Marcelo Zero: Mercadante no BNDES, o homem certo, no lugar certo, na hora certa
Tempo de leitura: 4 minO homem certo, no lugar certo, na hora certa
Por Marcelo Zero*
Mercadante no BNDES é um caso típico do homem certo, no lugar certo. E também na hora certa.
Mercadante é o homem certo porque ele é um dos melhores quadros que o Brasil tem. Poderia ocupar, com desenvoltura, qualquer cargo da nossa administração pública.
Formado em economia, possui também mestrado e doutorado na área. Ademais, tem uma longa e brilhante trajetória na vida pública brasileira.
Foi deputado federal, senador, presidente da Comissão de Economia da Câmara, Presidente do Parlamento do Mercosul, Líder do Governo no Senado, Ministro da Ciência e Tecnologia, Ministro da Educação, Chefe da Casa Civil etc.
Satisfaz, com sobras, todas as exigências ditadas pelo art.º 17 da Lei das Estatais, inclusive a relativa à quarentena, pois não ocupou cargos de direção partidária recentemente. A proposta de modificação dessa lei não tem nenhuma relação com ele, e nem com o senador Jean Paul Prates. É coisa do Centrão.
Não há, portanto, qualquer contestação possível quanto à sua excelência técnica.
Porém, o que mais qualifica Mercadante não é a sua reconhecida competência técnica. É o fato de que ele é um grande político, um grande homem público, que têm compromisso histórico com o desenvolvimento do Brasil e do seu povo.
Ao contrário do que apregoa a mídia conservadora, ainda contaminada por um neoudenismo “lavajatista”, que tende a criminalizar e deslegitimar a atividade política, ser um político com tal compromisso (não confundir com ter cargo político-partidário) é fundamental para se assumir funções públicas de alto relevo.
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A bem da verdade, quando se fala, no Brasil, que os cargos têm de ser ocupados por “técnicos”, em vez de “políticos”, o que se está a dizer, no fundo, é que tais cargos têm de ser assumidos por pessoas que tenham um perfil político-ideológico específico.
O perfil de pessoas comprometidas com políticas ortodoxas e conservadoras, já anacrônicas, que são do agrado do “mercado”, uma hipostasia que pode ser traduzida pela metonímia da “Faria Lima”.
Entretanto, a escolha política por políticas ortodoxas e conservadoras, que havia sido feita em 2018, foi agora derrotada. Em 2022, o povo escolheu outra coisa.
Escolheu um projeto fundado em políticas progressistas e transformadoras. Deslegitimar essa escolha, negando, a priori, sua “viabilidade técnica”, é algo profundamente antidemocrático.
O mundo social, ao contrário do mundo natural, não é dado; é construído pela práxis humana. Pode-se construir, dentro dos limites de um tempo histórico, diferentes tipos de sociedades e economias, a depender de escolhas políticas.
Pode-se, por exemplo, se optar por uma sociedade desigual, por uma economia basicamente primário-exportadora e por um país dependente e isolado.
Em sentido contrário, pode-se (e deve-se) optar por uma sociedade mais igualitária, sem pobreza e sem fome, por uma economia industrializada e moderna e por um país soberano, mas plenamente integrado à ordem mundial.
Ora, o povo brasileiro escolheu um projeto de reconstrução e transformação do país que conduz à segunda opção. Escolheu Lula. E, indiretamente, escolheu também Mercadante, que tem compromisso com tal projeto.
Por conseguinte, Mercadante é o homem certo não apenas por causa de sua competência técnica, mas, sobretudo, porque é um quadro alinhado com essa escolha democrática. Foi, na realidade, um dos principais formuladores desse projeto.
E Mercadante está no lugar certo.
O BNDES, nosso grande banco de desenvolvimento, será muito relevante para que esse projeto, essa escolha, possa se realizar.
Com efeito, no quadro do país quebrado herdado de Bolsonaro, acometido de asfixia fiscal, e num cenário externo conflitivo e restritivo, os mecanismos financeiros terão papel importante para desencadear estímulos ao crescimento.
O crédito, no Brasil, é escasso e caro. Como proporção do PIB, o volume de crédito está em torno de 50% do PIB.
No Chile, é algo ao redor de 120%. Nos EUA, de acordo com algumas estimativas, chega a 200% do PIB. Além disso, nossas taxas de juros ao tomador final são bem superiores as de muitos países do mundo.
Em tal contexto, ter um banco público como o BNDES, com capacidade para financiar investimentos, especialmente investimentos estruturantes de longo prazo de maturação, é um recurso crucial que não pode ser desperdiçado.
Assim, o BNDES precisa ser redinamizado, de modo a expandir o crédito, contribuir para torná-lo mais barato e, dessa forma, estimular o crescimento econômico, a geração de empregos e o consequente aumento das receitas, tendo a iniciativa privada como grande parceira.
Não se trata de voltar ao passado. Trata-se de usar o BNDES para se construir o futuro.
É por isso que os setores mais esclarecidos do “mercado”, aqueles que querem produzir competitivamente e se modernizar, apoiam Mercadante.
Por último, Mercadante assumirá o BNDES na hora certa.
A necessidade de se proceder à chamada transição ecológica e de “descarbonizar” as atividades produtivas cria oportunidade histórica para que o Brasil se industrialize, em bases modernas e digitais.
