Julian Rodrigues: A juíza representante das classes dominantes e o vereador que luta contra todos os tipos de opressões

Tempo de leitura: 4 min
A juíza Joana Ribeiro Wimmer, de Santa Catarina, e o vereador Renato Freitas (PT-PR). Fotos: Reprodução/ Assoaciação dos Magistrados Catarinenses e Euduardo Matysiak

A juíza de Florianópolis e o vereador de Curitiba

Por Julian Rodrigues*

E se esse mesmo deputado
Defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
e nenhum no marginal ?
(Caetano Veloso – Haiti)

Joana ou Renato?

Santa Catarina. Joana Ribeiro Zimmer (juíza) – juntinha com Mirela Dutra Alberton (promotora) oprimiram, torturaram e tudo o mais fizeram para aniquilar a dignidade de uma criança de apenas 11 anos.

Estuprada, essa menina engravidou. Desesperada, a mãe foi atrás de salvar a filha.

Reportagem do The Intercept Brasil detalhadamente conta e mostra a via crúcis dessa pequenina brasileira. E escancara o horror que é nosso atual “sistema de justiça”.

“Dois dias após a descoberta da gravidez, a menina foi levada ao hospital pela mãe para realizar o procedimento [interrupção legal da gestação]. O Código Penal permite o aborto em caso de violência sexual, sem impor qualquer limitação de semanas da gravidez e sem exigir autorização judicial. A equipe médica, no entanto, se recusou a realizar o abortamento, permitido pelas normas do hospital só até as 20 semanas. A menina estava com 22 semanas e dois dias”.

A violação dos direitos dessa criança se inicia aí, com tais médicos. Provavelmente um bando de homem branco velho machista (bolsominions) – mas é isso um mero palpite, embora que seria bem típico, aliás.

A juíza em questão trata a menina estuprada como mera fêmea parideira, chocadeira ambulante ou algo do gênero – é repugnante.

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Não recomendo à saúde mental de ninguém assistir ao interrogatório macabro conduzido pela senhora “magistrada”.

Trata-se da prolongada tortura de uma criança. Sim, é isso mesmo.

Grande alerta vermelho. Diz tudo sobre a fascistização de boa parte do nosso Judiciário (e Ministério Público).

Ocorre que não se trata só do reacionarismo insensível da jovem loira magistrada catarinense, a Joana (parceirinha da promotora Mirela Dutra Alberton).

Uma desembargadora, magistrada de segunda instância – Cláudia Lambert de Faria – se negou a tirar a menina estuprada do abrigo ao qual havia sido confinada pela loiraça fake, nossa sábia, a Ribeiro Zimmer – que, registre-se de novo, realizou o desejo da promotora. Três senhoras do bem – afinal das contas.

A mega ponderada, empática e sensível (contém ironia) juíza chegou a nomear um “curador do feto”. Sim. É isso mesmo.

Posições políticas ou ideológicas à parte, a medicina é unânime em destacar o altíssimo risco que uma criança de 10 anos enfrenta ao tentar completar uma gravidez ( e vamos repetir: fruto de estupro, estupro, estupro, estupro, estupro, estupro).

É sempre baixíssima a probabilidade do parto ser bem sucedido, resultando no nascimento de um bebê saudável.

Mas será que um feto deve ter mesmo ter tantos e tão supremos direitos? Ou as decisões da juíza em tela são motivadas por outros valores morais, políticos e ideológicos?

Qualquer embrião em desenvolvimento deve ter mais proteção do Estado do que uma mulher adulta e violentada, que gerou e carrega no seu próprio ventre esse amontoado de células?

A promotora, a juíza e a desembargadora catarinenses acharam que sim. Acreditam que uma mulher grávida não tem nenhum direito, só o embrião ou feto – mesmo oriundos do esperma de um estuprador, os tem.

Mas nem mesmo um tiquinho de dignidade há de merecer uma criança brutalmente violentada? Pergunta direcionada – com repulsa e asco especialmente às vossas excelências Joana (juíza) e Cláudia (promotora).

Não sei em quem essas três operadoras do direito votaram em 2018. Apenas posso imaginar – enquanto sigo chorando pela menina duplamente violentada.

A propósito: sua majestade togada, a senhora Joana Ribeiro se negou a comentar o caso – pretensamente indignada pelo vazamento das imagens da audiência. Sim, aquela mesma na qual essa juíza torturou a menina gestante, vítima de estupro.

A carne mais barata

Renato Freitas, apesar de ter nascido em Sorocaba – e ter só 38 anos- é curitibano, de fato e de direito.

Aparenta ter uns 25, no máximo.

O moço petista preto virou vereador em 2018. 5 mil votos, um mestrado mais um lindo cabelo black power. Em Curitiba.

É, lá mesmo, no berço do lavajatismo – na branca e conservadora capital do Paraná. Um feito por si só.

Renato é fã de rap, graduado e mestre em direito pela UFPR, filho de um pai que foi encarcerado – e morreu aos com pouco mais de 30 anos, igualzinho ao seu irmão mais velho (assassinado com um tiro na cabeça).

Em junho do ano passado, Freitas ficou 3 horas em cana. Motivo: estava jogando basquetebol em uma praça e foi denunciado. “Perturbação do sossego” era a alegação. Os PMs o prenderam por “atrapalhar o procedimento da polícia”. Tudo registrado em vídeo.

