares iranianas estariam ameaçando varrer Israel do mapa. As armas nucleares não existem, como até a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) já constatou oficialmente. Mas funcionaram, mesmo assim, como pretexto para vasta campanha de propaganda.
O problema, do ponto de vista dos EUA, é que a tarefa de destruir a capacidade iraniana de conter Israel não é tarefa fácil; de fato, é ainda mais difícil do que destruir as instalações nucleares iranianas. É muito pouco provável que os mísseis convencionais iranianos estejam armazenados num único ponto: com toda a certeza estão disseminados por todo o território iraniano. Se o Irã for atacado por ar, a liderança iraniana – que com certeza já fez toda essa análise – rapidamente “decifrará” o objetivo do ataque.
Ante o risco de perderem a capacidade para conter Israel, é possível que os mulás optem por disparar os mísseis convencionais que não tenham sido destruídos no primeiro ataque norte-americano. Se o fizerem e se apenas alguns dos mísseis atingirem arsenais israelenses de armas nucleares, químicas ou biológicas, o efeito, em todos os casos, será desastroso. Israel responderá. E pode recorrer, inclusive à “Opção Sansão”: usar armas nucleares contra o Irã. Não há palavras para descrever a escala horrenda a que esses desenvolvimentos podem chegar. Desgraçadamente, tudo isso é rigorosamente possível.
Desde o primeiro momento, além do mais, também as forças navais dos EUA no Golfo serão atacadas. E que ninguém se iluda ou se engane: o Irã tem quantidade suficiente de mísseis cruzadores terra-mar para provocar danos consideráveis na chamada “presença naval dos EUA no Golfo”. No momento em que escrevo já há milhares de marinheiros norte-americanos plantados, pode-se dizer, na linha de tiro, e sob ameaça.
É indispensável impedir qualquer ataque ao Irã. É absolutamente necessário impedir mais essa guerra.
Todos os ativistas devemos mobilizar agora todos os recursos de que disponhamos para defender e fazer avançar a paz. O povo norte-americano tem de conhecer a verdade. A ‘’crise iraniana’’ é falsa. É crise inventada. Mas o perigo de guerra é real.
É hora de gritar forte, de gritar muito a favor da paz. Amanhã talvez seja tarde demais.”
FONTE: escrito por Mark H. Gaffney, no “The Information Clearing House”, sob o título original “Behind the Deepening Crisis with Iran: The Real Story Versus the Cover Story”. Traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e postado por Castor Filho no blog “Redecastorphoto” (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/10/por-tras-da-crise-com-o-ira-que.html). [Imagem, trechos entre colchetes e “negritos” adicionados por este blog ‘democracia&política’].
Jair de Souza
Um artigo muito esclarecedor, vale a pena divulgá-lo. No entanto, gostaria de deixar mais patentes algumas questões.
A perseguição milenar da qual os judeus foram vítimas foi perpetrada quase sempre por Estados e outras forças políticas europeias, jamais pelos palestinos. É só relembrar: a expulsão de fins do primeiro centênio de nossa era teria sido ocasionada pelas tropas do Império Romano (isso no caso de que tivesse realmente acontecido e não fosse tão somente uma lenda). Qual a participação de proa que os palestinos, ou mesmos os árabes em geral, teriam tido nela? Nenhuma! Já as perseguições sérias a que os judeus foram comprovadamente submetidos se deram principalmente na Europa.
Hitler, só para citar um de seus grandes algozes, não era nenhum líder árabe muçulmano. Portanto, não há nenhuma razão moral que possa justificar que os judeus europeus (não alteraria em nada a questão, mas os judeus azkenazis nada têm de semitas, seu único ponto em comum com os antigos povos hebreus é a adesão ao judaísmo, ao qual chegaram por conversão) tenham recebido de seus constantes perseguidores o direito de ocupar uma terra pertencente a outros povos, os quais a habitavam harmoniosamente há milênios, inclusive com os judeus de origem semita que lá estavam e nunca tinham tido problemas sérios com os demais grupos étnicos.
As potências europeias resolveram pagar suas dívidas para com seus conterrâneos de religião judaica oferecendo-lhes com compensação as terras de outros povos. Ou seja, decidiram expiar seus pecados com o sangue alheio.
Também é preciso ressaltar que os milhões de judeus que foram barbaramente assassinados na Europa pelas forças nazi-fascistas eram em sua esmagadora maioria opostos aos planos dos dirigentes sionistas, os quais pretendiam retirá-los para algum outro local para que servissem como carne de canhão na criação e manutenção de um Estado que atendesse aos interesses da grande burguesia judaica.
Somente depois de a maioria dos judeus europeus ter sido trucidada pelo regime hitleriano (o qual era admirado pela cúpula sionista alemã, é bom lembrar) é que a adesão ao sionismo entre as comunidades judaicas cresceu.
Se as potências europeias tivessem decidido entregar aos sionistas uma parte da Alemanha (por exemplo, a Baviera) para que construíssem ali o seu Estado, a gente até poderia tragar a medida. Afinal, foram os dirigentes do Estado alemão e suas forças militares e políticas que comandaram a execução do bárbaro genocídio contra os cidadãos europeus de religião judaica. A penalização de ceder uma parte de seu território àqueles que foram perseguidos e massacrados por forças germânicas, embora injusta em relação aos alemães que não tinham participado do plano, poderia ser entendida como algo mais ou menos aceitável.
Mas, o que ocorreu foi que os perpetradores se safaram e deixaram o castigo para quem nada tinha a ver com o problema. É dái que vem o conflito israelense-palestino. Os europeus têm toda a responsabilidade em sua origem.
lulipe
Os EUA jamais abandonarão Israel, seja por ser seu principal aliado no Oriente Médio, seja pela fortíssima influência dos judeus na economia e política daquele país.Se Israel se sentir ameaçado deverá atacar o Irã, com ou sem o apoio americano, o resto é balela dos defensores de ditadores megalomaníaco.Não esqueçam que Israel já tem a bomba atômica, conseguida com a ajuda da França e não dos EUA como faz crer o Santayana.
Bonifa
Não é verdade, Lulipe. Deixe a coitada da França de fora disso. O arsenal de Israel teve origem nos EUA e foi para lá por contrabando, através de complicadaoperação que até hoje ocupa muitas páginas de controvérsias de todo tipo. Dizem que Netanyahu esteve pessoalmente envolvido nessa operação de contrabando.
http://original.antiwar.com/smith-grant/2012/03/21/israels-nuclear-triggers/
Urbano
Pelo que se vê já algum tempo, esse tempo milenar deve ter se encerrado juntamente com a segunda guerra mundial. O que se vê hoje não é bem isso, não. Nos últimos vinte anos (nem precisa mais tempo), quantos israelitas e quantos palestinos foram presos e assassinados (sem ser na refrega do verdadeiro confronto militar), incluindo-se aí mulheres, velhos e crianças? Quantas vezes cada um foi acertado pelos mísseis do adversário, por puro engano proposital?
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