Marco D’Eramo: O que têm em comum estes três protestos reprimidos pela polícia nos EUA, Irã e França?
Tempo de leitura: 7 minMotins e revoltas
Cartografia da repressão estatal mostra que ela se dá contra a classe que muitos dos chamados “progressistas” de hoje desprezam, temem ou ignoram
Por Marco D´Eramo*, em A Terra é Redonda
Quando os distúrbios eclodiram na França, no final de junho, a polícia levou pouco menos de uma semana para fazer mais de 3 mil prisões.
Os confrontos nas ruas de Paris e Marselha evocaram outros confrontos recentes com as forças de repressão estatal: pense nas 22 mil prisões feitas pela polícia iraniana no outono passado, ou nas dez mil detidas nos Estados Unidos durante o verão do Black Lives Matter.
O que essas três revoltas, em três continentes diferentes, têm em comum?
Para começar, a idade e a classe social dos manifestantes. As pessoas detidas tinham quase na totalidade menos de 30 anos e uma parte desproporcionada eram NEET (pessoas que não estudavam, trabalhavam ou não tinham formação).
Na França e nos EUA, isso estava ligado à sua condição de minorias racializadas: 26% da população jovem nas zonas “urbaines sensible” são NEET, em comparação com a média nacional de 13%, e os afro-americanos compreendem quase 14% da população geral, mas 20,5% dos NEETs.
No Irã, por sua vez, o fator decisivo foi a idade: os jovens viveram a vida inteira sob as sanções dos EUA.
Dados recentes mostram que cerca de 77% dos iranianos entre 15 e 24 anos se enquadram nessa categoria – contra cerca de 31% em 2020.
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O segundo fator comum é ainda mais marcante. Nos três casos, os protestos eclodiram após um assassinato cometido pela polícia: George Floyd, um afro-americano, foi morto em Minneapolis em 25 de maio de 2020; a curda Mahsa Amini, de 22 anos, em Teerã, em 16 de setembro de 2022; e Nahel Merzouk, de 17 anos, de ascendência argelina, em Nanterre, em 27 de junho.
No rescaldo destas mortes, os holofotes mediáticos foram postos nos “vândalos”, “bandidos”, “hooligans” e “criminosos” que saíram à rua, mas raramente na própria aplicação da lei.
No Irã, a identidade do policial que causou a morte de Amini sequer é conhecida. Em França, o porta-voz de Éric Zemmour lançou uma campanha para angariar fundos online com o objetivo de apoiar o policial que matou Nahel; ele arrecadou mais de 1,6 milhões de euros antes de ser retirado.
Uma terceira característica conecta tais protestos e sua repressão à agitação em outros países: a repetição monótona.
Há sempre a mesma cena recorrente: vitrines quebradas, carros incendiados, alguns supermercados saqueados, gás lacrimogêneo e disparos de bala ocasionais da polícia.
No Ocidente, a mesma fórmula existe há décadas: a polícia mata um jovem de uma comunidade marginalizada; os jovens desta comunidade se levantam; destroem algumas coisas e entram em confronto com a polícia; eles estão presos.
O clima volta a uma espécie de tranquilidade precária, até que a polícia decide assassinar alguém novamente.
(Os protestos do Irã no ano passado foram o primeiro grande levante contra a violência policial no país – um sinal de que até mesmo a terra dos aiatolás está abrindo caminho para a “modernidade ocidental”.)
A França tem uma longa história de incidentes desse tipo. Para dar apenas alguns exemplos indicativos:
–em 1990, um jovem paralisado chamado Thomas Claudio é morto nos subúrbios de Lyon por um carro da polícia;
— em 1991, um policial atira e mata Djamel Chettouh, de 18 anos, em um “banlieue” de Paris;
— em 1992, novamente em Lyon, a gendarmaria atirou e matou Mohamed Bahri, de 18 anos, por tentar fugir de uma parada de trânsito;
— no mesmo ano, na mesma cidade, Mourad Tchier, de 20 anos, é morto por um brigadeiro-comandante da gendarmaria;
— em Toulon, em 1994, Faouzi Benraïs sai para comprar um hambúrguer e é morto pela polícia;
— em 1995, Djamel Benakka é espancado até a morte por um policial na delegacia de Laval.
Avançando: os motins de 2005 foram uma resposta à morte de dois adolescentes, Zyed Benna (17) e Bouna Traoré (15); os de 2007 buscaram reparação pela morte de mais dois, Moushin Sehhouli (15) e Laramy Samoura (16), cuja motocicleta colidiu com um carro da polícia.
A ladainha é insuportável: bastaria lembrar a morte de Aboubacar Fofana (22) em 2018, morto pela polícia em Nantes durante uma checagem de identidade.
