Marcos de Oliveira: Bloqueio dos EUA causou danos a Cuba de US$ 1,5 tri em 6 décadas

Tempo de leitura: 3 min
O ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, fala sobre o bloqueio dos EUA contra o seu país que já dura 62 anos. Fotos: Joaquín Hernández/Xinhua

Bloqueio dos EUA causou danos a Cuba de US$ 1,5 tri em 6 décadas

Valor dos danos provocados pelo bloqueio imposto pelos EUA equivale a quase 15x o PIB de Cuba

Por Marcos de Oliveira, no Monitor Mercantil

O governo cubano reiterou nesta quinta-feira a denúncia contra os EUA pela aplicação durante mais de seis décadas de um bloqueio contra Cuba.

“A preços correntes, os danos acumulados do bloqueio nestas seis décadas ascendem à cifra astronômica de US$ 164,14 bilhões”, sublinhou o ministro cubano de Relações Exteriores, Bruno Rodríguez.

Levando em conta a atual desvalorização do dólar face ao ouro, este valor de danos subiria para mais de US$ 1,499 trilhão. Se esta política hostil dos Estados Unidos não existisse, o Produto Interno Bruto (PIB, indicador da economia de um país) de Cuba em 2023 poderia ter crescido cerca de 8%.

O PIB cubano somava US$ 107,3 milhões em 2020 O PIB cubano somava US$ 107,3 milhões em 2020 (último dado disponível no Banco Mundial). Isso significa que o bloqueio dos EUA causou prejuízos equivalentes a quase 15 vezes o PIB da ilha.

Cuba, que atravessa uma crise econômica, sofreu uma queda acentuada de 11% do PIB em 2020, devido à pandemia, para crescer 1,3% no ano seguinte e 2% em 2022, mas sofreu uma contração de 2% em 2023.

A denúncia consta do relatório “Necessidade de acabar com o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”, apresentado pelo chanceler cubano.

O texto, que Havana apresenta todos os anos, responde a um projeto de resolução que deverá ser discutido no final do próximo mês pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.

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Somente entre março de 2023 e fevereiro passado – portanto, em 12 meses – o bloqueio imposto pelos EUA causou danos a Cuba de mais de US$ 5 bilhões, o que significa um aumento de quase US$ 200 milhões em relação ao período anterior.

“As consequências do bloqueio contra o nosso país são claramente evidentes como nunca antes nas deficiências que a população enfrenta em muitas facetas da vida quotidiana”, disse Rodríguez numa conferência de imprensa lotada.

Bloqueio dos EUA afeta todas as áreas de Cuba

Rodríguez detalhou o impacto do bloqueio em setores como saúde pública, educação, transporte e construção, entre outros serviços públicos com grande demanda entre a população cubana.

“O que torna a economia cubana única (…) é a presença opressiva e sufocante do bloqueio”, afirmou.

O ministro descreve a política de Washington em relação à ilha como uma guerra econômica “em termos técnicos tipificados em instrumentos internacionais” e disse que isto significa que o país tem agora “uma economia de guerra”.

Lembrou que memorando elaborado em 1960 pelo então subsecretário de Estado de Assuntos Interamericanos, Lester Mallory, que está na base da hostilidade norte-americana, revela o propósito de pressionar o país com a fome e a necessidade diante da impossibilidade de minar o apoio popular ao governo cubano.

Bruno Rodríguez referiu-se ao endurecimento sem precedentes do bloqueio durante a administração de Donald Trump, que reforçou o cerco ao emitir mais 243 sanções, ainda em vigor durante o atual Governo de Joe Biden.

“É o sistema de sanções mais abrangente, abrangente, completo e prolongado, de medidas econômicas unilaterais e coercivas da história que foi aplicado contra qualquer país”, assegurou.

Detalhou em particular os danos causados ao país caribenho pela sua inclusão na Lista de Países Patrocinadores do Terrorismo, elaborada unilateralmente pelo Departamento de Estado e que atinge duramente as relações econômicas internacionais de Havana.

Impacto do bloqueio também nas empresas privadas

Salientou que as sanções dos EUA têm impacto nas empresas privadas de Cuba, cuja atividade econômica é significativamente afetada, apesar do anúncio frequente por parte da Casa Branca de que algumas das medidas adotadas visam promover o crescimento desse sector.

“Cuba sempre esteve disposta a manter um diálogo sério e responsável, baseado na igualdade soberana e sem ofuscar a nossa independência e soberania, com qualquer governo, seja republicano ou democrático”, concluiu Rodríguez.

Desde 1992, a Assembleia Geral da ONU tem apoiado esmagadoramente a resolução apresentada por Cuba, que no ano passado foi aprovada por 187 países, com a abstenção da Ucrânia e o voto contra dos Estados Unidos e de Israel.

