Marcos de Oliveira: Banco dos Brics impulsiona substituição do dólar com meta de 30% em moedas locais

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Embaixadora Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda. Foto: Brics Brasil

Banco dos Brics impulsiona substituição do dólar com meta de 30% em moedas locais

Ampliar uso de moedas locais dos países do bloco é objetivo do Brasil, reforça representante do Ministério da Fazenda

Por Marcos de Oliveira, no Monitor Mercantil

O Governo Federal destacou o papel crucial do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, o Banco dos Brics), sediado em Xangai, como uma das conquistas mais significativas do bloco na promoção da inclusão de nações no sistema econômico e financeiro global.

“O Banco dos Brics é, sem dúvida, um dos principais resultados concretos da cooperação entre os países-membros”, disse a embaixadora Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, em entrevista ao site Brics-Br.

Rosito destacou que um objetivo perseguido pelo NDB é ter até 30% do seu financiamento em moedas locais. “É algo que já vem ocorrendo e se amplia gradualmente”, afirmou, ao comentar o tema.

“O comércio em moeda local é algo que já vem ocorrendo. Por exemplo, entre o Brasil e a China, já ocorre. Não há nenhuma barreira do ponto de vista brasileiro para que ocorra”, salientou.

“Em geral, a utilização das moedas locais é mais dificultada por uma questão de custos. É muito mais fácil você usar as principais moedas que têm mais liquidez no mercado. Então, é um objetivo do Brics ampliar a utilização de moedas locais naquilo que for reduzir custos e que for interessante para os países-membros, que for positivo para importadores e exportadores”, observou a secretária.

Rosito abordou também a questão da revisão do Acordo de Reserva Contingente (ACR, na sigla em inglês), um instrumento complementar ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que serve para os países do Brics se apoiarem em casos de dificuldades no balanço de pagamentos.

Competiu ao Brasil, em uma das suas presidências prévias do bloco, em 2014, estar à frente de um dos principais instrumentos concretos do Brics para contribuir para um sistema financeiro e monetário internacional mais inclusivo.

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Pelo ACR, países que tenham falta de moedas fortes para fazer o seu comércio e seus investimentos internacionais poderiam pedir ajuda a outro e acionar esse instrumento, que muito rapidamente forneceria recursos para que esses países se auto apoiem.

“O que aconteceu desde então é que esse mecanismo ainda não foi utilizado. Portanto, esse Acordo de Reserva Contingente está sendo revisto desde o ano passado, e nós esperamos, e isso é um tema que é levado pelos Bancos Centrais, que a conclusão dessa revisão pode ser feita na presidência brasileira. O acordo também promove instrumentos concretos de cooperação, e nós entendemos que há um longo caminho a ser percorrido para facilitar mais comércio e investimento entre os países do Brics”, destacou Rosito.

Banco do Sul Global

Ainda sobre o Banco dos Brics, a secretária afirmou que é um banco dos países do Sul Global para outros países emergentes.

“Isso simboliza a disposição dos Brics de participar ativamente da transformação da ordem econômica e financeira e contribuir para torná-la mais inclusiva, levando em consideração os interesses desses países”, disse ela.

O NDB, cuja presidente é Dilma Rousseff, que foi mantida no cargo por mais cinco anos, “usa a legislação local para orientar seus investimentos e a demanda dos países, ou como dizemos, demand-driven, que se baseia não apenas nas regras dos próprios bancos, mas também na legislação de cada país”, observou Rosito.

“É uma instituição que faz parte da família mais ampla dos bancos multilaterais de desenvolvimento (BMDs), mas permite que os países construam sinergias entre si, entendendo que os desafios específicos desses países e suas políticas podem ser melhor considerados na implementação do financiamento, tornando-se um agente transformador do desenvolvimento dessas nações”, disse ela.

O Brasil assumiu a presidência rotativa do Brics em 1º de janeiro de 2025, estabelecendo uma agenda concentrada na cooperação entre os países do Sul Global, na reforma da governança internacional e no desenvolvimento de mecanismos para facilitar o comércio entre seus membros.

*Com informações da Agência Xinhua.

*Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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