Observe como os nomes das vítimas são impressionantemente gauleses: Aboubakar, Bouna, Djamel, Fauzi, Larami, Mahaed, Mourad, Moushin, Zyed…
A mesma dinâmica pode ser encontrada do outro lado do Atlântico.
Miami, 1980: quatro policiais brancos são acusados de espancar até a morte um motociclista negro, Arthur McDuffie, depois que ele passou um sinal vermelho.
Eles são absolvidos, precipitando uma onda de tumulto que abala Liberty City, resultando em 18 mortes e mais de 300 feridos.
Los Angeles, 1991: quatro policiais brancos espancam outro motociclista negro, Rodney King.
Os distúrbios subsequentes causam pelo menos 59 mortes e mais de 2.300 feridos. O “rioting” se espalha para Atlanta, Las Vegas, Nova York, São Francisco e San Jose.
Cincinnati, 2001: um policial branco mata um homem negro, Timothy Thomas, de 19 anos, e 70 pessoas ficam feridas nos protestos que se seguiram.
Ferguson, 2014: um policial branco mata Michael Brown, um jovem negro de 18 anos; motins, 61 presos, 14 feridos.
Baltimore, 2015: um homem negro de 25 anos morre de vários ferimentos sofridos enquanto é detido em uma van da polícia; confrontos deixam 113 policiais feridos; duas pessoas são baleadas, 485 presas, e um toque de recolher é imposto com a Guarda Nacional intervindo.
Charlotte, 2016: polícia atira no afro-americano Keith Lamont Scott, de 43 anos; motins, toque de recolher, mobilização da Guarda Nacional.
Um manifestante é morto durante manifestações, Justin Carr, de 26 anos; 31 estão feridos. Finalmente chegamos a George Floyd; o cenário se repete.
A polícia britânica não tem razões para se sentir inferior aos seus homólogos transatlânticos, nem aos seus vizinhos do outro lado do Canal da Mancha.
Aqui alguns exemplos entre muitos: Brixton, 1981: brutalidade policial constante e questões de assédio em protestos e motins entre a comunidade negra; 279 polícias e 45 civis estão feridos (os manifestantes evitam hospitais por medo), 82 detenções, mais de cem veículos queimados, 150 edifícios danificados, um terço dos quais incendiados.
A reviravolta se estende a Liverpool, Birmingham e Leeds.
Brixton, 1985: a polícia vasculha a casa de um suspeito e atira em sua mãe, Cherry Groce.
Um fotojornalista é morto, 43 civis e 10 policiais ficam feridos, 55 carros são incendiados e um prédio é completamente destruído após três dias de tumultos (Cherry Groce sobrevive aos ferimentos, mas permanece paralisada).
Tottenham, 1985: uma mulher negra, Cynthia Jarrett, morre de parada cardíaca durante uma busca domiciliar realizada pela polícia, e um policial é morto por multidões nos distúrbios resultantes.
Brixton, 1995: protestos após um homem negro de 26 anos morrer sob custódia; 22 prisões.
Tottenham, 2011: polícia atira e mata Mark Duggan; tumultos eclodem, estendendo-se a outras áreas de Londres e depois a outras cidades.
Nos seis dias seguintes, cinco pessoas morreram, 189 policiais ficaram feridos e 2.185 prédios foram danificados.
Beckton, 2017: um português negro de 25 anos, Edson da Costa, morre asfixiado após ser parado pela polícia. Nos protestos subsequentes em frente à delegacia, quatro são presos e 14 policiais ficam feridos.
Imagino que essa lista foi tão exasperante de ler quanto enfurecedora de escrever.
Nesse ponto, a violência policial não pode ser considerada uma “bavure”, como dizem os franceses, mas uma característica persistente e transnacional do capitalismo contemporâneo.
(Aqui pode-se lembrar de Bertolt Brecht, que, diante da reação do governo da Alemanha Oriental ao protesto popular em 1953, perguntou: “Não seria mais simples se o governo dissolvesse o povo para eleger um novo?“).
O que é espantoso é que, depois de cada uma dessas reviravoltas, milhares de urbanistas, sociólogos, criminologistas, profissionais de saúde, instituições de caridade e ONGs se voltem, em sua contrição, para as profundas causas sociais, culturais e comportamentais de tais “violências”, “excessos”, “explosões” e “vandalismos”.
A polícia, no entanto, não é considerada digna da mesma atenção. A violência policial é frequentemente descrita, mas raramente escrutinada.
Nem mesmo Foucault aguçou nossa compreensão sobre isso, concentrando-se em locais específicos onde a aplicação da lei é organizada e institucionalizada.
O policiamento evoluiu claramente ao longo dos séculos: subdividiu-se em corpos especializados (trânsito, polícias urbanas, de fronteira, militares e internacionais) e suas ferramentas foram aperfeiçoadas (escutas telefônicas, rastreamento, vigilância eletrônica).
