Manifesto de intelectuais franceses denuncia ataque a movimentos sociais no Brasil
Tempo de leitura: 4 minZelaya e Lugo, os primeiros degolados por “golpes legais” em Honduras e no Paraguai
Contra o golpe de Estado constitucional, afirmamos nosso apoio e nossa solidariedade à democracia e aos movimentos sociais brasileiros
Os movimentos sociais brasileiros estão sendo diretamente atacados.
Eles estão sujeitos a uma ofensiva política de grande amplitude que leva o Brasil a um extenso período de regressão democrática.
Desde o início de maio, Dilma Rousseff, Presidenta eleita com 54 milhões de votos, foi afastada do poder pelas duas câmaras do Congresso Nacional.
Parlamentares, deputados e senadores amplamente envolvidos em casos de corrupção, instauraram um processo de impeachment contra a presidente, acusando-a de irregularidades contábeis para camuflar o déficit nas contas públicas.
Essa prática, rotineira de todos os governos brasileiros, não constitui nenhum dos crimes de responsabilidade previstos pela Constituição brasileira.
É por esse motivo que os movimentos sociais, os sindicatos e todas as forças progressistas do país caracterizam a destituição de Dilma Rousseff como golpe de Estado institucional.
A Operação Lava Jato, escândalo de corrupção ligado à empresa nacional de petróleo, Petrobras, envolvendo políticos brasileiros e construtoras no financiamento de campanhas eleitorais, indignou, merecidamente, o povo brasileiro.
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Todos os partidos políticos estavam envolvidos em tal operação, e os deputados de direita que lideraram a campanha contra a presidente estão dentre os mais comprometidos nesse escândalo.
Se apoiando nas mobilizações populares, a direita avaliou que tinha chegado o momento de iniciar uma grande ofensiva para eliminar o Partido dos Trabalhadores (PT), cujas vitórias eleitorais eles nunca aceitaram.
O processo de impeachment contra Dilma Rousseff contou com o apoio de poderosas igrejas evangélicas, que possuem grande influência dentro do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), assim como dentro de diversos outros partidos de direita menores, que juntos possuem a maioria em ambas as câmaras do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal).
A prática do golpe de Estado legal parece ser a nova estratégia das oligarquias latino-americanas.
Após Honduras e Paraguai, foi a vez do Brasil.
Essas novas formas de golpe de Estado sem o uso de armas se apoiam sobre uma classe política conservadora e neoliberal.
Apesar dos ganhos sociais obtidos nos anos 2000 na América Latina, a direita e a extrema direita continuam sendo forças políticas poderosas, capazes de mobilizar grandes grupos através do apoio dos meios de comunicação dominantes, que por sua vez são completamente controlados pelos conglomerados industriais e pelas oligarquias nacionais.
Alguns chegam a pedir a abolição do programa social Bolsa Família e das medidas implementadas pelo PT para reduzir as desigualdades.
O atual presidente interino, Michel Temer (líder do PMDB), já formou seu governo, composto unicamente por homens brancos, ricos e de meia-idade.
Logo em seus primeiros dias, o governo de Temer aboliu o Ministério da Cultura e o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, e anunciou uma redução significativa nos gastos do Sistema Único de Saúde (SUS), equivalente à Seguridade Social na França.
A direita brasileira está comprometida com uma agenda de extrema radicalização.
Ela fala sobre a necessidade de “erradicar” o PT e, especialmente, os movimentos sociais que o apoiaram, tais como os sindicatos de trabalhadores e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Mesmo que muitos deles critiquem a política econômica, social e ecológica conduzida pelo governo do PT, os movimentos sociais se opõem ao que é de fato um golpe de Estado constitucional.
Sobretudo porque o eventual retorno da direita ao poder pode significar uma grande ofensiva contra as conquistas sociais, e provavelmente até mesmo a criminalização das dissidências e das ações sociais, práticas que eram a norma antes da eleição de Lula em 2002.
Em apoio à democracia brasileira, afirmamos junto aos movimentos sociais brasileiros:
“NÃO AO GOLPE, FORA TEMER!”
• Christophe Aguiton, Attac France
• Claire Angelini, artiste et cinéaste
• Christian Azaïs, LISE – CNRS / CNAM
• Geneviève Azam, économiste, membre du conseil scientifique d’Attac
• Luc Boltanski, sociologue, directeur d’études à EHESS
• Pierre Beaudet, Université d’Ottawa
• Susana Bleil, sociologue, maître de conférence à l’université du Havre
• Stella Bierrenbach, artiste
• Erika Campelo, Autres Brésils
• Mathias Cassel aka Rockin’ Squat, chanteur
• Bernard Cassen, président d’honneur d’Attac, secrétaire général de Mémoire des luttes
• Henryane de Chaponay, CEDAL
• Jean-François Claverie, Observatoire des Changements en Amérique Latine
• Thomas Coutrot, économiste, membre du conseil scientifique d’Attac
• Mazé Torquato Chotil, chercheuse et écrivaine
• Dr Fabien Cohen, chirurgien dentiste de santé publique, secrétaire général de France Amérique Latine
• Bernard Dreano, Assemblée européenne des citoyens
• Jean-Pierre Duret, réalisateur
• Marilza de Melo Foucher, docteur en Économie, journaliste et blogueuse
• Afrânio Raul Garcia Jr., antropologue, CESSP/EHESS
• Susan George, présidente du Transnational Institute
• François Gèze, éditions La Découverte
• Franck Gaudichaud, Président de France Amérique Latine, universitaire
• Jean-Marie Harribey, économiste, Université de Bordeaux.
• Jean-Jacques Kourliandsky, chercheur à Institut de Relations Internationales et Stratégiques (IRIS-Paris)
• Kamal Lahbib, Forum des alternatives Maroc
• Jean-Louis Laville, sociologue
• Frédéric Lebaron, sociologue, professeur à l’Université de Versailles-Saint-Quentin-en-Yvelines
• Gustave Massiah, Cedetim/Ipam, membre du Conseil international du Forum social mondial
• Gilles Maréchal, Pacé, économiste, consultant
• Gérard Mauger, directeur de recherche émérite CNRS
• Patrice Pinell, directeur de recherche, CESSP
• Louis Pinto, sociologue
• Ignacio Ramonet, journaliste Le Monde Diplomatique
• Messaoud Romdhani, Forum Tunisien pour les Droits Économiques et Sociaux (FTDES)
• Pierre Salama, économiste, professeur émérite université Paris XIII
• Andrea Santana, réalisatrice
• Alexis Saludjian, professeur IE- UFRJ
• Glauber Aquiles Sezerino, sociologue, Autres Brésils
• Christophe Ventura, enseignant à l’Institut d’études européennes de Paris 8, Mémoire des luttes
• Patrick Viveret, philosophe, citoyen impliqué
• Freddy Vitorino, producteur
• Eric Toussaint, CADTM
• Célina Whitaker, Collectif Richesses
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