Levante interdita rodovia para cobrar punição de torturadores
do Levante Popular, via e-mail
O Levante Popular da Juventude de SP promoveu neste domingo (14) ato com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para o relatório da Comissão Nacional da Verdade, cobrando, em especial, a punição dos torturadores da Ditadura Militar.
O ato ocorreu às 17h no km 228 da Rodovia Washington Luiz, na altura do viaduto Getúlio Vargas, em São Carlos. Cerca de 500 jovens fizeram parte da manifestação que fechou as atividades do II Acampamento Estadual do Levante.
Acompanhados pela batucada, os ativistas entoaram músicas e palavras de ordem contra a ditadura, pela desmilitarização da polícia militar, pela justiça e condenação dos torturadores.da ditadura.
Segundo Luiza Troccoli, militante do Levante, o ato é para cobrar e exigir a punição de todos os torturadores que mataram e ainda matam nosso povo lutador, seja na época da ditadura, seja hoje com o genocídio do povo negro.
Parte do II Acampamento, o evento reuniu 500 jovens de 30 cidades do estado. Os participantes debateram os temas que fizeram parte de sua atuação política do movimento nos últimos 2 anos, com ênfase na reivindicação pela reforma política e na luta por Memória, Verdade e Justiça quanto aos crimes cometidos na Ditadura Militar.
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O Levante e a luta por Memória Verdade e Justiça
O Levante Popular da Juventude é um movimento social que organiza jovens em torno de diversas pautas políticas de interesse popular.
O Levante está nacionalizado no Brasil desde seu I Acampamento Nacional, que ocorreu no Rio Grande do Sul em 2012. De lá para cá, o movimento ganhou notoriedade com a realização de inúmeros escrachos contra os torturadores da Ditadura Militar. A atuação do Levante contribuiu decisivamente para a instalação da Comissão Nacional da Verdade, com o objetivo de investigar crimes e violências cometidos por autoridades estatais entre 1964 e 1985.
No dia 10 último, os trabalhos da CNV chegaram ao fim, com a produção de um relatório. O relatório traz diversas recomendações ao Estado brasileiro, que incluem a desmilitarização das polícias militares estaduais, entre diversas outras pautas com as quais o Levante têm atuado desde sua criação.
Em especial, o Levante cobra a revisão da Lei de Anistia e a punição dos agentes responsáveis por torturas, mortes e desaparecimentos durante a Ditadura, por ser medida imprescindível para o aprofundamento da democracia em nosso país.
Nota do Levante Popular da Juventude – SP
Por que ocupamos a Washington Luiz
A ditadura militar brasileira, como em outros países latino-americanos, foi instalada em detrimento da democracia, do direito da população a ter voz. Sequestraram, torturaram, mataram qualquer pessoa que tentasse impedir esse processo. Em seu lugar, consolidou-se o autoritarismo em nome do imperialismo norte-americano.
Desde seu fim, várias organizações lutam pelo direito à Memória, Verdade e Justiça e um dos avanços dessa luta foi a construção da Comissão Nacional da Verdade, além das Comissões estaduais e locais.
No último dia 10, a CNV lançou seu relatório final que contem 29 recomendações. A desmilitarização da PM, extinção dos autos de resistência e reconhecimento de culpa do Exército são algumas delas.
Por isso, no dia 15 de dezembro, o Levante Popular da Juventude vai às ruas para fazer coro a essas recomendações. Além disso, reivindicamos a punição dos torturadores!
Apesar de seus limites, conquistamos o direito à Memória e à Verdade. Agora queremos justiça!
Existe uma relação intrínseca entre a impunidade dos torturadores, a violência policial e o sistema político vigente com o processo inacabado de democratização do país. A violência do Estado ditatorial é a mesma que hoje possui em sua estrutura os autos de resistência que é um dos instrumentos que tem justificado o extermínio da juventude pobre, em especial negra, nas periferias das grandes cidades.
E essa juventude quer ser ouvida. E sabemos que só nas ruas isso vai acontecer.