Mas manteve-se idêntico tanto na sua opacidade como na sua irreformabilidade. Os Estados mencionados acima nunca colocaram uma reforma policial significativa na agenda.
Nenhum de seus governos jamais pressionou por uma alternativa – por que um regime gostaria de mexer em seu mecanismo disciplinar mais eficaz? Nem tumultos, tumultos e agitações conseguiram provocar mudanças.
Parece, inversamente, que a raiva popular é um fator estabilizador, uma válvula de segurança para a panela de pressão social. Enfim, solidifica a imagem que os poderosos têm da população.
Nas Histórias de Heródoto, escritas no século 5 a.C., o nobre persa Megabyzus afirma:
“Não há nada tão vazio de entendimento, nada tão cheio de desfaçatez, como a ralé. Eis que era loucura não suportar a dominação. Os homens, quando procuravam escapar da devassidão de um tirano, entregavam-se à mesquinhez de uma turba rude e desenfreada. O tirano, em todos os seus feitos, pelo menos sabe do que se trata, mas uma turba é completamente desprovida de conhecimento; pois como pode haver conhecimento em uma ralé, que não foi ensinada e que não possui um senso natural do que é certo e adequado? Corre descontroladamente contra as instituições do Estado com toda a fúria de um riacho inchado no inverno – e confunde tudo”.
Do ponto de vista do regime, é bem possível que os motins sejam bem-vindos, pois garantem a renormalização, permitem que os “bantustões” sociais permaneçam assim e esvaziam os descontentamentos que, de outra forma, poderiam ser perigosos.
Naturalmente, para que desempenhem essa função estabilizadora, devem estar sujeitos à condenação externa: o vandalismo deve ser denunciado, a violência deve provocar indignação, os saques devem causar nojo.
Tais reações justificam a crueldade da repressão, que se torna o único meio de vencer a maré da barbárie. É nessas condições que os motins servem para ossificar a hierarquia social.
Não podemos deixar de recordar as revoltas populares que periodicamente abalavam o “ancien régime” e eram regular e impiedosamente reprimidas: a Grande Jacquerie de 1358 (que deu origem ao nome comum para todas as revoltas camponesas subsequentes), a Revolta de Tuchin em Languedoc (1363-84), a Revolta de Ciompi em Florença (1378), a Rebelião de Wat Tyler (1381), a Guerra Camponesa na Alemanha (1524-6), o Carnaval em Romanos (1580) e a Revolta de Masianello em Nápoles (1647).
O historiador Samuel Cohn contou mais de 200 desses casos na França, Flandres e Itália de 1245 a 1424.
Mas foi o grande historiador Marc Bloch quem observou como o sistema feudal precisava dessas revoltas para se sustentar:
“Um sistema social não se caracteriza apenas pela sua estrutura interna, mas também pelas reações que provoca: um sistema fundado em mandamentos pode, em certos momentos, implicar deveres recíprocos de ajuda realizados honestamente, como também pode levar a explosões brutais de hostilidade. Aos olhos do historiador, que deve apenas observar e explicar as relações entre os fenômenos, a revolta agrária aparece como inseparável do regime senhorial como, por exemplo, a greve está para a grande empresa capitalista”.
A reflexão de Bloch nos leva à seguinte questão: se a “jacquerie” é inseparável do feudalismo e a greve do capitalismo fordista, então a que sistema de dominação corresponde o tumulto dos NEETs?
Só há uma resposta: um sistema – o neoliberalismo – em que a plebe foi reconstituída.
Quem são esses novos plebeus? São os NEETs dos arranha-céus dos EUA e os bairros do sul de Teerã, os subproletários das zonas sensíveis.
Eles são a classe que muitos dos chamados “progressistas” de hoje desprezam, temem ou, na melhor das hipóteses, ignoram.
*Marco D’Eramo é jornalista. Autor, entre outros livros, de The Pig and the Skyscraper (Verso).
Tradução: Eleutério F. S. Prado.
Publicado originalmente no blog Sidecar.
Leia também:
França em chamas após mais um assassinato de jovem negro pela polícia
Comentários
Zé Maria
Os Executores do Assassinato da Vereadora Marielle Franco eram Policiais Militares (PMs).
Normal, né?.
Não mesmo!
Não é Normal Não!
Isso é a Barbárie!
Zé Maria
A Imprensa Corrupta Lavajatista está se aproveitando
do Caso do Assassinato da Vereadora Marielle Franco
para endossar os Métodos ilegais utilizados pelos Patifes
da Força-Tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba/Paraná.
Zé Maria
“O ex-PM Ronnie Lessa disse ao comparsa
que matou Marielle por uma questão
‘pessoal’.
