O golpe racha com o enfrentamento entre Moro e Gilmar

Tempo de leitura: 3 min

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Para Moro, críticas às preventivas são de quem se considera acima da lei

Por Marcelo Galli, no Consultor Jurídico

Para o juiz federal Sergio Moro, da 13ª Vara de Curitiba, só reclama das prisões preventivas da operação “lava jato” quem acha que está acima da lei.

Ao decidir manter preso o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, nessa sexta-feira (10/2), Moro respondeu a críticas que classificou de “genéricas” às preventivas decretadas na operação.

“As críticas às prisões preventivas refletem, no fundo, o lamentável entendimento de que há pessoas acima da lei e que ainda vivemos em uma sociedade de castas, distante de nós a igualdade republicana”, diz.

Moro usou o despacho numa tentativa de se defender de críticas feitas à atuação dele pela comunidade jurídica e, mais recentemente, pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

Durante uma sessão de julgamento, Gilmar disse que a corte precisa discutir a duração das preventivas da “lava jato”, que ele considera “alongadas”.

“Temos que nos posicionar sobre esse tema, que, em grande estilo, discorda e conflita com a jurisprudência que desenvolvemos ao longo dos anos”, disse o ministro.

Na opinião de Gilmar, as prisões têm se alongado demais, e por diversas vezes o Supremo as declara ilegais, quando chegam ao tribunal por meio de Habeas Corpus. “Temos um encontro marcado com as alongadas prisões que vêm de Curitiba.”

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De acordo com levantamento feito pela revista Consultor Jurídico, as preventivas da “lava jato” duraram em média 281 dias, ou cerca de 9 meses. Portanto, 86 pessoas ficaram quase um ano presas sem condenação definitiva.

Entre essas prisões, as de Carlos Habib Chater e René Luiz Pereira duraram mais de mil dias – ambos foram condenados em primeira instância, mas ainda não tiveram os casos analisados pela segunda instância. Advogados dizem que os números apontam dizem que o instituto da prisão preventiva foi desvirtuado na “lava jato”.

No despacho, Moro reconhece  que o número de preventivas é “significativo”. Ele leva em conta 79 prisões em três anos, número inicialmente divulgado pelo Ministério Público, mas depois corrigido para 86.

“O número é certamente muito menor do que o número de prisões preventivas decretadas em um ano em qualquer Vara de Inquéritos ou Varas de Crime Organizado em uma das grandes capitais dos Estados brasileiros”, defende-se o juiz.

Moro afirma ainda que na operação mãos limpas, que investigou corrupção na Itália entre 1992 e 1994, o número de preventivas foi maior. Segundo os cálculos do juiz, houve cerca de 800 prisões, somente em Milão. Moro contabiliza a quantidade de réus  e investigados, também infinitamente maior no caso da operação italiana, que o juiz usa de grande inspiração para conduzir a “lava jato”.

“A questão real ,­e é necessário ser franco sobre isso,­ não é a quantidade, mas a qualidade das prisões, mais propriamente a qualidade dos presos”, vangloria-se.

“O problema não são as 79 prisões ou os atualmente sete presos sem julgamento, mas sim que se tratam de presos ilustres, por exemplo, um dirigente de empreiteira, um ex-ministro da Fazenda, um ex-governador de Estado, e, no presente caso, um ex-presidente da Câmara dos Deputados”, escreve, no despacho.

Moro faz referência a Marcelo Odebrecht, Antonio Palocci, Sergio Cabral e, claro, Eduardo Cunha.

PS do Viomundo: É uma tragicomédia. Um juiz federal de primeira instância quer “limpar” o Brasil destruindo a economia do Brasil e usando provas ilegais contra os que vê como inimigos políticos, enquanto o ministro do STF defende a quadrilha do PMDB/PSDB no poder. E o Lobão — quem diria, o Lobão –, comandante da Comissão de Constituição e Justiça — sim, justiça (!) — reclama que estamos a caminho da “tirania” enquanto trama a aprovação de um plagiador e ex-advogado de Eduardo Cunha para o STF.

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Comentários

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RONALD

Esses dois não estão “se pegando” não. É apenas um circo para enganar os trouxas. Eles se merecem !!!!!

Eu

Triste constatar que o debate político vai se configurando entre a direita neoliberal e a direita messiânica. Isto abre caminho para a extrema-direita, quem ver não viverá…

ignez guimaraes

E Jose Dirceu enterrado vivo?

henrique de oliveira

É incrível ver Moro e Gilmar se pegando , afinal eles são ou não são do mesmo partido o PSDB , Moro se fosse sério e a Farsa a Jato quisesse por corrupto na cadeia Aécim seu chapa campeão nas delações já estaria em cana , e o que dizer de Serra , Aloisio Nunes , e outras porcarias , pelo menos Gilmar defende os amigos na cara dura , não fica de mi mi mi.
Moro a turma que te bajulava já te enfiou o pé na bunda.

Eder Oliveira de Souas

Tudo culpa do PT. Tudo….
Foi fraco, não se defendeu, fez conchavos, colocou o PMDB na fila de sucessão, barrou a Sathiagraha e a Castelo de Areia, abriu mão das maiores cidades nordestinas (e outras capitais do país) pela ambição de ter São Paulo em 2012 (fazendo o PSB de E. Campos crescer e sendo traído pelo mesmo – poderia ter aprendido com isto e ter ficado ligado no PMDB, mas não, repetiu o erro)…

Alguém já fez a conta que se o PT tivesse investido alto na eleição de 2010 no nordeste e levasse os 18 senadores somente daquela eleição (algo plausível) o impeachment não teria passado no Senado? *somando com mais 9 de outros estados, claro.
Se o Nordeste tinha se tornado a base eleitoral do PT, pq não fez a sua no Senado e da Câmara de de lá… Esqueceu que se tratava de uma guerra??

Sidnei

Realmente, com seus cem pau por mês e tendo o TRF4 declarado que Lava Jato pode agir no campo da excepcionalidade, pode mesmo o Sr. Moro falar em casta. Afinal, sobre castas, poucos têm a autoridade q ele tem.

Luiz Carlos P. Oliveira

Onde estava o Gilmau que não se pronunciou sobre empresários presos por mais de um ano, até que falassem o que Moro queria ouvir? Depois de 1 ano na cadeia o sujeito acusa até a mãe dele, para sair de lá. Demagogos.

FrancoAtirador

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A ‘Igualdade Republicana’ de Curitiba
é uma Exceção no Mundo Jurídico.
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Mauricio

Dá-lhe república das bananas! De um lado um bandido do STFede, um jagunço a serviço dos demotucanos. Do outro o Mr. Moro, a serviço de seus patrões americanos. No meio o povo se f#$%@do. Bem que podia ser um duelo a la velho oeste e os dois terminassem num caixão, o Brasil iria agradecer tal desfecho.

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