Marcelo Zero: EUA podem “passar a mão” em US$ 268 bilhões da Rússia
Tempo de leitura: 3 minEUA podem “passar a mão” em US$ 268 bilhões da Rússia
Por Marcelo Zero*
Na última terça-feira, o Senado dos EUA aprovou o novo pacote ajuda militar à Ucrânia, Israel e Taiwan.
São US$ 95, 3 bilhões em ajuda.
Para a Ucrânia, são US$ 60,8 bilhões. Muito dinheiro.
Boa parte, entretanto, é para repor estoques gastos pelos EUA.
Biden disse ao Wall Street Journal:
“Enviaremos equipamento militar dos nossos próprios estoques e depois utilizaremos o dinheiro autorizado pelo Congresso para reabastecer esses estoques, comprando-os a fornecedores americanos. Isso inclui mísseis Patriot fabricados no Arizona, mísseis Javelin fabricados no Alabama e projéteis de artilharia fabricados na Pensilvânia, Ohio e Texas”.
Mas cerca de US$ 13 bilhões irão para o fornecimento de armas mais sofisticadas, como sistemas ATACMS de longo alcance (300 km.), bem maior que os utilizados até agora.
Com esse alcance, os ucranianos poderão atingir, inclusive com bombas de fragmentação, alvos bem no interior da Crimeia.
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A ideia, evidentemente, é evitar o iminente colapso militar da Ucrânia, o que seria um desastre eleitoral para Biden; e também estimular a indústria de defesa dos EUA.
O presidente Biden também prometeu:
“Assinarei imediatamente esta lei para enviar um sinal ao mundo inteiro: apoiamos os nossos amigos e não permitiremos que o Irã ou a Rússia tenham sucesso”.
Os aliados transatlânticos de Washington também estão mobilizados, como se verificou com a reunião virtual do Conselho OTAN-Ucrânia a nível dos Ministros da Defesa Aliados, presidida pelo Secretário-Geral Jens Stoltenberg, em Bruxelas, no último sábado.
O porta-voz do Pentágono, major-general Pat Ryder, revelou que a administração Biden está considerando enviar conselheiros militares adicionais para a Ucrânia, uma vez que “as condições de segurança evoluíram”.
Há notícias de que a França já teria enviado “assessores militares” para Odessa.
Não bastasse, a lei aprovada também prevê o banimento da rede social chinesa Tik Tok ou sua venda compulsória a estrangeiros. A “acusação” seria o suposto envio de informações para o governo chinês.
Uma acusação no mínimo curiosa, vinda de um país que obriga suas big techs a enviar os dados dos usuários para a NSA. Elon Musk, o “libertário”, se submete a essa regra.
Entretanto, o mais preocupante nessa nova lei de ajuda dos EUA é aquilo que favorece o confisco de ativos russos já “congelados” para financiar a Ucrânia e, consequentemente, a própria indústria bélica dos EUA.
Não é pouca coisa. São cerca de US$ 268 bilhões em ativos financeiros “congelados”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov bem destacou que isso
“é essencialmente a destruição de todos os fundamentos do sistema econômico. Isso é uma usurpação da propriedade estatal, dos ativos estatais e da propriedade privada. Isto não deve de forma alguma ser interpretado como uma ação legal – é ilegal. E, consequentemente, estará sujeito a ações retaliatórias e processos judiciais”.
Obviamente, a intenção americana é, em primeiro lugar, forçar a UE a seguir uma trajetória semelhante e, assim, destruir quaisquer perspectivas residuais de reconciliação entre a Rússia e a Europa durante muito tempo.
Em segundo lugar, fornecer os meios para utilizar, em última análise, os ativos “congelados” da Rússia com o intuito de gerar negócios para o complexo industrial militar dos EUA.
Em terceiro lugar, e mais importante, criar um precedente geopolítico para ser usado em qualquer confronto futuro entre o Ocidente e a China.
Beijing entendeu perfeitamente a pretensão de se criar um precedente extremamente perigoso.
Segundo Beijing, isso estabelecerá um “precedente desastroso contra a ordem financeira internacional existente”.
Com efeito, esse uso político e claramente ilegal do sistema financeiro internacional tende a comprometer toda a economia mundial.
Nenhum país estaria a salvo. Qualquer um que tenha ativos em dólares ou euros poderia ser atacado dessa forma, inclusive o Brasil.
