Mello: Dilma ouve Chagas e Bernardo, mas esquece o Chacrinha

Tempo de leitura: 4 min

SEGUNDA-FEIRA, 3 DE JUNHO DE 2013

Dilma ouve Chagas e Bernardo, e esquece Marx, Chacrinha e Nelson Rodrigues

por Antônio Mello, em seu blog

Segundo li no Blog da Cidadania, do Eduardo Guimarães, a Comunicação da presidenta Dilma tem pesquisas que mostram que toda a campanha da mídia corporativa contra seu governo ainda não atingiu sua imagem.

Não penso assim, por isso repito quase na íntegra postagem deste blog de junho de 2011.

O governo da presidenta Dilma ainda não percebeu que a batalha das comunicações é tão importante hoje em dia quanto o saneamento básico, o acesso à educação e à saúde.

Porque o mundo vive hoje a chamada guerra de quarta geração, que se desenvolve não nos campos de batalha mas na cabeça e no coração das pessoas. A mídia corporativa é o braço avançado dessa guerra na luta para o Brasil voltar a se encaixar na ordem capitaneada pelos Estados Unidos.

O ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez conheceu essa força em 2002, quando foi derrubado do poder por um golpe idealizado, forjado, trabalhado, incitado e comandado pela mídia corporativa de lá, liderada pela cadeia RCTV (a RGTV — a Rede Globo de Televisão — de lá, à época).

A batalha da comunicação se desenrola como um roteiro cinematográfico, onde os lados opostos vão criando seus personagens, tramas, subtramas, com o objetivo de conseguir chegar ao seu final feliz.

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Por serem governo e oposição, é claro, o final feliz de um é a desgraça do outro, como experimenta agora a oposição quase esfacelada com o impressionante sucesso do governo do presidente Lula e agora da presidenta Dilma.

Grosso modo, a história que o governo pretende contar está resumida no discurso de posse da presidenta Dilma (que pode ser lido na íntegra aqui). É uma história de continuidade em relação ao govermo anterior, mas também de avanço e com um eixo central:

“A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos”.

Já a história que a oposição — há tempos subsidiada, mas hoje assumidamente liderada pela mídia corporativa — quer contar é a seguinte: Este é um governo demagógico, que se vale de bolsas e transferência de renda para vagabundos, numa compra indireta de votos; é um governo de petralhas, de cumpanheros enriquecendo como nunca; uma república sindicalista, com bolsa de estudo para pobre, tudo para os pobres, com o objetivo de continuar vencendo as eleições e poderem roubar ainda mais.

Já tentaram o golpe em 2005, com o mensalão. Em 2006, levaram a eleição para o segundo turno com o episódio da foto do dinheiro feita pelo delegado Bruno. Depois, em 2010, a guerra do aborto, o episódio ridículo da bolinha de papel, o jogo sujo da ficha falsa de Dilma na primeira página da Folha.

Perderam mais uma vez. Mas, aos pouquinhos, na timeline da comunicação, vão construindo seu roteiro, deixando registrados os papéis que querem destinar ao governo: corrupto, antidemocrático, defensor da censura, populista.

O presidente Lula sozinho conseguia fazer a comunicação de seu governo. Graças a seu carisma, sua história de vida. Graças também às inúmeras campanhas majoritárias que disputou antes de vencer em 2002. Ainda assim, quem não se lembra?, chegou a ficar atrás de Serra em pesquisas de 2005, ano auge do mensalão.

Lula talvez conheça o Brasil como ninguém (“nunca dantes”). Talvez tenha ido a mais municípios brasileiros que qualquer outro cidadão. A ponto de o povo mais humilde se identificar com ele e ver na sua luta e luta de cada um deles.

Além do mais, Lula foi um sindicalista, um líder metalúrgico. Tem liderança reconhecida na classe trabalhadora organizada.

A presidenta Dilma não tem essas características.

Por isso, o outro grande movimento da oposição é afastar os dois e fazer o povo esquecer que Lula é Dilma e Dilma é Lula. Se na mente das pessoas eles estiverem separados, nem Lula conseguirá uni-los novamente.

