por Marcos Coimbra, no Correio Braziliense, via blog do Nassif
Chegamos ao fim da mais longa eleição presidencial de nossa história e, pelo que parece, ainda hoje saberemos o nome da futura presidente. É cedo para avaliar o impacto que ela terá na nossa vida política, no curto e no médio prazo. Todos concordam, no entanto, que a política brasileira vai se transformar.
Esta é uma boa hora para discutir aquilo que as eleições mostraram que precisa mudar na nossa cultura eleitoral. Há muito a rever na legislação, na regulamentação do acesso dos partidos e candidatos aos meios de comunicação, no modo como os grandes veículos de comunicação atuam na campanha, nas regras a respeito de debates, no uso de pesquisas de opinião pela mídia.
A evidência maior de que precisamos repensar o modo como se disputam eleições no Brasil é o crescente desinteresse dos cidadãos pelo processo eleitoral. Por qualquer lado que se olhe, é bem possível que estas tenham sido as que menos envolveram as pessoas, as que menos as motivaram.
Assim, enquanto avançamos para nos tornar uma das maiores democracias do mundo, já agora com mais de duas décadas de normalidade institucional, só tem caído a participação política. É cada vez menor o engajamento, a militância, a discussão política no cotidiano.
As pesquisas feitas ao longo do ano mostraram como é pequeno o contingente de eleitores que acompanha com regularidade a propaganda eleitoral e que se informa com alguma profundidade sobre os candidatos e suas ideias. As expectativas de que houvesse uma grande expansão do uso da internet na discussão política não se confirmaram.
Teremos que pensar em como incrementar a formação política nas escolas, com conteúdos adequados a cada nível educacional, do primeiro grau ao ensino superior. A quase completa ausência da participação estudantil na nossa vida política contrasta fortemente com o que era nossa realidade há não muitos anos e é um sintoma do problema. Não por acaso, a proporção de jovens menores de 18 anos que se registrou para votar este ano foi a menor desde houve a extensão desse direito na Constituição de 1988.
E temos que arejar nossa legislação. Ela está tão defasada da realidade que até um piparote desfechado por uma passeata de humoristas na praia do Rio de Janeiro fez com ela fosse mudada. Para evitar abusos, ela acabou por limitar as oportunidades de manifestação dos eleitores e tornou mais aborrecidas as campanhas.
Debates submetidos à grade de programação das emissoras, espremidos entre o futebol e a novela, e usados na guerra de audiência, na qual cada uma quer fazer “o seu”, não ajudam. Está mais que na hora de torná-los mais solenes, mais respeitáveis, evitando que sejam realizados nas vésperas da eleição.
Mais uma vez, as pesquisas dominaram a cobertura da maioria dos veículos, presos à fórmula arcaica das “pesquisas espetaculares”, anunciadas através de manchetes equivocadas: fulano “dispara”, sicrano “afunda”. Entre os países modernos, só no Brasil esse ainda é o padrão. Nos demais, pesquisas diárias de tendência são a regra.
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O Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral é um fóssil que não serve mais a nada, salvo para dar emprego a marqueteiros e pesquisadores. O que fazer não é claro, mas o certo é que, como está, não pode permanecer. Estamos terminando as eleições com mais de 60% das pessoas não tendo visto sequer um programa dos candidatos aos diversos cargos.
Hoje, contudo, não é um dia para lamentações. A eleição pode ter tido menos participação do que seria desejável. Podemos ter tido excessos de vários tipos, cometidos por várias pessoas. Pode ter faltado muita coisa para que as tivéssemos aproveitado mais.
Mas o dia da eleição é sempre diferente. Há uma mágica no ar, as pessoas se olham de uma maneira única. Talvez seja a percepção da democracia como realidade.
Bom voto a todos!
por Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
Comentários
Costa
Cala a boca Batista!
