Na entrevista de Correa a Julian Assange, que reproduzimos acima (com legendas graciosamente oferecidas pelo Jair de Souza), o presidente do Equador tratou extensamente da questão do poder midiático
Correa proíbe ministros equatorianos de darem entrevistas à imprensa
22 de setembro de 2012 • 19h22 • atualizado às 20h00
O presidente do Equador, Rafael Correa, confirmou neste sábado que proibiu seus ministros de concederem entrevistas a alguns meios de comunicação privados, classificados como negócios “indecentes”. “Por que temos que dar informação a meios que querem encher o bolso de dinheiro?”, disse o presidente em seu habitual discurso de sábado, gravado na sexta-feira na cidade de Chaco.
O líder ratificou a decisão depois ficar sabendo que um juiz negou, na sexta-feira, um pedido formulado pela ONG Fundamedios para que a proibição fosse invalidada. O juiz Raúl Reinoso argumentou que a proibição é “uma alocução que o senhor presidente da república implementou em seu governo”, concluindo que “não existe quebra de direitos constitucionais”, segundo explicou em sua sentença.
Para Correa, alguns meios de comunicação de seu país e da América Latina “abusam do poder midiático”. “Não vamos dar mais poder a essas empresas”, disse.
O presidente comentou que isso não representa uma violação à liberdade de informação, pois disse que seus ministros falarão com “meios de imprensa decentes”, embora tenha insistido que com os “indecentes” não há conversa.
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Além disso, o presidente qualificou de “bobagem jurídica” o recurso apresentado pela Fundamedios, com o qual manteve uma intensa queda-de-braço e que Correa acusa de defender interesses de grupos poderosos nacionais e estrangeiros.
O presidente equatoriano também insistiu que seu governo respeita os direitos de informação, mas disse que não irá tolerar “liberdade para a extorsão” exercida por vários meios de imprensa privados.
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Comentários
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[…] No Equador, Correa condena “liberdade para a extorsão” […]
Fabio Passos
Esta mídia chantagista só faz lobby de poderosos interesses econômicos e defende os privilégios indecentes da minoria rica.
O PiG é uma máquina de propaganda reponsável por imbecilizar boa parte da classe média.
São oligarquias atrasadas tentando manter o monopólio da informação.
Enfrentar a mídia-lixo-corporativa é fundamental para que toda a América do Sul consiga superar a injustiça e o subdesenvolvimento.
Tem de detonar estes crápulas do PiG!
Francisco
Concessões de TV têm prazo de renovação estabelecido em Lei. Se negar a dar “conteúdo” para uma concessão de TV é uma solução provisória. Se o agente da concessão o Estado, classifica por seus critérios que uma concessão “não é decente”, no prazo legal, cassa a concessão. Ponto final(ou seja, porque não dá direito de resposta, porque retira frases de contexto, porque prejulga, porque não tem na sua programação uma composição étnica e de gênero equilibrada, porque não transmite programação nativa, porque não regionaliza a programação, etc tudo muito objetivo).
O executivo sofreu a faxina dos votos, o legislativo sofreu a faxina dos votos, mas o judiciário é não-democratico por definição, no Brasil. Não houve como fazer uma “faxina” eleitoral dos juizes com cabeça de Garrastazu Médici. Por isso é amplamente necessário instituir aprovação popular aos juizes (do STF para baixo) após três ou quatro anos de sentenças e interpretações.
Sem isso, tchau e benção!
Roberto Locatelli
Que grande lucidez tem o presidente Correa!
Ele percebe claramente a íntima conexão entre a velha mídia e as oligarquias que dominaram nosso Continente por séculos. No caso do Equador, isso é ainda mais grave, pois os bancos são DONOS da maioria dos canais de TV aberta!
Outra coisa importante, que foi dita no segundo vídeo, é a consciência da necessidade de organização da sociedade para que essa sociedade tenha poder para enfrentar o poder dos banqueiros, latifundiários e de sua mídia. E esse sentimento de premência de organizar a classe trabalhadora e a sociedade que falta ao governo brasileiro.
