Ricardo Gebrim: Por uma Constituinte já para fazer a reforma política!
Tempo de leitura: 5 minpor Igor Felippe, no Escrevinhador
A realização de um plebiscito para a convocação de uma Assembleia Constituinte – que terá a missão de reformar o sistema político brasileiro – surgiu como um raio em céu de brigadeiro no contexto das mobilizações de massa de junho, em discurso da presidenta Dilma Rousseff em rede nacional de rádio e televisão.
O recado dado por Dilma à sociedade brasileira era claro: as demandas apresentadas nos protestos não poderiam ser atendidas sem estourar a trama de interesses sustentada pelo atual sistema político. E que a maioria dos parlamentares do Congresso Nacional não deixaria que uma proposta de transformação da política institucional fosse levada a cabo.
A proposta tocou o nervo dos donos do castelo do poder no nosso país, tanto que houve uma reação violenta da oposição ao governo, dos partidos conservadores da base e dos grandes meios de comunicação. O PMDB abriu guerra ao governo, a oposição passou a fazer acusações de “chavismo” e os jornais fizeram uma série de editoriais contra a Constituinte. Até mesmo parlamentares do próprio PT, já adaptados às características do modelo institucional, rejeitaram a ideia.
A pressão foi tão grande que, depois do tiroteio, a presidenta recuou e deixou a Constituinte em banho maria. No entanto, movimentos populares, organizações sindicais, entidades estudantis viram uma porta entreaberta para ocupar a arena política e passaram a empunhar a bandeira da Constituinte.
“Sem enfrentar os limites constitucionais de nosso sistema político não teremos nenhuma mudança estrutural. Assim como a “Diretas Já” foi uma palavra de ordem que se tornou meta-síntese da luta contra a ditadura, a “Constituinte Já” pode ocupar o mesmo papel”, analisa o dirigente da Consulta Popular, Ricardo Gebrim.
Mais de 170 organizações fazem uma campanha por uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana para reformar o sistema político, a partir da construção de comitês populares em todo o país suprapartidários em todo o país.
“Os maiores partidos de esquerda, as principais centrais sindicais, pastorais e movimentos sociais estão participando, o que demonstra muita representatividade nas forças populares organizadas”, afirma Gebrim, que faz parte da coordenação da campanha.
Esses comitês realizarão um plebiscito popular, de caráter informal, na primeira semana de setembro, com uma única pergunta: “Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político?”. Em seis meses de articulação, já aconteceram duas plenárias nacionais, foram realizadas reuniões em todos os estados e criados mais de 300 comitês, entre regionais, estaduais, municipais e locais da campanha.
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“O plebiscito popular é uma importante ferramenta pedagógica, pois permite envolver milhares de ativistas. Ela possibilita construir a bandeira da Constituinte Exclusiva como uma meta síntese da insatisfação com o sistema político”, avalia Gebrim.
Quadro político
Mesmo com toda essa construção, de certa forma subterrânea, a proposta da Constituinte parecia hibernar diante dos protestos do “Não vai ter Copa”, da prioridade conferida pelos movimentos populares às pautas corporativas e da falta de iniciativa política do governo e do PT, frente à chantagem e ataques dos setores conservadores da base aliada e da oposição.
A derrota do governo e do PT nas articulações para impedir a instalação da CPI da Petrobras, em um ano eleitoral, acendeu o sinal amarelo. Mais uma vez, a trama do sistema político se voltava contra eixos progressistas do governo, tendo como foco a Petrobras, que é o símbolo para os setores conservadores da política de fortalecimento do Estado e intervenção da economia. Além disso, as pesquisas de opinião negativas para o governo e o balão de ensaio do “Volta Lula” deixaram cicatrizes, por demonstrar as fragilidades da presidenta.
Diante dessas pressões, Dilma e o PT passaram a recolocar a bandeira da reforma política no centro do debate, dando maior unidade ao campo progressista e força à campanha pela Constituinte.
Em novo discurso em cadeia de rádio e televisão, na semana passada, Dilma retomou os pactos apresentados em junho e pediu a participação dos trabalhadores na discussão da reforma política. “Sem uma reforma política profunda, que modifique as práticas políticas no nosso país, não teremos condições de construir a sociedade do futuro que todos almejamos. Estou fazendo e farei tudo que estiver ao meu alcance para tornar isso uma realidade”, afirmou.