Queremos a revisão da Lei de Anistia!
É nóis por nóis!
Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça!
#LevanteContraATortura
Nota pública do Levante sobre o relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV)
Leia também:
Comentários
Arquimedes Andrade
Como disse o nosso grande poeta e cantor Gonzaguinha: acredito nesta juventude/ que vai em frente e segura o rojão ( a luta nossa de cada dia).
FrancoAtirador
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“Como toda uma geração, fui muito torturada…
Fiquei quase três anos presa.
O marco que eu tenho é que minha filha
tinha um ano e oito meses quando fui presa.
Quando eu saí, ela tinha cinco.
Ela ficou com a minha mãe.”
“Depois que eu saí da cadeia em 74, fui pra Belo Horizonte,
morei com a minha mãe uns meses, e depois meu ex-marido saiu
e nós começamos um processo de recuperação dela.
Isso foi muito doloroso
porque o sentimento de perda dela era absurdo…
Ela não nos reconhecia como pai e mãe
nem como pessoas…”
Eleonora Menicucci
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Nascida em meados da Década de 1940, Eleonora Menicucci de Oliveira,
hoje Ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres,
mãe de dois filhos (Maria* e Gustavo) e avó de três netos (Stella, João e Gregório),
é mineira da cidade de Lavras, onde cursou até o Colegial [2º Grau]
e se formou no Normal [atual Magistério], em 1963. Nesse mesmo ano,
partiu da sua Terra Natal para a Capital, Belo Horizonte, para trabalhar como Professora e dar continuidade aos Estudos.
Nos dois anos seguintes, foi aprovada, sucessivamente, nos vestibulares para os Cursos de Pedagogia (1964), Ciências Sociais (1964) e Medicina (1965), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
bem como em Concurso para exercer o Magistério em Escola Pública de 5ª a 8ª Séries (1965).
Ainda cedo na juventude, nessa Década de 1960, Eleonora se interessou pelo Ideário Socialista, militou no Movimento Estudantil Universitário e, após o Golpe de Estado de 1964, iniciou sua participação em organizações de esquerda
contra a Ditadura Militar, primeiro no PCB, depois na POLOP
e por fim no POC, onde militou até início da Década de 1970.
Em 1971, Eleonora foi presa pela OBAN (Operação Bandeirantes)
e torturada física e psicologicamente, chegando à loucura de presenciar
sua própria filha Maria*, com menos de dois anos de idade,
sofrer eletrochoques dos torturadores sádicos, um deles médico.
Afastada da filha, permaneceu no Presídio Tiradentes, na cidade de São Paulo,
até 1974, quando foi solta e prosseguiu nos estudos acadêmicos.
Eleonora Menicucci possui Graduação em Ciências Sociais pela UFMG (1974), Mestrado em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Doutorado em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo (USP), Pós-Doutorado em Saúde e Trabalho das Mulheres pela Facultá de Medicina della Universitá Degli Studi di Milano, na Itália, e Livre Docência em Saúde Coletiva pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
Antes de assumir a titularidade da Secretaria Especial da Presidência da República de Políticas para as Mulheres, em 2012, exercia o Cargo de Professora Titular em Saúde Coletiva no Departamento de Medicina Preventiva Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), acumulando a Pró-Reitora de Extensão da UNIFESP, liderando o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde da Mulher e Relações de Gênero, sendo Relatora no Brasil para o Direito à Saúde do Alto Voluntariado da ONU (Organização das Nações Unidas).
*Em 1985, Maria Oliveira,
filha de Eleonora Menicucci,
junto com Marta Nehring,
dirigiu o documentário “15 Filhos”:
(http://youtu.be/bkTO6cS8hiQ).
O filme retrata a época da ditadura
por meio da memória de infância
dos filhos de militantes presos,
mortos ou desaparecidos.
Em seu depoimento, Maria homenageia a mãe.