Mas não disse se era pessoal dele
ou de algum ‘vizinho'”…
https://twitter.com/luizazenha23/status/1683910580900356108
E assim foi concluído o Anexo Publicado…
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2023/07/24/caso-marielle-elcio-de-queiroz-delacao-premiada.htm
Zé Maria
https://pbs.twimg.com/media/F1zjZh2XgAAUWI3?format=jpg
“O Porteiro do Dia”
https://twitter.com/Hilde_Angel/status/1683512081650262019
Cadê?!?
.
Zé Maria
“Dallagnol, a ave fênix que entende tudo de prova!!!!!
Quanta expertise… Quanta experiência…
Tocante a preocupação com o que é prova.
Emocionante! Sniff.”
https://twitter.com/LenioStreck/status/1683535595388190751
Zé Maria
https://t.co/tycnX0rkzL
Namoro de Jair Renan, o 04 de Jair Bolsonaro, com filha de Ronnie Lessa
pode ter sido inventado para justificar telefonemas.
Namoro teria sido álibi para justificar registros de telefonemas
entre as casas de Bolsonaro e do suspeito de matar Marielle.
O jornalista Bruno Paes Manso, pesquisador no Núcleo de Estudos
da Violência da Universidade de São Paulo (USP)e autor do livro
‘A República das Milícias: Dos Esquadrões da Morte à Era Bolsonaro’,
apontou uma inconsistência grave nas investigações do assassinato
de Marielle Franco, em 14 de março de 2018.
Na época do crime, foram apontados vários registros de telefonemas
entre as casas do então deputado federal Jair Bolsonaro e o sargento
da reserva da Polícia Militar, Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle.
Os dois moravam no mesmo Condomínio na Barra da Tijuca,
no Rio de Janeiro, o Vivendas da Barra.”
https://twitter.com/RevistaForum/status/1683521152201945088
https://revistaforum.com.br/politica/2023/7/24/namoro-de-jair-renan-com-filha-de-ronnie-lessa-pode-ter-sido-inventado-para-justificar-telefonemas-139991.html
Zé Maria
https://pbs.twimg.com/media/F10Lj3-XoAUaVg-?format=jpg
“Bolsonaro na casa em amarelo;
Ronnie Lessa, na dentro do círculo.
Troca de telefonemas.
Suposto namoro entre filhos
de Bolsonaro [o 04] e Lessa [a filha].
Só que a moça estava nos Estados Unidos.
É um questionamento do repórter
Bruno Paes Manso.”
Jornalista LUIZ CARLOS AZENHA
https://twitter.com/luizazenha23/status/1683514872233959440
Zé Maria
“Parece uma confissão de culpa o gado ressurgir com Celso Daniel. E é.”
https://twitter.com/ZehDeAbreu/status/1683493436811247616
https://twitter.com/LuizAzenha23/status/1683514446516297728
Zé Maria
“É fundamental destacar, conforme já sublinhou Bruno Paes Manso há mais
de um ano, que o namoro de Jair Renan, o 04, com a filha de Ronnie Lessa, assassino de Marielle, foi um álibi para justificar a quantidade de telefonemas
de uma casa pra outra.
A menina, na época, morava nos EUA.
https://twitter.com/fsmcruz/status/1683469661994713092
https://revistacult.uol.com.br/home/entrevista-bruno-paes-manso/
https://nev.prp.usp.br/publicacao/a-republica-das-milicias-dos-esquadroes-da-morte-a-era-bolsonaro/
https://t.co/bcmD2T88mU
https://twitter.com/ivanovitchstos/status/1683494538889904129
http://blogdoivanovitch.blogspot.com/2023/03/todo-voto-bolsonarista-e-um-voto.html
Zé Maria
Fato Incontroverso
https://pbs.twimg.com/media/F1z6wUMWwAclOlo?format=jpg
Zé Maria
Será que lá também tem, como aqui, Militar Miliciano assassinando Ativistas?
Zé Maria
“Muito bom o avanço da Polícia Federal nas investigações
sobre o assassinato de Marielle Franco e seu motorista
Anderson Gomes.
Foi só Bolsonaro sair da presidência pro inquérito andar.
Agora é chegar no mandante.”
https://twitter.com/Gleisi/status/1683487673615368192
https://twitter.com/marcelopjs/status/1683491933887365122
Zé Maria
“Quando um ente do Estado usa do aparato do Estado
para perseguir pessoas inocentes por opinião…
Um padre criticou a violência da PM no Espírito Santo,
qual foi o resultado?
A PM invadiu a igreja violentamente para intimidar o padre.”
https://twitter.com/SomenteOrestes/status/1683081839240527873
Zé Maria
A Papel do Aparelho de Repressão do Estado é o de proteger o Status Quo, isto é, o Poder (Econômico, Político, Religioso) Dominante.
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