Jornalista sobrevivente de Gaza e professores palestinos participam de seminário na USP sobre o genocídio em andamento
Tempo de leitura: 4 minDa Redação
Nesta terça, quarta e quinta-feira, o Centro de Estudos Palestinos (CEPal) e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP realizam um evento imperdível: o Seminário Internacional Racismo, Colonialismo e Genocídio na Palestina.
Totalmente gratuito, ele é presencial. Será no Anfiteatro Fernand Braudel, Departamento de História, na Cidade Universitária.
Os professores Arlene Clemesha, Bruno Huberman, Muna Odeh, Everaldo Andrade são curadores.
“O genocídio foi absolutamente normalizado, tanto pelas instituições que se encontram paralisadas, pelas lideranças internacionais que não agem, e até mesmo pela imprensa que deixou de acompanhar os passos de destruição’’, atentam em nota à imprensa Arlene Clemesha e Bruno Huberman, respectivamente professores da USP e PUC-SP.
‘’A inércia mundial frente ao genocídio de Gaza está, ainda, permitindo que o mesmo roteiro de massacre e destruição seja aplicado sobre o sul do Líbano, enquanto a Cisjordânia sofre o ano mais violento de sua história, e lideranças israelenses anunciam a sua completa anexação’’, acrescentam.
Na nota à imprensa, Clemesha e Huberman fazem um retrato da situação:
— O massacre perpetrado pelo exército israelense sobre a Faixa de Gaza se estende há mais de um ano sem qualquer perspectiva de cessar-fogo, e assume todas as características de um genocídio, segundo os parâmetros da lei internacional e do Estatuto de Roma de 1998.
— Ao longo de treze meses, a população palestina foi submetida a bombardeios constantes e de proporções inimagináveis.
— A fome é empregada como arma de guerra, levando cerca de metade da população a uma situação de fome catastrófica, de acordo com a ONU (e a Intergrated Food Security Phase Classification), quando a desnutrição só consegue ser revertida de maneira medicamentosa.
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— Os medicamentos tampouco ingressam, senão em proporções irrisórias, nesse território absolutamente cercado. São pelo menos 1.070.000 pessoas doentes na Faixa de Gaza, e uma situação de “guerra química subjacente”, segundo o renomado médico Mustafa Barghouti, causada pelo ar e solo poluídos, aliado à falta de saneamento, água limpa, e coleta de lixo.
QUATRO ESPECIALISTAS INTERNACIONAIS
Durante três dias, mais de 30 especialistas tratarão desse trágico e preocupante cenário. Verdadeira barbárie.
Quatro convidados internacionais do Seminário estarão presentes aos debates na USP:
Shahd Safi — Jornalista, defensora dos direitos humanos e sobrevivente do genocídio em curso na Faixa de Gaza, onde nasceu. Estudava jornalismo antes de fugir para o Cairo com a sua família.
Ahmad H. Sa’di — Professor e pesquisador palestino. Leciona sociologia política na Ben-Gurion University, além de ser professor visitante na Columbia University de Nova York. É reconhecido internacionalmente como uma das maiores referência no estudo da economia política palestina.
Tariq Dana –– Docente e pesquisador do Doha Institute for Graduate Studies, onde também atua como editor-associado do periódico Middle East Critique. É coeditor dos livros “Political Economy of Palestine: Critical, Interdisciplinary, and Decolonial Perspectives” (2021) e “Resisting domination in Palestine: mechanisms and techniques of control, coloniality and settler colonialism” (2024).
Rula Shadid — Defensora dos Direitos Humanos na Palestina. Codiretora do Instituto Palestino para Diplomacia Pública (PIPD).
ANTISSIONISMO, ANTISSEMITISMO, PRÁTICAS ANTIPALESTINAS E ISLAMOFOBIA
Ao longo do seminário, o genocídio será analisado à luz da história do colonialismo israelense e da atuação agressiva dos EUA na região.
“Com a vitória de Donald Trump para a presidência dos EUA, nos perguntamos se a guerra que se alastra pelo Oriente Médio irá escalar a ponto de tornar-se um conflito de larga escala’’, conjecturam Arlene Clemesha e Bruno Huberman.
Nesse contexto, segundo os dois professores, “o antissemitismo, que lamentavelmente jamais deixou de existir ao redor do mundo, vive uma situação paradoxal. O criminoso ódio milenar contra os judeus passou a ser igualado às críticas ao sionismo (o nacionalismo judeu) e às políticas antipalestinas perpetradas pelo Estado de Israel”.
