Maurício Dias: Morto-vivo ainda não está tão morto assim

Tempo de leitura: 3 min

Carta Capital n˚ 769

A Volta do Morto-Vivo

Aécio renuncia à pré-candidatura

Por Mauricio Dias, sugerido pelo Julio Cesar Macedo Amorim

Aparentemente, a disputa presidencial voltará ao embate já corriqueiro entre o PT e o PSDB. Tem sido assim ao longo dos últimos 20 anos. Ou seja, cinco eleições presidenciais. Pode haver uma variação no sexto confronto, em 2014, se o tucano mineiro Aécio Neves for candidato. Os paulistas estiveram presentes em todas as seis disputas pela cadeira do Planalto, em eleição direta, após a ditadura.

Ele, no entanto, não é mais uma aposta certa dos tucanos. Tímido como pré-candidato, ele cedeu à pressão do forte reduto tucano de São Paulo. Alguém diria que as costas de Aécio, com tantos alfinetes espetados, lembram almofada de alfaiate.

Assim, de repente, embora não surpreendentemente, o cenário da disputa presidencial no tucanato passou a indicar a possibilidade de uma virada. Isso está prenunciado na nota oficial distribuída na terça-feira 1˚ de outubro pelo próprio Aécio Neves. Na condição de presidente do PSDB, anunciou e cobriu de louvores a permanência de José Serra no ninho.

“A presença de Serra em nossas fileiras fornece a nós, tucanos (…), uma opção de grande dimensão política a ser avaliada no momento e segundo critérios adequados para o sucesso da luta comum”.

Em outras palavras, ainda não há candidatura definida no PSDB.

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Agora se entende melhor a indefinição de Aécio. Embora oficiosamente sagrado pré-candidato, não assumia inteiramente o papel. Dessa forma, tornou-se um alvo fácil, mesmo tendo sido dado a ele, pelo partido, o papel de estrela única do programa de televisão.

Já há reações sensíveis no PSDB, onde Serra era considerado, equivocadamente, um morto-vivo. Não existe, porém, morte política.

Por que Aécio renunciou à condição de pré-candidato e jogou para março de 2014 o anúncio da candidatura oficial do partido?

Assim queriam os serristas. Terão, então, seis meses para religar fios internos e melhorar a posição junto aos diretórios estaduais.

A presença do paulista Serra força a realização das prévias, com as quais Aécio se comprometeu talvez apenas como um gesto diplomático. Não por acaso, o senador “serrista” Aloysio Nunes Ferreira lembrou no mesmo dia que o PSDB reabriu as portas ao grupo: “Em nenhum momento foi descartado que haverá prévias”.

A certeza em Aécio era tanta que alguns institutos (Datafolha e Ibope) já haviam decidido excluir Serra da lista das pesquisas. Tinhoso, ele assumiu pessoalmente a tarefa de se manter na lista de pré-candidatos.

Essas sondagens podem ter influência na persistência de Serra. Elas indicam a dificuldade de Aécio de esclara o patamar das intenções de voto. Os dois vivem em empate técnico, com o paulista em ligeira vantagem. Como afastar Serra da disputa entre os tucanos, se ele mantiver a preferência do eleitorado, sinalizado nas intenções de voto registradas nas pesquisas?

Há quem conte com a rejeição do eleitor por ele. Nesse sentido é o único pré-candidato que destoa muito da curiosa situação de empate entre os candidatos.

Rejeição, no entanto, é construção cultural. Um preconceito que, como qualquer outro pode ser desconstruído. Aécio, porém, não pode contar só com essa rudimentar teoria. Agora, com Serra ao lado, será forçado a dormir de olhos abertos.

Sonho ou Pesadelo?

É possível formar no PSDB uma dupla puro-sangue para a eleição presidencial? Sairia da composição entre José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) e, por consequência, a união dos dois maiores colégios eleitorais do País. Mas quem seria cabeça de chapa?

O verniz de Marina I

Para qual candidatura escoarão os votos de Marina? Em 2010, ela arrancou das urnas quase 20 milhões de votos em fabuloso e inesperado desempenho eleitoral. Ela saiu de cena e os eleitores se dividiram. Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, depois de esmiuçar os votos dela, concluiu que a metade deles, antipetistas, apoiou Serra no segundo turno. A outra metade, de ex-petistas, votou na ex-petista Marina e, na sequência, ficou com Dilma.