Enquanto pudermos continuar crescendo, gerando empregos e desenvolvimento social, eles terão dificuldades. Mas, tudo isso tem um gargalo. E há ainda a crise mundial, que, longe de ter passado, volta a se agravar.

Por isso a comunicação tem que ganhar a importância que ainda não tem neste governo. Porque a comunicação democrática, o livre fluxo da informação, é um direito humano tão importante quanto o acesso à educação e à saúde.

Porque, como eu já escrevi aqui em O poder dos cartéis midiáticos não permite a informação livre e põe em risco a democracia no Brasil:

A implantação urgentíssima do PNBL e a consequente Ley de Medios são lutas que podem impedir que o país retroceda e acabe, por blablablás lacerdistas, nas mãos de quem vai entregar a Petrobras e nossas riquezas, na próxima oportunidade.

Encher as burras da mídia corporativa de dinheiro e ignorar o trabalho de formiguinha que ela vem fazendo no dia-a-dia, como verdadeiras saúvas (valha-me Macunaíma!), é fechar os olhos ao que já aconteceu no mundo.

A corrida de mais de milhão de beneficiários do Bolsa Família às agência da Caixa, a partir de um boato, foi um ensaio, mas também um aviso de que hoje, mais do que nunca na História, tudo o que é sólido desmancha no ar.

Ou, saindo do velho Marx para nosso Chacrinha, “Quem não se comunica se trumbica”.

Ou Nelson Rodrigues, que alertava que o vídeo-tape é burro. O tracking também, presidenta.

PS do Viomundo: O governo Dilma não tem política de comunicação. Fica à reboque das redações, através das quais a agenda política do país é formulada. Acreditamos que isso não é coincidência: Dilma trouxe para dentro do governo parcelas significativas da economia, que financiam e se sentem representadas pela mídia que está aí. E, ao financiar prioritariamente esta mídia, está claro que o governo não vê necessidade de mudanças no quadro.

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Comentários

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Alexandre Tambelli

Será que é possível, no atual cenário político, modificar esta realidade de uma mídia de pensamento único que não se importa em apregoar o caos onde ele não existe?

Qual o desgaste, em pleno 2013, de se ir fundo nesta questão da democratização, descentralização e pluralidade da mídia?

Uma melhor comunicação do Governo é possível, hoje! Lei de Médios seria um desgaste desnecessário para o PT. A partir do segundo mandato de DILMA será inevitável! Por hora o PT joga o jogo da eleição.

Ninguém creia que o PT e o Governo DILMA são feitos de sujeitos “ingênuos”. Eles jogam o jogo.

A velha mídia tem os seus simpatizantes e o PT e o Governo DILMA, em proporção bem maior, os seus simpatizantes. Faz-se a conta e se sabe do desgaste de tocar neste assunto por hora.

A velha mídia está a cada dia mais desacreditada. Um jornalismo que torce contra o Brasil. O Governo DILMA sabe disso e sabe, também, que a eficácia do voto é a eficácia de falar pouco. No Brasil quem fala demais perde voto, perde eleição.

Veja o Senador Aécio Neves! Não decola como candidato porque só fala coisas negativas, nada de positivo parece existir no Brasil. E fala muito e muito antes da hora! Falta muito tempo até a eleição e ele já diz que o caos é absoluto e, na lógica dele, irreversível!

O PT é beneficiário desta mídia como está posta. A pluralidade de mídias e visões de mundo seria interessante, mas, o PT faz a conta da realidade e não vai mudar a postura, enquanto for benéfico para ele eleitoralmente!

Ver esses mesmos analistas “chorarem as pitangas” nos jornais, revistas, rádios e TVS e terem seus prognósticos desmentidos em questões de horas é benéfico demais, o PT agradece diariamente e o discurso é próximo de seus militantes. + ou – assim: – a mídia a cada dia anda mais desacreditada.

Nós sonhamos com algo que o Partido que está no poder não tem como objetivo imediato. Ele é o maior beneficiário dessa realidade de mídia de pensamento único e essa mídia sabe que não derrotará o PT.

