Milton Crenitte: Se essa rua, se essa rua fosse minha…e sua também nestas eleições

Tempo de leitura: 3 min
O Morro (1933), obra de Cândido Portinari (1903-1962), que está exposta no Museu de Arte Moderna de Nova York, nos EUA. Portinari é considerado um dos mais importantes pintores brasileiros de todos os tempos. Foto: Reprodução

Se essa rua, se essa rua fosse minha…

Por Milton Crenitte*

Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava …

Quem não se lembra desta cantiga do folclore brasileiro que todos nós ouvimos e cantamos quando éramos crianças?

Pensando nisso, o que faria se, além da rua ladrilhada de pedrinhas, a cidade onde mora fosse sua também?

Pois, desde já, eu convido você a duas reflexões.

A primeira: importância de se construir uma cidade mais amiga de todas as idades.

Lembro aqui uma frase do querido e grande especialista Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional da Longevidade Brasil.

Kalache sempre nos diz: “Envelhecer é bom, morrer cedo é que não presta!”.

Daí, a segunda reflexão: como gostaria de passar os anos, mesmo que ainda seja jovem?

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Afinal, se tudo der certo, os jovens de hoje serão os “velhos” de amanhã.

Infelizmente, não vemos na capital de São Paulo nem em outras cidades do País sinais claros de que são elas amigas das pessoas idosas.

Por quê?!

Por exemplo:

— muitas não se sentem seguras ou acolhidas em nossos ônibus;

— há poucos núcleos de convivência e outros espaços de lazer públicos e gratuitos;

— faltam vagas em instituições de longa permanência para idosos em situação de vulnerabilidade social;

Envelhecimento ativo e saudável não envolve apenas o fortalecimento da seguridade social acessível e de qualidade.

Implica também mudança de perspectiva.

Romper com visões perversas que desqualificam direitos humanos e tratam políticas públicas fundamentais como “prêmios de caridade”. O que é absurdo total.

Uma sociedade justa abrange:

— políticas públicas que incentivam e favorecem a participação social e a representatividade;

— equidade de direitos;

— foco na promoção, segurança e apoio a todos que mais precisam, para reduzir desigualdades e promover justiça social.

Isso tudo está na nossa Constituição! Portanto, devemos defender.

Agora, não basta a longevidade e os direitos de pessoas idosas serem defendidos pela secretaria de direitos humanos.

É fundamental também que pastas como educação, saúde, trabalho, meio-ambiente, transportes, cultura, esportes, também o façam. É uma questão intersetorial.

Como você já sabe, em outubro, haverá eleições, para escolha de prefeitos e vereadores em todos os municípios brasileiros.

Sugiro que busquem conhecer mais as propostas dos candidatos da sua cidade.

É tarefa fundamental, já que algumas candidaturas de extrema-direita podem defender a longevidade apenas no discurso. Depois, na prática, não.

Exemplifico. Certas campanhas eleitorais fazem fotos com pessoas idosas, organizam bailes e até prometem que irão cuidar da “família”.

Mas, uma vez no poder, o que fazem?

Há os que continuam na superficialidade de propostas e, assim, não auxiliam na solução dos problemas reais que afligem as pessoas idosas.

Já outros cortam direitos básicos, como acesso à saúde, educação e previdência de qualidade, o que na prática nada mais é do que diminuir a garantia de uma vida plena e com possibilidades de envelhecer melhor.

Por outro lado, existem pessoas no campo progressista com propostas sérias e ações claras para garantir um futuro melhor para todos, como, por exemplo:

— defesa constante do SUS e o aumento do seu financiamento, já que é subfinanciado;

— ampliação das equipes do PAI (Programa Acompanhante de Idosos) e das URSIs (Unidades de referência de saúde de Idosos);

— batalha pela ampliação do número de núcleos de convivência para pessoas idosas;

— fiscalização constante do uso das verbas do governo federal destinadas à efetivação de políticas públicas para idosos;

— defesa do direito à moradia, com olhar atento às pessoas idosas em situação de rua.