O verniz de Marina II

“A votação de Marina tem uma motivação efêmera. As intenções de voto nela cresceram após as manifestações antipartidárias de junho. Agora voltam a cair”, exemplifica. Montenegro: “Caso ela ingresse em um partido tradicional, perde o verniz”. Ou seja, Marina está amarrada a um projeto dependente do guarda-chuva da ética. Insustentável se levar a sério a disputa pelo poder nos moldes existentes.

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Comentários

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Marat

Só que a melhor arma para combater este tipo de morto-vivo, é a verdade. Quinze minutos de verdade o destrói e também a seus seguidores!

Marat

Lembro-me do filme de George Romero, de 1968: A noite dos morto-vivos. O PIG parou no tempo… está nas décadas de 1950-1960 (Menos o estadão, que está entre os séculos XVIII e XIX).
Tais mortos-vivos são assustadores e difíceis de serem abatidos, tais como as ideias negativas e as doenças.
Todo cuidado é pouco!

Oliveira

Não acredito que Marina tenha votos como naquela eleição. Ela recebeu aquela quantidade de votos, foi devido ao terrorismo de boatos que o PSDB e a mídia soltaram na época, como aborto, rejeição internacional, etc… etc…
Agora é diferente, o povo conhece todos candidatos e aí não tem pra ninguém. É Dilma no 1º turno.

carlos

Ao contrário da maioria dos comentaristas, hoje José Serra está à esquerda do PT, com estas alianças Sarney, Maluf, Calheiros, Bispo Macedo, etc…E cuidado com a aliança Campos-Marina – pode causar grandes estragos. Sorry por destoar do pró-governismo geral…

FrancoAtirador

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Olha aí, Aébrio:

Famíglia Mesquita também apóia Serra

“O Serra tem todas as condições de ser nosso candidato”

Senador diz que PSDB só vai anunciar candidato à Presidência no ano que vem e que, desta vez, ‘não haverá luta interna’

RICARDO BRITO / BRASÍLIA – O Estado de S.Paulo

Na semana em que o ex-governador José Serra decidiu ficar no PSDB, um de seus principais aliados no Congresso, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) não descarta a possibilidade do tucano ser novamente o candidato da sigla à Presidência, já nas próximas eleições.

A ideia de Serra estar na campanha de 2014 foi anunciada por Aloysio ao Broadcast Político, ontem.

José Serra decidiu ficar no PSDB. Que papel o ex-governador pode ter em 2014?

O Serra tem enorme prestígio político, pessoal, tem voto. Ele tem prestígio real e seu engajamento na campanha é muito importante para a vitória, seja ele candidato ou não. Essa decisão só vamos oficializar no ano que vem. Seja Serra ou Aécio o candidato, a presença dele é muito importante.

Serra é o plano B de Aécio ou deveria ser o plano A do PSDB?

Os dois hoje são planos do PSDB, são pessoas que têm todas as condições de ser o nosso candidato. O que o Aécio está fazendo hoje, e muito bem, é um trabalho de organização do partido, de aproximação com aliados, de reforçar os pontos mais frágeis da nossa estrutura partidária, de ouvir as pessoas e organizar nossa plataforma política. Mas é um trabalho como presidente do partido, evidentemente. Eu diria hoje que a maioria dos militantes do PSDB pende para uma candidatura do Aécio, mas a candidatura Serra, se ocorrer, será vista com naturalidade por todos. Eu não posso dizer que ele é candidato.

Serra seria candidato, caso o projeto de Aécio não decole até abril ou maio de 2014?

Não sei, isso será decidido mediante avaliação política do partido, ouvindo os dois, mas ouvindo também os governadores, aliados. O que é certo é que não haverá luta interna. Vamos caminhar para uma solução consensual.

Nas últimas eleições, o PSDB enfrentou disputas internas pela candidatura presidencial. A sigla estará unida em 2014?

O partido vai seguir unido, não há dúvida. Hoje há um sentimento muito forte, dentro do partido, de urgência de pôr fim a esses anos de governo PT, por tudo ele representa em termos de retrocesso e de degradação institucional.