A luta de classes existe, como bem observou recentemente o bilionário estadunidense Warren Buffet. Governar a América Latina exige essa consciência por parte dos líderes.
O PT está (re)descobrindo a luta de classes da maneira mais dolorosa.
Willian
Aí o petista se pergunta, invejoso, por que Dilma (e Lula no passado) não faz o que Correa, Cristina Kirchner e Chávez fazem em seus países.
Resposta: porque não podem. As instituições no Brasil ainda são mais fortes que nestas republiquetas. Ainda há uma justiça “burguesa” no Brasil. Talvez, por isto, neste momento, tanto quanto a mídia o judiciário esteja na mira da blogosfera progressista.
Que se lasquem Equador, Argentina e Venezuela. Que seus governantes vão ao fundo da revolução socialista.
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[…] No Equador, Correa condena “liberdade para a extorsão” […]
Joe
Acredito que a lei da mídia deva sair do papel depois das eleições…..
Willian
Eu acredito que o Palmeiras não cai.
Marc
O conceito de “meios de imprensa decentes” é uma bobagem.
Acredito que o correto seria o governo estabelecer critérios para identificar maus veiculos, tais instituições picaretas, tais como:
Respeito ao direito de resposta
Origem do capital
Pluralidade
Composição societária
Formação dos jornalistas
Abrangência geográfica
Processos judiciais
Uma portaria ou lei bem montada pode ser uma referencia melhor do que definições imprecisas como “meios de imprensa decentes”.
RicardãoCarioca
Acho que a Dilma e o PT ainda não começaram a falar de Ley de Medios porque já devem saber que não poderão contar com o PMDB e alguns outros nanicos, ficando sem maioria para arpovar o projeto e ficando com o desgaste no colo.
Julio Silveira
É uma visão interessante, que tem lógica.
O estado quando permite que seus integrantes forneçam programação para a a iniciativa privada, gratuitamente, lhes dando visibilidade, garante ganhos através de seus espaços comerciais, sem qualquer contrapartida. Tudo fica baseado na pretensa argumentação de estar prestando um serviço publico, que fica prejudicado quando via de regra servem de mote a esses mesmos grupos para através de criticas gerar ainda mais programação. Ou seja o estado gratuitamente dá instrumentos para o enriquecimento cada vez maior desses grupos as custas do estado.
Creio que demonstrar ser, a iniciativa privada, da forma como se quer, hipócrita, já que permite um vislumbre das amplas facetas para questionamentos. O Correa olha uma dessas incongruências, que servem a privilégios.
Mardones
Um dia, O PT acorda e libera a votação do projeto de controle social da mídia.
Ou o povo escolhe outro partido para fazer isso, pois a Dilma…
Fani figueira
Ou, então, quem sabe, é você que acorda. Um governo não faz isto ou aquilo. Um governo faz aquilo que pode fazer. O fato de Dilma e Lula terem ampla aprovação nas pesquisas não significa que tenham força social para fazerem aquilo que gostariam e seria necessário. Dilma tem o governo, mas não tem o poder que alguns de nós gostaríamos. Este é um governo de coalisão e isto significa ter que ceder as vezes até em coisas fundamentais. Dilma cede, mas o PMDB também cede. Coalisão significa exatamente que cada um cede um pouco e ganha o que tem mais força. Mas para ter esta força seria preciso que o povo quisesse este enfrentamento. Nós estamos muito longe disto.
Jotace
Caro (ou Cara) Fani Figuera,
Ahhhhhhhhhh! Agora entendi os diferentes usos de ‘poder’e dever’. Dilma pode fazer o que fhc e cerra não deviam tê-lo feito… Se nós, o povo leigo, ignorante, ‘estamos longe’ de tudo quanto diga a respeito de cessar a privataria indecente,o entreguismo alucinado, estamos perto da 2014…Jotace
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