O bloqueio foi decretado em 3 de fevereiro de 1962 pelo então presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, apenas três anos após o triunfo da guerrilha liderada por Fidel Castro que derrubou a ditadura de Fulgêncio Batista.

Com Agência Xinhua

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Zé Maria

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Onde realmente há Censura ao Jornalismo?

Na Rússia e na China que Regulam as Redes [Anti-]Sociais?

Ou nos Estados Unidos da América e seus Comparsas da OTAN?
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https://youtube.com/live/c50K4GeE44Y
Dia 16/9, Segunda-Feira, às 19 horas

“Observatório de Geopolítica”

“O GGN foi à China e nossa repórter Cintia Alves
voltou com farto material para discutirmos
liberdade de expressão no país asiático
muito além dos esteriótipos pautados
pela grande mídia e exterma-direita.”

https://bsky.app/profile/jornalggn.bsky.social/post/3l436he5dqe2p
.
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Falsas Narrativas Ocidentais e Controle da Liberdade de Imprensa

“As recentes sanções anunciadas pelos Estados Unidos da América,
em conjunto com o Reino Unido da Grã-Bretanha e o Canadá, visam
figuras e instituições ligadas à mídia russa, como a RT e a Sputnik.”

À Sputnik Brasil, a Doutoranda em Relações Internacionais pelo
Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas e Mestre em
Economia Política Internacional pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro [UFRJ], Nathana Garcez Portugal, avaliou
que os movimentos de Washington são uma tentativa de
silenciar a mídia russa.

“A partir dessas sanções, você [EUA] está utilizando o dólar
como uma arma estratégica ali para impedir movimentações
de uma gigante de telecomunicações, que é a RT e a Sputnik”,
disparou a analista.

A fala de Nathana tece críticas às sanções anunciadas
nesta sexta-feira (13) pelo Tesouro dos Estados Unidos,
inclusive contra o diretor-geral da Sputnik, Dmitry Kiselev.

https://noticiabrasil.net.br/20240913/analista-sancoes-de-washington-expoem-interesse-dos-eua-de-silenciar-uma-gigante-da-comunicacao-36474184.html

“A Estratégia de Controle sobre a Liberdade de Imprensa
é parte Rotineira da Máquina de Guerra Norte-Americana.”

À Sputnik Brasil, especialistas sinalizam que o movimento
do governo norte-americano é um mostrar de garras
sobre a verdadeira liberdade de expressão permitida.

João Victor Motta, pesquisador do Observatório de Regionalismo
e doutorando em relações internacionais pelo Programa de
Pós-Graduação San Tiago Dantas, argumentou que as sanções
expõem a verdadeira face das autoridades norte-americanas.

“A estratégia de controle sobre a liberdade de imprensa é parte
rotineira da máquina de guerra norte-americana.
Assim como em outras guerras, a manipulação das informações
e a censura não impediram que a população de todo mundo e
a estadunidense chegassem nas óbvias conclusões sobre
a injustificabilidade das guerras patrocinadas pelos EUA e a
necessidade imperativa da paz”, disparou.

Charles Pennaforte, professor da Universidade Federal
de Pelotas (UFPel) e coordenador do Laboratório de
Geopolítica, Relações Internacionais e Movimentos
Antissistêmicos (LabGRIMA), segue a mesma lógica
de João Victor e complementa, dizendo que as ações
de Washington são fruto de contradições rotineiras.

“Essas sanções contra os órgãos de mídia russa representam,
na realidade, uma grande contradição entre o que é falado e
o que é realizado na prática”, cravou.

Durante a declaração a esta agência, ele reportou que o Ocidente
tem o objetivo de fornecer somente uma visão do atual conflito
na Ucrânia, envolvendo a Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN) contra a Rússia.

“Essa visão passa pelos interesses, principalmente dos Estados Unidos,
da União Europeia, em retratar uma realidade que seja de interesse
desses grupos de países.
Então quando você inviabiliza que a população tenha acesso a outra visão,
a outra análise do conflito, você praticamente se nivela nos níveis de países
que perseguem jornalistas, que fecham jornais, revistas etc.
É uma grande contradição, mas é o próprio processo que é natural dos
Estados Unidos e da União Europeia em tentar impedir que a população
tenha uma visão ampla do conflito”, arrematou Pennaforte.

https://noticiabrasil.net.br/20240913/controle-da-liberdade-de-imprensa-e-falsa-narrativa-analistas-avaliam-sancoes-dos-eua-a-sputnik-36472972.html
.
.

Zé Maria

Excerto

“Desde 1992, a Assembleia Geral da ONU
tem Apoiado esmagadoramente a Resolução
apresentada por Cuba, que no ano passado
foi Aprovada por 187 Países, com a Abstenção
da Ucrânia e o Voto Contra dos Estados Unidos
e de ‘isRéu.”
.
.
Analogicamente,
Cuba seria a Palestina
e a Venezuela, Gaza.
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