Qual discurso o PSDB terá em 2014, diante da recuperação das intenções de voto de Dilma e tendo em vista que o candidato tucano está em terceiro lugar?

Em primeiro lugar, o candidato do PSDB não está em terceiro lugar, porque nós não temos candidato. Em segundo lugar, não há termo de comparação de Aécio ou Serra com a situação da Dilma, porque a exposição que ela tem e a máquina publicitária que ela montou são muito fortes. O ministro mais importante não é o ministro, é o publicitário. Ela é obcecada pela reeleição. Dilma recuperou uma parte muito pequena das intenções de voto. Antes ela tinha 60% e hoje, na melhor das pesquisas, tem 38%. Não é uma posição confortável. Ela está preocupada, tanto que o frenesi publicitário só faz aumentar.

Lula disse que vai agir como candidato para reeleger Dilma. Ele seria o plano B do PT?

Não creio que seja uma operação política fácil. Porque Lula já foi presidente e fez a sucessora. Ainda que volte, seria a confissão de um fracasso, de que elegeu um poste e o poste não deu certo.

O PSDB vai explorar o julgamento do mensalão em 2014?

É um tema que vai estar presente. O tema está posto. Segundo o ministro Celso de Mello, foi um gravíssimo crime contra as instituições. Um fato desse erodiu, de maneira absolutamente irreversível, aquela aura de santidade com que o PT pretendia se revestir.

Mas tira voto do PT?

Eu não tenho dúvida que tira.

O mensalão mineiro preocupa o partido nesse sentido?

Claro que preocupa. Esse julgamento atinge uma pessoa importante do nosso partido, que é o deputado Eduardo Azeredo, embora eu não veja nenhum padrão de comparação (com o mensalão federal). Se houve crime, foi um crime de natureza eleitoral, o que é grave. Não estou minimizando como faz o pessoal do PT e o Lula que, depois de dizer que foi traído, disse que era uma farsa.

(http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-serra-tem-todas-as-condicoes-de-ser-nosso-candidato-,1082277,0.htm)

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renato

O BRASIL, não merece que estes senhores governem nem a lavanderia de suas casas, gastariam muito sabão e alvejante. Água não se fala. Energia eletrica aumentariam demais o consumo deixando panos de chão centrifugando por duas horas, ou mais, e estenderiam a roupa lavada na chuva.

ricardo silveira

A rejeição ao Serra não decorre só de preconceito, até porque ele não apareceu ontem, a maioria dos eleitores o conhecem, desde os anos 80, ele foi ministro, prefeito, governador de São Paulo, trata-se de uma rejeição construída pelo próprio Serra. Ele se mostrou um enganador, um político que diz uma coisa e faz outra. A história do Serra é uma história de politicagem e muita coisa não explicada. Sua participação e de sua família na privataria ainda está em aberto e, enquanto a justiça continuar ignorando vai continuar em aberto. Não se trata de preconceito, trata-se de certezas e dúvidas não esclarecidas que se acumulam há muito tempo.

Gil

A composição entre José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) a união dos dois maiores colégios eleitorais do País.
Que eu saiba há muita insatisfação dos paulistas e mineiros com os governos tucanos, e Serra perdeu a eleição para a prefeitura de São Paulo para o PT
Em Minas o Fernando Pimentel lidera as pesquisas para governador, em SP mais uma aposta em novos quadros, o Ministro Padilha, e no RJ o Lindbergh Farias
Lula em 2002 derrotou Serra no estado de SP, portanto pode ser difícil, mas é impossível, a dupla Dilma e Padilha vencer em SP

    Gil

    Correção: mas NÃO é impossível, a dupla Dilma e Padilha vencer em SP

    renato

    Ô, me assustou…

Daniel

Imaginem uma vitória desses dois, seria a volta do caos, incertezas e angustias que o psdb proporcionava ao Brasil.

Gil

“A votação de Marina tem uma motivação efêmera”
Como em 2002, com o Anthony Garotinho (outro evangélico) pelo PSB obteve 15.180.097 de votos, 17,86 %, ou como Eneas, outro exemplo
Foi coisa de momento, modismo.

sergio m pinto

Da minha parte, só espero que o Lula esteja cogitando se candidatar a senador por São Paulo.

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