No Encontro Nacional do PT, uma votação sobre os pré-requisitos para as alianças nas eleições deste ano mostrou a força do Constituinte. Mais de 221 delegados do PT votaram para que o apoio à Constituinte Exclusiva fosse um fator determinante para as alianças. A proposta foi rejeitada por 286, mas demonstrou disposição de setores do partido de dar prioridade à Constituinte, mesmo sob o risco de romper a aliança com PMDB nas eleições.
“O engajamento do PT na campanha foi reafirmado no encontro e consta no texto-base que foi aprovado. O tema sacudiu o plenário e teremos um maior engajamento do conjunto do partido”, afirma o deputado federal Renato Simões (PT).
Perspectivas
A campanha vislumbra colocar a bandeira da Constituinte do sistema político como saída para resolver o conjunto das demandas da sociedade brasileira, especialmente se houver um quadro de explosão de protestos de massa no país. “O desafio principal é atingir a juventude não organizada que esteve fortemente presente nas manifestações de junho de 2013”, coloca Gebrim.
Para o escritor e historiador Lincoln Secco, professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo, apenas uma Constituinte pode responder os anseios do movimento de rua de junho. “Só uma assembleia constituinte exclusiva poderia canalizar protestos tão difusos quanto os de junho. Havia uma pauta ampla e contraditória. Por isso, o problema central passou a ser a incapacidade do sistema político absorver e solucionar os conflitos que explodiram. De um lado, demandas de direita e de outro de esquerda, mas ambas fora das preocupações dos governos e dos partidos”, acredita.
No entanto, ele avalia como uma “incógnita” o estouro de novos protestos de massas neste ano. “Desta vez tanto a esquerda institucional que está no poder quanto os aparelhos repressivos que ela mal controla estão vacinados. Na segunda vez é sempre diferente. Felizmente, talvez não haja tempo do congresso promulgar a horrível lei antiterrorismo”, afirma.
Para Gebrim, existe um clima de insatisfação com a Copa pelos gastos considerados exagerados, que tem mexido com o imaginário popular, especialmente com a ação de uma parte da mídia. “Atos ocorrerão, terão grande visibilidade inclusive da mídia internacional. Se esses atos massificarão é algo que depende do acaso, por exemplo, de uma possível repressão, vítimas que despertem a solidariedade. Qualquer prognóstico sobre a dimensão dos atos, neste momento, é precipitada”, pontua.
Com o fortalecimento da proposta da Constituinte e o ensaio de uma reação política do governo e do PT, tendências da esquerda petista promovem um ato em defesa da convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana para o Sistema Político neste sábado em São Paulo.
“Chega desse Congresso balcão de negócios. O Supremo Tribunal Federal prova a cada dia que está a serviço das elites. Essas instituições não nos representam. No Plebiscito Popular de setembro, exigiremos uma Constituinte Exclusiva e Soberana que faça a reforma política, para abrir caminho às aspirações populares. Não há outro meio!”, diz o manifesto de convocação do ato, que reúne assinaturas de petistas e apoiadores que atuam como parlamentares, dirigentes de movimentos sociais, na universidade e militantes de base. Será que o PT está retomando a iniciativa política e se engajará nessa campanha?
Segundo Renato Simões, o partido tem uma estrutura organizativa grande e lenta, mas a campanha começa a entrar na pauta dos diretórios municipais e zonais, o que dará uma grande capilaridade aos comitẽs. “O plebiscito pela Constituinte é a única campanha com um eixo de massa que o PT pode se engajar”, afirma.
“A campanha pela Constituinte é um balão de ensaio necessário. Se der certo, a maioria do PT entra. Senão, fica restrito à esquerda petista. Foi exatamente assim na campanha do impeachment de 1992. Mas lá o PT era oposição e foi mais fácil radicalizar”, avalia Secco, que é filiado ao partido e autor do livro “A História do PT”.
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Marcos Coimbra: Fúria pró-mudança agrada só quem detesta o lulopetismo
Comentários
Antônio Alberto (Pe.Alberto) Mendes Ferreira
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Temos que instalar o 4º Poder nessa República , o PODER POPULAR !!!