Os dois se valem de um jogo bem articulado e sem a possibilidade de um dos dois sair vencedor! Nessa troca um é eleito e o outro é beneficiário das verbas publicitárias. Não há porque modificar esta realidade nos dias de hoje, os dois lados são beneficiados.

Um sabe que é impossível vencer o outro e os dois sabem que lucram com esta realidade de Governo do PT X Mídia (oposição ao Governo do PT).

Quem está perdendo nesse jogo são as oposições políticas, estas não se articulam de forma a serem oposição, aceitam o papel de corroborar com as ideias da velha mídia, de serem seus parceiros em troca de se esconderem suas corrupções e esquecem do que é necessário para se ganhar uma eleição: fazer política! Mostrar programa de Governo, mostrar com clareza os erros e acertos do PT à frente do Governo Federal, o que mais se precisa fazer, e não apenas essa ladainha de sempre: mar de corrupção, ditadura de partido único, governo que não dialoga com as oposições, governo que faz tudo errado.

Nesse jogo de torcidas Fla X Flu o Governo Federal é o Flamengo e a velha mídia a oposição! Convenhamos que a torcida do Flamengo é bem maior que a do Fluminense! E nessa realidade para que o PT vai tentar dividir as torcidas em mais de dois times? Deixa tudo como está, mesmo que queira a existência de uma Lei de Médios e a democratização da mídia no Brasil.

E a velha mídia sabendo que é minoritária em torcida mas tem os meios de comunicação faz-se uma oposição sem controle, propositadamente, enquanto, o PT finge que está morto, acuado e anuncia nela para contrapor as notícias da velha mídia. E os dois se abraçam ao final de tudo! Um fica no poder central e outro com os bolsos cheios de dinheiro.

Se parte da velha mídia quebrar essa corrente se cria uma terceira via e o jogo acaba. Então, mesmo que nesse jogo a velha mídia tenha pequena torcida é bom ser oposição ferrenha, porque não existe outra forma de noticiar, então, não há como se diminuir as verbas publicitárias do Governo Federal nessas mídias, porque sempre teremos notícias a serem rebatidas nos comerciais de TV, Rádio da velha mídia pelo Governo Federal.

    Antonio Mello

    É evidente a estratégia do governo de “não fazer marola”. Se nada atinge Dilma (segundo o tracking), “deixa como está para ver como é que fica”.
    O problema é que a velocidade das transformações é sem igual com as novas mídias.
    A internet deu voz e vez ao leitor, ao eleitor, ao – em suma – cidadão, que já não fica como vaca de presépio observando o mundo à sua volta.
    Dilma pode ter 80% hoje e, surpreendentemente, 10% amanhã.
    O trabalho da mídia corporativa é minar a credibilidade do governo. Batem aqui, ali, mais adiante, seguem batendo,e, de repente, voilá, conseguem atingir o objetivo. É do dia pra noite, ou vice-versa, como nos mostraram insurreições que foram detonadas em grande parte pela internet.
    Sem contar que não existem ingênuos, ou apenas cidadãos conscientes postando na internet em blogs, no Face, no Twitter etc.
    Há gente paga, e muita, não só pela oposição doméstica, mas também pelas Usaids da vida.
    O núcleo comunicacional do governo Dilma (Comunicação, Casa Civil, Secom, Justiça) é muito fraco, fraquíssimo.
    Santana, o marqueteiro (in)formal, é isso mesmo, um marqueteiro, que lê pesquisas e avalia estratégias. Só que quem tem a direção dos ventos é a POLÍTICA, que conhece a HISTÓRIA e tem o “dom” (como Lula tem) de entendê-la e analisá-la para além dos números. Isso, só os políticos têm. Marqueteiros servem aos políticos e não o contrário.
    Nesse sentido, Dilma não é Lula, e pode estar jogando fora o bebê junto com a água suja da bacia.

    Alexandre Tambelli

    Antonio, Bom dia!

    Tudo bem?! Espero que sim!