O incômodo da burguesia curitibana com a força e representatividade do vereador petista é um negócio que mereceria até uma pesquisa acadêmica detalhada. Além de regozijo e divulgação.

Renato é um alvo.

Como também os foram Marielle Franco, Bruno Pereira, Dom Philips e Margarida Alves.

E como ainda o é Lula – junto com todas pessoas que se colocam de pé – enfrentando as classes dominantes neoliberais neofascistas.

Renato Freitas não poderia nunca ter pisado ali, naquele salão chic da Câmara de Curitiba.

Nem ser um preto tão inteligente, preparado, carismático e com voto. Ainda, muito menos ainda, sendo um mero petista. Foi demais.

Perseguição, isolamento, difamação. Até que os vereadores curitibanos cassaram o mandato de Freitas.

Zimmer e Freitas

Mas o que tem a ver uma coisa com outra- Renato e Joana?

Tudo. Ou nada, a rigor – a despeito de ambos serem de estados do sul do país, com idades aproximadas, atuando no ramo do Direito.

A juíza de Santa Catarina é uma personagem nefasta que representa o que há de mais atrasado, autoritário, regressivo e machista no sistema de justiça nacional.

O vereador de Curitiba, que incomoda em demasia seus pares, simboliza o que há de mais avançado, progressista e democrático no Brasil.

Ocorre que enquanto Renato está a lutar contra a violência e por cidadania, Joana parece ter prazer em violentar e revitimizar uma menina de apenas dez anos.

Freitas, progressista, luta contra as opressões de todos os tipos, por dentro e por fora – do sistema e do Estado.

Zimmer é opressora e autoritária, representante das classes dominantes. Com cruel gozo segue exercendo seu micro poder nesse mesmo Estado.

*Julian Rodrigues é jornalista e professor – mestre em ciências sociais, ativista de Direitos Humanos e LGBTI, doutorando  em América Latina pelo Prolam/USP.

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Comentários

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João Antônio

Alguém pensou no assassinato do bebê? Algo tão cruel como o estupro!!!

Não podemos mudar o estupro, mas podíamos mudar o assassinato…

    Ibsen Marques.

    Sim, a juíza e a proibiria. Decidiram violentar a menina pela terceira vez e coroar esse novo estupro com seu afastamento de casa e arriscar-lhe a vida com uma gravidez fruto de um filho de satã – para quem acredita em Deus. Obviamente a vida de um feto vale mais do que a vida de um ser humano. E se se tornar um bandido pelas circunstâncias da vida, só aí não valerá vintém. Cambada de filisteus hipócritas.

abelardo

O bom Renato Freitas parece que consertou seu mundo ao ser castigado por suas diversas ousadias e maldades contra o poder oligárquico, tais como: ter nascido pobre, preto, petista, esforçado, estudioso, inteligente, graduado e mestre em direito pela UFPR. Ele, como muitas pessoas negras de brios e coragem, não se disfarçou e enfrentou de frente o preconceito e o racismo abundantemente ativo, que ainda se mantém existente em considerável número de pessoas de cor clara, abertamente sem alma, sem razão e sem nenhum pudor em demonstrarem a abusiva arrogância e desprezo pela lei. Por tal desfaçatez, ele se tornou uma pessoa má e culpada aos olhos do mundo fascista, corrupto, mercenário e acima de tudo, corporativista de cargos, de poder e das riquezas diversas que não lhes pertencem, mas que ainda assim se apossam sem qualquer cerimônia. amsido mau. que alcançou o talpb bem, tão mal ordenado, q. Foi castigado por cometer o crime hediondo de ser um exemplo a ser seguido por muitos jovens de classe social e condições de vida idênticas ao castigado inocente.
Por outro lado, com toda maldade da maléfica representante do podre poder, ela foi colocada pela cúpula em pleno mar de contentamentos, para receber o aconchego da promoção e a flagrante inversão de valores, como um sinal de aprovação que foi transformado na promoção profissional da meliante e musa de poderosos barões do poder e da vadiagem constitucional.

Zé Maria

Menina catarinense de 11 anos, que estava grávida após ter sido estuprada,
realizou o procedimento médico de interrupção da gestação.

Ministério Público Federal (MPF) recomendou que aborto fosse realizado,
independentemente da idade gestacional

O aborto aconteceu na quarta-feira (22), mesmo dia em que o MPF havia recomendado que o Hospital Universitário da UFSC realizasse o procedimento, independentemente da idade gestacional.

Em caso de estupro e risco de morte da gestante,
a interrupção da gravidez é garantida pela Lei.

https://br.noticias.yahoo.com/mp-confirma-aborto-de-menina-de-11-anos-que-foi-estuprada-em-sc-171232945.html

abelardo

Será que podemos sonhar com a reversão da pena de Renato Freitas?
Será que poderemos assistir o surgimento de um poder Judiciário totalmente imparcial, isento, leal, legal e liberto definitivamente das amarras oligárquicas que parece limitar a sua autoridade, o seu poder e a sua liberdade em praticar a justa justiça constitucional?
Será que Renato Freitas também fará jus a uma promoção?

Nilton Carvalho

Se a menina morrer, vai ser puro assassinato premeditado.

    Zé Maria

    Homicídio Doloso com Requinte de Crueldade e por Motivo Torpe.

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