Mauricio Dias:A presença de Marina Silva produz efeitos colaterais que ameaçam isolar o governador pernambucano no páreo da eleição presidencial
por Mauricio Dias, em CartaCapital, encaminhado via e-mail por Julio Cesar Macedo Amorim
Que tente tapar o sol com a peneira quem quiser tentar. Inútil. Não é possível mais esconder as trombadas entre Eduardo Campos e Marina Silva e as consequências derivadas desse choque.
A relação entre os dois é um modelo novo de coligação entre um partido existente, o PSB, e um partido inexistente, a Rede Sustentabilidade. Por isso, Marina não é apenas ornamentação. Tem vez e voz.
A melhor imagem para explicara a aliança é a maternidade. O PSB seria a “barriga de aluguel”, onde está em gestação a Rede. A “barriga” de Marina, puxando votos, representa o ventre onde cresce a candidatura de Eduardo Campos.
As pesquisas de opinião pública dão indícios de que ela tem condições de transferir para Eduardo Campos parte de votos prometidos, até então, a ela. É possível considerar, pela última pesquisa Ibope, que os 6 pontos de crescimento (de 4% para 10%) do pré-candidato do PSB resultaram da retirada do nome dela da disputa. É, porém, mais um caso de suposição do que de ciências exatas.
Há sinais mais fortes que a transferência de votos. A presença de Marina provoca efeitos colaterais desastrosos para Eduardo Campos. Pode, por exemplo, isolar a quase solitária candidatura do governador de Pernambuco à Presidência da República. Ele precisa de aliados, de recursos e de tempo na televisão. O PSB, sem alianças, dispõe de 1m40s do horário eleitoral.
Nesse “casamento” com Marina, inesperado, Campos é quem faz a costura política. Para dentro e para fora. Presidente do PSB, ele tem poder incontestável na agremiação.
Marina descostura com a prática do excesso de zelo. É a guardiã da pureza política inalcançável. Ela já tem um boletim de ocorrências negativas grande para tão pouco tempo de atuação como parceira e virtual candidata à Vice-Presidência.
Desferiu o primeiro ataque contra Ronaldo Caiado (DEM), identificado como “inimigo histórico”. Recém-chegada ao PSB, ela não sabia que provocaria com a declaração o rompimento de uma aliança eleitoral que Campos costurava em Goiás. Mas não parou por aí. Bloqueou a aproximação do PSB com o PDT, partido que, na definição dela, conduz o Ministério do Trabalho “como um feudo”.
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Na segunda-feira 4, criou atritos numa reunião, em São Paulo, para definir a estratégia política no maior colégio eleitoral do País. Ela defendeu a necessidade de ter um candidato próprio no estado. Tinha na bolsa o nome do deputado Walter Feldman.
Em São Paulo, o PSB trabalha, porém, pela reeleição do tucano Alckmin. E assim será. Marina perdeu. Há, inegavelmente, nessa aliança uma contradição entre o que parece ser novo com o que parece ser velho.
Campos é um político clássico. Não pede a carteira de identidade ao filiado. Foi ao Piauí para consolidar o apoio do ex-senador Heráclito Fortes, ex-DEM e agora do PSB, um político com feitos negativos que dispensam apresentação.
Não é possível, porém, imaginá-la dando as boas vindas a Heráclito com um sorriso constrangedor ou, muito menos, com um beijinho amigável nas descomunais bochechas dele. Pelo apoio de Heráclito, Marina nunca iria ao Piauí.
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Comentários
Capilé
Para pensar:
Em época de eleição, todo mundo faz o diabo.
Ataliba
Heráclito Fortes é aquele ex-senador com cara de buldogue e língua grossa de porco-barrão?
J Souza
Nos EUA, entra partido, sai partido do governo, quem continua no poder são sempre as grandes corporações, que dão as cartas independentemente de quem vença as eleições…
Fazendo “justiça” às grandes empreiteiras – Camargo-Corrêa, Odebrecht, Andrade-Gutierrez, OAS – e às multinacionais, que mandam no país há décadas, os principais donos do poder não são as grandes corporações, e sim, os velhos políticos (ou políticos velhacos, como queiram!): Sarney, Barbalho, Braga, Maluf, entre outros. Seja qual for o partido que ganhe as eleições, eles estão sempre no poder…
E não adianta dizerem que “têm votos”, pois todos sabem que, com dinheiro, se elege até um asno nesse país! O marqueteiro transforma ele numa celebridade, e todos vão admirar a perspicácia do asno…
nbonato1
…e a Erundina? saiu da aliança com Haddad por causa daquela foto com O Maluf. Aquilo foi, de verdade, uma esperteza do PT para ficar com mais tempo de TV. Agora, sem agregar qualquer tempo de TV a Luiza Erundina se vê na contingência de aparecer abraçada aos Bornhausens e Heráclito. Castigo pouco é bobagem.
RicardãoCarioca
Bem feito para o Campriles. Em todas as análises, todo o seu crescimento nas pesquisas são creditados à Bláblárina. E, ao que parece, será sempre assim.
flavio jose
Eduardo, O GRANDE TRIDOR, traiu tanto que vai terminar traindo a si mesmo. Terá um triste fim na carreira politica e cairá rapidamente no ostracismo.
Luís Carlos
Campos está fora. Marina será candidata pelo PSB. Ela teria mais de 20% das intenções de voto, contra cerca de 10% dele. Nenhum nome que tenha mais do que o dobro das intenções de voto vai a vice e o que tem menos que a metade na cabeça. Campos sentirá o veneno do escorpião travestido de borboleta.
Ulisses
PSB apoiando Alkmin? E ainda mais depois do Trensalão Tucano? Hipocrisia demais tem preço depois
pedro – bahia
Entendo que o Campos tem pretensões políticas, na verdade, para 2018. Entretanto, a sua união com a Marina, não passa de um “casamento de motel”.
Coutinho
Eu esperava que ele continuasse na aliança com o PT e o PMDB e se candidatasse em 2018. Eu votaria nele pois não esperava tanta incoerência ou ambição. Acho que agora ele deu um salto no escuro e se esborrachou.
renato
Eu quero que eles se explodam politicamente, e nunca mais tornem a encher o saco.
Inês
Marina é lobo em pele de cordeiro, Eduardo Campos que se cuide.A Rede está mais pra teia (de aranha ).
Hélio Pereira
Marina tinha 18% de intenções de Voto e Eduardo Campos tinha 6%,com esta “Brilhante aliança” a soma de 18%+6% ficou igual 10% e tudo indica que os atritos de Marina com os “aliados” do PSB,poderão reduzir ainda mais as intenções de voto em Eduardo Campos.
Marcos Antonio Silva
Heráclito Fortes só ganha no Piauí o voto da Bete Cuscuz…pagando! É claro…
Gerson Carneiro
Segundo os antipetistas frequentadores da caixa de comentários deste blog os petistas estariam com medo desse casamento.
Ri alto.
Guanabara
Heráclito Fortes no PSB?! Me tira o tubo!
Luiz Moreira
Não só política é a bipolaridade. Ideológica seria a definiçao mais certa. Comunista (ex) unido ao PSDB e DEM, é ser muito bipolar.
junior
no conversa afiada de PHA, colocou um video dessa semana de um deputado corajoso acusando a globo de tudo e mais um pouco…excelente video, fica a dica
Julio Silveira
Por incrível que pareça vejo a Marina como a maior prejudicada. Não sei por que mas parece que os políticos pernambucanos que ganham projeção nacional se inspiram no Roberto Freire, um sujeito conhecido por sua bipolaridade politica.
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