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Quinta-feira, 11 de dezembro de 2014 às 18:11
Blog do Planalto
Entrevista especial com a Ministra Eleonora Menicucci
da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres:
Ela conta que tamanha era a dor física e psicológica,
além do sofrimento em ter seus amigos assassinados,
que, na época, chegou a preferir ter morrido.
“Quando disse… que preferia ter morrido,
tamanha era a dor da tortura,
e a dor de ver companheiros assassinados
ou companheiras assassinadas,
que eu não sabia se eu teria força
para aguentar mais…
Hoje eu tenho uma felicidade tão grande
de estar viva para poder contar a história,
para que ela não se repita”,
diz.
Ela relata como era a convivência entre as mulheres com quem dividiu as celas,
incluindo a presidenta Dilma Rousseff:
“As mulheres, na luta contra a ditadura, tiveram um papel importantíssimo.
Foram fortes, determinadas e decisivas, tanto no movimento estudantil
como no movimento sindical, nas prisões, no enfrentamento à tortura”.
Leia a seguir trechos e assista à entrevista completa no final desta matéria.
Ministra, a senhora pode contar um pouco sobre sua experiência pessoal durante a ditadura?
Fui presa em 1971, em julho.
E, como toda uma geração, fui muito torturada,
muito violentada, todo tipo de tortura.
No DOI-CODI você podia ser assassinada,
morrer ou não, e ninguém ficava sabendo…
Fomos para o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), onde você
fazia depoimentos e você não estava sob tortura física,
você estava sob tortura psicológica,
você precisa ser muito forte para sobreviver à ela.
A senhora ficou presa por quanto tempo?
Ao todo eu fiquei quase três anos presa.
O marco que eu tenho, é que minha filha
tinha um ano e oito meses quando fui presa.
Quando eu saí, ela tinha cinco.
Ela ficou com a minha mãe.
Ficaram traumas?
É, tem um trauma…
Eu diria que eu transformei, com a psicanálise que eu fiz,
o trauma na saudade do que eu não tive, que foi ver o crescimento
[da minha filha], participar do crescimento dela e estar com ela.
Durante o lançamento do Portal Memórias da Ditadura
(http://memoriasdaditadura.org.br), a senhora disse
que chegou a pensar que seria melhor ter morrido.
Quando disse aquela frase, que preferia ter morrido,
tamanha era a dor da tortura, e a dor de ver companheiros assassinados
ou companheiras assassinadas, que eu não sabia se eu teria força para aguentar mais.
Para a senhora, pessoalmente, qual é o sentimento
nesta semana, com a divulgação do relatório?
Nos 50 anos do golpe se entrega o relatório da CNV.
Essa semana eu estou muito emocionada, acho que é uma semana
importantíssima, de grande magnitude política do Brasil,
para a América do Sul, que só faltava o Brasil.
Mas para nós estamos sem revanchismo, sem mágoa, em hipótese nenhuma…
Qual o significado de a senhora ter estado na torre das donzelas
e hoje ser ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres?
É um processo que me honra muito.
Mas também me faz muito humilde de saber que toda essa história
é uma história que eu fiz com um coletivo de mulheres.
Porque eu acredito nisso, e aqui eu preciso das mulheres
para que as políticas se façam, se tornem efetivamente
realidade nas vidas delas.
Íntegra da Entrevista em Vídeo: (http://youtu.be/3Xwz3Vjhpd4)
(http://blog.planalto.gov.br/entrevista-especial-com-eleonora-menicucci-como-toda-uma-geracao-fui-muito-torturada)
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(http://www.spm.gov.br/sobre/ministra)
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Eleonora_Menicucci)
(http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2012/02/07/legalizacao-do-aborto-e-assunto-do-congresso-e-nao-do-executivo-afirma-nova-ministra.htm)
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(http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1882)
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Estelina Rodrigues de Farias
É bom ver tantos jovens clamando por justica, enquanto a mídia direitista, que apoiou o golpe militar de 1964, propaga opinioes contra as sugestoes do relatório da Comissao Nacional da Verdade.
Estelina Rodrigues de Farias
Avante Levante
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