Ou seja, criou-se uma falsa equivalência entre o antissionismo e o antissemitismo, cujo principal objetivo é silenciar a crítica às políticas e práticas antipalestinas de Israel.
“Assim, pensar o antissemitismo à contrapelo do genocídio em Gaza pode contribuir para o combate a todas as formas de racismo, antissemitismo, islamofobia, opressão e censura que cercam o debate em torno da questão Palestina/Israel’’, concluem Clemesha e Huberman .
Programação Completa
26/11, terça-feira
19h – Mesa de Abertura: As relações árabe-judaicas ontem e hoje
Ahmad Sa’di (Ben-Gurion University)
Iara Haasz (Vozes Judaicas por Libertação)
Muna Odeh (UnB)
Mediação de Arlene Clemesha (USP)
27/11, quarta-feira
14h – O “novo antissemitismo” no espelho: racismo, islamofobia e censura da crítica a Israel
Breno Altman (Opera Mundi)
Bruno Huberman (PUC-SP)
Francirosy Barbosa (USP)
Mediação de Isadora Szklo (Vozes Judaicas por Libertação)
16h – A configuração atual da resistência palestina e o papel do Brasil
Rula Shadid (PIPD)
Andressa Oliveira Soares (BNC)
Arturo Hartmann (CEAI)
Isabella Agostinelli (PUC-SP)
Mediação de Natálias Nahas Carneiro (USP)
19h – Guerra no Oriente Médio: origens e perspectivas regionais
Tariq Dana (Universidade de Doha)
José Arbex (PUC-SP)
Osvaldo Coggiola (USP)
Salem Nasser (FGV)
Mediação de Aminah Haman (USP)
28/11, quinta-feira
14h – A questão judaica diante do genocídio em Gaza
Alberto Handfas (Unifesp)
Juliana Muniz (Vozes Judaicas por Libertação)
Jana Silverman (UFABC)
Samuel Kilsztajn (PUC-SP)
Mediação de Everaldo Andrade (USP)
16h: – A identidade palestina e o genocídio na mídia
Shahd Safi (jornalista e sobrevivente do genocídio em Gaza)
Heloísa Villela (ICL)
Soraya Misleh (USP)
Mediação de Michel Sleiman (USP)
19h – Pensar a Palestina após Gaza
Ahmad Sa’di (Ben-Gurion University)
Arlene Clemesha (USP)
Shahd Safi (jornalista e sobrevivente do genocídio em Gaza)
Rula Shadid (PIPD)
Tariq Dana (Doha Center for Studies)
Mediação de Bruno Huberman (PUC-SP)
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Comentários
Zé Maria
Perseguição Sionista:
Professor Reginaldo Nasser é ‘denunciado’ por alunos sionistas da PUC-SP
Nasser e o colega Bruno Hubermann, que é judeu, professores de Relações Internacionais na instituição, foram convidados a darem explicações ao setor de Ética e Integridade da Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP.
Por Plinio Teodoro, na Revista Fórum
Uma das principais vozes de luta contra o genocídio do povo palestino na Faixa de Gaza, o professor Reginaldo Nasser, doutor em Ciências Sociais, foi ‘denunciado’ sob [falsa] acusação antissemitismo” por um grupo de estudantes sionistas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a PUC-SP.
Nasser e o colega Bruno Hubermann, que são professores de Relações Internacionais na instituição, foram comunicados da denúncia [falsa] na terça-feira (19) quando receberam a solicitação do Setor de Ética e Integridade da Fundação São Paulo (Fundasp) para reunião a respeito de acusação [falsa] de antissemitismo por parte de alguns alunos.
Pesquisador nas áreas de conflitos internacionais, geopolítica do Oriente Médio e política externa dos EUA, Nasser confirmou à Fórum que recebeu o convite para a reunião, mas não soube detalhar de onde partiram as acusações. Hubermann, que é judeu, também confirmou ter recebido a convocação.
[…]
A Fórum entrou em contato com a Puc-SP e a Fundasp pedindo posicionamento sobre a reunião e as denúncias contra os dois docentes, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
O espaço segue aberto para manifestação.
Íntegra em:
https://revistaforum.com.br/brasil/2024/11/21/perseguio-reginaldo-nasser-denunciado-por-alunos-sionistas-da-puc-sp-169652.html
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