    Sabe, por mais que concordemos da necessidade de uma melhor comunicação do Governo Federal sobre seus feitos à frente da Presidência e da necessidade de uma Lei de Médios, eu penso que a base Governista desta Legislatura não é uma aliada segura para o Governo dar o passo definitivo nessa busca de uma Lei de Médios.

    Lembra da CPMI do Cachoeira? Ali o Governo testou a força de briga do Congresso para com a velha mídia. O resultado foi triste. Dissemos que o Relator Odair Cunha do PT tinha “odarelado”. A CPMI tentou convocar o “caneta”, o Policarpo JR. Diretor da sucursal de Brasília da Revista Veja e se pensava em convocar até o finado Roberto Civita. Uma manobra de bastidores e até o Vice-Presidente, as Organizações Globo se envolveram e a CPMI acabou sem poder dar um final digno a ela, sem ouvir ninguém da velha mídia e o relatório “esquartejado”.

    O PT então partiu para outras formas de pressão, toda vez, que a velha mídia exagera na dose, ele vem com uma ameaça, lembro de três casos:

    1ª Quando se fez de tudo para pregar na testa do PT que o partido era o partido da corrupção via “Mensalão” veio a informação de que o Deputado Henrique Fontana (PT – RS) iria mandar para o Congresso para discussão uma Reforma Política, final do ano passado (naquela semana) – notícia da Carta Capital de 03/12/2012;

    http://www.conversaafiada.com.br/politica/2012/12/03/reforma-politica-o-que-esta-em-jogo/

    2ª Quando a paranoia do racionamento de energia surgiu na velha mídia a Presidenta DILMA foi na TV e fez um ótimo discurso; a velha mídia acalmou por uns dias e percebeu a força da Presidenta – o PSDB foi reclamar até da cor vermelha do vestido, do discurso que chamaram de discurso político e não discurso de Presidente da República, etc.;

    3ª Quando a oposição e velha mídia começaram com toda força, em março agora, um discurso de que os petistas são violentos e não deixam os seus opositores se manifestarem surge, de imediato, resolução do diretório nacional o Partido dos Trabalhadores que resolve apoiar Lei popular para regular as comunicações.

    http://www.rodrigovianna.com.br/radar-da-midia/pt-apoia-lei-popular-para-regular-midia.html

    É o antídoto possível, penso eu, com o Congresso atual, que não tem a representatividade política capaz de encampar uma Lei de Médios. O PT não tem mais do que 100 parlamentares! As esquerdas seguramente não chegam a ter 200 parlamentares.

    Imagina o desgaste atual. A velha mídia e seu discurso de que o PT quer impor a censura aos meios de comunicação no Brasil, quer impor uma ditadura da comunicação, cercear (calar) a voz das oposições, etc. 24 horas por dia!

    Por isto eu penso que o PT resolveu jogar esse jogo de ameaçar e não ir a fundo, que lhe é favorável eleitoralmente, por hora. Claro que pode se inverter o jogo, mas ainda não se enxerga, penso eu, esse horizonte da derrota do PT. Nem oposição política temos, certo?

    A bandeira, outra opinião minha, que pode nos levar à uma democratização dos meios de comunicação é a bandeira da Reforma Política, nesta, a velha mídia não poderá ser tão descaradamente a favor de seus interesses e a população brasileira pode se engajar com mais afinco e apoiar, daí teremos a possibilidade de já em 2014 partir para uma Lei de Médios com um Congresso menos comprometido com interesses particulares.

    A Presidenta DILMA fez a escolha de não falar muito e trabalhar, dentro de suas convicções é claro. Falar muito é dar mais manancial para a velha mídia ficar encontrando pelo em ovo, de se colocar na ofensiva e ai a Presidenta DILMA iria virar refém destas mídias e ficaria o tempo todo emitindo notas de esclarecimento, é tudo o que a velha mídia sonha!