Carlos Correia
Ao que tudo indica, o projeto petista e lulista está se saindo bem. Por que o fetiche com o primeiro turno? Lula não o conseguiu, e tal não constituiu nenhum demérito. Os 46 % de Dilma lhe referendam como favorita à vitória, e as majoritárias lhe indicam maiores possibilidades de governabilidade. A vitória, já em 3 de outubro, seria bela, mas extraordinária, além da conta. À seu despeito, contudo, não há como negar o sucesso de tal campanha; as pesquisas, ao que me consta, cumpriram uma função: apontar tendências, nada mais. O peso de Dilma não é similar ao de Lula, e ainda assim ela obtém votação semelhante a ele, tanto em 2002 quanto em 2006. Esta eleição teve a medida certa, acrescentada com a conquista histórica da ascensão de uma nova liderança de esquerda: Marina Silva. Mas é Dilma quem encarna a possibilidade de unir o campo democrático-popular do Brasil, e é o Partido dos Trabalhadores que possui base presente e atuante entre a população. Se esta não se manifesta com a devida contundência, é uma outra questão. Se a sociedade civil ainda engatinha, outra questão também; se os intelectuais estão caducos ou confusos, outra questão ainda. Nem Psol nem PV podem fazê-lo, ainda. E o PV, enquanto força motriz de idéias, disse pouco a que veio. A meu ver, perdura a previsão de Marcos Coimbra: o Brasil já sabe, de sobejo, quem será sua futura governante.
william porto
Coimbra é um homem honesto, ele raciocinou em cimade núeros, estatística, suaexperiência em pesquisas. Quem errou fomops todos nós que confiamos apenas em Joãqo Santana e na aprovação do governo Lula. Esquiecemos da militância nas ruas, esquecemos dos jovens e esquecemos do eleitor consciente que quer algo mais do que o marketuing e de que o carisma do Lula. Não se viu na campanha um intelectual de nome referendando Dilma, nem um artista da esquerda, nem um referencial da luta popular. Marina botou Caetano, Gil, na lançamento Boff… Nós ficamos com o mundo colorido de João Santana. É hora de buscar o voto que migrou para Marina, mas não com efeitos especiais. Socorro, tragam o Chico Buarque para dar um depoimento….
Coimbra a política brasileira vai se transformar | Maria Frô
[…] por Marcos Coimbra* no Correio Braziliense, via Viomundo […]
Hélio
Me pergunto até que ponto Marcos Coimbra não foi plantado para apresentar os resultados que seu instituto apresentou e para fazer os textos que ele fez.
Hoje, soa como se ele tivesse sido usado como estratégia de desmobilização da campanha da Dilma.
Sagarana
Concordo, mas os institutos de pesquisa vão continuar os mesmos. Ponto para o Data-Folha.
Sagarana
Errou feio!
renato
Que nas próximas eleições institutos bancados por partidos não tenham tanta visibilidade
ruypenalva
Que os anjos da boca mole digam amém Marcos.
Alexandre Dumas
Até agora, 25% das urnas apuradas, o Marcos Coimbra está se tornando o maior fiasco dos institutos.
Torço, rezo e espero para que nos 75% restantes o jogo vire e ele se consagre.
Ivonildo Dourado
Estou descrente, com masi de 30% dos votos apurados a candidata Dilma está com 43% e Serra com 36% Marina com 20%. Estou surpreso com a votação do Serra. Não como está distribuifo esses votos, mas não acredito em definição no primeiro turno. Temos que esperar até o final do mês para sabermos o vencendor dessa eleição
D.O.P.
http://www.nytimes.com/2010/10/03/world/americas/…
pereira
O Marcos Coimbra esta confiante, porque o o que ele fala, saberemos o nome da futura presidente, isto é muita confiança, o vox foi o primeiro a mostrar a vitória de anastasia em minas, e o primeiro a mostra um possível segundo turno em são paulo, tomará que ele esteja certo.
Odete
Deus te ouça!!! Em que pese que Marcos Coimbra diga que o clima foi morno, para nós militants não foi bem assim. Eu sofri muito com as constantes baixarias contra minha candidata . Não gostaria de nova dose de mais um mês. Que a fatura seja liquidada hoje!!!!
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