Além se serem “congelados”, os ativos soberanos poderiam também ser “confiscados”, sob quaisquer motivos.
É por tais razões que crescem, no mundo inteiro, as desconfianças em relação ao dólar e ao sistema financeiro nele assentado.
Não se trata apenas do imenso déficit dos EUA, sempre agravado pelos gastos bilionários com guerras e conflitos.
O caso é que ninguém gosta da ameaça de ver seus ativos “congelados”, muito menos roubados.
No afã vão de combater seus “inimigos” e recuperar sua antiga hegemonia absoluta, os EUA estão comprometendo a credibilidade de sua própria moeda e de todo o sistema financeiro mundial.
*Marcelo Zero é sociólogo e especialista em Relações Internacionais.
Comentários
Zé Maria
Bem lembrado, prezado Nelson.
E retroagindo um pouco mais na História
não esqueçamos que, sob o Pretexto do
“Destino Manifesto”, os Estados Unidos da
América (EUA) surrupiaram Mais de 50%
do Território do México, tudo em Nome de
‘Deus’ e da ‘Liberdade’, tal qual os Sionistas
fizeram e fazem na Palestina.
Nelson
Ah, e tem mais ainda, Zé.
Esqueci de citar o caso do avião que foi, solenemente, roubado ao povo venezuelano pelo governo dos EUA, em conluio como Judiciário da Argentina e o atual (des)governo de Milei, claro.
Nelson
Afanaram também cerca de US$ 150 bilhões pertencentes ao povo líbio, Zé Maria. E, como se isso fosse pouco, para justificar o roubo e a destruição do país africano, ainda puseram-se a divulgar que Kadafi teria guardado para ele e sua família essa dinheirama toda.
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Afanaram ainda US$ 7 bilhões ao povo afegão. Ficaram 20 anos ferrando os afegãos e destruindo o país, e, quando resolveram de lá sair, ainda tiveram o desplante de alegar que o povo local estaria devendo essa quantia como reparação por perdas y otras cositas.
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Da Venezuela, afanaram também US$ 1 bilhão em ouro que estava depositado em banco inglês.
marcio gaúcho
O Fundo Soberano do Brasil, lastreado em títulos da dívida norte-americana e ouro físico, depositados nos USA, jamais poderão ser repatriados. Toda a vez em que o Brasil cogita sacar parte dos recursos, que são da nação brasileira, os americanos barram e oferecem linhas de crédito nos seus bancos. Utilizam o nosso crédito para nos fornecer crédito e ainda faturar com os juros! Incrível como funciona esse sistema financeiro, imposto ao mundo todo.
Nelson
Este é o país que se arvora o direito de cobrar dos demais o respeito à democracia, o respeito aos direitos humanos, o respeito à ordem internacional e “respeito aos contratos”.
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Arrogância, cinismo, hipocrisia, acinte e desplante em doses cavalares, inimagináveis.
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A mensagem que fica, bem clara, é: vocês devem aceitar, pelo resto dos tempos, que nós, EUA e Europa, continuemos a roubar o restante do mundo. Ainda que isto signifique que vocês tenham que permanecer, também pelo resto dos tempos, na pobreza ou na miséria.
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Fica claro, também, para os demais povos, que não há outro caminho. Será necessário “quebrar o corincho”, como dizemos os gaúchos, das plutocracias que mandam na democracia (sic) dos EUA e nas democracias (sic) da Europa para que possamos ter para que possamos ter paz e uma vida digna para cada ser humano.
Zé Maria
Excertos.
…“a lei aprovada também prevê o banimento da rede social chinesa Tik Tok
ou sua venda compulsória a estrangeiros.
A ‘acusação’ seria o suposto envio de informações para o governo chinês.
Uma acusação no mínimo curiosa, vinda de um país que obriga suas
‘Big Techs’ a enviar os dados dos usuários para a NSA.
Elon Musk, o ‘libertário’, se submete a essa regra.
Entretanto, o mais preocupante nessa nova lei de ajuda dos EUA
é aquilo que favorece o confisco de ativos russos já ‘congelados’
para financiar a Ucrânia e, consequentemente, a própria indústria
bélica dos EUA.
Não é pouca coisa.
São cerca de US$ 268 bilhões em ativos financeiros ‘congelados’.”
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Os Estados Unidos da América são o País Mais Rapinador do Mundo.
Não faz muito tempo que Roubaram os Ativos da PDVSA, da Venezuela]
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