    Foi interessante o último passo da Presidenta DILMA. Deu uma entrevista para O Globo e falou de “futilidades”. Sinal de inteligência, até dizendo que assiste o canal VIVA. Nestes assuntos conversados as Organizações Globo não poderiam sair falando mal da Presidenta porque falariam mal deles mesmos. A gente num primeiro momento ficou esbravejando porque a Presidenta disse que gosta dos personagens do Jô Soares, mas a exclusividade para a entrevista, e entrevista apressada, em assuntos diferentes de Política e Economia, talvez, tenha sido bem sacada. Imagina um Jornal, O GLOBO publicar uma entrevista exclusiva com o Presidente da República e não se fala de Política e Economia?

    São ideias minhas, ok?! Estamos aqui para discutir e pensar um outro Brasil e melhor para todos e lutar diariamente por uma Lei de Médios!

    Abraços,

    Alexandre!

Hildermes Jose´Medeiros

Uma análise perfeita. Não há nada a acrescentar. Diria apenas que a meu ver deve existir no Governo luminares que consideram que, por até aqui não ter havido êxito no objetivo final da mídia em voltar ao poder com a oposição, mesmo assim o Governo vem se beneficiando.Não sobra outra hipótese. Daí deixar tudo frouxo, não regulamentar os artigos da Constituição, que estão sem eficácia, porque sem que outra legislação substituísse, o Supremo Tribunal Federal simplesmente aboliu a Lei de Imprensa que existia desde a ditadura.Há quase dez anos! Quanto às concessões por uso do espectro eletromagnético pelas rádios e televisões,o Governo e seus órgãos (in)competentes simplesmente não controlam. Esse bem público não é usado em proveito de toda população, mas por essas empresas de mídia a seu bel prazer, e o fazem agindo em conluio com os partidos de oposição, atendendo interesses dos países ricos, o neoliberalismo e o Consenso de Washington, numa verdadeira conspiração a céu aberto, já que não têm tido êxito para ganhar a eleição para presidência. Fica claro que o Governo e os auxiliares a quem cabe regular e controlar a mídia, no caso Dilma e seus ministros, estão prevaricando, ao não defenderem os interesses maiores de nosso povo, que é deixado sem informação, sem contraponto, sendo alienado pela mídia, sem a mínima condição de se posicionar sobre qualquer coisa. E ainda suportam o custo dessas empresas de mídia garantindo-lhes verbas publicitárias. Claro que estão procrastinando por decisão política, porque não será necessária legislação especial para impor o cumprimento das responsabilidades de concessionárias a essas empresas de mídia, que agem como se a apregoada(num verdadeiro alarido histérico), até a Presidenta ajuda nessa, liberdade de imprensa fosse usar esse bem público sem controles, somente para atender os seus interesses.

Elias

“Prefiro o barulho da imprensa livre ao silencio das ditaduras” Dilma Rousseff
Senhora presidenta, respeitosamente venho dizer: Quem faz barulho mesmo, não é a imprensa, é o povo. As Diretas Já! foi um grande barulho feito pelo povo. E a imprensa foi no bojo e aproveitou-se do movimento para vender jornal. A imprensa que apoiara o golpe de 1964 passou a noticiar as passeatas com centenas de milhares de trabalhares pedindo Direitas Já! E quando o carro de reportagem da Rede Globo passava perto da multidão, vozes roucas ecoavam: “O povo não é bobo, fora Rede Globo”. Era 1984, lembra? Um milhão de mulheres e homens no Vale do Anhangabaú. Toda a classe política de resistência estava lá. Naquele palanque debaixo do Viaduto do Chá. Foi um barulho e tanto que o povo fez naquele dia. Mal comparando, foi a nossa “primavera árabe”. E a internet ainda nem existia nos lares. Estou de pleno acordo quando a senhora diz que a imprensa deve ser livre. Só discordo da analogia entre barulho e silêncio que a senhora diz na frase. A imprensa não faz barulho, pelo contrário, ela é tão silenciosa quanto as ditaduras. Ela trabalha na calada da noite, prepara notícias inúmeras vezes mentirosas, manipula informações, confunde corações e mentes de pessoas boas, gente que deseja uma vida melhor, um país melhor. A imprensa livre que a senhora se refere, não é essa que aí está. Essa ainda é amiga dos ditadores de nosso passado recente. Tanto é que não se envergonha em escamotear os dramas vividos por nossos conterrâneos nos fatídicos anos 1964/1985. Jamais dá ênfase aos depoimentos comoventes e aterradores daqueles que comparecem à Comissão da Verdade. Tem razão os que dizem que o governo para o qual votei (e continuo apoiando) não tem Comunicação e está muito acomodado por considerar que a “imprensa corporativa ainda não atingiu sua imagem”. Quando atingir, coisa que jamais espero venha a acontecer, será tarde demais.