Como se sabe, nosso país tem tudo para ser uma grande “potência verde”, talvez a maior do mundo. Esse potencial poderá sustentar a nossa entrada na 4º Revolução Industrial, a qual vem criando a economia e a indústria do futuro.
Contudo, isso não acontecerá por geração espontânea. Serão necessários grandes investimentos, notadamente investimentos estruturantes de longo prazo, que não interessam muito às finanças privadas, para que esse potencial se realize.
A hora é agora. A corrida pelo futuro já começou e o Brasil não pode ficar para trás.
Felizmente, temos quadros, ao mesmo tempo políticos e técnicos, como o de Mercadante, para conduzir tal processo.
A incerteza não será afastada pela mítica e elusiva “fadinha da confiança” das políticas ortodoxas, que nunca se materializa. A incerteza, que coíbe os investimentos privados, será afastada por um concreto desenvolvimento social e ambientalmente sustentável, estimulado por imprescindíveis parcerias público-privadas.
Esse é o rumo certo do homem certo, no lugar certo, e na hora certa.
*Marcelo Zero é sociólogo e especialista em Relações Internacionais.
Leia também:
Marcelo Zero: A imensa dívida em soberania e prestígio internacional que Bolsonaro deixou
Flavio Aguiar: O insólito autogolpe do candidato a Messias, usurpador do Planalto
Comentários
abelardo
Mercadante é uma escolha pertinente, prudente, decente e inteligente.
Ele possui qualidades técnicas, equilibradas e sociais.
É leal, é fiel e é indiscutivelmente uma excelente e merecedora escolha.
abelardo
Perfeito!
O povo na rua marca o seu terreno e mostra a sua força, que emana do seu poder constitucional.
O povo na rua dá o seu recado e ratifica a sua decisão eleitoral, pessoa, legal e plena de direito.
O povo na rua é a vontade popular consagrando e expressando livremente a legalidade, a liberdade e a democracia, em sua total plenitude.
O povo na rua é paz, é alegria, é amor, é estar em casa, é estar família e em seu lar.
Zé Maria
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“O PT faz o esperado como sócio [Partido] majoritário de uma coalizão:
cobra espaço.
MDB, PSD, PSB, etc, fazem o mesmo: cobram espaço.
Todos vão sugerir nomes para todos os ministérios possíveis.
Lula vai decidir.
Jornais que criminalizam uma negociação política NORMAL
fazem um desserviço.”
Jornalista FELIPE BETIM
https://twitter.com/FelipeBetim/status/1603523772023201792
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Antonio Azevedo
EXCELENTE QUADRO. PARAR A PRIVATIZAÇÃO DA CORSAN: É PRESERVAR DIREITOS FUNDAMENTAIS
Enquanto isso o governador gaúcho insiste na privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN) pautado no famigerado Marco do Saneamento. Entretanto, não veio à tona um debate razoado, central e ponderado com ampla participação popular sobre o controle e transformação da água doce em mercadoria/valor econômico. Ou seja, aqueles que defendem que a água doce tem valor econômico e por consequência é um bem econômico estão pautados por um dos princípios basilares estabelecidos pela Conferência Internacional de Água e Meio Ambiente (Dublin, Irlanda, 1992) que reconheceu que a água tem valor econômico em todos os diversos usos. Entretanto, para aqueles que defendem que a água não é mercadoria mas um Direito Humano estão alinhados com a Resolução da Assembleia Geral da ONU A/RES/64/292, em 2010, que reconheceu de maneira formal que a água doce e o saneamento são direitos humanos fundamentais, nesse entendimento também estão as Resoluções do Conselho dos Direitos Humanos, por exemplo, A/HRC/RES/16/2-2011; 18/1-2011; 21/2-212; 24/18-2013 e 27/7-2014 que reafirmam e reconhecem a responsabilidade dos Estados em promover a água como um direito humano fundamental e assegurar o desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas (ONU), evoluiu no entendimento da Conferência pós-Dublin em reconhecer o acesso a água e ao saneamento como direito humano fundamental e não como mercadoria ou valor econômico. Detalhe: diversos outros diplomas internacionais adotam, direta ou indiretamente esse entendimento da ONU, desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), passando pelo Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966) como a própria Conferência de Dublin em seu art. 4 “(…) é vital reconhecer primeiro o direito básico de todos os seres humanos a terem acesso à água limpa e saneamento a um preço acessível “. Dito isso, insistir na entrega do patrimônio dos gaúchos através da narrativa esdrúxula da privatização da água pautada no Marco do Saneamento como fez o congresso nacional em criar essa lei sem a devida participação popular nos fóruns de debates em detrimento à sua dimensão social como direito humano fundamental assegurando o desenvolvimento sustentável para resguardar os interesses das gerações futuras – parece ser mais um escárnio e está muito mais relacionado com interesses rentista-financeiros do que em efetivamente proporcionar a universalização e acesso a água às pessoas mais pobres e desassistidas pelo Estado, principalmente em tempos de urgência climática e guerras pelo mundo afora pelo acesso a água doce. Destarte, não se espera outra coisa a não ser a judicialização desse ataque descabido e insano aos direitos humanos fundamentais, pois a água não é mercadoria! É Direito!
Antônio Sergio Neves de Azevedo – Mestrando em Direito – Curitiba/Paraná.
Zé Maria
Aloizio Mercadante tem um Papel Fundamental no Gabinete de Transição.
Zé Maria
E exerce uma Função ‘AntiCíclica’ como Contraponto ao Alckmin (e à Globo).
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