Márcia Hirata: Sem o direito à cidade, a cidade não vale a pena

Tempo de leitura: 3 min

por Márcia S. Hirata, em Carta Maior

A cidade sofreu nos últimos 8 anos com políticas sociais, urbanas e habitacionais de fachada. Por trás dos projetos que exibiam a São Paulo globalizada (no projeto “Nova Luz”, no SP 2040 ou em premiadas urbanizações de favelas), famílias foram pressionadas a sair de suas casas, movimentos sociais foram criminalizados; houve agressões aos trabalhadores informais e população em situação de rua, paralisação dos programas de mutirões e habitação popular, corrupção na aprovação de construções, abandono e falta de políticas para as áreas centrais. Direitos são violados porque são pobres.

Foram 8 anos de resistência constante de todos estes grupos, nas ruas, nos conselhos, na Câmara Municipal ou no judiciário, amargando uma falsa participação social. Anseiam pelo novo Plano Diretor, e Planos de Habitação e Mobilidade. Sabem dos desafios urbanísticos e habitacionais para os próximos anos, principalmente com os interesses em torno da Copa e das Olimpíadas (e talvez a Expo 2020). Foi tudo isto que impulsionou todos estes grupos sociais a participarem da campanha que levou à vitória de Fernando Haddad. Muitos não são petistas.

Portanto, não votaram por um governo petista, mas por um governo de diálogo, com participação efetiva e sensível às demandas sociais. Sabem que não é isso que representa o PP, pela história de Maluf ou pela atuação deles no Ministério das Cidades e na CDHU. Não querem passar os próximos 4 anos em uma atuação reativa, defendendo com unhas e dentes os avanços históricos maturados nas duas gestões petistas na cidade. Pelo contrário, não querem perder a oportunidade de fazer avançar as políticas habitacionais e urbanas, tirando partido dos avanços econômicos conquistados nacionalmente.

Tais manifestações contra o PP na Sehab não significam o medo da perda de cargos na máquina pública, ou do poder sobre uma fatia do orçamento da cidade. Quando desejam que o Arco do Futuro concretize-se também como um Arco de Justiça Social Urbana , não o dizem como uma frase de efeito de marketing. Fazem uso de uma licença poética de quem acredita e luta pelo Direito à Cidade. Sem isso, a Cidade não vale a pena.

Há que ouvir os movimentos. Foram eles que derrubaram a Ditadura, foram eles que elegeram Lula e Dilma. Agora depositaram nas urnas a confiança em você, Fernando.

Márcia S. Hirata é pós- doutoranda em Arquitetura e Urbanismo e pesquisadora do Laboratório de Habitação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP).

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Porco Rosso

Calma, gente. Um governo de esquerda nunca entregaria a secretaria de habitação para a turma do Maluf, certo?

Certo?

edu marcondes

Estou enganado ou o no me cotado para a Sehab é o deputado Pedro Simão, do PT?

Willian

Bacana este post contra o Maluf. Seria extraordinário se fosse publicado antes das eleições. Agora, fica parecendo que não querem entregar ao engenheiro Paulo Maluf o que lhe prometeram. Fica feio, né?

antonio carlos ciccone

H´de ter gente capaz para assumir a Habitação, que não seja por indicação de Maluf. Já chega Maluf indicar o presidente da CDHU no gov. do Estado!!

Movimentos sociais e acadêmicos avisam Haddad: Não querem PP de Maluf na Habitação « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] da Universidade de São Paulo (FAU/USP), em texto publicado em Carta Maior e que reproduzimos (AQUI), […]

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