Mardones

Infelizmente, o governo federal sob o comando do PT é tão negligente quanto o do PSDB no caso da comunicação. Ainda que por razões diversas.

O PT faz um jogo para amadores: organiza foruns para discutir problemas urgentes e não implementa as deliberações saídas deles.

Com isso deixa a impressão falsa de que é democrático e de que tem trânsito com a ‘sociedade civil organizada’.

E ao contrário do que muitos pensam, isso tem vida longa. Pelas características do Brasil, há ainda muitas campanhas para serem vencidas sem as reformas ou com reformas inócuas.

Aliás, o PT já conseguiu impregnar na mente de muitos progressistas que os efeitos das concessões são diferentes do das privatizações simplesmente porque juridicamente são distintos. Só esquecem de dizer que juridicamente o Brasil é uma quimera. E qualquer escritório de advocacia que tenha intimidade com um juiz consegue transformar uma decisão a favor de seu cliente. E Daniel Dantas está aí para provar isso.

Alexandro Rodrigues

Essa JK de saias…

Fabio Passos

Que saudades do Brizola.

E dever de todas as forcas progressistas do Brasil enfrentar o oligopolio das oligarqias midiaticas.
Permitir que este entulho da ditadura mantenha a sociedade refem e um erro crasso do governo.

Urbano

Vagabundos mesmo são os dublês de ineptos e prevaricadores…

Julio Silveira

E não se pode dizer que a Dilma não tem sido avisada pelos seus verdadeiros apoiadores, quem votou nela. Aliás cada dia que passa fica mais evidente sua preferencia por escutar aqueles interessados em seu desastre, esses que podem lucrar eleitoralmente e economicamente com seu fracasso, que repercute em nós. É facil constatar que ela tem feito tudo. Mas ao contrário do que desejamos, da maioria que gostaria de ver um autentico governo de esquerda. As pessoas lucidas, mais antenadas, já passaram do ponto de acreditar em sofismas e por mais que seus proprios apoiadores quizessem, para bem deles e do Brasil, não se pode negar a realidade, o que se sente, o que se vê, nos resultados ocasionados pela atual forma de fazer politica, no próprio resultado economico. Ser realista não é querer apoiar a oposição. Felizmente para a Dilma a oposição brasileira é impatriótica como já demonstraram, é pifia. Espero dela a busca por inspiração nos seus apoiadores leais, não os que estiveram em todos os governos. E, ainda, sinceramente espero que o Lula não esteja sendo 100% sincero quando diz que o PMDB deveria ser o irmão siames do PT. Por que tem sido esse partido o apoiador de todos os governos anteriores com marcas de falta de brasilidade, de subserviencia a interesses externos, e tem sido seus adversários politicos de forma figadal. Que mesmo não sendo o cabeça em tais governos praticam atos em consonância com eles, com o poder que sempre tiveram e tem, isso deve dizer alguma coisa. Cuidado Dilma, cuidado PT. Ditado muito certo diz que “Deus não dá asas a cobra”. Depois não digam que esperavam fidelidade de infieis.

Gersier

Sabe o que mais irrita?É saber que enquanto muitos usam os blogs que os colonistas(PHA)do PIG adjetivam de “sujos”,mas que para nós são progressistas,para defender o governo,um ministro(?)hibernardo nos chamam,imitando com certeza quem ele deve admirar,o senhor fhc,de vagabundos.Lembram disso?

Paulo Monarco

O que dizer de um governo que se satisfaz com “trackings” favoráveis como diz Eduardo Guimarães, e não enfrenta os antigos e temerosos fantasmas sulamericanos, a mídia e a concentração de terras?

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