O POVO/POBRE TEM QUE ANALISAR, se aceita , OU NÃO, o que os RICOS/DIRIGENTES/EMPREITEIRAS/BANQUEIROS/LATIFUNDIÁRIOS/MIDIA ESTÃO QUERENDO E DECIDINDO…
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PLEBISCITO X REPRESENTAÇÃO POLÍTICA ATRAVÉS DE COTAS…
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Ao invés de fazer um plebiscito para FINANCIAMENTO de campanha, deveria fazer um plebiscito para estabelecer sistema de COTAS NA REPRESENTAÇÃO POPULAR.
Perguntas para o plebiscito :
1-Os ricos precisam das mesmas coisas que os pobres precisam ???
2-Politicamente, você acha que os interesses/necessidades dos ricos e igual aos interesses/necessidades dos pobres ???
3-Quem entende de pobre ? O pobre ou o rico ?
4-Você acha que os pobres deveriam ser representados pelos RICOS ?
5-Lembre-se : no Brasil somos 200 milhões de habitantes; 180 milhões são pobres e 20 milhões são ricos.
6-20 milhões deve impor suas vontades em 180 milhões ???
7- Lembrem-se , cada um de nós só pensa, decide e age a partir de nossa posição social …
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Leiam : Equilibrar o desequilíbrio Político ,Pe.Alberto, in : Internet
MIDIA, LUCRO E ALIENAÇÃO , Pe.Alberto, in : Internet
abolicionista
A reforma política só sai com a classe trabalhadora (proletariado, precariado, pós-proletariado, o que seja) organizada. Sem luta nada sairá do lugar, e não é apertando um botão que mudaremos o país.
João Vargas
Algumas sugestões pa ra a reforma política:
1- Fim do Senado.
2-Reduzir os partidos ao máximo de cinco.
3-Maximo de dois mandatos para todos os cargos do legislativo(fim do profissionalismo político)
4-Subsídio para os parlamentares, fim dos penduricalhos.
Luiz
Concordo, mas precisamos ousar e acreditar vamos incluir o concurso público para cargo eletivo, desta forma teríamos candidatos mais aptos para serem escolhidos pelo povo sendo aplicado em conjunto, norma regulamentadora de projetos de iniciativa popular.
Tutameia
mas.. esse concurso publico para cargos eletivos iria exigir o malfadado “curso superior” para presidente da republica?
Urbano
João Vargas, eu concordo contigo e com o Luiz. Agora tem o seguinte: esperar algo desse quilate do legislativo que está aí… nem pensar. Precisamos de alguma entidade popular e séria (sem farsa; a farsa não) que se ponha à frente de projetos de Lei populares. Na situação atual, com a avalanche de polítiqueiros de causa própria, a fazer o que se está fazendo, é que não vamos para lugar nenhum. Há muito tempo era um (quando muito dois) esperto dentre os que levavam a coisa a sério para disputar a Presidência. Hoje a coisa se inverteu radicalmente. Deem uma olhadela nas figuras do agora… Nem há necessidade de se retroagir nem quatro anos.
Neusa Corrêa
É nestes termos que estou de acordo….extinguir o Senado, e diminuir o número de Deputados…e todos os itens estão corretos….Assim saberemos com quem estamos andando….em quem estamos confiando…tem mais …Deputados tem que trabalhar por amor…não por regalias…E nesta entra também os municípios, com uma extinção em excessos de vereadores, cobrando deles um bom trabalho em 4 anos, se não apresentar seja ele afastado por “Impachment” já que deixou de trabalhar por sua cidade…
Bárbara de Pindorama
Uma Constituinte com Reforma Tributária,
No governo do Fernando Henrique Cardoso (de 1995 a 2003), ele tirou os impostos sobre as remessas de lucros ao exterior. Não tem imposto algum e a empresa pode registrar o lucro que bem entender. O resultado é que a remessa de lucros tem crescido desvairadamente. Com o dólar desvalorizado, mais as viagens ao exterior crescendo e outras forças, a conta “Serviços” da balança comercial está toda desequilibrada, entendeu?
Leiam a Maria da Conceição Tavares
Mardones
Se o PT encabeçar essa campanha, a mídia, facilmente, destruirá a ideia. Pois quem foi às ruas em junho é guiado pelas ideias dos barões da mídia.
Francisco
Seja qual for a constituinte e seus integrantes, ela precisa passar pelo crivo popular para ser aprovada. Sem isso, será a constituinte do PMDB.
Lukas
Mas os constituintes serão eleitos pelo povo e se o PMDB estiver lá é porque o povo escolheu.
Ou não?