Queremos que não apenas anos sejam adicionados à vida.

Queremos adicionar também VIDA aos anos, para que o envelhecimento ocorra com qualidade e o envelhecer seja celebrado.

Portanto, nestas eleições, lembre-se: esta rua e esta cidade são suas, sim!

*Milton Crenitte é médico geriatra, doutor em ciências pela USP

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

Leia também

Ângela Carrato: Como escapar dos candidatos picaretas e das mentiras nas eleições de outubro

Eduardo Moreira da Silva: Pesquisa científica combate a desinformação e garante a lisura dos processos eleitorais

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Zé Maria

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Se esta Terra,
Se esta Terra,
Fosse Nossa…
.
.
Gondwana: ´
América do Sul e África foram Siamesas
Separadas Há 140 Milhões de Anos

ARQUEOLOGIA

“Pegadas idênticas de dinossauros são encontradas
a mais de 6.000 quilômetros de distância uma da outra
e sugerem corredor terrestre entre Brasil e África”

Uma equipe internacional de pesquisadores
liderada pelo paleontólogo Louis Leo Jacobs
encontrou conjuntos correspondentes de
pegadas de dinossauros da era do Período
Cretáceo Inferior no que hoje compreende
o Brasil e Camarões, País Africano.

Mais de 260 pegadas foram descobertas
no Brasil e em Camarões, mostrando onde
os dinossauros terrestres conseguiram
cruzar livremente entre a América do Sul
e a África há milhões de anos, antes que
os dois continentes se separassem.

“Determinamos que, em termos de idade,
essas pegadas eram semelhantes.
Em seus contextos geológicos e de placas
tectônicas, elas também eram semelhantes.
Em termos de suas formas, elas são quase
idênticas”, disse Jacobs, citado pelo site
científico Phys.org (https://t.co/dh9Q1zXIcu).

As pegadas, impressas na lama e no lodo
ao longo de rios e lagos antigos, foram
encontradas a mais de 6.000 quilômetros
de distância uma da outra.

“Se han encontrado huellas coincidentes
de dinosaurio en lados opuestos del Océano
Atlántico. De estas, se descubrieron más de
260 huellas en Brasil y Camerún, lo que muestra
dónde los dinosaurios terrestres pudieron
cruzar libremente por última vez entre
América del Sur y África hace millones de años,
antes de que los dos continentes se separaran.
Los investigadores determinaron que, en términos
de edad, estas huellas eran similares en sus contextos
geológicos y placas tectónicas.
En cuanto a sus formas, son casi idénticas.”
Thread:
https://x.com/chayito09/status/1828007601352708326
https://x.com/chayito09/status/1828007611100246366

Os dinossauros fizeram as pegadas em um único supercontinente
conhecido como Gondwana — que se separou da maior massa de
terra da Pangeia, disse Jacobs.

“Uma das conexões geológicas mais jovens e estreitas entre a África
e a América do Sul era o cotovelo do Nordeste do Brasil aninhado
contra o que é agora a costa de Camarões ao longo do Golfo da Guiné.
Os dois continentes eram contínuos ao longo daquele trecho estreito,
de modo que os animais em ambos os lados daquela conexão poderiam
potencialmente se mover através dele”, afirmou o pesquisador.

A África e a América do Sul começaram a se dividir há cerca de 140 milhões
de anos, causando fendas na crosta terrestre, que se abriram ao longo de
pontos fracos preexistentes.
Antes que a conexão continental entre a África e a América do Sul fosse
rompida, “rios fluíam e lagos se formavam nas bacias”, disse Jacobs.

Íntegra em:
https://phys.org/news/2024-08-dinosaur-footprints-sides-atlantic-ocean.html
https://noticiabrasil.net.br/20240829/pegadas-identicas-de-dinossauros-sao-encontradas-e-sugerem-corredor-entre-brasil-e-africa-36252746.html
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