Julio Silveira
O Brasil precisa dessa constituinte exclusiva. Não dá para agüentar outro século de preferências dos políticos nacionais pelos detentores do capital, se fazendo através de acordos gerados pelas proporcionalidade nas doações de campanha, ficando a responsabilidade quase zero para a parte da cidadania que contribui apenas com seu voto. Quase, por que a cidadania as vezes se beneficia por ter interesses convergentes com o dos patrocinadores da atual política, ou quando esses necessitam obter algum retorno da cidadania.
Fabio Passos
A democracia foi capturada pelas corporações e oligarquias capitalistas com o neoliberalismo.
Para impedir que o poder econômico continue impondo seus interesses, precisamos eliminar a sua ligação com o sistema político.
Felipe Guerra
=== OFF TOPIC ===
Azenha, como você é combativo diante dos agrotóxicoa, resolvi postar aqui essa matéria da FSP. Se verdadeiro os motivos, tremenda bola fora da PMSP sob gestão do Haddad.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/05/1452581-produtores-montam-barracas-na-calcada-contra-fim-de-feira-organica.shtml
A Secretaria Municipal de Esportes afirma que os produtores foram comunicados há seis meses que deveriam buscar nova alternativa de local. Segundo a pasta, o parque das Bicicletas, em Moema (zona sul), havia sido oferecido como alternativa neste sábado excepcionalmente. Outra opção dada, informa, seria os feirantes obterem da Subprefeitura da Vila Mariana autorização para montar a feira na rua Curitiba, em frente ao modelódromo.
Feirantes afirmam que a feira foi de fato montada no parque das Bicicletas, mas na semana passada, e que não receberam aviso para fazê-lo desta vez. No local alternativo, dizem ter vendido menos de 50% do habitual.
Um dos promotores da feira, o geógrafo Arpad Spalding, 34, afirma que, depois que Supervisão Geral de Abastecimento migrou da Secretaria de Coordenação de Subprefeituras para a Secretaria do Trabalho e Emprego, o convênio que estabelecia a feira não foi renovado pela pasta do Esporte.
Frequentadora assídua do evento, a aposentada Paula de Carvalho, 57, ficou "indignada" com o cancelamento oficial. "Não tem nem como justificar. No espaço em que faziam a feira, só tem três cachorros. Tá um lugar meio abandonadão."
A feira é uma ação conjunta de sete associações de agricultura orgânica: Associação Biodinâmica de Botucatu, Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região, Associação de Agricultura Orgânica, Instituto Kairós, SlowFood, Fundação Mokiti Okada Internacional e Cooperapas. A última é a cooperativa dos agricultores de áreas de proteção ambiental da cidade de São Paulo. O acordo entre as secretarias para a criação do evento se deu há pouco menos de um ano, afirma Spalding, e desde então a feira ocorria normalmente no espaço.
Urbano
Assembleia Constituinte… uma ideia para se comemorar, não fosse a qualidade dos que aportam no Congresso. Mas fazer-se o quê? Exultante não é, mas vale a pena tentar.
Messias Franca de Macedo
VÍDEO SEN-SA-CI.O-NAL, SENSACIONAL: Sheherazade ensina o que significam REGALIAS!
REGALIAS: jornalista Rachel Sheherazade DETONA AS FILHAS dos “supremos” Marco Aurélio Mello e Luis Fux
FONTE: http://www.youtube.com/watch?v=HzWgO-Kx5lM
Mário SF Alves
O plantio não vinga, a colheita não prospera, o jeito é usar qualquer adubo, não é prezado Messias?
Adubando, até com a Cheirodeazedagem, dá.
Epa! Cheiro de cavalo ao cheiro de povo! Epa!
Marduk
Pois é, o pessoal já está articulando uma constituição bolivariana para o Brasil.
Julio Silveira
Se você tem as bases da constituição bolivariana, se você tem ela divulga para nós, para fazermos uma comparação e sabermos qual a mais democrática?
Para que a cidadania pare de ser emprenhada pelo ouvido ou pelo diz que diz. Se tiver por mostre ou cale-se senão, vá lamber botas do yankes.
pedro paulo souza
Tá com medo né Tucaninho ????
abolicionista
O que você sabe sobre Simón Bolívar, pequerrucho? Você está se articulando para voltarmos a ser colônias das metrópoles europeias? A ignorância histórica dos coxinhas não tem limites…
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